sexta-feira, 29 de junho de 2012

VOCÊ ACREDITA EM TEORIAS CONSPIRATÓRIAS?


No início da semana eu tratei das pesquisas eleitorais e de como os atores políticos racionalizam e justificam seus resultados. Os candidatos que aparecem mal avaliados em pesquisas costumam ter uma justificativa na ponta da língua. De tão repetidas elas mais se parecem mantras.


É comum ouvirmos que a pesquisa é a fotografia de um momento. Que ela apenas mostra o sentimento e a opinião dos eleitores em um determinado momento. Os candidatos que aparecem mal nas intenções de voto ou que têm altos índices de rejeição sabem bem o que dizer, mas em geral convencem muito pouco. Os candidatos gostam de dizer que as pesquisas não atentam para o sentimento das ruas, como se os entrevistados fossem eleitores em Marte, não na Terra.



Muitos dizem que “ao andarem pelas ruas recebem demonstrações de carinho e manifestações de apoio a sua candidatura e que isso contraria as pesquisas”. Os candidatos que aparecem com um dígito nas pesquisas gostam de dizer que a verdadeira pesquisa é das urnas e que é a opinião expressa pelo voto que importa. E isso é verdade, claro. O que realmente importa é a quantidade de votos que o candidato terá. Até porque pesquisa eleitoral não elege ninguém.



Compreende-se que candidatos usem esse tipo de discurso, pois se estam em campanha e não decolam nas pesquisas deve haver algum problema. Isso pode ser sinal de estagnação, que é o pior dos mundos para uma candidatura.


A questão é que, de tanto racionalizar, têm aqueles candidatos que passam a acreditar nas suas justificativas. Alguns aderem às teorias conspiratórias para demonstrarem porque nunca se saem bem nas pesquisas. Nunca aceitam seus problemas internos, preferem crer que seus adversários tramam para derrotá-lo. O caro ouvinte deve conhecer um exemplo, pelo menos, do que estou falando. Daquele candidato que diz que as pesquisas são falsas e que ele vai ser eleito.



E tem aqueles que gostam de tratar os resultados desfavoráveis em pesquisas como uma maquinação dos institutos e da imprensa contra suas candidaturas. Dizem que o que importa é a opinião do povo nas ruas. Que existe um complô para destruí-los já que eles têm a preferência manifesta pelo povo nas ruas. Neste caso o povo e as ruas são entidades míticas que não se pode questionar. Quando se fala do povo recebendo um político nas ruas parece se falar de algo sobrenatural.



Nestas situações, o candidato nunca dá voz ao povo. Jamais diz que na rua tal do bairro tal foi muito bem recebido pelos moradores da maioria das casas. Os marqueteiros trabalham a cabeça dos candidatos para que eles aprendam a falar dessa forma. Exercita-se a capacidade de dizer tudo, sem explicar nada.


Eu falei que tem políticos que passam a acreditar nas coisas que dizem, mesmo que elas não sejam verdadeiras. Alguns conseguem ser tão convincentes na forma de falar que ficamos tentados a neles acreditar. Existem políticos que de tanto repetirem a mesma coisa passam a tratá-la como uma verdade acima do bem e do mal. Parecem perder a noção do certo e do errado.



Existe aquele político que de tanto dizer que fez algo, se convence do seu discurso, e não aceita ser desmentido por acreditar piamente em seus castelos de areia. Se você, caro ouvinte, conhece um político desse tipo não vá dizer nada que possa contrariá-lo, ele não vai gostar. Basta não votar mais nele!!!!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

VOCÊ SABE QUANTO CUSTA TER UM VEREADOR?


Quando falamos da atuação do representante que está mais próximo de nós – o vereador – surge o interesse de saber o que fazem e como fazem os membros da Câmara Municipal de Campina Grande. É comum ouvirmos que os vereadores trabalham pouco e ganham muito. O cidadão eleitor tem a impressão que seus representantes não fazem valer a pena o dinheiro que a sociedade neles investe.



Uma forma de precisar isso é quando estabelecemos a relação entre o chamado “custo vereador” e a qualidade da representação. Definir se temos uma alta ou baixa qualidade na representação é difícil. Os critérios adotados por cada um dos cidadãos para definir o que vem a ser qualidade da representação são subjetivos.



Talvez, possamos dizer que uma determinada legislatura teve alta qualidade de representação se, digamos, 60% dos vereadores forem reeleitos numa eleição. Mas, isso é apenas uma especulação. Podemos dizer que os vereadores priorizam a qualidade da representação se votam a favor de projetos que interessam a sociedade ou que vão gerar bons serviços para as pessoas da cidade ou de parte dela.



Já sobre o custo vereador importa primeiro dizer que ele é a soma mensal de tudo que se gasta com a atividade parlamentar dividido pelo número de vereadores. Exemplo. Campina tem 16 vereadores. Se a despesa mensal da CMCG fosse R$ 480.000,00, cada vereador custaria aos cofres públicos o valor de R$ 30.000,00. O custo vereador não se refere apenas aos salários pagos aos vereadores. Cada edil campinense recebe algo em torno de R$ 7.000,00 brutos, ou seja, incluindo os descontos.



Nos custos se coloca as despesas para manutenção do gabinete do vereador, principalmente com assessores e secretários, além de material de expediente, transporte, diárias, etc. Coloca-se, também, material de consumo, equipamentos e material permanente, serviços de terceiros e de consultoria, pagamento dos servidores da casa e dos pensionistas, etc, etc, etc. Enfim, tudo aquilo que faz a Câmara Municipal funcionar e que, claro, gira em torno da atividade de cada um dos vereadores é o que chamo de custo vereador.



No “Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade” (o SAGRES On Line) do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba temos informações sobre quanto a sociedade campinense gasta com sua representação. Em janeiro deste ano a CMCG recebeu como duodécimo R$ 948.087,60. A cada dia 20 do mês a Prefeitura Municipal de Campina Grande repassa a Câmara a 10ª parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Ou seja, é a receita da casa.



As despesas orçamentárias da CMCG referentes ao mês de março foram de R$ 901.096,46. Também em março, a CMCG tinha disponível em uma conta bancária o valor de R$ 274.322,82 e não tinha valor algum em caixa. O que está correto, o dinheiro deve ficar em contas para que seja movimentado e não em uma espécie de caixa registradora dentro do espaço físico da CMCG.



Ainda de acordo com o SAGRES, a CMCG gastou com folha de pessoal no mês de fevereiro o valor de R$ 643.031,41. A Câmara Municipal tem 226 servidores, segundo o TCE. Se nós pegarmos os R$ 901.096,46 gastos no mês de março e dividirmos por 16, que é o número de vereadores, chegaremos ao valor de R$ 56.318,52. Este é o custo vereador de Campina Grande.



