sexta-feira, 28 de setembro de 2012

“It’s the economy, stupid”







Nas eleições nos EUA em 1992, havia uma polêmica sobre que tema deveria dominar os debates entre os candidatos. George Bush (o pai) só queria falar do fim da guerra fria e da vitoriosa Guerra do Golfo em sua campanha para a reeleição. Como fazem ainda hoje, os americanos só pensavam no bolso. Bill Clinton tentava a todo custo impor a discussão econômica de olho nas pesquisas eleitorais. Assim, a disputa se dava entre o discurso patriótico de Bush e o discurso econômico de Clinton.




Foi quando James Carville, chefe de campanha de Bill Clinton, perdeu a paciência e pronunciou a famosa frase: “It’s the economy, stupid”. Ou seja, “é a economia, estúpido”. Ele queria dizer que o que importa para os eleitores é a economia. Clinton passou a dizer que a economia vai bem se os empregos estão assegurados, pois gera uma maior arrecadação de impostos que por sua vez leva a mais investimentos do Estado na sociedade.




Este exemplo mostra que a forma como o eleitor percebe a situação econômica influi em seu ânimo na hora de decidir em quem votar. Não esqueçamos que FHC se elegeu no embalo da estabilidade econômica, com o sucesso do plano Real. Eu quero dizer que não vejo a economia determinando tudo. No lugar de Carville teria dito “It’s the politic, stupid”. Ou seja, teria dito que a política é a instância mais importante, pois é nela onde se tomam as decisões, inclusive as econômicas.




Mas, porque eu estou falando nisso? Lembro-me dessa história todas as vezes que vejo os candidatos a prefeito de Campina Grande prometer de tudo. Só falta mesmo dizer que se eleitos vão realinhar os planetas. Agora mesmo virou moda entre os candidatos a promessa de ampliar o leque de serviços grátis ofertados pela prefeitura. Quase todos os candidatos já prometeram que, se eleitos, vão implantar algum tipo de serviço, pelo qual o cidadão não precisará pagar.




Aí tem de tudo e vale tudo. Em João Pessoa prometeram internet grátis e casa com geladeira e fogão. Aqui, prometem passe livre nos transportes públicos para estudantes, idosos, portadores de necessidade especiais, funcionários da prefeitura, etc, etc, etc. Prometem eventos culturais com preços subsidiados. Prometem que vão dar computador para estudante. Prometem remédios, roupas, alimentos, enfim, em troca do voto o cidadão vai ganhar uma verdadeira cesta de serviços.




Tudo isso “no 0800” como dizemos. Tudo “de grátis”, como dizem os paulistanos. Aliás, de graça? Não, claro que não. Quase nada é de graça. Se brincar até o oxigênio é pago, pois, só entramos nos lugares onde podemos respirar mais e melhor se pagarmos.




O conferencista, Stephen Kanitz, afirmou que “tudo é grátis e que tem até o bolsa algo grátis”. Para ele, é a compra de votos com dinheiro público, uma espécie de mensalão ao contrário. Não é a toa que as prefeituras quebram econômica e politicamente. Não há recursos para cumprir todas as promessas feitas. E quando se tenta cumpri-las o desequilíbrio nas contas irremediavelmente acontece e logo em seguida o desgaste político.




Vejamos, por exemplo, a promessa de instituir passe livre para estudantes da rede pública, inclusive nos finais de semana e no período de férias. O problema é que a coisa não fica de graça. Alguém tem que pagar a conta.



Eu só conheço três alternativas. A primeira é a prefeitura bancar, através de subsídios, os estudantes entrando nos ônibus pela porta de trás. A segunda é repassar para a tarifa os custos dos que andam sem pagar. O usuário paga sua tarifa e parte da tarifa dos que tem passe livre.




A terceira alternativa é o prefeito conseguir convencer os empresários do setor que eles já lucraram bastante e que devem abrir mão de parte desse lucro. Este prefeito, como sabemos, não nasceu ainda.










