terça-feira, 31 de julho de 2012

SUPLICIANDO OS DADOS MAIS UMA VEZ.


Os estatísticos dizem que os dados devem ser torturados para que confessem tudo que sabem. Para os matemáticos, basta tratá-los com carinho que eles já desandam a falar tudo o que sabem. Mas, o cientista político não estabelece uma relação passional com os dados. O que espera deles é que falem seja pela dor, seja pela carícia.

Eu imaginei que já tinha extraído tudo o que podia da pesquisa CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA. Ledo engano meu, pois a riqueza dos dados dessa pesquisa é sem precedentes. Agora, novos dados vieram a tona e eu devo analisá-los. Foram cruzados os dados da intenção estimulada de votos para candidatos a prefeito de Campina Grande com a capacidade de transferência de votos de lideranças políticas que não são candidatos.

Ou seja, o GRUPO 6SIGMA resolveu fornecer dados para que eu possa, mais uma vez, trazer elementos que esclareçam ainda mais o “dilema do poste”. Agora nós temos dados cristalinos de como quatro lideranças políticas (Cássio Cunha Lima, Veneziano Vital, Ricardo Coutinho e Dilma Rousseff) influem nas escolhas do eleitor campinense. O objetivo é precisar a capacidade dessas lideranças de fazer com que o eleitor escolha votar nas candidaturas que vemos nos três primeiros lugares da pesquisa: Romero Rodrigues, Daniella Ribeiro e Tatiana Medeiros.

Assim, perguntou-se ao entrevistado se ele votaria num candidato apoiado por uma das lideranças já citadas. 63.9% disseram que votariam num candidato apoiado por Cássio Cunha Lima. 42.7% disseram que votariam num candidato apoiado por Veneziano Vital. 22.3% disseram que votariam no de Ricardo Coutinho e 48.8% diriam sim para o de Dilma.

Vamos agora para a chamada análise transversal de informações, ou seja, vamos cruzar os dados para saber quem transfere mais e para quem transfere. Dos que disseram que votariam num candidato apoiado por Cássio Cunha Lima 36% escolheriam Romero, 26% Daniella e 13% Tatiana.

Dos que disseram que votariam num candidato apoiado por Veneziano Vital 16% escolheriam Romero, 24% Daniella e 30% Tatiana. Dos que disseram que votariam no candidato de Ricardo Coutinho 38% escolheriam Romero, 23% Daniella e 15% Tatiana. Dos que disseram que votariam no candidato de Dilma 26% escolheriam Romero, 27% Daniella e 20% Tatiana.

O eleitor identifica bem a relação existente entre o líder político e seu escolhido (ou poste, como queiram).  A maioria dos que seguem a influencia de Cassio e Ricardo votariam em Romero. A maioria dos que seguem a influencia de Veneziano votariam em Tatiana. Mas, é bom não esquecer, os percentuais são diferentes. Cássio tem um poder de transferência de votos para Romero que é maior do que a taxa de transferência de votos de Veneziano para Tatiana. Cássio transfere mais votos para Daniella do que Veneziano e Ricardo Coutinho, apesar dos percentuais serem bem próximos.

Num 2º turno sem Romero, Cássio poderia ficar propenso a apoiar Daniella por conseguir transferir mais votos para ela. O mesmo aconteceria num 2º turno sem Tatiana, Veneziano tenderia a apoiar Daniella, pois transferia mais para ela do que para Romero. Como o eleitorado campinense ainda não sabe ao certo quem Dilma apoiará, a taxa de transferência de votos da presidente é quase a mesma para os três candidatos.

Os dados ainda nos mostram que a migração dos votos é mais favorável para Tatiana Medeiros quanto melhor for a avaliação do governo de Veneziano. Apenas 3% dos que consideram o governo Veneziano ruim/péssimo aceitam votar em Tatiana, enquanto que 26% dos que consideram o governo Veneziano bom/ótimo aceitam votar em Tatiana. Nada mais coerente.

A que se observar que apenas 7% dos que consideram o governo Veneziano regular aceitam votar em Tatiana. A rigor apenas metade dos que consideram o governo de Veneziano bom ou ótimo aceitam votar em Tatiana. Além disso, Cássio Cunha Lima tem a vantagem de não ocupar um cargo executivo e no final do 2º mandato. Ele não precisa ficar sendo avaliado por isso. Já Veneziano está terminando seu segundo mandato com índices de avaliação positiva medianos e apresentando dificuldades em transferir votos.


No entanto, esses dados não são imutáveis. Estamos terminando julho. Temos longos agosto e setembro onde tudo pode acontecer, inclusive o imponderável. Eleição é como CPI, sabemos como começa, mas não sabemos como termina.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

UM PREFEITO ESCOLHIDO NOS TRIBUNAIS.


O brasileiro é um noveleiro por definição e gosta de acompanhar as novelas nos seus mínimos detalhes. Talvez seja por isso que acompanhe eleições de forma tão apaixonada. Como não temos mais uma novela como Roque Santeiro, eu acompanho os lances melodramáticos da novela cujo PT é o personagem principal.

Ao que parece o PT prefere fazer campanha nos tribunais. Quase não ouvimos petistas falando em projetos e propostas políticas. É como se eles achassem que podem vencer uma eleição sem ir às urnas. Na semana passada, o Juiz da 5ª Vara Cível de João Pessoa suspendeu as decisões das direções nacional e estadual do PT que destituíam Alexandre Almeida da presidência do PT local, além de impedi-lo de ser candidato. Ato contínuo, o Juiz Giovanni Magalhães Porto indeferiu a aliança PP/PT e deferiu a postulação de Alexandre Almeida, inclusive tornando nulo seu afastamento do PT.

Ou seja, Perón Japiassú não poderia ser o vice de Daniella Ribeiro e Alexandre teria sua candidatura registrada no TRE. Para completar o cenário novelístico a chapa encabeçada por Daniella Ribeiro foi indeferida. Para cada uma das decisões cabe recurso. E os partidos e atores políticos se movimentam para recorrer das decisões na seara jurídica.

Mas, eles se movimentam também na seara política. Daniella Ribeiro foi a São Paulo, no final da semana passada, para um encontro com o ex-presidente Lula, que havia dito que o Ministro Agnaldo Ribeiro, irmão de Daniella, teve importante papel no ajuntamento do PP de Maluf com o PT para a eleição na capital paulista. Foi a hora de cobrar a fatura. Os jornais estamparam fotos de uma sorridente Daniella Ribeiro ladeada por Lula e por seu irmão. O detalhe é que, por trás deles, vê-se a imagem da presidente da República Dilma Rousseff.