O custo vereador é, ainda, calculado considerando variáveis como a presença em sessões ordinárias e extraordinárias. Neste caso, a regra é clara. Quanto mais os vereadores participarem das sessões, menor será o custo. Quanto menos participarem maior será o custo para a sociedade que, literalmente, estará pagando por um serviço que não tem. É complicado fazer essa conta, pois não existe uma jornada de trabalho pré-estabelecida para o vereador. Ao contrário do trabalhador comum, o vereador não tem que trabalhar oito horas por dia.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

AFINAL, QUANTO E COMO TRABALHA UM VEREADOR?


Estamos acostumados às reclamações de que os parlamentares trabalham pouco e ganham muito. Este é o mote utilizado para que se desqualifique a atuação dos vereadores de Campina Grande. Vez por outra surgem denúncias de que os vereadores faltam em excesso às sessões da Câmara Municipal. Ou que não levam a serio o trabalho representativo.


Recentemente, houve uma polêmica entre os vereadores quando um deles, Antônio Pereira, afirmou “que tem vereador que brinca de legislar”. Ele se referia ao fato de que tem vereadores que faltam muito às sessões ordinárias da Câmara, onde se discute e vota projetos. Enfim, onde se cuida da representação. Houve muito bate-boca entre eles por causa disso, em que pese logo em seguida os vereadores terem se unido para responder às críticas vindas da sociedade.



O que é interessante perceber é que se um vereador se ausentar frequentemente dos trabalhos na Câmara Municipal não estará descumprindo a lei. Podemos até discutir se faltar a quase todas as sessões da Câmara no mesmo mês é ou não legítimo. Mas não podemos dizer que é ilegal. Isso mesmo meus amigos. Se um vereador só for à Câmara uma vez por semana, pelo menos neste período eleitoral, ele não estará agindo de forma ilegal.



É que no dia 11/06/2008 a mesa diretora da Câmara Municipal de Campina Grande aprovou, em sessão ordinária, uma modificação ao artigo 108 da resolução 070/95. A resolução nº 022 acrescentou o parágrafo 3º ao artigo 108. Eu vou reproduzir o que está escrito para que o caro ouvinte tenha clareza sobre a questão:



“Nos períodos dados como eleitorais à Câmara Municipal de Campina Grande reunir-se-á as quartas-feiras, obedecendo ao horário descrito no caput (no enunciado ou no título) deste artigo”. Ou seja, o vereador só precisa ir a Câmara nas quartas-feiras. Ao concentrar as atividades parlamentares em um dia da semana se permite que o vereador possa, por exemplo, dedicar-se a sua campanha eleitoral.



O fato é que o vereador pode ausentar-se da Câmara Municipal todos os dias úteis da semana, à exceção da 4ª feira, e nada lhe acontecerá. Tem mais. Se ele tiver que faltar a sessão ordinária da 4ª feira pode, de acordo com o regimento interno da Câmara, simplesmente justificar sua ausência.



Para ter mais clareza eu tentei encontrar a tal resolução 070/95 que foi alterada, mas não consegui. No site da CMCG aparece sempre à mensagem “documento não encontrado”. Interessa perceber que fica claro que a resolução 022 foi feita para modificar a resolução 070. Para atender as suas necessidades, os vereadores vão modificando o regimento interno da Casa de Félix Araújo.



O parágrafo 3º traz uma espécie de imprecisão. Ele diz que só haverá sessão ordinária nas quartas-feiras nos “períodos dados como eleitorais”. A imprecisão reside no fato de que não fica claro quem é que vai definir o que é o tal período dado como eleitoral. Também não se define qual é este período e quanto tempo ele pode durar. A Câmara Municipal pode definir o “período dado como eleitoral” a partir do calendário definido pelo TRE, mas ela tem autonomia para definir seu próprio período “dado como eleitoral”.



Imagine se os vereadores resolverem definir como “período dado como eleitoral” do dia em que acabam as férias parlamentares até o dia em que se encerra a eleição do 2º turno?

terça-feira, 26 de junho de 2012

UM TRIUNVIRATO NA POLÍTICA PESSOENSE.


O dia de ontem foi politicamente bastante agitado na capital do estado. Ao que parece, a eleição de João Pessoa vai ser mais complexa do que a de Campina Grande. Eu não sei se vai ser mais animada e movimentada, mas parece que será mais difícil de vir a se resolver.



Depois da confusão patrocinada pelos membros do PSB que resultou na saída de Luciano Agra do partido e na definição de Estelizabel Bezerra como a ungida do governador Ricardo Coutinho, ontem o dia foi de surpresas. Entre o final da tarde e o começo da noite as notícias foram se sucedendo de uma forma avassaladora.



A primeira grande notícia foi que o diretório nacional do PT, em Brasília, autorizou que o PT de João Pessoa fizesse uma aliança com o PPS de Nonato Bandeira. Ato contínuo, Nonato retirou sua pré-candidatura a prefeito e anunciou apoio a Luciano Cartaxo, afirmando que seria seu vice. Então, veio à notícia já dada como certa. O prefeito Luciano Agra anunciou apoio à candidatura de Cartaxo com a justificativa que não poderia deixar de apoiar seu amigo Nonato Bandeira.



As cartas do jogo foram novamente embaralhadas. A formação de uma chapa entre PT e PPS, tendo um ex-vice-governador candidato a prefeito e um ex-secretario municipal candidato a vice agita a bolsa de apostas. Se essa chapa vingar, promete dar trabalho aos concorrentes por trazer o apoio de Luciano Agra, que pode ser o fiel da balança na eleição, e apoios de lideranças como o deputado Luiz Couto.



Luciano Agra tem aprovação em torno de 70% de sua gestão e é considerado o principal cabo eleitoral de João Pessoa. E isso não é de todo irreal, pois vários partidos e lideranças o procuraram, quando ele deixou o PSB, para buscar seu apoio. A questão é saber qual o potencial de transferência de votos de Agra. Este potencial não deve ser desprezado. Ainda existem muitas pessoas inconformadas com o fato de Agra não ser mais candidato a reeleição. É possível que muitos dos inconformados votem no candidato de Agra como forma de expressar a insatisfação pela forma como as coisas evoluíram.