O caro ouvinte deve atentar para o fato que para que seu filho possa andar de graça no ônibus, a sua própria tarifa vai ficar mais cara. Ou seja, de uma forma ou de outra quem vai terminar pagando a conta da promessa é o próprio eleitor.




Quando um candidato prometer que o Estado vai ofertar um serviço público, tem que dizer quem pagará a conta. Deveria ser obrigado, por lei, a dizer de onde viria o dinheiro para que determinado grupo da sociedade acessasse um serviço sem por ele pagar. Se os candidatos não estam preocupados em se tornarem reféns de promessas irrealizáveis, muito menos eu. O problema é que sempre tem uma parcela do eleitorado que paga para ver e vota na esperança que a promessa seja efetivada.




Para o bem e para o mal, essas questões econômicas importam sim. Por isso que todas às vezes que vejo nossos candidatos prometerem desenfreadamente eu procuro me lembrar da frase do chefe de campanha de Bill Clinton.




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Qual o dilema da eleição de São Paulo?






A eleição em São Paulo começou com a rivalidade entre PSDB e PT, com José Serra querendo ser candidato para viabilizar mais uma postulação para a presidência e com o PT prostrado esperando que Lula decidisse quem seria seu candidato.  Sem contar, as pequenas candidaturas, com suas siglas de aluguel, lutando por um lugar ao sol. Com as indefinições do PT e do PSDB, sobre quem seriam seus candidatos, até nisso eles se parecem, Celso Russomanno começou a aparecer.




Em agosto Serra (PSDB) e Russomanno (PRB) tinham 26% cada um, segundo o IBOPE. Paulo Haddad (PT) tinha 9%. Soninha (PPS), Chalita (PMDB) e Paulino da Força (PDT) tinham 5% cada um. Os outros seis candidatos tinham 1% ou menos do que isso. Agora, temos uma reviravolta. Ainda segundo o IBOPE, Russomanno está isolado em 1º lugar com 34%. Haddad vem em 2º com 18% e Serra em 3º com 17%. Chalita está em 4º com 7%. Soninha em 5º com 4%. Paulinho e Giannazi (PSOL) tem 1% cada um.




Outro dado importante é que nas simulações para o 2º turno Russomanno venceria tanto Haddad como Serra. No quesito rejeição, Serra, como sempre, ocupa o 1º lugar com 40%. Soninha vem em 2º com de 17% e Haddad em 3º com 16%. De forma sintomática, Russomanno tem uma rejeição de apenas 4 pontos percentuais. Hoje, ele é virtualmente o prefeito de São Paulo contrariando algumas lógicas seguidas regiamente no mundo da política.




Uma delas é que candidato com pouco tempo no guia eleitoral não ganha eleição. Serra e Haddad têm, cada um, 7’39”, Russomanno tem apenas 2’11”. Serra e Haddad montaram robustas coligações com partidos fortes, Russomanno tem uma coligação de nanicos. Haddad tem Lula como padrinho. Serra tem Fernando H. Cardoso. E Russomanno tem quem? Uma liderança nacional que lhe transfira votos? Não, não tem. Provavelmente, ele será mais uma daquelas peças que o eleitorado de São Paulo gosta de pregar.




A cabeça do eleitor paulistano não foi feita para ser entendida, pois o que ele gosta mesmo é surpreender. De 1983 até agora São Paulo teve prefeitos tão diferentes quanto foi possível se encontrar.  De Paulo Maluf e Jânio Quadros, passando por Mario Covas, até Luiza Erundina e Martha Suplicy.




Então qual é o fenômeno desse momento? Russomanno decifrou o dilema dessa eleição. Ele conseguiu entender, não me perguntem como, que o eleitor paulistano se cansou da bipolarização PSDB/PT. O paulistano entendeu que esta disputa parece superada na medida em que estes dois partidos têm poucas diferenças entre si. Eles não são diferentes ideologicamente, pelo contrário, possuem programas de governo bem parecidos.



Vejam que são comprometidos com a mesma política econômica pautada na estabilidade econômica e no crescimento pelo consumo. De tão parecidos praticam o mesmo expediente de aliciamento de apoios no parlamento, mais conhecido como mensalão.






