segunda-feira, 29 de setembro de 2008

HABEMUS PREFEITO?

“Habemus Papam” é o anuncio da eleição de um novo papa. Segundo pesquisa CONSULT, publicada neste domingo, habemus prefeito em Campina Grande! Veneziano será reeleito no 1º turno. A interrogação dá-se por que eleições, como jogos de futebol, só acabam ao terminarem. E, em uma semana, tudo pode acontecer.

Mas, a análise é feita pelo que a realidade apresenta e pelos dados quantitativos das pesquisas. Ela utiliza-se da movimentação político-eleitoral sem considerar os interesses, paixões e quereres dos envolvidos na contenda. Por isso, o cenário que dá a vitória ao prefeito Veneziano é factível. Do contrário, teria que desconsiderar conceitos e ferramentas metodológicas à disposição do cientista político e um padrão de regularidade que ocorre desde o início da campanha.

Pelos dados de hoje, Veneziano Vital tem 49,65% e Rômulo Gouveia 40,35%. Érico Feitosa e Sizenando Leal aparecem com 0,59% e 0,35% respectivamente. Já os indecisos somam 7,06% e brancos/nulos 2%. Ignoremos estes dois últimos percentuais já que eles não são considerados no cômputo final. Inclusive, discordo dessa regra, pois votar nulo ou branco não deixa de ser uma postura política que deveria ser respeitada já que, suponho, estamos tratando de escolher democraticamente.

Desprezando o que não deveríamos, temos Veneziano com 54,6% e Rômulo com 44,37% dos votos válidos. Se somarmos os percentuais de Érico (0,65%) e Sizenando (0,38%) ao de Rômulo chegamos a 45,4%, i.e., insuficiente para levar a disputa ao 2° turno.

Para tanto, necessário será que Rômulo, Érico e Sizenando perfaçam um valor maior ao de Veneziano. Algo difícil se considerarmos o padrão de regularidade que favorece o prefeito.

Apesar das variações, a média da diferença pró-Veneziano, em 3 consultas, foi de 10,75%. Em 03/08 ele tinha 46,3%, contra 37,08% de Rômulo. Em 19/08 eram 49,65% contra 35,9%. Chegamos à menor diferença até agora (9,3%), mas ainda há tempo para uma reação suficientemente forte que nos leve ao 2º turno? Amparado neste estado de coisas, diria que não. Mas, a realidade demonstra, também, casos de “viradas” espetaculares na última semana da campanha. E a mínima diferença entre Veneziano e Rômulo na eleição de 2004 não deve, ainda, ser menosprezada.

Corrobora a isso o fato de que nesta última pesquisa, como em outras, o índice de rejeição de Rômulo Gouveia é o maior. Enquanto 29,41% dos entrevistados disseram que não votariam de maneira alguma no deputado federal, 22,94% fizeram a mesma afirmação em relação a Veneziano. Mais, se aplicarmos a última margem de erro (3,3% para mais ou para menos) aos percentuais por ora apresentados ainda assim teremos uma diferença, milimétrica, que favorece a Veneziano.

Claro, este é um aspecto a que Rômulo deverá se apegar para enfrentar esta última semana. A tática, não de todo errada, de explorar exaustivamente as denúncias feitas pelo Ministério Público contra Veneziano se mostram necessárias, porém não suficientes, para diminuir a persistente diferença.

Teremos, ainda, debates e a julgar pelo que vimos, os candidatos vão utilizar todos os minutos disponíveis para maximizarem lucros e minimizarem perdas. E o presidente Lula continuará a ter presença garantida nesta eleição como cabo eleitoral do prefeito, coisa que, diga-se, não pode ser menospreza como demonstrei no meu último artigo nesta coluna.

As palavras do momento são prudência para quem está na frente, e não pode perder nada, e ousadia, para quem está atrás e precisa ganhar mais pontos.