Luiz Couto vê nessa situação a possibilidade de unir parte do PT da capital em torno de uma única candidatura. Digo parte, pois unir todo o PT em torno de uma única opção ainda é coisa para as próximas encarnações. Na capital se diz que o PT é dividido em três grandes fatias. Existem os petistas de Luciano Cartaxo, os de Ricardo Coutinho e os de Luciano Agra. Essa nova movimentação criaria o “PT DOS LUCIANOS”, que daria um combate sem tréguas ao PT de Coutinho que, claro, apoiaria a candidatura de Estelizabel Bezerra.



O PT é mesmo um partido espirituoso, nem quando consegue lançar candidatura própria sabe sair do arco de influência de lideranças de outros partidos. Quem não se lembra do tempo em que havia o “PT de Cássio” e o “PT de Maranhão”, quando as lideranças petistas se batiam em torno dos interesses desses dois chefes políticos.



A candidatura de Luciano Cartaxo ganhou musculatura e oxigênio. O triunvirato Cartaxo, Nonato e Agra pode dar a estatura necessária que uma candidatura precisa para ir para o 2º turno.


No entanto, Cartaxo terá que resolver um não tão pequeno detalhe. Como ficará a aliança do PT com o PP dos irmãos Aguinaldo e Daniella Ribeiro? Todos devem se lembrar do acordo feito. O PT de Campina Grande retirou sua candidatura própria e passou apoiar a de Daniella Ribeiro, em troca o PP de João Pessoa apoiaria a candidatura de Cartaxo. Devemos lembrar que sempre se cogitou que o PP indicaria o vice na chapa do PT.


O cenário está redesenhado. Temos, agora, um triunvirato na política pessoense com dois “Lucianos” e um “Bandeira”. O jogo está mais do que aberto, alguém arrisca uma aposta?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

LULA MALUFOU E O MALUF LULOU


O fato político da semana foi a “malufada” do Lula e a “lulada” do Maluf. O Macado Simão, da FOLHA/UOL, disse que “o Lula é muito esperto, achou o Maluf antes da Interpol”. Mas, vamos falar sério. Se é que dá para ficar sério com a última diabrura do Lula. Circula na internet que agora só falta Lula se aliar ao Darth Vader, o vilão da série Guerra nas Estrelas.
 


Vi depoimentos de pessoas horrorizadas. Vi políticos, pelo Twitter, indignados, se dizendo decepcionados com a política. Na imprensa, a revolta foi quase generalizada.



Certo, vamos deixar de hipocrisia. Quem, na política eleitoral partidária, nunca deu uma “malufada” básica que atire o primeiro voto ou a primeira pedra. Para quem já se juntou com Collor, com Sarney e o PMDB fisiologizado; para quem já compôs com a velhacaria da política nacional; para quem já apoiou e defendeu Severino Cavalcanti; se juntar com Paulo Maluf é mera consequência. Então, por favor, deixemos de pruridos e falsos moralismos.



Como diria cazuza, “não escondam suas crianças e nem chamem o síndico”, pois estamos falando do pragmatismo eleitoral da política brasileira. Onde tudo é possível.  Eu falo de um político (Lula) que se vê acima do bem e do mal. Que tem dois objetivos. Um, se curar da doença que lhe acometeu. Outro, impor uma derrota aos tucanos em São Paulo. Para alcançar os dois objetivos, lula não mede esforços, faz o que for preciso.



A fórmula e a mesma que ele usou com Dilma Rousseff. Pinçou alguém no governo federal, o ministro Paulo Haddad, para (partindo do nada) fazê-lo prefeito. Paulo Haddad é o novo poste de Lula. Eu desconfio que Lula se divirta com esses desafios. É como um jovem que quer bater seu recorde num jogo de vídeo game. Certo. A aliança está feita e os estragos também. Luiza Erundina disse que não conseguiria ficar ao lado de Paulo Maluf. Outros também dirão, mas vão ficar assim mesmo.



Mas, o que nos interessa é o papel que Campina Grande teve nessa aliança. Nossa cidade entrou no pacote desse acordo puramente eleitoreiro. Foi na Paraíba que a aliança entre o PT de Lula e o PP de Maluf foi primeiro celebrada. Antes de Lula e Maluf se abraçar, os irmãos Ribeiro (ambos do PP) já tinham atraído o PT. Inclusive, Enivaldo Ribeiro e seus filhos são históricos malufistas. Aguinaldo é ministro do governo petista de Dilma. Daniella deverá ter um vice do PT porque isso faz parte de um acordo maior.



Lula disse a Maluf que o PT já apoia o PP na Paraíba. Citou o exemplo de Campina Grande. Assim, Campina foi utilizada como moeda de troca. Isso mesmo! Se o PT já apoia uma candidata do PP numa cidade chamada Campina Grande, porque o PP não poderia apoiar a candidatura do PT em São Paulo? Este, meu amigos, foi o argumento de Lula para Maluf. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o ministro Aguinaldo Ribeiro teve papel decisivo no fechamento do acordo e Lula reconheceu isso.



Tanto é que, feito o acordo, Lula pediu o celular de Maluf e ligou para Aguinaldo para agradecer a “articulação que levou ao acordo PT/PP em São Paulo”, segundo informou a Folha de São Paulo. Vejam, então, que quando o PT saiu do governo Veneziano para apoiar Daniella Ribeiro não estava expressando pequenos interesses locais. Estava praticando algo que vinha sendo gestado em nível nacional. Não que eu veja motivos para nos orgulharmos, mas o fato é que Campina Grande foi o laboratório onde o fato da semana foi ensaiado.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

EU QUERO SER ELEITO!


Na eleição de 2008 eu recebi, em Recife, um panfleto que prometia me preparar para ser candidato a vereador em um curso com duração de seis horas. Bastaria ligar para um número de telefone que aparecia no panfleto, agendar uma breve entrevista, efetuar o pagamento e já ir para o curso.



Não dei crédito para o panfleto, claro, mas resolvi guardá-lo não me perguntem por quê. Outro dia, folheando minha agenda de 2008 encontrei o tal panfleto. Busquei na internet e descobri que existe um verdadeiro mercado com todo tipo de material e cursos para quem quer ser candidato a um cargo eletivo.



Existe o “kit campanha”. É uma cesta de produtos que oferece aos candidatos, a preços módicos, um resumo do que as grandes campanhas têm a preços exorbitantes. Acostumadas a atuar no atacado, as consultorias resolveram, usando a experiência das grandes campanhas, oferecer produtos no varejo. Numa agência de marketing eleitoral ou pela internet, um candidato pode adquirir um pacote com consultoria individual e o “enxoval de campanha” completo.



A campanha para vereador sai por R$ 36.800,00 e a de prefeito fica por R$ 43.500,00. Se o candidato negociar os serviços em separado os preços caem. Inclusive, se aceita pagamento parcelado em cartão de crédito. Li uma entrevista com um diretor do núcleo de marketing político de uma dessas empresas de consultoria. Ele confirma o que já se sabe. Diz ter descoberto um nicho de mercado que é vender material para candidatos que não têm condição de contratar uma equipe de marketing permanente.



