quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O JOGO DE SOMA ZERO DA POLÍTICA PARAIBANA.

Ontem eu ponderava sobre as possibilidades do fim da aliança, entre o PSDB e o PSB, só vir a acontecer em 2018 quando o senador Cássio Cunha Lima e o Governador Ricardo Coutinho poderiam se dar ao luxo de dispensar valiosos apoios. Se é verdade que até os pombos da Praça da Bandeira sabem que Cássio Cunha Lima será candidato a governador, nas eleições de outubro, é fato, também, que os pombos devem se perguntar se Cássio pode mesmo vir a ser eleito governador. É que os pombos da Praça da Bandeira questionam os “cassistas” que afirmam que tudo se resolverá com o fim da aliança entre o PSB e o PSDB. Eu mesmo fico a me perguntar se não estaria faltando um dos denominadores dessa equação.
Não tem sido raro ouvir que, uma vez desfeita a aliança, todo o resto são favas contadas. Alguns dos meus interlocutores consideram que se Cássio for mesmo candidato não tem para ninguém. Um colega me falou que Cássio deve ganhar já no 1º turno. É como se o rompimento entre o PSDB e o PSB encerrasse a eleição de outubro. É como se a candidatura de Cássio Cunha Lima tivesse o poder de anular todas as outras. Nessas conversar, e como diria Lenine, eu sempre peço um pouco mais de calma. É que caldo de galinha, cautela e chocolate nunca fizeram mal a ninguém, pelo menos não a mim.
O processo eleitoral deste ano será bastante complexo. Existem reais possibilidades de termos, nas eleições, quatro candidatos com chances de vencer. Acreditar que um movimento, como este que se espera do senador Cássio, pode vir a resolver todo o processo é desconsiderar o jogo político em toda a sua complexidade. Se apegar a essa via de mão única é negar a importância de vários atores políticos. A Paraíba está bem posicionada no cenário nacional devido à atuação do Ministro Aguinaldo Ribeiro e dos senadores Cássio e Vital Filho. Existem deputados federais paraibanos com poder de agenda sobre o governo estadual e sobre as prefeituras. Não é a toa que Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eduardo Campos acompanham os acontecimentos da política paraibana de perto. E não só isso, eles tentam influir nas decisões para que possam ter palanques sólidos em nosso estado.
Aécio Neves quer Cássio Cunha Lima candidat para subir ao palanque de quem já amealhou mais de 1 milhão de votos numa única eleição. Eduardo Campos contará com o palanque de Ricardo Coutinho, mas bem que ele quer Cássio, também, ao seu lado. Dilma aguarda os acontecimentos, pois se o PMDB não puder viabilizar uma sólida candidatura, ela terá que se contentar com o frágil palanque que o PT pode montar com a candidatura de faz-de-conta de Nadja Palitot. Restaria, então, a possibilidade de um palanque multipartidário do “Blocão” tendo o ministro Aguinaldo Ribeiro como candidato a governador. A oposição teria, então, dois ou três palanques para Dilma pedir votos. O Problema seria como reorganizar essas candidaturas num 2º turno sem PT ou PMDB, mas com o PSDB e o PSB.
 
Se o rompimento se der e se Cássio for mesmo candidato, teremos uma situação bem interessante. Como analista, eu confesso certa ansiedade para acompanhar uma eleição com candidatos do quilate de Ricardo, Cássio, Veneziano e Aguinaldo. Com esses nomes teríamos debates ricos, se não em propostas, pelo menos em termos de intervenções e interpelações. O problema é que ainda falta resolver a equação dos que podem se candidatar, mas não estam com vontade, é o caso de Aguinaldo Ribeiro. E tem o dilema dos que querem se candidatar, mas não podem, seja por questões legais (pode ser o caso do senador Cássio), seja por déficit de capital eleitoral, é o caso do ex-prefeito Veneziano Vital.
Ainda sobre a questão se a aliança PSB/PSDB permanecerá, ou será desfeita, é preciso ver que alguém está blefando. É que este é um jogo de soma zero, i.e., o que um jogador ganha é exatamente o que o outro perde. Se o jogador A diz que não quer mais ficar na aliança e o jogador B diz que ainda quer continuar com a aliança, resta as seguintes opções: se a aliança se desfaz, o jogador A leva tudo; mas, se a aliança permanece, o jogador B é quem fica com tudo.
Se é assim, alguém está blefando nesse jogo, pois mediante a possibilidade de ficar sem nada, porque um jogador insistiria em acabar com o jogo? Ou, dito de outra forma, porque parar com a partida de futebol se os donos da bola ainda querem jogar?
Ricardo Coutinho tem dito que no que dele depender a aliança não se desfaz, mas ele não para de arregimentar prefeitos do PMDB e de outros partidos. Ricardo sabe que perde muito com o fim da aliança, mas ele tem se preparado para ir às urnas contra tudo e contra todos. Cássio colocou na mesa a possibilidade de ser candidato, mas ele não afirma, pelo contrário, remete a decisão ao povo, essa entidade sem nome e sem voz. Cássio segue agindo como o dono da bola que decide como e quando deve a partida começar.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

NO JOGO DA APOSTA ALTA, GANHA MAIS QUEM BLEFA MAIS.