O recado é claro. Não recorra à justiça! Pois a composição PP/PT para disputar a prefeitura de Campina Grande é abençoada por Lula e Dilma Rousseff. Inclusive, Alexandre Almeida disse que espera o apoio de Lula e Dilma. Mas, se Lula coloca-se acima das decisões da Suprema Corte, imagine o que não fará em relação às vontades do presidente de um diretório municipal do PT.

Na verdade, essa dramática novela acontece em dois cenários. Um é o cenário petista que tem um enredo mais conhecido do que o da paixão de cristo. É a história de grupos encastelados num partido lutando pelo poder. Se brigam para terem candidatura própria ou para comporem com outros partidos é o que menos importa. O que interessa é a luta pela hegemonia partidária e pelos frutos que isso pode vir a trazer.

O outro cenário é externo ao próprio PT. De um lado o Ministro Aguinaldo Ribeiro quer o PT “lulo-dilmista” para reforçar a postulação de Daniella e, quem sabe, a sua própria candidatura a governador da Paraíba em 2014. Do outro lado, o senador e presidente da CPMI do Cachoeiro, Vital Fº, esforça-se para demonstrar prestígio e poder. Ele precisa que o PT não atrapalhe seus planos, mais do que já fez quando deixou o governo de seu irmão Veneziano.

Ao maximizar seus próprios interesses o PT local se viu no meio de uma briga de caninos colossais. Virou joguete numa luta onde se tenta provar quem é mais íntimo do rei Lula e da rainha Dilma. O PT campinense queria o céu e a terra, agora corre o risco de ficar apenas com um pequeno pedaço da terra, quem nem o melhor é, diga-se de passagem.

O fato é que a eleição de Campina Grande, que já ganhou as ruas, não consegue sair dos tribunais. Hoje, não se tem certeza sobre quase nada. Daniella Ribeiro está olho do furacão. Existe um processo de impugnação da candidatura de Tatiana Medeiros, no Ministério Público Eleitoral, aguardando que um parecer seja oferecido.

Sizenando Leal teve sua candidatura indeferida porque seu vice cometeu o erro primário de não prestar contas na eleição passada. Alexandre Almeida e sua vice possuem pendências jurídicas junto a justiça eleitoral, sem contar que se Daniella reverter a impugnação que lhe pesa e conseguir manter seu vice petista, é Alexandre que sai do jogo.

Romero Rodrigues, Guilherme Almeida e Arthur Almeida tiveram seus registros deferidos. Em que pese a batalha judicial que Arthur enfrentou recentemente. Se o caro ouvinte me perguntar qual a primeira providencia que deve tomar para se candidatar a algum cargo, prontamente eu direi que é a de contratar um bom advogado.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A ESTRATÉGIA DA TRIANGULAÇÃO – OU COMO “ROUBAR” O DISCURSO DE SEU ADVERSÁRIO.

Hoje eu vou tratar da chamada estratégia da triangulação. Dito dessa forma, o caro ouvinte pode achar que não tem a menor ideia do que seja isso. Mas, quando eu começar a explicar, vamos saber que a estratégia da triangulação é algo comum. O nome pode ser pomposo, mas quer dizer uma situação bem conhecida.

Um candidato se apodera de parte da agenda de campanha de um adversário para incorporar ao seu discurso ou como forma de enriquecê-lo ou mesmo para atender a demandas externas. Um dos princípios das campanhas eleitorais é a capacidade do candidato de deixar claro para os eleitores porque a sua postulação é a melhor. Ou seja, o candidato que for mais eficiente no momento de mostrar que sua candidatura é a melhor de todas sai em nítida vantagem. Mas, como se faz isso?

O meio mais utilizado é o contraste. Um candidato vai dizendo que é melhor ao se diferenciar, ou contrastar, com seus concorrentes. Lógico, o melhor local para isso é mesmo o debate. Dick Morris, que foi consultor políticos do ex-presidente dos EUA Bill Clinton, afirma que a estratégia da triangulação “trabalha arduamente para resolver os problemas que motivam os eleitores do outro partido”.

Mas buscar o contraste não significa estabelecer uma estratégia baseada no enfrentamento. Não é que um candidato vá discordar de tudo que seu adversário defende ou propõe. O debate eleitoral não tem que necessariamente ser um embate entre dois ou três projetos, onde se tenta provar a superioridade de um sobre os outros. O projeto eleitoral de um candidato é a tentativa de se estabelecer uma conexão eficiente entre o político e o cidadão. É a possibilidade do candidato se aproximar do eleitor para, finalmente, convencê-lo a nele votar.

A estratégia da triangulação pode ser uma arma eficiente na batalha eleitoral. Ao invés de ir para o enfrentamento, apodera-se de parte da agenda do adversário para incorporá-la ao discurso político. É quando se compartilha valores e propostas. É quando o candidato da oposição, que enfrenta um candidato a reeleição, diz que vai dar continuidade a ações administrativas do seu oponente, caso ele tenha aprovação popular, claro.

Dick Morris afirma, também, que quando você resolve os problemas que mantém o outro lado ativo, leva seu adversário à bancarrota. Quando George Bush Jr., em sua primeira campanha, criou a o “conservadorismo compadecido” amenizou, com sucesso, o problema da “frieza social” que sempre pesou sobre a imagem dos republicanos. Ou seja, quando Bush Jr. dialogou com os eleitores simpáticos às políticas sociais dos democratas, estava triangulando pela esquerda. Tony Blair, ex-primeiro ministro da Inglaterra, triangulou pela direita quando prometeu, em sua campanha, reduzir o poder dos sindicatos e manter os pilares da política liberal.

A relação mal resolvida da campanha presidencial de Geraldo Alckmin com o bolsa família expôs uma estratégia fraca e uma triangulação irregular. Alckmin oscilava entre acusar o programa bolsa família de ser assistencialista e as promessas de manter os programas sociais do governo federal. Ele mesmo minava a credibilidade de seus compromissos junto ao eleitor.

Lula sofreu um impasse estratégico desse tipo que o paralisou em 1994. Diante do sucesso do Plano Real, sem poder criticar um plano econômico com alta popularidade e com medo de elogiar para não fortalecer seu adversário, lula terminou derrotado no 1º turno.

Mas triangular traz riscos. Deve-se ter cuidado para que a adoção de um compromisso de campanha não se torne mera “jogada eleitoreira”. Ao se apoderar de parte da agenda do adversário, o candidato não pode se tornar uma cópia. Não pode se transformar num mero repetidor de propostas já patenteadas sob pena de começar a ser chamada pelo nome daquela fruta de sabor cítrico.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

VOCÊ SABE QUANTOS PARTIDOS EXISTEM NO BRASIL?