Existe, por exemplo, o chamado pacote “essencial” feito para prefeitos. Ele promete uma campanha vitoriosa. Aliás, duvido que se prometa algo diferente. Ele vem com material gráfico, jingle, programa de rádio, sessão de fotos, encontros com consultores para treinamentos de mídia e assessoria de imagem. E ainda oferece sessões de relaxamento.



Vi outra oferta na internet, mais em conta. Um consultor político vende, por R$ 200, um kit com livro e DVD intitulado “quero ser eleito”. No site aparece o seguinte texto promocional: “o programa que está revolucionando e democratizando as campanhas eleitorais em todo país”. A 2ª edição do kit já vendeu 14 mil cópias desde o início de 2011.



Eu não sei que revolução é essa, pois eles não ensinam nada muito diferente do que já vem se praticando por aí. A diferença é que o material vem dentro de uma caixa. Do que sei sobre o sistema político democrático e sobre a teoria democrática desconfio que um livro e um DVD consigam democratizar o processo eleitoral brasileiro com todos os seus problemas e distorções.



Um candidato ligado ao mundo digital pode comprar um pacote de campanha na internet. Por R$ 5.000,00 terá criação e hospedagem de website, administração de perfis e monitoramento em redes sociais. Mas se for um candidato tradicional pode, por R$ 6.000,00, adquirir serviços gráficos, propaganda para radio, TV e carro de som. Com mais R$ 10.000,00 ele adquire uma consultoria de imagem pessoal.



Se o candidato quer ver como anda seu desempenho eleitoral pode contratar uma pesquisa qualitativa e de intenção de votos por R$ 8.000,00. Claro, a análise da pesquisa vem no pacote. Se você não sabe redigir um discurso, não tem problema. Por R$ 150,00 leva um, basta informar o tema. Com mais R$ 200,00 leva um pacote com projetos de lei para ter o que apresentar a titulo de propostas de campanha.



Tudo seria muito interessante se não fosse por um pequeno detalhe. Esses “kits de campanha” não vêm com o essencial – o voto do eleitor. Aquele instrumento pelo qual o cidadão escolhe seu representante.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CADA UM TEM O VICE QUE MERECE


Temos seis candidatos a prefeito de Campina Grande. Será que vamos para a eleição com uma quantidade de candidatos nunca antes vista em Campina? Aproxima-se o prazo final das convenções, que é quando as chapas se definirão. Se ao analista político fosse dado o direito de apostar, eu colocaria fichas na opção de que o jogo será jogado com quatro nomes.



Dois deles, Arthur Almeida e Sizenando Leal, não demonstram vitalidade para jogarem o jogo. Arthur continua na peleja com seu partido. Mesmo que ganhe a queda de braço com o PTB não deve ter apoio de outras siglas. Com esse cenário, duvido que alguém queira ser vice de Arthur. Se Sizenando for mesmo candidato, seu vice virá, também, do PSOL. Ou seja, Sizenando terá um vice que somará nada a coisa nenhuma.



Dos candidatos com disposição para enfrentar o jogo, Guilherme Almeida saiu na frente ao apresentar seu vice, o advogado Félix Araújo Neto (PC do B). Apresentou ainda os ex-prefeitos Félix Araújo Filho e Cozete Barbosa, além de Marlene Alves, para seu staff de campanha.



O vice de Daniella Ribeiro deve ser Perón Japiassú (PT). Depois de abrir mão da candidatura própria, para compor com o PP dos irmãos Ribeiro em Campina Grande e em João Pessoa, o PT não deve aceitar algo diferente da vice-candidatura. Mas, em se tratando do PT e do jeito silencioso dos irmãos Ribeiro de fazer política sempre há a possibilidade de uma surpresa no final da reta. Aguardemos.



Tatiana Medeiros tinha o melhor dos mundos com a composição com o PT que lhe daria um vice, bastante tempo na TV e apoios para além das fronteiras da Paraíba. Ao ver tudo isso indo para Daniella, Tatiana e o prefeito Veneziano, seu mentor, demoraram a assimilar o golpe. Perderam tempo chorando mágoas na imprensa.


E parece que ainda não aceitaram o golpe, pois o senador Vital Filho continua usando sua influência, de presidente da CPMI do Cachoeira, para tirar o PT de Daniella. Não que o PT vá voltar para as bases do prefeito Veneziano. Mas, pensariam os irmãos Vital, já que não vai ficar conosco, também não fica com Daniella. Mas, este é um jogo de aposta alta, perdido, diga-se de passagem. Sem contar que na política não existe espaço para tolas vinganças.



Tatiana parece se contentar em ter Bruno Roberto, filho do deputado Wellington Roberto, como vice. Se essa chapa vingar, Bruno será para Tatiana o que José Luiz é para Veneziano, ou seja, quase nada!



Quem parece ter a melhor situação é Romero Rodrigues, pois não lhe faltam vices. Com todo respeito, diria que Romero é a noiva sendo disputada por vários pretendentes. Romero pode ter como seu vice o ex-secretario estadual Fábio Maia. Seria a demonstração inequívoca do apoio do governador Ricardo Coutinho. Inclusive, Fabio Maia parece ser a primeira melhor opção de Cássio Cunha Lima. Claro, o senador está com um olho em 2012 e outro em 2014.



A vereadora Ivonete Ludgério é outro nome. Como Fábio Maia, ela é do PSB, mas com a vantagem de ter densidade eleitoral. A dúvida é se isso faria Ricardo subir no palanque de Romero. Eu desconfio que não. Romero tem, ainda, ao alcance da mão o presidente da Câmara de Vereadores de Campina Grande, Nelson Gomes Filho, e da deputada estadual Eva Gouveia, esposa de Rômulo Gouveia. São possibilidades menores. Mas é sempre bom dispor de alternativas, pois como diz o ditado popular quem tem apenas um, não tem nenhum.

terça-feira, 19 de junho de 2012

AFINAL, PORQUE SER OBRIGADO A VOTAR?


Um ouvinte do Jornal Integração mandou uma mensagem dizendo que “o maior crime é ser obrigado a votar”. Certo. Vamos refletir sobre isso. Digamos que houvesse um plebiscito no Brasil para que a população se posicionasse sobre a obrigatoriedade do voto. A pergunta a ser feita seria: “você concorda que o cidadão seja obrigado a votar em todas as eleições, sejam elas nacionais, regionais ou locais?” “sim ou não?”