PS: A despeito do que pensam e querem os juízes eleitorais e mesmo o discurso (falso moralista) disseminado contra a tal “baixaria” entre os candidatos, tivemos alguns debates (no rádio e na TV) em que os quatro postulantes a prefeitura de Campina Grande aceitaram o confronto aberto. Isso é ruim? Obviamente que não! Os eleitores precisam ver os candidatos por inteiro, e não apenas “protegidos” pelo manto da ilha de edição que o guia eleitoral propicia. Que venham mais debates e que se estabeleça o confronto democrático e civilizado, óbvio. O que efetivamente dá parâmetro para que o eleitor faça suas escolhas são os debates na mídia. As infernais passeatas, estas sim inexplicavelmente permitidas, de final de tarde não ajudam em nada, a não ser em conseguir piorar o que já é tão conturbado.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O FATOR LULA E O DILEMA DO POSTE.

A ironia é bem vinda - nunca na história deste país houve um presidente tão popular! Ibope, Datafolha, Vox Populi e CNT/Sensus atestam a mesma coisa: a popularidade de Lula continua nas alturas. Hoje, ele é o grande cabo eleitoral no Brasil. Bem dito, ele é cabo eleitoral de si mesmo, pois está de olho nas composições para 2010.

A próxima eleição ajuda a redesenhar o mapa político-eleitoral. É por isso que, por exemplo, o embate PT X PSDB em São Paulo deve ser acompanhado. E é assim que surge Dilma Rousseff – como a preferida do presidente. Suponho que Lula não queira um 3° mandato a iniciar-se em 2011, que prefira a ministra no seu lugar e uma volta triunfante em 2014. Preservaria sua biografia e teria estatura moral para criticar interesses continuístas de adversários e aliados mais afeitos ao poder.

Pasma a capacidade do presidente em sobreviver às intempéries. Enfrentou crises em graus diversos de complexidade. Tivemos o mensalão e as sanguessugas, o dinheiro na cueca do petista aloprado, o dossiê com as despesas de FHC e agora a crise dos grampos. Mas, Lula passa por tudo incólume. Em 2006, quanto mais Alckmin batia em Lula, mais forte ele ficava. Sempre poderá dizer-se que a tentativa de compra do dossiê contra José Serra causou o 2º turno. Mas, tivéssemos um 3° ou 4° turnos e ainda assim Lula seria reeleito.

Pesquisa da CNT/Sensus traz a popularidade do presidente em 77,7%. Em abril era de 69,3% e dizia-se que não mais subiria. Subiu. Não duvido que, sob condições normais de temperatura e pressão, este índice possa ainda crescer. E, admitamos que a força dos programas sociais do governo é inconteste. 75,3% afirmaram que vão votar nos candidatos do governo para a continuidade deles. Mas, variações, às vezes bruscas, dessas condições podem fazer a popularidade despencar. Sarney e Collor foram do céu ao inferno em menos de um ano. Convém, por exemplo, não descuidar da inflação. O monstro que corrói salários e popularidades presidenciais.

Em julho de 2003 Lula tinha popularidade de 77,6%. Estava em lua-de-mel com o eleitorado, os aloprados do PT não tinham lançado sua sanha contra adversários e o “Bolsa Família” estava em fase de implantação. Ao contrário de FHC, que viu sua popularidade pulverizada pela crise econômica de janeiro de 98, a de Lula nunca caiu, variou, mas sempre acima dos 50%. No 1° mandato e até aqui, metade do 2°, ela continua no cimo. Agora ela é a mesma do início do 1° mandato, i.e., após a nação conhecer os defeitos e qualidades de Lula ele continua popularíssimo. A constatação é só uma: para 77,7% da população Lula tem mais qualidades do que defeitos.

Estes índices têm efeito dominó. Lula empresta sua boa estampa ao governo e a população o avalia positivamente. No Brasil não se diferencia a imagem do presidente da do governo.

Se os candidatos se escondem de um presidente impopular, no caso contrário, querem aparecer ao lado dele. Em foto-montagem para os menos poderosos das cidades menos importantes. Em comícios para os mais poderosos das cidades mais relevantes. Até os oposicionistas querem ser próximos ao presidente. Tentam convencer os eleitores que pelo bem do país superam divergências.