O paulistano pode não ser lá muito coerente em seus votos, mas não é burro, percebeu o falso dilema e resolveu apoiar alguém que soube se colocar como alternativa. Mas, isso não explica o fenômeno por completo. Outra questão é a inclinação do paulistano aos valores conservadores. Candidatos com tendências liberais em São Paulo sofrem para conseguir apoios, que o diga Soninha defendendo a liberalização da maconha e outras modernidades assustadoras.




O fato é que Russomanno convence bem que é o candidato que mais reúne os valores do conservadorismo, tais como: individualismo, crença de que a iniciativa privada pode resolver problemas sociais e forte rejeição a que o Estado intervenha na sociedade.




Russomanno nega a política como uma instância inevitável da vida. Ele é acha que político é tudo igual e que politica só atrapalha. Ele surfa na onda do neoconservadorismo, pois os paulistanos pedem um politico desse tipo, como se quisessem parar o trem da modernidade.



Ele capitou apoios na comunidade evangélica ao ponto dos outros candidatos serem rechaçados por pastores e seus fiéis. A eleição descambou para a religião e rompeu. E rompeu com as garantias constitucionais de liberdade de culto e de expressão.




Mas, como a eleição de São Paulo ajuda a desenhar o cenário dos futuros embates eleitorais em Campina Grande? Pela exaustão das bipolaridades partidárias. Agora mesmo temos candidaturas que se colocam como independentes, mesmo não sendo.




É possível que no futuro tenhamos candidaturas passando ao largo dos grupos políticos hegemônicos. O neoconservadorismo paulistano pode vir a acontecer em Campina Grande a tirar por candidatos que praticam valores como a negação da política.




Historicamente, nossa cidade acompanha movimentos políticos surgidos nos grandes centros do país. Dessa forma, não descarto que, no futuro, possamos vir a ter um Celso Russomanno na política local. Alguém se habilita?





quarta-feira, 26 de setembro de 2012

AFINAL, PORQUE VOCÊ REJEITA UM CANDIDATO?






Eu já disse, aqui mesmo no POLITICANDO, que a rejeição que os eleitores dispensam aos candidatos é um importante aspecto nas análises das possibilidades eleitorais de nossos prefeitáveis. Eu já disse, também, que é mais fácil convencer o eleitor a mudar de voto, ou não votar branco ou nulo, do que convencê-lo a votar em um candidato que ele dispensa algum tipo de rejeição.




Em política eleitoral rejeição tem haver com confiança, com crenças, com capacidade intelectual e experiência política. Enfim, rejeição é algo associado a valores e questões subjetivas. Os candidatos gostam de generalidades. Sobre a rejeição, eles têm a justificativa na ponta da língua. Quando aparecem com rejeição alta dizem que isso acontece por que os eleitores não os conhecem bem. Dizem que a rejeição está alta porque a campanha ainda não começou. E tem candidato, adepto das teorias conspiratórias, que diz que sua alta rejeição é orquestrada pela imprensa e por seus adversários.




Mas, nada disso se sustenta quando analisamos os dados da rejeição condicional da pesquisa CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA. O que se percebe é que não basta conhecer o candidato para não mais rejeitá-lo.




O primeiro motivo para que o eleitor rejeite o candidato é a alegação de não conhece-lo. Assim, Alexandre Almeida tinha 62.5% em Julho, quando ainda não havia guia eleitoral, e agora tem 62.2%. Arthur Bolinha tinha 63.9% e agora tem 75.8%. Sizenando tinha 70.5% e agora tem 51.8%. O guia eleitoral está no ar e mesmo com a exposição estes candidatos continuam sendo rejeitados por não serem conhecidos.




Cai, assim, o mito alegado pelos candidatos da rejeição pelo desconhecimento. O eleitor que opta por esse motivo pode ter outras justificativas, mas por questões internas prefere não revela-las.