Considerando a opinião de nosso ouvinte, pelo que escuto em locais públicos, pelo que meus alunos dizem e pelo que vejo acompanhando o noticiário político, provavelmente a maioria da população diria não, o cidadão não deve ser obrigado a votar. Mas, vejamos como funciona o sistema nos EUA e em países da Europa.



Lá o cidadão tem que se alistar no sistema eleitoral, mas não é obrigado a votar em todas as eleições. A cada nova eleição ele pode escolher se vai ou não votar. Um exemplo: o cidadão que foi às urnas votar em Barack Obama, na eleição passada, não é obrigado a votar nesta eleição e vice-versa. Também não precisa fazer nada caso não vá votar nem sofre qualquer tipo de punição. Os países com democracias sólidas consideram que o cidadão deve ser livre politicamente. Aceitam que numa democracia deve-se ser livre para decidir o que fazer. Claro, consideram que se o cidadão decide não participar esta abrindo mão do direito de decidir e, portanto, relegando este direito para outros.



No Brasil o eleitor que não justificar porque deixou de votar ou que não tiver comprovantes de votação das três últimas eleições pode sofrer punições. Pode ser proibido de se inscrever em concursos ou tomar posse em cargos públicos. Pode ser proibido de entrar em licitações e de obter documentos.


Tramita no Congresso Nacional um projeto que acaba com as punições para os que não votarem e não justificarem à falta às urnas. Apenas se quer manter a multa para quem não tiver título de eleitor. O senador Antônio Carlos Jr. (DEM), que é relator do projeto, afirma que as punições são inconstitucionais, pois violam princípios da cidadania.



Quando eu disse que a população votaria não no hipotético plebiscito estava especulando. Eu não tenho dados que atestem a opinião do brasileiro sobre a questão. Mas posso oferecer algo para a polêmica. Somos apaixonados por eleição. Muitos a veêm como um jogo de futebol. Aqui em Campina Grande nos envolvemos até a alma com o processo eleitoral, mesmo que não queiramos dar a devida atenção à atuação daqueles que escolhemos para nos representar. Será que deixaríamos de participar de algo que é tão empolgante? Será que não iríamos às urnas caso não fôssemos obrigados?



Darei uma opinião baseada na experiência de analista político. A população iria em peso às urnas mesmo que não fosse obrigada, pois já tornou habitual o ato de votar mesmo que continue votando mal. A questão não é ser obrigado ou não a votar e sim a qualidade da participação. Mais importante do que votar de todo jeito, é votar de uma forma séria. Desconfio se teríamos um sistema político melhor, mais sério e menos corrupto se fosse facultada ao cidadão a ida às urnas.



O fato de um cidadão abrir mão da participação, não obriga outros a fazê-lo também. E esse é o problema. Ao se excluir do processo de escolha dos representantes o cidadão está dizendo que não se importa com o resultado seja ele qual for.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

UMA PESQUISA COM DADOS NÃO LAPIDADOS


O JORNAL DA PARAÍBA e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) divulgaram uma pesquisa sobre a eleição para prefeito de Campina Grande. Como toda pesquisa esta retrata um momento específico e traz alguns problemas. Eles não a invalidam por completo, mas fazem sua credibilidade decair.



Antes de continuar, eu vou explicar o que é margem de erro e intervalo de confiança. Pois isso é fundamental para que o eleitor possa ou não confiar numa pesquisa. A margem de erro é a quantidade de problemas que se aceita na pesquisa. Quanto maior a margem de erro, mais se admite que os dados não são confiáveis. Intervalo de confiança é a forma de se indicar a confiabilidade de uma pesquisa. Funciona assim: escolhe-se um pedaço da pesquisa para que com ele se ateste que ela é confiável.



Para que o ouvinte entenda sobre intervalo de confiança e margem de erro, eu vou usar o exemplo das previsões que a meteorologia faz sobre o clima. É comum se dizer que a temperatura vai variar entre, digamos 22º e 34º. Com um intervalo tão grande é impossível errar a previsão. A não ser que aconteça uma catástrofe climática. Nas pesquisas, quanto maior a margem de erro, menor a possibilidade de se errar. No entanto, isso pode embutir erros sérios na pesquisa.



A pesquisa do IPESPE traz uma margem de erro de 3,5% para um intervalo de confiança de 95%. Particularmente, confio mais em pesquisas que trazem margem de erro de 2% para um intervalo de confiança de 99%. Nessa pesquisa Daniella Ribeiro aparece com 24% e Romero Rodrigues com 22%. Se aplicarmos a margem de erro de 3,5% poderemos até ter uma inversão do resultado, com Romero em primeiro e Daniella em segundo.



Como Tatiana Medeiros aparece em terceiro lugar com 14% e Guilherme Almeida em quarto com 6%, o IPESPE concluiu, apressadamente diga-se de passagem, que “a disputa está mesmo polarizada”. Digo apressada, porque a campanha eleitoral não começou efetivamente. Faltam questões a se resolverem em torno das candidaturas, como os vices e os apoios, que podem alterar as coisas drasticamente. Não se pode falar em polarização quando as convenções e o guia eleitoral ainda não aconteceram. Mas, a pesquisa espontânea deixou Romero a apenas um ponto percentual de Daniella. Isso deve ter influenciado a apressada conclusão do IPESPE.



Outro dado que favorece a Romero é que ele foi apontado como o candidato que os eleitores mais conhecem bem. Apesar de que Daniella ficou com um ponto a menos do que Romero neste quesito. A pesquisa não trouxe boas notícias para Tatiana Medeiros. No quesito rejeição ela apareceu com 27%. Um percentual doze pontos a cima em relação à última pesquisa.



A surpresa ficou por conta da rejeição de Arthur Almeida, 35%, e de Sizenando Leal, 31%. Mesmo sendo os menos conhecidos da população, eles apresentam a pior rejeição. Se poucos os conhecem, como tantos podem rejeitá-los? Aliás, tem algo estranho com a rejeição dessa pesquisa. Todos os candidatos tiveram altos índices. Daniella, a menos rejeitada, teve 16%. Será que o eleitor campinense resolveu rejeitar a todos?



Falando em dados pouco confiáveis. Tem algo que contraria a campanha publicitária, estampadas em outdoors pela cidade. Nela o prefeito Veneziano tem seu governo avaliado positivamente por 70,7% da população. Mas, se somarmos os percentuais de Daniella e Romero na pesquisa IPESPE chegamos a 46%. Ou seja, quase metade da população prefere uma candidatura de oposição ao governo municipal.