Prova inconteste do fator Lula nesta eleição é o caso de Silvio Mendes, candidato a reeleição em Teresina, que usou a imagem de Lula em sua campanha. Nada a estranhar, se ele não fosse do PSDB. Seu adversário, Nazareno Fonteles do PT, acionou o tucano na Justiça Eleitoral. Lula mira em 2010 e deixa de favorecer candidatos do PT para apoiar os de partidos aliados. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivela (PRB) tem apoio em detrimento de Alessandro Molon, que contestou judicialmente o que chamou de uso indevido da imagem de Lula. Em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins não conta com o apoio do presidente, pois este o empresta a Patrícia Saboya (PSB). Fiquemos com estes exemplos, eles são suficientes para provar que o lulismo suplantou o petismo.

Como cabo eleitoral, Lula retroalimenta sua popularidade. Ao tempo em que pede votos para seus aliados, aumenta sua exposição, fala de suas realizações e turbina sua popularidade.

A mãe de todos os testes para esta popularidade será em 2010. Conseguirá Lula transferir para Dilma Roussef seu capital eleitoral? Enquanto Lula é bem avaliado, a performance da ministra, nas simulações para 2010, deixa a desejar. O seu melhor desempenho foi de 12,3%, mas num cenário em que José Serra não era citado. Sua média, em quatro simulações, ficou em pífios 9,82%.

Se ela é a ungida por Lula para sua sucessão, se é a gestora do PAC (que lhe dá visibilidade altissonante), se o presidente a leva pelos palanques e plataformas de petróleo, se aparece nos guias eleitorais, e mesmo assim não decola, falta-lhe algo. Ela não tem o carisma do lulismo e seu perfil técnico é útil para gerenciar programas sociais, mas na seara política pode ser um empecilho.

Não desconsideremos que em 20 das 26 capitais os candidatos lulistas aparecem em primeiro lugar nas pesquisas. Em 2004 apenas 11 venceram o pleito municipal. Na pesquisa CNT/Sensus 44,1% admitiram votar no candidato apoiado por Lula. Desses, 15,5% declararam que o candidato de Lula é "o único em quem votariam". O fator Lula tem mesmo uma função relevante.

Se o que vemos não é algo conjuntural, Dilma Roussef pode começar a pensar na roupa de sua posse. Mas, se a popularidade de Lula é pessoal (e intransferível), se é algo que a população dá a ele e somente a ele, aceitando, apenas, que ele indique candidatos a cargos que jamais ocupará, então das duas uma: ou muda-se a candidata ou muda-se o eleitorado.

O problema não é se o presidente transfere ou não votos. O enigma a ser decifrado é: quanto ele consegue transferir e se isso faz até um poste ser eleito. Daí que o candidato tem que se mostrar viável e crível aos olhos do eleitorado. Querer ser eleito por uma força altriz é subestimar a capacidade de escolha do eleitor e superestimar o poder de transferência de votos do fator Lula.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ABAIXO A BAIXARIA DO GUIA



Com uma sinceridade cortante, e de forma direta, Arquimedes de Castro diz aquilo que muitos acham, mas não querem admitir - o modelo de guia eleitoral que temos não guia ninguém.
Passadas às eleições, teremos que discutir o engessamento das regras. Teremos que tratar da forma como as determinaçõers do TSE dão aos políticos um conforto sem igual, ao permitirem que eles não se exponham aos eleitores. Em artigo de Julho passado tinha discutido essa questão: "... estranha-me que os debates, na televisão principalmente, sejam hermeticamente controlados, com regras muito bem definidas pela Justiça Eleitoral, pelos candidatos e por quem os promove (...) neste momento, a imprensa e os analistas políticos pisam em ovos ao se referirem aos candidatos e as questões político-eleitorais, pois tudo parece ser passível de reprimendas e processos".

ABAIXO A BAIXARIA DO GUIA
Arquimedes de Castro
Candidato a prefeito e a vereador não é sabão em pó! Então, por que contratam marqueteiros e não sociólogos, cientistas políticos, filósofos e jornalistas para a produção dos programas eleitorais gratuitos?