Quando a motivação para a rejeição é o fato de o eleitor considerar o candidato antipático vemos que algumas campanhas foram bem sucedidas na desconstrução de uma imagem negativa e outras nem tanto. Em julho 38.3% consideravam Romero antipático, em setembro essa percepção caiu para 26.5%. O mesmo acontece com Arthur. Em julho 16.7% o tinham como antipático, agora apenas 3.0% pensam assim.




Os dois conseguiram mudar a percepção de parte do eleitorado e isso se reflete no crescimento que tiveram na pesquisa estimulada, em que pese Romero ainda ter uma rejeição alta na motivação antipatia. Embutida nesta rejeição está a opinião dos que são contra a ascendência do senador Cássio Cunha Lima sobre a candidatura de Romero Rodrigues, em que pese Cássio transferir mais votos do que retirar.




Alexandre, Guilherme e Sizenando eram, e são tidos, como antipáticos por alguma coisa em torno de 15%. Como a variação foi pequena, entende-se que existe uma opinião cristalizada sobre estes candidatos neste quesito.




Daniella Ribeiro tinha um índice de rejeição motivada pela antipatia de 55.4% em julho, caindo para 46.9% em setembro. Tatiana Medeiros tinha 34.2% em julho e permanece com 34.7% em setembro. Tatiana variou apenas 0.5%. A exposição que só uma campanha propicia não só não ajudou a diminuir a rejeição como parece ter contribuído para que ela se cristalizasse.




O caso de Daniella é mais complicado. Ela tinha, ainda tem, alto índice de rejeição motivada pela antipatia. A campanha desfez pouco tal percepção e isso influencia sua queda do 2º para o 3º lugar na pesquisa estimulada.




E vejam a eficiência, negativa, da exposição a que são submetidos os candidatos para reafirmar ou aumentar a rejeição motivada pelo despreparado. Arthur tinha 13.9%, agora tem 21.2%. Guilherme tinha 15.8%, agora foi para 29.6%. Sizenando tinha 18.8% e chegou a 31.8%. Tatiana diminuiu sua rejeição devido ao despreparo. Em julho era de 38.4%, agora é de 25.5%. A participação em alguns debates e o guia eleitoral contribuíram para isso. A presença de Veneziano, também.




Assim como na antipatia, Daniella teve seu índice de despreparo congelado. Era 25.0%, agora está em 24.5%. Pior do que a variação, que dá a ideia de movimento, é a estagnação. É a ideia de que por mais que se faça não se obtém os efeitos desejados.




Eu já vi candidatos dizerem que não entendem porque caem nas pesquisas estimuladas. Eu sugiro que eles olhem com bem mais atenção para os números da rejeição condicional, pois eles querem dizer alguma coisa.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Câmara Municipal e seus tipos de renovação.







Na pesquisa eleitoral CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA perguntou-se em qual candidato a vereador o cidadão pretende votar. Essa aferição foi espontânea, não se apresentou nomes pra que se escolhesse. Os entrevistados apontaram 135 candidatos. Desses, 91 foram lembrados uma, duas ou três vezes apenas. Ou seja, a maioria dos que aparecem nessa lista não tem a menor garantia de que serão eleitos.




Do 1º ao 23º nessa lista, 11 são vereadores dessa legislatura, os outros 12 nunca foram vereadores. Do 24º colocado até o 46º, apenas dois são vereadores tentando se reelegerem. Os outros 21 nomes são os que querem estrear na Câmara ou mesmo a ela retornarem.




O GRUPO 6SIGMA fez uma estimativa do preenchimento de vagas para vereador a partir de critérios estabelecidos pelo TSE e, claro, dos dados colhidos pelos pesquisadores. Assim, temos 12 nomes que, probabilisticamente, estam com suas vagas garantidas na próxima legislatura. Por probabilidade entenda-se, por exemplo, os indícios que nos fazem supor que algo é verdadeiro. Desses doze nomes, nove são de vereadores que tentam a reeleição. Apenas três nunca ocuparam um cargo eletivo, em que pese já terem alguma experiência com a política institucional.