Das duas uma. Ou os dados não receberam o devido tratamento nestas pesquisas, ou os eleitores que as responderam não tem a menor ideia do que disseram.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A POLÍTICA NOS TRIBUNAIS


O PRTB representou uma ação, junto ao TRE da Paraíba, contra a pré-candidata a prefeita de Campina Grande Tatiana Medeiros (PMDB). O PRTB, que há alguns dias anunciou apoio a pré-candidatura de Daniella Ribeiro (PP), acusa Tatiana de fazer propaganda eleitoral antecipada. A direção do PRTB alega que a propaganda antecipada se deu em adesivos, afixado em carros, com a seguinte frase: “Campina TA melhor!”.



O “TA” seria o nome de Tatiana. E a frase a relacionaria com o apoio que vem do prefeito Veneziano. O PRTB alega, ainda, que existe uma conta no Twitter com a tal frase. Eu me dei ao trabalho de ir ao Twitter ontem às 23h05m e constatei que a tal conta existe. Na sua apresentação aparece a seguinte frase: “Uma declaração de amor ao povo da cidade que mais cresce e aparece da Paraíba – Campina TA melhor”. Vi muitas referências às realizações do governo municipal. Mas, não vi frase ou referências a Tatiana como candidata, em que pese o nome dela aparecer como integrante do governo municipal.



O vereador Cassiano Pascoal (PMDB), que é filho de Tatiana, disse que sua mãe não mandou confeccionar e nem distribuir adesivos de tipo algum. Mas, disse que não se deve proibir as pessoas de colocarem adesivos em seus carros, por não se poder limitar a liberdade de expressão.



O juiz da propaganda de rua, Eli Jorge Trindade, disse que já notificou Tatiana Medeiros para que ela faça sua defesa e que vai abrir vistas ao Ministério Público. Uma primeira questão é definir o que é propaganda eleitoral antecipada. Se um adesivo pode caracterizar propaganda extemporânea, então a aparição pública do pré-candidato também é antecipação de campanha.



Uma coisa é o pré-candidato pedir abertamente o voto em espaços públicos ou em emissoras de rádio e TV, outra é o cidadão colocar em seu carro uma referência a sua escolha eleitoral. O processo eleitoral mal começou, mas sua judicialização está de vento em polpa. Atores e partidos políticos começam a demandar judicialmente ações que possam enfraquecer e até mesmo anular adversários.



Mas o que seria judicialização da política? É um fenômeno cada vez mais presente no Brasil. Um fenômeno com dois aspectos – um positivo e outro negativo. Judicialização é a disposição dos tribunais em atuar de forma expansiva sobre questões que até pouco tempo atrás eram próprias dos poderes legislativo e executivo. Um exemplo disso é quando o STF delibera sobre aspectos da reforma política, considerando que o Congresso Nacional não o fará devido às suas conveniências.



A judicialização ocorre quando os tribunais são chamados a se pronunciarem sobre as coisas da política. É quando ela não consegue resolver seus problemas e busca a justiça. Esse é o aspecto positivo que é próprio das democracias. O problema é quando se queima etapas e se busca a justiça antes mesmo que a dimensão política se pronuncie. Como vemos agora no caso dos adesivos.



O que é negativo na judicialização é o chamado “3º turno das eleições”. Quando candidatos e partidos derrotas buscam ganhar na justiça aquilo que não conseguiram obter nas urnas. Aqui na Paraíba temos exemplos recentes disso.


Nos comitês eleitorais as assessorias jurídicas são tão importantes quanto os marqueteiros. Elas se encarregam, dentre outras coisas, de vigiarem os adversários. Em caso de crime eleitoral, aciona-se a justiça. Já existem políticos que inserem em seus cálculos eleitorais a possibilidade de ganhar uma eleição pela via judicial, caso a eleitoral não dê certo. Escutei de um político a seguinte frase: “não tem problema se eu ficar em 2º lugar na eleição, pois já tenho provas suficientes para impedir judicialmente a posse do outro candidato”.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

MAIS VEREADORES MELHORA A QUALIDADE DA REPRESENTATIVIDADE?


A partir de 2013 nós vamos ter mais sete vereadores em Campina Grande. Passaremos dos atuais dezesseis para vinte e três representantes. E isso não acontecerá apenas aqui. Dezenas de vagas para vereadores foram criadas em mais quarenta e sete cidades da Paraíba. É que os critérios param se determinar quantos vereadores uma cidade pode ter foram alterados.



Definiu-se que as cidades devem ter um mínimo de nove um máximo de cinquenta e cinco vereadores de acordo com o número de habitantes e com a lei orgânica de cada município. Cajazeiras, Souza e Cabedelo que têm dez legisladores, vão ter quinze. A cidade de Patos passará de onze para catorze vereadores. Já João Pessoa, que contava com vinte e um vereadores, terá vinte e sete a partir do ano de 2013.



Esta mudança se deve a chamada PEC dos vereadores de setembro de 2009, que fez o número de vagas para vereadores passar de 52 mil para 59 mil em todo o Brasil. A PEC reduziu os repasses que as prefeituras têm que fazer às câmaras municipais. Antes dela o repasse ia de 5 a 8% de acordo com a quantidade de habitantes. Com a PEC ficou estabelecido entre 3,5 e 7%. A PEC foi aprovada, dentre outras coisas, por causa de uma imensa pressão dos vereadores e de seus suplentes. Claro, aumentando as vagas os suplentes poderiam ganhar cadeiras. Deputados federais, senadores e governadores foram a favor da PEC, já que o vereador funciona como uma espécie de cabo eleitoral de luxo nas eleições.



A grande discussão é se o aumento da quantidade de vereadores faz crescer ou melhora a qualidade da representação. Será que com sete vereadores a mais na Câmara Municipal de Campina Grande a sociedade será mais e melhor representada?



O vereador Antônio Pimentel (PMDB) disse que aumentando de dezesseis para vinte e três o número de vereadores vai “fazer com que aumente a representatividade do povo na Câmara”. Ele lembrou que os sete novos vereadores não vão acarretar mais gastos, pois a Câmara tem direito a 5% da receita do município, independente da quantidade de vereadores que venha a ter.

O vereador Olímpio Oliveira (PMDB) disse que é contra o aumento do número de representantes. Mas, disse que “vivemos numa democracia representativa, quanto mais vereadores, mais democrático será o sistema político”.

O vereador de João Pessoa Benilton Lucena (PT) foi pragmático. Disse que o aumento de vereadores prejudica a reeleição dos atuais parlamentares. Claro. Aumentando o número de vagas, crescem as expectativas e a quantidade de candidatos. A disputa pelo voto aumenta e o custo eleitor inflaciona.  