Eu sei!
Por que o objetivo é enganar a população, vendendo o velho como se fosse novo, ofertando promocionalmente o continuísmo como se fosse mudança, vomitando velhas ideologias marxistas e leninistas ultrapassadas e cuspindo estupidez na cara do eleitor, como se fosse honestidade e firmeza de caráter.


A propaganda eleitoral gratuita é desnecessária, agressiva a inteligência do eleitor e um atentado a democracia e a liberdade dos veículos de comunicação. Os candidatos que polarizam o debate se agridem com piadas que não se deve contar na sala na frente das crianças, ridicularizam-se, expõem suas famílias e suas vidas, num frenesi louco, que só parece plausível para quem acha que propaganda é a arte de seqüestrar a mente de alguém tempo suficiente para lhe tirar algum dinheiro ou o voto, sem nenhum compromisso e nenhuma seriedade.
Tirem isso do ar pelo amor de Deus!!! Poupem meus ouvidos e olhos desse festival de canalhice disfarçada de democracia.


Queremos mais entrevistas nos veículos de comunicação, mais debates com os candidatos ao vivo, olhando um no olho do outro, suando frio para enfrentar o próprio passado e tremendo com medo da própria incompetência. Não precisamos de publicitários moderninhos e suas idéias psicodélicas da realidade, precisamos de idéias velhas que funcionam, propostas realmente inovadoras, homens sérios e não maquiados, mulheres líderes e não teleguiadas. baixo o guia, que não guia ninguém e nos leva a perdição.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O APEDEUTA TAUTOLÓGICO

A juventude envelhece, a imaturidade é superada,
a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa,
mas a estupidez dura para sempre”. Aristófanes

Exercitando meu livre e democrático direito de fazer escolhas e torná-las públicas, contribui para a divulgação do manifesto “A UEPB vive um Novo Tempo! Mas o CEDUC, o que quer?” e da Carta Programa da chapa Democracia, Participação e Transparência, composta pelos professores Alberto Edvanildo e Valnisa Carneiro que com clara convicção, confiança e otimismo apóio na disputa para direção do CEDUC.

Afirmei, na mensagem eletrônica em que enviava os citados documentos, que esta não é uma eleição qualquer, por representar chance sem igual de mudarmos o CEDUC e vê-lo no trilho do processo de mudanças que a UEPB experimenta. Dizia ser este o momento de encerramos o atual ciclo de descompromisso para com o CEDUC.

Até o reino mineral sabe do meu profundo desagrado pela forma leviana, descompromissada e oportunista como esta atual direção do CEDUC o administra. São os mesmos procedimentos utilizados na Associação dos Docentes da UEPB. Os responsáveis pelos desmandos no CEDUC são os que se utilizam da ADUEPB para alavancarem interesses mais comezinhos. Por isso foram contra os interesses da categoria, como vimos quando da discussão e aprovação do nosso revolucionário Plano de Cargos, Carreira e Remuneração – PCCR.

Em outros artigos expus opiniões que compartilho com outros que, igualmente, se colocam frontalmente contra este estado de coisas deploráveis que vemos no CEDUC. Sempre esperei que o atual diretor, e candidato a reeleição, prof. José Cristovão Andrade respondesse às questões e criticas que colocava. Torcia para que ele aceitasse o debate franco, democrático, onde idéias são expostas e defendidas. Desejei com convicção que ele respondesse aos artigos que publiquei. A cada um deles que propalava, ansiava por réplicas e refutações. Óbvio, esperava respostas num nível intelectual, dentro dos parâmetros acadêmicos que todos devemos seguir.

Mas, qual foi minha surpresa quando às vésperas da eleição o prof. Andrade resolveu responder! Com a tautologia tacanha de sempre, reproduziu a prática de que se utiliza pelos corredores da Universidade. Fiel ao seu estilo apedeuta, desfiou um sem número de acusações a todos nós que somos agentes das mudanças em toda a UEPB. Afirmou que nossa chapa representa (SIC): “atraso, empreguismo, retrocesso, omissão, silêncio, ensino pago, nepotismo do trio pré histórico que os apoia, babação, descompromisso com o centro”. Prof. Andrade deve ter-se colocado a frente do espelho para poder retratar tantas (in)qualificações. Deve, eu assim espero, estar enfrentando um processo crítico endógeno, pois enxerga exogenamente aquilo tudo que pauta sua prática político-acadêmica. Com a palavra, os psicólogos.