A primeira conclusão que se pode ter desse estado de coisas é que os que já são vereadores levam uma enorme vantagem sobre os que não são. Quem detém um mandato de vereador sabe o caminho das pedras. O vereador tentando a reeleição detém informações, conhecimento e recursos que o estreante não tem. O vereador tarimbado sabe como se portar de forma a não ter fadiga do material, se é que vocês me entendem.




Quando acaba a apuração dos votos buscamos a lista dos eleitos para ver a taxa de renovação, ou seja, queremos ver quem não se reelegeu e quem se elegeu pela primeira vez. Mas, é preciso atentar para a renovação. Existe uma renovação formal, horizontal, meramente quantitativa. Onde uns saem e outros entram sem que possamos afirmar se isso vai melhorar ou piorar o desempenho da Câmara Municipal.




E existe a renovação substancial, vertical, fundamentalmente qualitativa. Que é quando comparamos o desempenho da legislatura em andamento com a que se encerrou para atestamos qual foi melhor e qual foi pior. Quando o que interessa é apenas a renovação horizontal basta, minutos após o encerramento da apuração, verificar quem não se reelegeu e quem se elegeu pela primeira vez.








É quando vemos manchetes do tipo: “Câmara Municipal teve uma taxa de renovação de 20%”. Aqui, só se está considerando o fato que uns deixarão de ser vereador e outros estrearão na função.




Mas, se o caro ouvinte quer saber se a renovação foi qualitativa vai ter que esperar pelo menos que o primeiro ano da legislatura que ainda vai se formar termine. Se você quer saber se valeu a pena ter votado naquele candidato que propunha renovação; se você quer saber se não trocou seis por meia-dúzia vai ter que esperar pelo menos um ano para fazer suas constatações. Para apurar a qualidade de uma legislatura ou mesmo apenas do vereador que você ajudou a eleger é preciso acompanhar o trabalho dos nossos representantes.




Eu vou reproduzir a declaração do vereador Fernando Carvalho. Como ele não é candidato a reeleição, ela se torna esclarecedora ou pelo menos reveladora de que comportamento devemos ter diante das urnas. Disse Carvalho que: “a qualidade do parlamento depende de como ele é constituído e não de quantos vereadores novos terá. Deve-se escolher os mais representativos e não os que tem mais recursos financeiros”.




Se você se satisfaz com uma renovação formal vote no candidato mais maquiado e menos experiente que puder encontrar. Procure trocar o mesmo vereador de sempre pela maior novidade que se apresentou.




Mas, se você quer reformar a Câmara substancialmente, se quer mudar práticas e discursos para ter um bom representante, escolha com calma, sabendo que poderá errar. Mesmo assim, não se preocupe, pois daqui a quatro anos tem mais uma festa da democracia.





segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MAIS UMA VEZ, TORTURANDO OS DADOS.







A pesquisa CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA tem um erro amostral máximo de 2.95%. Significa que a margem de erro (para mais ou para menos) a ser aplicada sobre as variáveis dos quesitos não pode ultrapassar 2.95%.  Uma margem pequena como essa aumenta a credibilidade da pesquisa, pois define bem o lugar que cada candidato ocupa na disputa. Pesquisas com margem de erro de 4 pontos percentuais podem criar falsas verdades.





Já sabemos que na pesquisa estimulada Romero Rodrigues ocupa o 1º lugar levando uma vantagem de 13.8% sobre Tatiana Medeiros, que por sua vez está sete pontos a frente de Daniella Ribeiro. Sabemos, também, que Arthur Bolinha e Guilherme Almeida não ameaçam com seus quase três pontos percentuais. Em que pese poderem ser o fiel da balança para que se tenha o 2º turno.





É que para que a eleição acabe no 1º turno Romero precisa ter pelo menos 01 ponto percentual a mais do que todos os outros candidatos juntos. Tarefa das mais difíceis num cenário com tantas candidaturas. Cada pontinho percentual que um Arthur, um Guilherme ou mesmo Alexandre e Sizenando tenham a mais em seus parcos percentuais leva Romero a disputar o 2º turno com uma das duas candidatas.