Se é verdade que a quantidade de vereadores faz a qualidade da representatividade aumentar, como querem crer os vereadores Antônio Pimentel e Olímpio Oliveira, eu tenho uma ideia que fará o nosso sistema político o mais democrático do mundo. Tornemos todo cidadão, maior de dezoito anos, um representante de si mesmo. A Câmara dos Vereadores viraria uma enorme assembleia, como na era clássica da democracia grega. Todos discutiriam e votariam as questões da cidade.



Mas, isso é inviável, pois nossa sociedade é complexa. Por isso precisamos constituir nossos representantes pelo voto. Se pela quantidade a representação é inviável, é preciso, então, que ela se dê pela qualidade.



Mas a qualidade da representação está relacionada à seriedade com que os vereadores desenvolvem o papel de representantes do povo, não com o fato de se aglomerarem dentro de um instituição que não por acaso é chamada de “a casa do povo”.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O PARQUE DO POVO HIGIENIZADO


Eu vou parodiar Chico Buarque que numa das músicas da Opera do Malandro disse que foi “a Lapa e perdeu a viagem, pois aquela tal malandragem não existe mais”. Eu fui ao Parque do Povo, no final de semana, e perdi a viagem, pois aquele tal SÃO JOÃO não existe mais. A triste constatação é que não temos mais uma festa popular.




O que eu vi foi um lugar aonde as pessoas vão para se divertir sem que necessariamente relacionem isso com o SÃO JOÃO e a cultura popular. Aliás, não é fácil perceber que o SÃO JOÃO começou. Passou-se a primeira semana de nossa festa maior e, pela cidade, tenho dificuldades em ver sinais de uma festa junina. Andei pelo centro de Campina Grande. Quase não se vê os símbolos do SÃO JOÃO. A festa começou, mas é como se a cidade não tivesse se preparado para ela.




Onde estam as bandeirolas, os balões e as fogueiras cenográficas? Afora a decoração feita por particulares, a prefeitura não promoveu, ainda, uma decoração sistemática da cidade. As duas principais entradas de Campina Grande não avisam ao viajante que ele está entrando na cidade do maior SÃO JOÃO do mundo. Eu sei que muitos não vão gostar da comparação. Mas a principal entrada de Caruaru foi dotada de um portal permanente para que se saiba que ali se respira SÃO JOÃO.




Em Campina Grande um viajante desavisado pode vir a entrar e sair da cidade sem perceber ou mesmo saber que já estamos em período junino. O próprio Parque do Povo foi perdendo sua identidade. Vão longe os tempos em que, no FORRÓDROMO, se montava um grande arraial com barracas e comidas típicas. A mãe de todas as ironias é que não se encontra uma boa pamonha ou uma boa canjica no Parque do Povo, pois ele foi higienizado. De lá se retirou os símbolos maiores da festa da colheita do milho.




Outra ironia é que São João, Santo Antônio e São Pedro foram confinados na parte interna da pirâmide. É como se os organizadores da festa tivessem vergonha deles. Hoje, a estrutura montada mais parece com uma grande feira de negócios. Aquilo que chamávamos de barracas juninas parecem stands de venda. Aliás, a decoração que se vê no Parque do Povo, no Açude Velho e no contorno da entrada principal de Campina são balões com as logomarcas dos patrocinadores da festa. Certo. Que se coloquem os patrocinadores. Mas, e os santos e a decoração junina, porque são praticamente inexistem? Afinal, o que se quer esconder?




A maioria das “barracas juninas” são, na verdade, filiais de restaurantes conhecidos da cidade. Algumas são mais luxuosas do que suas matrizes. O Sítio São João foi banido do Parque do Povo! Se antes o turista podia ver e aprender as coisas típicas de nossa cultural junina, sem sair do quartel general do forró. Agora ele se desloca até um local, onde o Sítio São João sobrevive desestruturado. É que querelas políticas exilaram o SITIO SÃO JOÃO do seu local natural.




A impressão que tenho é que os organizadores do SÃO JOÃO não gostam da festa e que só a promovem por uma mera obrigação. Parece haver um propósito na descaracterização - é como se quisessem fazer outra coisa, não uma festa de SÃO JOÃO.  A prefeitura de Campina Grande não parece se preparar para o SÃO JOÃO. Afinal, porque quando a festa começa a cidade ainda não está decorada?




O fato é que aquele clima de SÃO JOÃO de outros tempos não mais existe. O SÃO JOÃO é tratado de forma protocolar. A festa não consegue mais nos remeter às nossas tradições.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

QUERIA TER 43 ANOS EM 1969.


Arquimedes eu estou fazendo 43 anos. Ou seja, não sou mais um jovem imprudente e nem estou ganhando lenços e meias. Eu me sinto bem. Cabelos brancos não me inquietam e o colesterol está controlado.



Tenho esposa e filhos que me amam, um pouquinho de experiência e já pude fazer algumas coisas boas. Uma coisa que gosto é ter nascido no ano de 1969. Por isso, farei uma seleção de fatos acontecidos em 1969 que queria ter assistido de perto. Mas, por favor, não se preocupem se eles são bons ou ruins, pois o mundo real é diferente do mundo ideal.



Em 1969 os faroestes “MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA” e “BUTCH CASSIDY & SUNDANCE KID”, com Paul Newman e Robert Redford, chegavam aos cinemas. Violência pura, mas com classe.



Meus heróis, THE BEATLES, fizeram “ABBEY ROAD” - arte em forma de disco. Eu nasci embalado por Something, Come Together, Here Come The Sun, Golden Slumbers, etc. Os Beatles se apresentaram pela última vez no telhado da Apple Records, em Londres. A polícia veio e acabou o show, eles riram e John Lennon disse: “o sonho acabou – the drimer is over”. Lennon disse que era só mais uma banda de rock que acabava. Certo, era “apenas” uma banda de rock, mas que banda! Azar meu, cheguei quando eles iam embora.



Em 1969 tinha PINK FLOYD, a experimentação levada às últimas consequências. Tinha LED ZEPPELIN com guitarras pesadas e distorções. Tinha CAETANO VELOSO, ainda abaixo do bem e do mal, com seu “Álbum Branco”. Tinha MUTANTES e GAL COSTA com seu 1º disco.



Brian Jones, dos ROLLING STONES, apareceu morto numa piscina. Fiéis ao lema “pedras rolantes não criam musgo”, os Stones lhe dedicaram o show do Hyde Park, em Londres, três dias após a tragédia.



CHICO BUARQUE lançou um disco e foi divulgá-lo na Itália. Lá mesmo ficou, pois a obtusidade militar não o pouparia. Caetano e GILBERTO GIL foram presos, humilhados e exilados, mas Gil deixou “aquele abraço”.