O caro ouvinte sabe quantos partidos políticos existem funcionando legalmente no Brasil? Saberia dizer quantas legendas estam em fase de organização e que em breve vão poder disputar eleições? A primeira pergunta é fácil de responder. Segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral existem 30 partidos autorizados a funcionar no Brasil.

Isso significa que eles cumprem as exigências legais. Assim podem disputar eleições, compor o parlamento e, claro, acessarem os generosos recursos públicos do fundo partidário. Interessante notar que no site do TSE aparece a última atualização dos dados. É que como é muito fácil criar um partido, tem que se informar hora, dia, mês e ano da última vez que a lista foi atualizada. Na última atualização de 21 de junho desse ano já aparecem o Partido Social Democrático (PSD), o Partido da Pátria Livre (PPL) e o Partido Ecológico Nacional (PEN).

O PPL é um partido anacrônico. Defende, pelo menos no nome, os ideais do movimento pró-independência do Brasil lá do começo do século XIX. É a história de “ou ficar na pátria livre ou morrer pelo Brasil”. O PSD é cria do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. É um ótimo exemplo de uma artimanha jurídica muito utilizada desde a criação da fidelidade partidária. Para não ser acusado de infiel, Kassab saiu do Democratas. Enquanto criava o PSD. Em seguida, junto com tantos outros, entrou no partido que criou.

O PEN nasceu grande. Só aqui na Paraíba já tem 10 deputados estaduais. Ao que tudo indica, ele surgiu para acomodar lideranças políticas que foram ficando sem espaço em seus partidos. Aliás, uma perguntinha. O filiado ao DEM é “democrata”; o filiado ao PT é “petista”; o filiado ao PTB é “petebista”. E o filiado ao PEN, é o quê? “Penista”, “peniano”, “penianista”?

Existe cerca de 30 legendas em processo de organização. O TSE não dispõe de dados precisos sobre isso. Pudera, diariamente se cria organizações partidárias no Brasil. Nove dessas legendas já tem registro em Tribunais Regionais Eleitorais. Mas, precisam se cadastrar em pelo menos 09 TRE´s para poderem pleitear registro nacional.

Uma dessas siglas é a velha (espero que não mais autoritária) União Democrática Nacional – UDN. É interessante como partidos avessos a democracia se autodenominam democráticos. Existem, hoje, umas 15 organizações políticas que a justiça eleitoral não sabe bem como tratar. Legalmente elas são chamadas de “partidos sem registro”. Ou seja, elas existem, mas não podem funcionar.

Esse tipo de legenda pode atuar no entorno de um partido - é o caso da União Democrática Ruralista – UDR, cuja maioria dos membros são filiados ao DEM. Ou pode funcionar no espectro político-social. São organizações que raramente vem à luz do sol. São aquelas cujos propósitos nunca ficam claros.

Assim, temos o “PBM - Partido Brasileiro da Maconha”; o “PCML - Partido Comunista Marxista-Leninista”; e a “LBI - Liga Bolchevique Internacional”. Uma dessas legendas sem registro é o “PMB - Partido Militar Brasileiro”. Liderado pelo capitão da PM Augusto Rosa, o PMB se diz, em seu site, disposto de “invadir Congresso Nacional”, apesar de não dizer para quê.

O PMB já fez convenção nacional, tem estatuto, e mais de 5 mil pré-filiados nos 27 estados. A constituição exige pelo menos 101 membros-fundadores em nove estados. É isto que um partido deve fazer para ser publicado no Diário Oficial da União. Em seguida faz um requerimento ao TSE e encaminha o registro ao cartório de notas. Agora que você sabe quantos partidos temos e o que é preciso para criar um, mãos a obra, pois nosso multipartidarismo desregulado aceita todo tipo de agremiação.

E já que os partidos brasileiros não precisam ter base, apenas caciques, eu vou criar um partido para mim. Ele vai se chamar Partido para Atender Meus Interesses, a sigla será PAMI. E eu estou convidando a você, caro ouvinte, para ser PAMISTAS.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

VOCÊ É CONTRA OU A FAVOR DAS CARREATAS?


Estamos acompanhando o debate acerca da realização ou não das carreatas. Na eleição passada não houve acordo entre os partidos e atores políticos e elas terminaram acontecendo. Este ano, o debate veio à tona com força. Aqui mesmo no POLITICANDO eu me coloquei contra a realização do que chamei de “pavoroso expediente para se pedir voto”, pois as carreatas são uma festa, mas não da democracia.

Novamente, não houve acordo.  Vamos ter que aturar as tais carreatas. Mais uma vez não adiantou a mobilização de setores da sociedade, prevaleceu a vontade dos que estam se tornando minoria. O fato é que a legislação eleitoral permite as carreatas. Para que elas não aconteçam é preciso que haja um acordo entre os envolvidos na eleição. O fato é que alguns concordaram e outros não em fazê-las.

Eu não vou questionar a lei. Ela existe para ser respeitada. As carreatas são legais, conforme parecer do promotor da 72ª zona eleitoral, Luciano Maracajá. O debate acerca das carreatas não questiona sua legalidade. O que se levanta é se é legítimo fazer algo que incomoda parte considerável da sociedade.

Existe uma onda contra as carreatas. Já são 47 cidades na Paraíba onde este tipo de evento ou foi proibido pela justiça eleitoral ou não acontecerá por um acordo feito entre os candidatos. A polêmica sobre as carreatas aumentou depois de ocorrências policiais havidas nas cidades de Remígio e Araras. Agora mesmo, a justiça eleitoral está decidindo a situação em cerca de mais 20 cidades.

Analisemos as opiniões contra e a favor das carreatas. Atentemos para as justificativas usadas por aqueles que não entendem que é o debate, não as carreatas, que faz o eleitor indeciso se definir.

Disse Arthur Almeida que “... As carreatas não contribuem para o debate, pois não ajudam a definir o voto, além de mostrar o tamanho das campanhas de uma forma exibicionista”. Já Sizenando Leal afirmou que “... É o poder econômico que introduz dinheiro nessas carreatas”. Félix Neto disse que “... Elas trazem prejuízos como a poluição, o lixo e o trânsito que é afetado pela quantidade de carros”. E Perón Japiassú levantou a questão da segurança. Para ele “... As carreatas trazem transtornos, pois as pessoas bebem ao volante e correm muitos riscos”.