Tratou-me por Sr. (coisa que dispenso) e asseverou que fui “expulso do DHG pelos alunos” (???). Continuo lotado neste departamento estando, neste momento, liberado para cursar o doutorado, em que pese tentativas em contrário empreendidas pelo meu detrator. Também desconheço que alunos tenham poderes para expulsar um professor do seu departamento, mesmo que alguns poucos tenham se deixado usar para este e outros fins ignóbeis.

Prof. Andrade alcunhou-me de “figura estranha”. Mesmo não sabendo bem o que ele quis com isso dizer, não achei ruim. Fui ao dicionário e descobri que por estranho entende-se o desusado; anormal; esquisito; excêntrico; etc. Ficaria preocupado se o prof. Andrade me visse como normal. Em relação a tudo o que ele representa e faz, quero mesmo ser um estranho.

Declarou que sou (SIC) “eterno na crise de identidade profissional”. Conheço as contundentes deficiências acadêmicas do prof. Andrade, mas não esperava que ele desconhecesse os significados, para o nosso meio, da palavra interdisciplinaridade. Não estou (nunca estive) em crise profissional apenas tratei de ampliar meus horizontes. Percebi que poderia ser mais útil a nossa universidade, e sociedade, se utilizasse ferramentas outras (além das que a História oferece) para desenvolver minhas atividades. Foi na Ciência Política que encontrei o equipamento necessário para tanto. Penso, inclusive, que ele deveria fazer o mesmo, pois seu projeto (individual e personalista) de poder é frágil, ineficaz e está em vias de ser definitivamente rechaçado pela comunidade acadêmica.

A Ciência Política é uma área de conhecimento como outra qualquer que não tem nem a aura e nem a pecha que equivocadamente ele alterna em atribuir. Dedica-se ao estudo dos fenômenos políticos das sociedades atuais, calcada em uma sólida base metodológica de pesquisa, se é que você me entende, prof. Andrade. Ela pode ser usada para indicar qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas institucionais políticas que, óbvio, deve ser apoiado em argumentos racionais e num cuidadoso exame dos fatos. É só lembrar de Webber que dizia que a ciência nos proporciona método e alguma previsibilidade.

Sabe o que significa ocupar-se cientificamente da política, prof. Andrade? Não se render às opiniões e crenças vulgares. Não formular juízos imprecisos ou inverídicos. É preciso, caro professor, estudar o poder - essa força ancestral que induz os homens às disputas por fins diversos. Mas, lembro-lhe, não adianta pen­sá-lo como nós gostaríamos que fosse, mas como realmente o é. E aqui, fatalmente, você encontrará a elaboração maquiaveliana, onde a política tem uma ética própria que pode ser direcionada para conceitos amplos, que escapam à moral das convicções humanas, e podem até justificar conflitos. É isso que você tem feito prof. Andrade?

Por fim, lembrando Hanna Arendt, o sentido da política é a liberdade. Fazer política significa buscar o respeito à liberdade, a pluralidade de idéias e o bem comum. Sem isso cairemos no precipício daquelas (in)qualificações que o prof. Andrade enumerou. É por isso que nos batemos. E é por isso que clamamos à comunidade acadêmica do CEDUC para a mudança e para referendar o projeto liderado pelo Prof. Alberto Edvanildo.

O jogo só acaba quando termina.

Faltando 20 dias para a eleição, o prefeito Veneziano continua a frente da disputa pela prefeitura de Campina Grande. Segundo pesquisa IBOPE, ele tem 50% das intenções de votos, enquanto o deputado Rômulo Gouveia aparece com 39%. Sizenando Leal e Érico Feitosa tem 1% cada um, i.e., continuam fazendo figuração na disputa, em que pese desempenharem papéis que precisarão oportunamente ser dessecados. Ainda, 4% votariam nulo ou branco e 4% estão indecisos. Continuam sendo margens aceitáveis e acredito mesmo que não ficaremos abaixo dos 3 pontos percentuais, se considerarmos a forma apaixonada como o campinense lida com as eleições.