O IV FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO e o V FESTIVAL DA MPB aconteceram, polêmicos como queria a época e ricos em talentos, apesar de “Dom & Ravel” – os Chitãozinho e Xororó da época, só que pior e a serviço da ditadura.




Em 1969 o “PASQUIM”, irreverente e debochado, vendeu 200 mil cópias com LEILA DINIZ na capa. VINÍCIUS DE MORAES tomava seu cachorro engarrafado e compunha, com TOM JOBIM, belas canções.



E teve o festival de WOODSTOCK regado a sexo, drogas & ROCK AND ROLL. Imagine ver, ao vivo, JOE COCKER cantando “A Little Help From My Friends”, com aquele vozeirão de bluzeiro do meio-oeste americano?



Em 1969 surgiram o CONCORDE e BOEING 747, a ARPANET (embrião da internet). E se isolou um gene. Mas, nada como ver NEIL ARMSTRONG pisar em solo lunar. De quebra, foi à 1ª transmissão de TV via satélite para o mundo. Contou-me minha mãe que assistiu aquilo tudo surpresa e emocionada, enquanto eu resumia 1969 ao precioso líquido que jorrava do peito dela.



Teve a estreia do Jornal Nacional, com Cid Moreira, já de cabelos brancos. Jackie Stewart foi campeão na fórmula 1 e Pelé fez seu milésimo gol. CAMPINENSE CLUBE e FLAMENGO não ganharam nada – resguardavam-se para me alegrarem no futuro.



Nos EUA, Charles Manson comandava o assassinato da atriz Sharon Tate e o fato foi usado para se desviar a atenção do povo americano para as atrocidades que o exército norte-americano cometia no VIETNÃ.



Nixon entrou na casa branca, 250.000 pessoas marcharam em Washington pedindo paz, Kadhafi tomou o poder com um golpe e Yasser Arafat tornou-se líder da OLP.



Guerrilheiros sequestraram o embaixador Charles Elbrick dos EUA. Mas a ditadura deu o troco e fuzilou MARIGHELLA no final de 1969. Lamarca desertou do quartel onde servia, foi a luta armada, fez uma cirurgia plástica e namorou a musa da revolução, Iara Iavelberg. Tudo em 69, não dava para perder tempo.



Costa e Silva decretou a 7ª Constituição brasileira e teve uma trombose. Uma junta de três militares assumiu e logo foi chamada de “os 3 patetas”. Em 1969 já fazíamos graça de nossas desgraças.



Para moldar a geração que viria (a minha) o decreto-lei nº 869 pôs “Educação Moral e Cívica” no sistema educacional. E Paulo Maluf assumiu a prefeitura de São Paulo, iniciando uma eficiente carreira de predador do estado.



Escrevendo, eu me lembrei do filme “A INCRÍVEL HISTÓRIA DE BENJAMIM BUTTON”, aquele que nasce velho e morre bebê. Pensei que poderia ter nascido em 1926 com 80 anos. Assim eu teria 43 anos em 1969 e veria os fatos que aqui descrevi. Mas, como Benjamim Button, hoje eu teria dois meses de vida. É melhor deixar como esta.


Daisy é a paixão de Benjamim Button. No filme, enquanto ele rejuvenesce, ela envelhece, mas o amor deles resiste ao tempo. Eu também tenho uma Daisy que com seu amor, ternura e alegria oxigena minha vida, impedindo que eu mesmo envelheça.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

ONDE ESTA WALLY – PARTE II.


No início de abril, eu perguntava onde estava o senador Cássio Cunha Lima que ainda não tinha se engajado na campanha eleitoral de Campina Grande. Usei até a brincadeira do “onde está Wally?” para ilustrar a coluna daquele dia. De lá para cá a situação não se alterou e tem gerado muitas especulações.



Sábado passado, Cássio esteve no Parque do Povo e aproveitou para elogiar o gesto do prefeito Veneziano de homenagear seu pai, Ronaldo Cunha Lima, na abertura do São João. Aliás, a homenagem do prefeito e a fala do senador geram especulações sobre uma aproximação entre Cássio e os irmãos Vital. Mas, isso é tema para outro politicando.



A questão é: em que momento Cássio vai arregaçar as mangas para tentar eleger Romero Rodrigues prefeito de Campina? Se é que vai mesmo fazer isso. Afora notícias dando conta de reuniões para traçar planos e de uma ou outra declaração do senador afirmando seu apoio a Romero não se vê atos concretos. E vejam que uma ou outra declaração dada de Brasília, em apoio a Romero, é diferente de um sistemático trabalho em prol de uma candidatura.



Cássio é o ator político paraibano com o maior potencial de transferência de votos. Mas, terá que pegar no braço de seu candidato, andar pelas ruas e pedir votos. Na lógica da transferência de votos, o cidadão aceita votar até num poste, desde que a liderança venha a público e peça. Se ela não aparece o cidadão desconfia.



O maior problema de Romero Rodrigues hoje, para afirmar sua candidatura, é que Cássio, assim como Wally, parece perdido na multidão. Recentemente o PSDB agendou uma pré-convenção que não se realizou porque Cássio Cunha Lima não podia estar presente. Ele alegou uma forte gripe para se ausentar. Especulou-se sobre se ele está convencido de que Romero é a melhor opção. Talvez Cássio esteja buscando outros caminhos.



Cássio tem sido visto nas reuniões da CPMI do Cachoeira. Diariamente ele aparece nos grandes jornais da TV sempre falando da CPMI e da “Conferência Rio + 20”. Isso é bom para a carreira de um político. Ajuda a projetá-lo mais e melhor em nível nacional, sem contar que qualifica a atuação de um senador da república. Mas, existe a liderança de Cássio em seu estado. Ele é a estrela maior do grupo que faz parte. E este grupo não tomará uma decisão sem que ele avalize.



O fato é que tem “cassistas de carteirinha” duvidando que Romero seja o candidato a prefeito do grupo liderado por Cássio. Um dado relevante é que aliados de Cássio migraram para outras candidaturas. O ex-prefeito Félix Araújo, tinha anunciado apoio a Daniella Ribeiro, mas agora deve apoiar Guilherme Almeida. Pois seu filho, Félix Neto, é o vice de Guilherme. Seria apenas uma posição isolada ou a preparação do terreno para algo que aconteceria em breve? Cássio viria apoiar Daniella pensando no futuro?



Seja lá o que for, Cássio Cunha Lima teria que vir para o cenário paraibano e exercer o seu papel de liderança0 do contrário vamos continuar perguntando “onde está Wally?”