Sempre poderá se dizer que eles são contra as carreatas ou porque não dispõem de meios ou porque não conseguem juntar pessoas, ou as duas coisas. Mas, isso importa? O fato é que de alguma maneira estes candidatos estam sendo porta-vozes de um sentimento que cresce na sociedade. O que se diz a favor das carreatas são verdades inquestionáveis? Vejo argumentos que são sólidos apenas na aparência, na essência são vazios.

Charles Moura, representando Alexandre Almeida, disse que “... Acha que dá para fazer, pois não vai haver sete carreatas no mesmo dia”. Como se precisasse de tanto, só uma carreata já perturba o suficiente.

José Marques, representando Romero Rodrigues disse que“... Confiamos na polícia e o policiamento será reforçado, além de que as carreatas são permitidas pela legislação.” Ele admite os perigos inerentes a uma carreata e transfere a questão para a polícia. Ao invés de se evitar problemas, se torce para que a polícia tenha condições de resolvê-los quando eles vierem a acontecer.

Júnior Flor, representando Tatiana Medeiros, afirmou que “...respeitamos o direito à livre e espontânea  manifestação, além do que a carreata permite o contato direto do candidato com o eleitor”. No nosso sistema representativo existe o voto, e a expressão dele através do material de campanha, como canais de manifestação da opinião. Se um eleitor quer que todos saibam em quem ele vai votar pode usar as redes sociais. Pode, ainda, sair pelas ruas de seu bairro pedindo votos para seu candidato. Além disso, como é que o candidato vai ter contato direto com o eleitor se ele está em cima de uma camionete, em movimento, preocupado em sorrir, acenar e mandar beijinhos.

O argumento, aparentemente mais forte, foi do advogado José Mariz, da assessoria jurídica de Romero Rodrigues. Disse ele que: “... passamos 30 anos sob a ditadura militar, onde as manifestações de pensamento eram proibidas e a constituição garante a livre manifestação”.

Certo. Um erro não justifica o outro. Não é porque fomos oprimidos politicamente, que agora vamos sair por aí fazendo o que bem entendemos. Sem contar que eu não entendo como alguém dentro de um carro, possivelmente em adiantado estado de embriagues, e cercado de barulhos de toda sorte pode conseguir manifestar livremente sua opinião política.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O DEBATE VISTO DOS BASTIDORES.


Sábado tivemos o debate com os candidatos a prefeito de Campina Grande e nada mais justo do que começar esta coluna elogiando a equipe de jornalismo da CAMPINA FM. Pelo desempenho, pela competência e alta qualidade jornalística não só na condução, como na montagem do evento.
Aliás, o que mais chamou atenção, no evento, foi o seu formato. Ao invés de um debate cheio de proibições, com os candidatos engessados por rígidas regras, tivemos um debate no estilo americano. Definiram-se normas básicas, e se deixou que os candidatos debatessem. Eles estavam livres para perguntarem o que bem quisessem se não o fizeram é por que assim preferiram.
O formato do programa foi pensado para que os candidatos tivessem o máximo de liberdade para se exporem e para questionarem seus adversários. Mas, á exceção de Sizenando Leal, os candidatos preferiram não se expor. Parece que ainda não entenderam que é o confronto de ideias e propostas que faz o eleitor indeciso definir suas opções eleitorais.
Eu presenciei os bastidores da organização do debate. Acompanhei a articulação e a montagem do evento e lhes digo que é uma operação complexa. Não basta decidir fazer o evento, convidar os candidatos e colocar o programa no ar. Exige-se uma alta capacidade de articulação e conhecimento. A equipe de jornalismo da CAMPINA FM teve que sair a campo para providenciar que o debate acontecesse respeitando a legislação eleitoral vigente.
Foi preciso lidar com os candidatos e seus comitês de campanha. O caro ouvinte pode pensar que basta ligar para um assessor, formular o convite para que seu candidato compareça ao debate. Não, não basta. É preciso ligar, enviar e-mails e correspondências via correio. Tem que se passar por um processo de convencimento, alguns candidatos resistem ao máximo em participar do evento.
Alguns só comparecem quando são convencidos que não vir é sempre pior do que vir. Aliás, ainda temos em todo Brasil candidatos que acham que as carreatas dão mais votos do que os debates. É interessante como alguns pensam que estam sendo levados para o debate para serem prejudicados. É incrível, mas nas campanhas eleitores os políticos passam a acreditar em todo tipo de teoria conspiratória.
É interessante ver que eles se lancem numa luta de vida e morte para conseguirem o maior tempo possível no guia eleitoral do radio e da TV. Mas, que não briguem para que as emissoras promovam debates com o maior tempo possível para que eles possam livremente apresentar suas propostas.
Uma estratégia acertada foi ter definido que a comissão de direito de resposta seria composta por um assessor jurídico de cada candidato. Foram os representantes dos candidatos que decidiram quem tinha e quem não tinha direito a resposta, sem que houvesse interferência de alguém da própria emissora.
Foi interessante observar o comportamento dos assessores que mais se preocupam em defender seus candidatos de supostos ataques externos do que ficar ao lado deles fazendo a tal assessoria. Aliás, havia certa tensão no ar. É que os assessores se comportavam como gladiadores prestes a entrarem numa arena onde muitos leões atacarão seus candidatos.
Curioso de se ver foi o modus operandi dos assessores. No momento dos intervalos comerciais, eles corriam em direção aos seus candidatos a fim de lhes dar algum tipo de orientação. Percebia-se a tensão no ar. Ao invés de transmitir calma e confiança, os assessores maximizavam o estresse do candidato.
Notei que aqueles breves minutos do intervalo não foram utilizados para que o candidato tomasse uma água, fizesse um alongamento ou um exercício de respiração. Aquelas pessoas em volta do candidato não o deixavam sequer respirar. Se eu fosse candidato a prefeito de campina grande iria sozinho para os debates, no máximo levaria meu guru espiritual.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

QUANDO OS CANDIDATOS SE ENFRENTAM. PARTE I.


O debate de sábado começou prometendo ser acirrado. Arthur Almeida, em sua primeira participação, disse “que o familismo na política prejudica Campina Grande”. Mas, isso foi apenas no início. Depois, Arthur preferiu adotar a linha propositiva e se focou em seus projetos. Não que isso seja ruim, pois empresta nível ao debate. Mas, ele não esqueceu as frases de efeito que os candidatos tanto dizem e sapecou que “um filho da feira irá resolver os problemas da feira central de Campina Grande.”