Mesmo Tatiana estando sete pontos a frente de Daniella, não descarto que a deputada do PP consiga se reequilibrar e retomar um caminha que possa leva-la ao 2º turno. Mas, para isso, Tatiana teria que estacionar para que Daniella a ultrapassasse. Algo possível, mas que é difícil lá isso é, pois Daniella tem demonstrado uma fragilidade inesperada para quem começou tão bem.





Façamos uma conta simples. Romero Rodrigues tem 37.1% e os outros seis candidatos juntos somam 46.3%. Temos uma diferença a favor do 2º turno de 9.2%. Para vencer já no 1º turno Romero tem de puxar de todos os candidatos algo em torno de 10 pontos percentuais. Ou, então, ele precisa convencer todos os indecisos, que são 10.1%, a nele votar.











Isso é complicado se considerarmos que Romero parece bem próximo do máximo de votos que pode ter no 1º turno, que é a soma de seu próprio capital social, mais o que Cássio Cunha Lima transfere para ele.




A favor do fim da eleição já no 1º turno temos a curva ascendente que Romero trilhou. Na pesquisa de julho ele tinha 23.9% e agora aparece com 37.1%, um crescimento de 13.2%. A questão é se Romero consegue crescer mais e por onde. Avançando sobre seus adversários ou capitando corações e mentes dos indecisos? É bom não esquecer que ele teve a maior variação em termos de rejeição.




Em julho ele tinha 9.4%, variou 6 ponto, e agora aparece com 15.4% de rejeição. Tatiana segue em 1º lugar na rejeição. Agora ela tem 22.6% contra os 18.5% de Julho. Uma variação de 4.1% para cima. Uma das explicações para essa alta rejeição é o fato de Tatiana ser absolutamente identificada com a questão da saúde e os campinenses terem elegido a saúde como uma das áreas mais problemáticas.




Como Tatiana ficou tão próxima do 2º turno, com tamanha rejeição? É que o prefeito Veneziano fez da campanha dela a razão de sua vida política. Claro, o seu futuro político depende completamente da eleição atual.




Daniella Ribeiro não tinha e não tem grande rejeição. Em Julho ela tinha 5.1% e agora ela aparece com 8.5%. Mas, como é que com tão baixa rejeição Daniella foi caindo tanto nas pesquisas? Daniella é vítima do imbróglio com o PT, que a fez perder tempo no Guia eleitoral e um vice que poderia agregar votos. E ela caiu nas pesquisas graças aos erros que cometeu, principalmente na estratégia política.




Em condições normais de temperatura e pressão, teremos um 2º turno com Romero Rodrigues e Tatiana Medeiros. Os números da pesquisa CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA me levam a concluir isso. Mas, se uma declaração desastrosa, dada num minuto, pode por tudo a perder, imaginem o que não acontece em 13 dias? A partir de hoje, tudo pode acontecer, até um terremoto de magnitude sete na Escala Richter.







sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PESQUISA ELEITORAL CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA







Eu vou começar a análise da pesquisa CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA pelos dados da pesquisa estimulada. Neste item, assim como em outros, tivemos mudanças em relação ao levantamento anterior.




Em julho Romero Rodrigues era o 1º colocado com 23.9%, agora tem 37.1%, numa variação positiva de 13.2%. Este crescimento deve-se a dois fatores que considero porque nossa cultura política é fiel a eles.




Refiro-me, a participação da família Cunha Lima na campanha de Romero, com Ronaldo Fº não se contentando em ser o vice-que-só-está-ali-para-compor, e Cássio Cunha Lima cumprindo a função que dele se espera. Fato é que o guia eleitoral de Romero é melhor. Ele soube dosar o maior tempo, equilibrando a parte festiva com a do discurso. Sem contar, que pisada de bola mesmo só aquela do Tablet.




Romero é o que apresenta a maior variação (de 6.0% para cima) no quesito rejeição. Em julho ele era rejeitado por 9,4%, agora são 15,4%. Isso é aceitável, mas com a maior variação, é melhor não errar mais.




Primeira mudança é o avanço de Tatiana Medeiros. Em julho ela estava em 3º lugar com 14,8%, agora vem em 2º com 23,3%. Uma variação positiva de 8,5%, numa prova dos esforços de Veneziano para leva-la ao 2º turno.