Vejamos, comparativamente, os dados atuais com os da última pesquisa:

Pesquisa IBOPE

Veneziano Vital (PMDB): 15/08 - 49% / 12/09 - 50 %
Rômulo Gouveia (PSDB): 15/08 - 37 % / 12/09 - 39 %
Diferença pró-Veneziano: 12 % / 11 %

Como se vê, tivemos poucas alterações. O fato, amplamente aceito, da robusta capacidade do guia eleitoral de alterar preferências e/ou rejeições deve, pelo menos dessa vez, ser questionado. Na análise que fiz no mês de agosto, desenhava dois cenários para o resultado final dessa eleição, considerando que margens de erro variam entre 2 e 4 pontos. Propus somar e diminuir 4 pontos aos percentuais de Rômulo e Veneziano. Assim, chegamos ao seguinte resultado:

Cenário I

Veneziano Vital: 50 – 4 = 46
Rômulo Gouveia: 39 + 4 = 43
Diferença pró Veneziano: 3 pontos

Cenário II
Veneziano Vital: 50 + 4 = 54
Rômulo Gouveia: 39 – 4 = 35
Diferença pró Veneziano: 19 pontos

Se algo em torno do cenário II se confirmar, temos uma forte tendência de não haver 2° turno. Para que o cenário I se comprove Rômulo precisa, até o final deste mês, de um fato concreto em sua campanha. Precisa de um argumento factível para convencer o eleitorado a mudar de opinião. Pois, claro está, que para forçar um 2° turno terá que tirar parte do capital eleitoral do prefeito Veneziano. E esta é uma tarefa dificílima se considerarmos algumas questões.


O IBOPE aferiu que 64% afirmaram que Veneziano ganhará a eleição e que 22% crêem na vitória de Rômulo. Se desde o mês de maio a diferença pró-Veneziano mantém-se sempre acima dos 10 pontos percentuais é natural que o eleitor pense que ele irá mesmo ganhar a eleição.

As denúncias e acusações que o candidato do PSDB faz, em seu guia, ao do PMDB não parecem arrefecer os ânimos dos que já decidiram reeleger o atual prefeito. Muitos políticos ainda não aprenderam a utilizar a variável corrupção contra adversários em períodos eleitorais. A questão não é a intensidade com que se bate, mas o jeito como se bate!

Veneziano tem outras vantagens sobre Rômulo. A primeira é que conta com um cabo eleitoral de peso – o Presidente Lula. Pesquisas demonstram que, das 26 capitais, em 20 os candidatos apoiados por ele estão na frente. O Datafolha mostrou que 64% dos brasileiros consideram o seu governo ótimo ou bom e que em todos os segmentos sociais ele é aprovado acima dos 50% - um recorde depois da redemocratização. Já o principal cabo eleitoral de Rômulo, o governador Cássio Cunha Lima, mesmo se esforçando tem lá suas dificuldades em transmitir votos. Fosse ele o candidato, teríamos outro quadro. Muitos dos seus fiéis eleitores não se sentem confortáveis em votar em candidatos por ele indicados. A questão da transferência de votos ainda é um fenômeno político que precisa ser muito bem estudado.

Outra vantagem é que os efeitos deletérios que o ex-senador Ney Suassuna prometeu que traria à campanha de Veneziano ainda não aconteceram ou se foram plantados são de efeito retardado. E o Senador José Maranhão não tem aparecido na campanha de Veneziano e, sabemos, que o ex-governador não é bem um sinônimo de popularidade pelas plagas campinenses.

Temos que observar algo que poderia ser desvantagem para um e vantagem para o outro. Veneziano não tem outra alternativa a não ser ganhar. Perdendo fica sem mandato - o pior cenário para o político profissional. Isso tem lhe dado garra. Já Rômulo pode-se dar ao luxo de perder, pois teria seu mandato de deputado federal para cumprir até 2010. Isso lhe causa certa acomodação.