Guilherme Almeida teve participação coerente com sua personalidade política. Sempre calmo, e sem querer se envolver nos embates, ele buscou a linha propositiva. Ele não entrou em polêmicas, mesmo porque esta não é sua estratégia. Ao contrário de Sizenando Leal, ele não aceita o que os ingleses chamam de “go to fight”, ou seja, ele não vai para o confronto. Guilherme afirmou que sua candidatura está “livre de compromissos com qualquer grupo”.  No entanto, reeditou o bate-bola, com Daniella Ribeiro, feito no debate de quando ainda eram pré-candidatos.

Outros dois candidatos que bateram bola foi Tatiana Medeiros e Alexandre Almeida. É a situação em que um pergunta para que o outro fale bem de si mesmo ou do governo que apoia. Tatiana perguntou a Alexandre qual a impressão dele sobre a saúde em Campina Grande. Alexandre não se fez de rogada e desandou a elogiar a saúde na gestão atual. Fez questão de mostrar o quanto é fiel ao prefeito Veneziano. Não poupou elogios ao governo do PMDB. Será que foi por isso que Sizenando Leal o chamou de laranja?

Daniella Ribeiro teve a participação que se esperava. Foi fiel a tática que delimitou. Bateu no governo municipal e consequentemente na candidatura de Tatiana Medeiros. Ela foi a candidata mais centrada, demonstrando frieza singular. Ao contrário da atitude um tanto quanto passional de Tatiana Medeiros, Daniella manteve a calma.

Por vezes, percebi certo distanciamento dela. Coisa de quem trata a eleição como algo técnico. Daniella é a típica política profissional. Como Romero Rodrigues não veio ao debate, não se pôde saber como Daniella vai se comportar quando tiver que ir para o enfrentamento com seu principal adversário. Ela criticou a gestão de Veneziano, mas não pareceu interessada em enfrentamentos. É como se ela quisesse se poupar, já que o candidato que ela tem como seu real concorrente não estava no debate.

Alexandre e Tatiana disputaram para ver quem mais defendia a gestão do prefeito Veneziano. Alexandre chegou a usar a clássica frase do continuísmo. “muito já se fez, mas ainda é preciso avançar”. Tatiana, esta sim candidata da situação, teve que responder às criticas a sua gestão na Secretaria de Saúde e ao prefeito Veneziano. Terminou sendo pautada no debate. Dito de outra forma, ela ficou nas cordas, obrigada que foi a replicar às críticas. Ela pediu um direito de resposta, após uma intervenção de Arthur Almeida, sem ao menos especificar a critica ou acusação que queria responder. A comissão de direito de resposta indeferiu o pedido.

Na véspera do debate, tivemos uma reunião com os assessores jurídicos de cada candidato para discutir as regras do jogo. Todos os candidatos estavam representados, à exceção de Alexandre Almeida. Daí, se especulou se o candidato do PT viria ao debate no sábado.  Mas foi Romero Rodrigues, que havia enviado seu representante para a reunião da sexta, que não veio ao debate alegando problemas de saúde.

Alexandre Almeida veio ao debate mesmo não tendo participado da definição das regras. Aliás, ele foi o único a ter recebido direito de resposta ao final do debate. É que o Sizenando Leal, do PSOL, disse que “a postulação de Alexandre é um apêndice da candidatura de Tatiana e é uma candidatura laranja”.

Aliás, como eu sei que vão me perguntar quem venceu o debate, me anteciparei para dizer que se a contenda teve um vencedor, foi Sizenando Leal. Eu explico. Ele foi o que mais promoveu o “go to fight”. Ele foi aquele que procurou o confronto, sem aderir a baixaria. Alguma coisa errada nisso? Não. É isso que se espera de um candidato que está na disputa sem reais chances de vitória. Se não há possibilidades claras de se eleger, que se promova a ação no debate. Estou a defender a baixaria no debate? Claro que não. Defendo que o embate aconteça, pois eles são adversários e disputam a preferencia do eleitor.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM (PARTE IV) OU COMO OS CANDIDATOS DEVEM LER UMA PESQUISA ELEITORAL.






O escritor e filósofo Umberto Eco disse certa vez que “nem todas as verdades são para todos os ouvidos”. Eu concordo plenamente com esta frase. E, humildemente, a complementaria: “nem todas as verdades são para todos os ouvidos (...) E nem todas as palavras são para todas as bocas”. Essa frase me veio à lembrança por causa da forma como algumas pessoas tem se comportado diante da pesquisa eleitoral CAMPINA FM/6SIGMA.


Impressiona que uma das candidaturas melhor avaliada pelos entrevistados esteja reclamando da pesquisa, ao ponto de querer impugná-la judicialmente. Como isso será feito? Não tenho a menor ideia, pois a pesquisa ganhou as ruas, foi publicada, está na internet para quem dela quiser usar e abusar.


Que um candidato mal avaliado reclame da pesquisa eu entendo perfeitamente. Mas, protestar tendo sido bem avaliado? Isso não faz sentido. Vai entrar para o folclore da eleição 2012. Outro candidato até gostou do resultado da pesquisa, mas a contesta, baseado em uma pesquisa interna que possui. Ora, se a pesquisa interna é melhor, por que não divulgá-la?


O fato é que a metodologia de pesquisa utilizada pelo GRUPO 6SIGMA pegou muita gente com as calças na mão. As costumeiras racionalizações utilizadas pelos candidatos não se adequam aos resultados da pesquisa, pois ela revelou verdades incômodas que não foram feitas para ouvidos acostumados a perceber sempre os mesmo sons.


Se o ouvido só atenta para a mesma melodia, a boca só consegue vocalizar as mesmas palavras. Sobre a pesquisa se tem dito algumas frases de efeito e muitos chavões. Candidatos e assessores ainda não conseguiram digerir a pesquisa corretamente. Perdem tempo com dúvidas menores quando deveriam ter outra atitude.


Eu recomendo uma análise acurada desse que é tão somente um instrumento para aferir a opinião do eleitor em um determinado momento. Por falar nisso, eu vou analisar mais alguns dados da pesquisa.


Uma forma relevante de analisar uma pesquisa é cruzando seus dados. Bem melhor do que congelar diante de um dado isolado é relacioná-lo com as variáveis constantes na amostra. Podemos cruzar os dados da rejeição com a variável escolaridade e vermos que Tatiana Medeiros é quem tem a maior rejeição nos quatro níveis de escolaridade.


Que Sizenando Leal e Romero Rodrigues são, respectivamente, o segundo e o terceiro mais rejeitados nos entrevistados do ensino fundamental, médio e superior. E que Daniella Ribeiro tem baixos índices de rejeição nos quatro níveis de escolaridade. Se é a instrução que permite que o eleitor faça escolhas melhores, mais sábias, estes indicadores não devem ser desmerecidos.