O prefeito segue tendo sua administração bem avaliada quando somamos os que a tem como ótima e boa. Em Julho eram 45.2%, agora variou para 48.3%. Ou seja, Veneziano faz seu dever transferindo votos para Tatiana. A questão é se a fonte secou. Se ele ainda tem fôlego para transferir mais votos, ou se este potencial esgotou-se. Para chegar no 2º turno em condição de virar o jogo, Tatiana precisa arrecadar seus próprios votos.




Mas, aí ela enfrenta seu principal gargalo que é o fato de ser a candidata com maior rejeição. Em Julho eram 18.5% que não votariam nela. Agora são 22.6%. Ela está apenas a 4.4% do limite da rejeição que é de 27%. Tatiana precisa estancar essa variação. Pois, adianta pouco crescer 8.5% na pesquisa estimulada e 4.1% na rejeição. É como se para cada dois gols que ela fizesse, sofresse um.




Daniella Ribeiro é protagonista de outra mudança nas pesquisas. Em julho ela estava em 2º lugar com 22.3%, apenas 1.6% atrás de Romero. Agora caiu para 3º e aparece com 16.3%. Uma variação negativa de 6 pontos. Daniella ainda sofre com a questão de sua malfadada aliança com o PT. Perdeu seu vice-petista e adotou um que até agora não disse a que veio. Ela perdeu muito, inclusive a justiça eleitoral proibiu que o ex-presidente Lula aparecesse em seu programa.




 No início Daniella era uma animação só. Agora parece não ter mais forças. Além do mais, sua campanha comete muitos erros. O guia eleitoral não empolga e suas aparições públicas têm cada vez menos militantes. Sua estratégia deve ser redirecionada. Daniella atira nos alvos errados. Insiste em alcançar Romero, mas não percebe que Tatiana está à sua frente e que no 2º turno não há lugar para três candidatos.







Mais uma mudança foi a alternância dos 4º e 5º lugares. Em julho Guilherme Almeida aparecia em 4º com 5.9% e Arthur Bolinha, com 1.1%, em 5º. Agora, Arthur (com 2.8%) ultrapassou Guilherme que tem 2.4%. Este crescimento de Arthur deve-se ao fato dele ter conquista uma fatia do eleitorado que, como ele, não gosta de política. Seu discurso técnico-administrativo encanta os que acham que é possível viver sem a política.




Já Guilherme foi perdendo fôlego pelas dificuldades inerentes a uma candidatura vítima de suas próprias indecisões. Refiro-me aquelas dúvidas se sua candidatura era de oposição, situação ou independente. Guilherme não conseguiu encontrar o ponto certo entre um mundo ideal, que queremos, e um mundo real, que nem sempre desejamos.




Alexandre Almeida variou negativamente. Caiu de 1.5% para 1.1%. Mas isso não parece ser problema, já que sua prioridade é elogiar o prefeito Veneziano . Sizenando perdeu quase tudo que tinha em julho. Pudera as deficiências de sua campanha não permitem outra coisa.




Quanto a pergunta que não quer calar. Eu ainda não consigo ver a eleição terminando no 1º turno. Para que isso acontecesse Romero teria que capitar para si, por exemplo, todos os indecisos. Outra alternativa seria arrancar uns três ou quatro pontos de Tatiana e de Daniella. Algo que me parece improvável, até porque na altura do campeonato ganha muito quem perde pouco.




quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O ELEITOR SABE O QUE QUER E O QUE NÃO QUER








O portal WSCOM e o GRUPO 6SIGMA divulgaram pesquisa sobre a eleição para prefeito de João Pessoa. De acordo com os dados não dá para saber quem será o próximo prefeito de nossa capital. Mas, dá para saber quem são os candidatos que os pessoenses não aceitam como prefeito. Eles podem não saber o que querem, mas sabem bem o que não querem.