Tem momentos, no guia eleitoral, que não sinto o deputado Rômulo com vontade de ganhar. Às vezes, sou mesmo tentado a acreditar que ele prefere perder. Afinal, considerando a relação custo/benefício, é melhor ser deputado federal do que prefeito de uma cidade complexa como Campina Grande. Além do mais, Rômulo demonstra querer ser eleito através do seu próprio capital eleitoral e não pelo de terceiros. Isso mesmo, perder pode ser uma escolha racional.

Essa situação reflete-se nos atos de campanha. Vemos um Veneziano alegre e jovial, tentando demonstrar que todas as críticas, acusações e denúncias não o afligem. Repete a fórmula de 2004, apresentando-se como a renovação (no caso atual, a que continuaria). Rômulo carrega o mundo oposicionista às costas. O vemos sério, com o cenho cerrado. Representa os anseios, e as cobranças, daqueles que, por motivos diferentes, querem ver o grupo político comandado pelo governador de volta ao executivo municipal.

Eis a ambiência política que nos levará até o dia 05 de outubro. Mas, eleição é um jogo e isso nos deixa, também, por conta das incertezas e do imprevisível. E como sempre se diz o jogo só acaba quando termina.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

LANÇAMENTO DE LIVRO


Entre o Combate à Seca e a Convivência com o Semi-Árido
transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento

CONVITE

Tenho a honra de convidar a todos para participarem da solenidade de lançamento do livro “Entre o Combate à Seca e a Convivência com o Semi-Árido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento”, de Roberto Marinho Alves da Silva.

O autor é Graduado em Filosofia pela UFRN, mestre em Ciência Política pela UFPE e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela UNB. Atualmente exerce a função de Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária e atua nas áreas de Convivência com o Semi-Árido, Gestão Participativa, Desenvolvimento Local e Territorial Sustentável e Economia Solidária.

Local: Hotel Jangadeiro
Endereço: Av. Boa Viagem, nº 3114 - Boa Viagem - Recife/PE
Data: 17 de setembro de 2008 (quarta-feira)
Hora: 19:30h.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

AMB divulga nova lista de candidatos "ficha suja"

A questão dos "fichas-sujas" é polêmica mesmo, sabemos!
Havendo um modelo democrático e institucionalizado, onde as regras estejam bem claras sobre quem pode e quem não pode ser candidato a algum cargo eletivo no Brasil, e tendo uma justiça que haja de forma eficiente e com celeridade, então entidade alguma precisará fazer este tipo de trabalho. Por enquanto, para os eleitores resta muito pouco no sentido de coletar informações que possam subsidiar escolhas eleitorais.

A Associação dos Magistrados Brasileiros publicou em seu site uma relação ampliada de candidatos a prefeito e vice que respondem a processo na Justiça. O levantamento abrange 47 dos 53 municípios com mais de 200 mil eleitores.
Conforme a nova versão do balanço, dos 401 candidatos a prefeito e vice-prefeito pesquisados, 9,2% (37 candidatos) respondem a ações penais públicas e ações de improbidade administrativa.
O novo levantamento se soma ao banco de dados já existente que trazia os nomes dos candidatos a prefeito e vice-prefeito nas 26 capitais brasileiras. Ao organizar os dados, a intenção da AMB é facilitar o acesso da população e da imprensa a informações públicas.
As informações sobre os seis municípios com mais de 200 mil eleitores que ficaram fora do banco de dados ainda não têm data para ser divulgada. No último dia 6 de agosto, o Supremo Tribunal Federal fez cair por terra uma ação da AMB para impedir que os candidatos que respondem a processo se candidatassem nas eleições deste ano. Prevaleceu na corte o princípio da presunção de inocência.
Confira a lista completa.
Em Campina Grande, dois candidatos estão na lista dos “ficha suja”. O atual prefeito e candidato a reeleição pelo PMDB, Veneziano Vital do Rêgo e o candidato Rômulo Gouveia (PSDB). Veneziano responde a um processo por improbidade administrativa na 3ª Vara da Fazenda Pública de Campina Grande. Já Rômulo Gouveia responde ação penal pública no STF (Supremo Tribunal Federal) por captação ilícita de votos. No município de João Pessoa não foi detectado nenhum candidato que responda a processos.