Eu me acostumei a analisar objetivamente a rejeição do eleitor sobre o candidato. Mas, sempre quis saber quais seriam os motivos da rejeição. O GRUPO 6SIGMA resolveu este problema ao perguntar os motivos da rejeição e não só quem seria o rejeitado. Assim temos dados que nos levam para dentro da cabeça do eleitor.


Podemos, então, ficar sabendo que 38.4% dos entrevistados rejeitam Tatiana Medeiros porque a consideram despreparada; 55.5% rejeitam Daniella Ribeiro por a terem como antipática. Por esse mesmo motivo 38.3% rejeitam Romero Rodrigues. Foram rejeitados pelo fato de não serem conhecidos Sizenando Leal, por 70.5%; Arthur Almeida, por 63.9%; Alexandre Almeida, por 62.5%; e Guilherme Almeida, por 28.9%.


Convenhamos que ser rejeitado por falta de conhecimento é sempre melhor do que por antipatia ou despreparado. Afinal, o mais desconhecido dos candidatos pode vir a ser tornar o mais célebre deles. Já a antipatia e o despreparo são coisas bem diferentes. Um porque faz parte da própria personalidade do candidato e o outro porque não é algo que se resolva do dia para a noite.


Os candidatos fariam grande favor a si mesmos, e aos eleitores, se parassem de implicar com as pesquisas e reformatassem suas estratégias de campanha à luz dos ensinamentos que a pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA nos traz.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM (PARTE III) OU CONTINUA O DILEMA DO POSTE.






Nas análises sobre a pesquisa eleitoral CAMPINA FM-6SIGMA a única variável da estratificação da amostra que eu ainda não tratei é a renda familiar. Se é verdade que o bolso do eleitor é condicionante quando ele decide em quem vai votar, então prestemos atenção na relação intensão de voto X renda familiar.



Romero Rodrigues ganha em três das quatro faixas salariais. Daniella Ribeiro ganha em uma e Tatiana Medeiros não ganha em nenhuma. Nas duas primeiras faixas a diferença entre Romero e Daniella é muito pequena, mas nas duas últimas Romero abre sensível vantagem sobre Daniella. Com esses dados, e a preço de hoje, Romero e Daniella vão para o 2º turno. Mas, nem sempre o eleitor decide pelo bolso, às vezes decide pela cabeça, às vezes pelo coração. Vamos em frente.



Algo que importa em eleições locais é o peso da influência das lideranças. É como cada ator político relevante transfere seu capital eleitoral para seus candidatos. Eu falo do velho e bom dilema do poste. Além de se querer saber quanto cada candidato herda de seu líder político, se quer saber se ele, o líder, é tão bem avaliado que pode eleger até um poste.



Assim se perguntou: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Cássio Cunha Lima?” 63.9% disseram sim; 26.6% disseram não; e 9.4% disseram não saber. Consideremos que o vice de Romero Rodrigues é Ronaldo Fº, irmão de Cássio. E lembremos que o senador sinalizou que vai mesmo entrar na campanha. Também se considere que Cássio é um bom transferidor de votos como pode demonstrar na eleição passada para governador. Mas, o dilema não está ainda de todo resolvido para Romero. O deputado vai ter que demonstrar, aos olhos do eleitor, que pode receber esse capital eleitoral. Ou seja, Romero tem que demonstrar ser um bom poste.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Veneziano Vital do Rêgo?” 42.7% disseram sim; 47.9% disseram não; e 9.3% disseram não saber. Estes dados contrariam aqueles dos outdoors espalhados pela cidade de Campina Grande. Lá a aprovação da administração de Veneziano ficava acima de 70 pontos percentuais. Na pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA esta aprovação fica em 45.2% (somados ótimo e bom) e o prefeito não atingiu um patamar superior a 50 pontos na pergunta acima.



Aqui o dilema é quanto o prefeito Veneziano conseguirá transferir de seu capital eleitoral para seu pilar, coluna, enfim, seu poste. Considerando que os números não sorriem para Tatiana Medeiros, Veneziano terá que contar, no ato da transferência, com a totalidade das intenções de voto dos que disseram sim a pergunta. Do contrário o dilema não se resolve.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Ricardo Coutinho?” 22.3% disseram sim, 69.2% disseram não e 8.4% disseram não saber. Independente de opiniões que se tenha sobre a administração estadual, com estes números é pouco provável que o governador encontre, em Campina Grande, um poste para chamar de seu.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Dilma Rousseff?” 48.8% disseram sim, 41.1% disseram não e 10.2% disseram não saber. A questão é se Dilma esta mesmo interessada em influir na eleição de Campina Grande ou de centenas de municípios brasileiros. Mas, suponhamos que esteja. Quem ela adotará como poste? O candidato de seu partido, Alexandre Almeida ou a candidata de seu ministro das cidades, Daniella Ribeiro?



Como se vê cada liderança e cada candidato tem o dilema que merece. Vamos acompanhar para ver como cada um tenta resolvê-lo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM – PARTE II


Na pesquisa CAMPINA FM-6SIGMA tivemos 45.9% de homens entrevistados e 54.5% de mulheres. Vamos inferir que a eleitora campinense não tem mais, ou diminuiu, as prevenções contra mulheres candidatas vistas em outras eleições. Daniella Ribeiros e Tatiana Medeiros foram mais lembradas no grupo das mulheres do que no dos homens. Daniella teve 24.4% nas mulheres contra 19.8% nos homens e Tatiana teve 17.4% e 11.7% respectivamente.


Arthur Almeida, Romero Rodrigues, Guilherme Almeida, Sizenando Leal e Alexandre Almeida tiveram mais intensão de votos no grupo dos homens do que no das mulheres. Ou seja, os entrevistados preferiram os candidatos e as entrevistadas preferiram as candidatas. Se isso é uma tendência a ser seguida a ponto de influenciar no resultado da eleição ainda não se sabe. Historicamente o eleitorado brasileiro não se orienta por essa perspectiva. Ainda é algo a ser estudado, mas as mulheres preferem, em geral, votar nos homens.


Quando consideramos a faixa etária dos entrevistados vemos que o eleitorado entre 16 e 34 anos prefere Daniella Ribeiro, enquanto o eleitorado acima de 35 anos prefere Romero Rodrigues. Tatiana Medeiros perde em todas as faixas etárias tanto para Romero quanto para Daniella, o mesmo acontecendo com todos os outros candidatos. Ao que parece o eleitorado mais maduro prefere o candidato apoiado pelo senador Cássio Cunha Lima o eleitorado mais jovem quer um prefeito que não seja aliado do senador Cássio e nem do prefeito Veneziano.