Na pesquisa estimulada Luciano Cartaxo (PT) vem em 1º lugar com 21.9% das intenções de voto. Ele é seguido de perto por Cícero Lucena (PSDB) que tem 21.3%.  Em 3º lugar vem José Maranhão (PMDB) com 17.9% e em 4º lugar, com 12%, temos Estelizabel Bezerra (PSB). Antônio Radical (PSTU), Renan Palmeira (PSOL) e Lourdes Sarmento (PCO) pontuaram entre 0.3 e 0.5%. Eu não vou tratar deles, pois não influem e nem contribuem. É de estranhar que Sarmento e Radical, veteranos nas eleições de João Pessoa, sigam tendo resultados tão ruins.





A rejeição, quando se diz em que não se quer votar, traz Luciano Cartaxo com 2.5%. Ele é o único do G-4 com uma rejeição abaixo dos 10 pontos percentuais. Por aí, já se entende como ele saiu do 3º para o 1º lugar.





Em Condições Normais de Temperatura e Pressão, e faltando 17 dias para a eleição, Luciano deverá, junto com Cícero, ir para o 2º turno. Mas, tsunamis e abalos sísmicos podem ser raros na natureza, não em eleições. Cícero Lucena tem 17.3% de rejeição. José Maranhão tem 16.8% e Estelizabel Bezerra tem 11.8%. Eles não apresentam alta rejeição como alguns candidatos a prefeito de Campina Grande.





Mas, é que numa eleição tão disputada qualquer ponto percentual em termos de rejeição pode fazer a diferença. Maranhão e Cícero carregam, para o bem e para o mal, o peso de suas histórias políticas. Maranhão mal disfarça que só se candidatou para incorporar ao seu currículo o cargo de prefeito. Cícero carrega nos ombros a mácula da operação confraria e depende cada vez mais do apoio que o senador Cássio Cunha Lima lhe empresta.






Desde junho os dois reversavam-se entre o 1º e 2º lugar, mas a rivalidade entre o governador Ricardo Coutinho e o prefeito Luciano Agra influiu diretamente na eleição. Temos duas eleições em João Pessoa. Uma, para escolher o novo prefeito e a outro para que se saiba quem fez mais pela cidade. Uma disputa entre dois ex-aliados onde o vale-tudo de atos e palavras é a regra.






São atores políticos relevantes, desprezando a eleição, interessados que estam em combater o inimigo declarado. Parecem esquecer que são cabos eleitorais privilegiados de seus candidatos. Luciano Agra vem ganhando a batalha. É nítido sua influência para que Cartaxo chegue ao 1º lugar. Mesmo com os esforços políticos e econômicos, Ricardo não consegue fazer sua candidata sair do 4º lugar.





Estelizabel se isolou nesta posição. Não consegue encostar-se ao 3º colocado e só não cai mais ainda porque os últimos decidiram que o fundo do poço e deles e ninguém tasca. E ela está no desespero. Prometeu que fará 11 mil casas se eleita for. Não surtiu efeito. Então, disse que as casas virão com geladeira e fogão. Não surtiu efeito. Se ela continuar por essa linha vai prometer mais o quê? Carros na garagem?





Importa vermos a avaliação de Agra e Coutinho, pois a disputa deles é para ver quem vai eleger seu poste, para que usem isso como uma demonstração de força. Somados os percentuais de bom e ótimo, Agra atinge 61.2% e Coutinho 40.3%. Na soma dos percentuais de ruim e péssimo, o prefeito tem 12.8% e o governador 30.6%.





Ou seja, o pessoense considera Luciano Agra bem melhor do que Ricardo Coutinho. Sem contar que Luciano consegue fazer boa transferência para Cartaxo ao contrário do que Ricardo faz em relação à Estelizabel. O fato é que Luciano Agra provou o erro estratégico do PSB em não aceita-lo como candidato. Por isso, Cartaxo ganhou um padrinho político de peso. Agra é agora a noiva que todos querem levar para o altar.





O fato é que Ricardo Coutinho deverá sair desse processo menor do que entrou. Quando o próprio governador não consegue levar seu poste para o 2º turno e em seu reduto eleitoral é porque alguma coisa está muito mal.