Considerando a escolaridade dos entrevistados Romero é o candidato preferido entre os eleitores com ensino fundamental, superior e com pós-graduação. Daniella é a preferida entre os eleitores com ensino médio. No entanto, e como se vê na pesquisa toda, os percentuais que separam Romero e Daniella são baixos. No grupo do ensino médio Daniella é preferida por 22.2% enquanto Romero por 22% dos entrevistados. Interessa ver que no quesito grau de instrução Tatiana Medeiros só fica em primeiro lugar no grupo dos que assumem que não possuem nenhuma instrução com 24.4%, seguida de perto por Daniella com 22.2% e Romero com 17.8%.


A variável escolaridade orientará os comitês de campanha na elaboração do guia eleitoral. Pois, sabemos, que o nível de instrução do eleitor é preponderante no modo como ele define em quem vai votar. Quem melhor souber ler os dados levará vantagem.


Vejamos, agora, a projeção para o 2º turno. O caro ouvinte deve perguntar: mas, como, se a campanha eleitoral mal começou? Eu explico. Com as projeções podemos entender, ou não, muito do que se faz agora. Os candidatos orientam suas estratégias para trilhar um 1º turno que os leve ao 2º, pelo menos os que possuem dois dígitos percentuais na pesquisa. Neste aspecto o GRUPO 6SIGMA também inovou.


Ao invés de pegar os dois candidatos melhor colocados na pesquisa estimulada e perguntar em qual o entrevistado votaria num aprovável 2º turno, se adotou outro modus operandis. A pergunta foi: “se o seu candidato não for para o 2º turno e apoiar o candidato x, o senhor vota nele?”. Claro, os três primeiros colocados na pesquisa estimulada é que aparecem na questão. Assim se desenhou três cenários.


No cenário 01 a pergunta era: “se o seu candidato não for para o 2º turno e apoiar Daniella, o senhor vota nela?”. 62.2% disseram sim; 23.7% não; e 14.1% disseram não saber. No cenário 02 a pergunta era: “se o seu candidato não for para o 2º turno e apoiar Romero, o senhor vota nele?”. 46% disseram sim; 37% não; e 17.1% disseram não saber. No cenário 03 a pergunta era: “se o seu candidato não for para o 2º turno e apoiar Tatiana, o senhor vota nela?”. 31% disseram sim; 51.4% não; e 17.3% disseram não saber.


O melhor cenário é o de Daniella, pois mais de 60% aceitam votar nela num 2º turno. Romero fica abaixo dos 50%, não é ruim, mas deveria ser melhor para quem realmente almeja a vitória. O pior cenário é o de Tatiana, pois mais de 50% dizem que não aceitar votar nela num 2º turno.


Vejamos as projeções para o 2º turno, considerando os dados da pesquisa estimulada que trouxe Romero em 1º, Daniella em 2º e Tatiana em 3º. No cenário 01, Romero enfrentaria Tatiana. 42.6% votariam nele e 23.8% nela. No cenário 02, Romero enfrentaria Daniella e teria 31.6% contra 38.4% da deputada. No cenário 03, Daniella se bateria com Tatiana e teria 46.1% contra 19.4% da ex-secretária de saúde.


Também aqui Daniella se sai melhor. Pois de três cenários, ela ganha em dois e Romero ganha em um. Mais uma vez os resultados são desfavoráveis a Tatiana que não ganharia em nenhum cenário.


O que importa aqui é ver como os candidatos orientam suas estratégias. Interessa o comportamento dos candidatos entre si. Não parece ser inteligente bater em um adversário que pode se tornar aliado no 2º turno. Mas, não questionar os adversários para não abrir arestas pode parecer algo pusilânime, coisa que definitivamente o eleitorado de Campina Grande não perdoa em um candidato.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS, ATÉ QUE ELES FALEM – PARTE I.


O primeiro objetivo da pesquisa é identificar o nível de reconhecimento dos candidatos, pois sem um mínimo de reconhecimento é impossível ter um mínimo de votos. Depois vem o que a maioria das pessoas quer mesmo saber. É a intensão de votos. É quem está na frente e quem está atrás na pesquisa. O terceiro objetivo é a questão da rejeição dos candidatos. Este é o aspecto mais valioso, pois quando o eleitor rejeita um candidato dificilmente reconsidera sua opinião.

O último objetivo é avaliar os três níveis administrativos (federal, estadual e municipal) para que se possa verificar o poder de transferência de votos. A ideia é ver como o governador Ricardo Coutinho e o prefeito Veneziano Vital influem na eleição de Campina Grande respectivamente. É que eles têm seus futuros políticos condicionados ao sucesso de seus candidatos nas urnas. Também importa vermos como eles se comportam na hora de transferir votos para seus pupilos.

O público alvo da pesquisa é a população campinense, onde cada entrevistado é uma amostra representativa do local onde vive, da classe social a que pertence, do nível educacional que possui e, claro da idade e do sexo. Analisamos a opinião dos entrevistados considerando quem são, o que são, o que fazem, onde moram e quanto ganham. Mas, vejamos agora alguns dados.

Na intensão de votos temos ligeira mudança em relação às outras pesquisas. Romero Rodrigues assumiu a dianteira e aparece com 23,9% das intenções de voto. Já Daniella Ribeiro caiu para segundo e tem 22,3%. No entanto, a diferença é de apenas 1.6% e esta absolutamente dentro da margem de erro que é de 2,9% para cima ou para baixo.

A definição das chapas, com Ronaldo Fº como vice de Romero, e o falecimento de Ronaldo Cunha Lima devem ter pesado nesta alteração. Influiu, ainda, que agora não se tem mais dúvidas sobre a participação do senador Cássio Cunha Lima na campanha de Romero Rodrigues.

Daniella Ribeiro tem algum motivo para se preocupar? Não, se considerarmos que ela segue sendo bem avaliada e que, a preço de hoje, vai carimbando seu passaporte para o 2º turno. Tatiana Medeiros aparece em terceiro lugar, com 14,8%, e Guilherme Almeida vem em quarto com 5,9%. A campanha está só começando, por isso mesmo é cedo para os dois demonstrarem estagnação. Romero e Daniella se movimentam. Tatiana e Guilherme permanecem nos mesmo lugares. Esse é o pior dos mundos para uma candidatura.

Mas, falemos da rejeição. A pesquisa CAMPINA FM–6SIGMA inovou. É que dessa vez não se questionou apenas sobre qual candidato o entrevistado não votaria em hipótese nenhuma. Solicitou-se aos entrevistados que apontassem qual dos candidatos conheciam. É o chamado índice de reconhecimento. A significância desse dado é que ele desmonta a justificativa da rejeição causada pela falta de conhecimento. Se um candidato tem um bom ou ótimo índice de reconhecimento e ao mesmo tempo tem alto índice de rejeição, jamais poderá dizer que é rejeitado porque ainda não se fez conhecer pelo grosso do eleitorado.

Assim, Romero é reconhecido por 89,9% e rejeitado por 9,4% dos entrevistados. Daniella é reconhecida por 91,9% e rejeitada por 5,1%. Tatiana foi reconhecida por 86,1% e rejeitada por 18,5% e Guilherme foi reconhecido por 74,4 e rejeitado por 4,5. Os quatro são bem reconhecidos, sendo que Daniella é a mais reconhecida de todos. E três deles (Romero, Daniella e Guilherme) apresentam uma rejeição aceitável casa de um dígito cada um. Apenas Tatiana vê sua rejeição aumentar em relação às outras pesquisas. Se a exposição dos candidatos aumentou com o início da campanha e a rejeição de Tatiana também aumentou, me parece que uma luz avermelhada deve ter acendido no comitê de campanha da candidata Tatiana Medeiros.

Os campinenses até avaliam bem a presidente Dilma, em que pese parecerem querer mais dela de acordo com os percentuais que vimos. A questão é se Dilma vai emprestar sua aprovação a algum candidato local e qual será ele.

Ricardo Coutinho obteve 19,6% de aprovação quando somados os que consideram seu governo ótimo e bom. Se somarmos os 31,7% dos que o avaliam como regular aos ótimo e bom temos 51,3%. Mas, se somarmos aos ruim e péssimo temos 80,5%. Sendo condescendente para com o governador e só considerando dois percentuais. O somatório dos ótimo, bom e regular (que dá 51,2%) e o somatório dos ruim e péssimo (que dá 48,8%) vê-se uma clara divisão. Metade aceita o governo e a outra metade rejeita. Isso não é suficiente para que Ricardo influa nos rumos da eleição de Campina Grande, pois ninguém transfere 100% de seu capital eleitoral.

A administração do prefeito Veneziano Vital foi bem avaliada. Somando os que consideram seu governo ótimo e bom chegamos a 45,2%; contra 19,0% dos que avaliam como ruim e péssimo. Se somarmos os 35,8% dos que avaliam como regular aos ótimo e bom temos 81,0%. Mas, se somarmos aos ruim e péssimo temos 54,8%. A questão é quanto será que veneziano vai poder transferir para Tatiana Medeiros. Considerando seu incômodo terceiro lugar, Veneziano precisará de uma muito boa taxa de transferência, do contrário, Tatiana terá que ir às urnas pelas próprias pernas.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A TEORIA DO FIO DESENCAPADO.




Certa vez um professor que tive, também cientista político, comparou o Brasil a uma sala com um vazamento de água num dos lados e vários fios desencapados no outro lado. Nesta sala, chamada Brasil, haveria pessoas dispersas pelos lugares ainda não atingidos pela água e elas tentavam se manter o mais longe possível dos fios desencapados.



Por motivos que não se sabe bem, a maioria das pessoas tinha uma postura de passividade em relação aos problemas existentes na sala. Talvez a passividade possa ser explicada pelo medo. Em dois momentos diferentes duas pessoas morreram ao tentar, heroicamente, concertas os fios desencapados.


Mas o fato é que a maioria das pessoas não tentava acabar de vez com o vazamento de água, no máximo utilizam panos, vassouras e rodos para secar o chão. Também, não pensavam em como acabar com o eminente perigo representado pelos fios desencapados. Vez por outra alguém sugeria que se tentasse isolar os fios. Mas, vinha a inevitável pergunta: como fazê-lo sem levar um choque?


Até tinha um eletricista na sala, mas ele alegava que estava sem ferramentas adequadas para realizar a tarefa. E lembrava o tempo todo que, devido ao vazamento, estava com os pés encharcados. Também havia na sala um encanador, mas este só aceitava consertar o vazamento mediante pagamento.


Havia um empreiteiro na sala que se ofereceu para recolher contribuições dos presentes para que se pagasse o encanador, mas como ele queria receber uma comissão de 35% do valor recolhido, os outros rejeitaram a proposta. Havia, ainda, a possibilidade de abandonar a sala Brasil. Mas, a porta havia sido trancada pelo lado de fora e a janela não abria, pois estava enferrujada.


O fato é que durante algum tempo até se tentou resolver os problemas da sala Brasil, mas eles eram tantos e tão complexos que as pessoas foram se acomodando. Preferiram criar formas de conviver com os problemas, ao invés de tentar resolvê-los em definitivo, pois tudo era muito difícil e demandava tempo e dinheiro.


A tentação de comparar o Brasil a esta sala é grande. Fruto de nosso passado escravocrata e do fato de termos sido colonizados preferimos viver com os problemas ao invés de tentar resolvê-los em definitivo. Ao invés de concertar os vazamentos de água e encapar e/ou embutir os fios na parede preferimos seguir encontrando formas de conviver com eles.


Acostumamo-nos a esperar tudo do estado que nos colonizou, aliás, a principal característica do colonizado é não conseguir tomar iniciativas próprias. Seguimos preferindo viver com o problema da corrupção ao invés de criar mecanismos de controle que impeçam este estado lamentável de coisas. Achamos mais fácil cassar, vez por outra, um parlamentar.


Ao invés de fazermos uma séria reforma política, preferimos remendar nosso ordenamento jurídico com coisas sem sentido como a tentativa de controlar a livre expressão do cidadão pela internet. Ao invés de proibirmos as carreatas nas campanhas eleitorais, preferimos liberá-las, torcendo para que a divina providência impeça que aconteçam as coisas que mais dia menos dia sabemos que vão acontecer.


Preferimos fazer estradas de péssima qualidade e anualmente realizarmos as tais operações “tapa buracos" a construir boas rodovias para durar anos a fio. Preferimos gastar muito dinheiro construindo presídios de segurança máxima ao invés de investirmos em educação, saúde, moradia, infraestrutura, etc.


Preferimos investir em programas assistencialistas a promover uma política de crescimento com desenvolvimento social. Seguimos distribuindo os peixes ao invés de ensinar como pescá-los. Um país que baseia seu desenvolvimento numa economia de consumo diz muito do que é.


Enfim, preferimos ficar dentro desta sala chamada brasil cercados por vazamentos de água e fios desencapados com a sensação de que a qualquer momento a água vai chegar nos fios.