A questão a destacar, neste “FLA X FLU” que se tornou a política-partidária-eleitoral paraibana, não é se o senador Cássio Cunha Lima manterá a aliança, forjada em 2010, com o atual governador Ricardo Coutinho.  Não, isto não deve, não pode, ser o centro das atenções, pois não estamos tendo nenhuma revolução política na pequena e heroica Paraíba. Para acima e além das paixões, e dos interesses, precisamos ter claro que tudo isso é absolutamente normal. O sentido da ação dos atores e partidos políticos é a permanente luta pela hegemonia no poder. Assim, as alianças, e os rachas, são absolutamente normais. Eles se unem e se separam de acordo com as conveniências das conjunturas eleitorais.
Em nossa história política podemos enumerar um sem número de casos em que relevantes atores políticos desfizeram alianças. Em seus livros, o historiador Josué Sylvestre nos relata famosos casos de alianças políticas rompidas. No livro “Lutas de Vida e de Morte", Silvestre nos fala de rachas colossais. Um deles, em 1950, fez Argemiro de Figueiredo (da UDN) e José Américo (do PSD) se enfrentarem num processo eleitoral dos mais acirrados que até mortes causou. Outro caso famoso foi o rompimento entre Wilson Braga e Tarcísio Burity em 1986. Mas, o case dos rompimentos foi a “Briga do Campestre” quando José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima protagonizaram um racha que reordenou a política paraibana.
A atual organização político-partidária que temos foi parida neste caso de 1998, em que pese mudanças que foram sendo feitas ao longo dos períodos eleitorais que tivemos. A principal delas foi justamente à aliança entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Aliança esta que parece caminhar para o seu fim. O que importa observarmos é que os grupos políticos sobrevivem aos rachas. Às vezes, achamos que os rompimentos são fruto da insanidade dos políticos. Mas, em geral, nos enganamos. Aos rachas e rompimentos precede todo um jogo de bastidores. Os apaixonados e as vivandeiras de plantão só saem às ruas depois que seus chefes políticos autorizam. Apesar de que, neste caso, foram as vivandeiras que tomaram à dianteira de seus chefes.
Sabemos que foram alguns aliados do senador Cássio Cunha Lima, distribuídos pelo governo do Estado, que começaram a promover, estrategicamente, um clima de animosidade para que se pudesse chegar a esse atual estado de coisas. O fato é que muitos vislumbram a maximização de seus interesses tendo o próprio Cássio Cunha Lima à frente do governo do Estado e não um aliado, do tipo de Ricardo Coutinho, que dificilmente se dobra as imposições vindas dos aliados. Essa, meus amigos, é a questão central deste imbróglio. Cássio Cunha Lima, seu partido e sua legião de aliados não querem mais dividir o poder com o PSB de Ricardo Coutinho e, claro, os aliados que o governador foi amealhando por fora da aliança com os tucanos.
 
A aliança, que estava fadada a se quebrar em 2018, deve se encerrar prematuramente pela impaciência do espectro político paraibano. Se considerarmos Ricardo e Cássio, isoladamente, veremos que a manutenção da aliança é o melhor dos mundos. Se PSB e PSDB seguirem juntos, Ricardo Coutinho tem tudo para se reeleger e Cássio Cunha Lima ainda tem mais quatro anos ocupando a mãe de todos os cargos. deste país. que é uma cadeira no Senado Federal. Além do mais, Cássio não precisaria ter que se haver com a Justiça Eleitoral sobre a questão se ele é ou não elegível neste momento. Questão que, diga-se de passagem, motiva muitos debates, mas que, também, não deve ser o centro das discussões.
Pois, se nos apegarmos a essa questão jurídica terminaremos judicializando um processo eleitoral que já tem perturbações de sobra. Em 2018, Cássio estaria livre para disputar o governo do Estado e Ricardo poderia pleitear uma vaga no senado. Interessa perceber que o Senador Cássio não fala em rompimento. Ele tem dito que o PSDB vai discutir o caminho a ser seguido nas eleições de 2014. E ele faz questão de dizer que isso será feito de forma independente e autônoma. Por certo, o senador quer deixar claro que não aceitará intervenções de quem quer que seja no seu processo de tomada de decisão.
No dia de ontem, o PSDB se reuniu e Cássio recomendou que os tucanos entreguem seus cargos ao governador Ricardo. Ele disse, ainda, que os que não são filiados ao PSDB, mas que detém cargos por uma indicação sua, devem examinar suas consciências e decidir que caminho seguir. Talvez, isso tudo seja o começo do fim da aliança. Talvez, essa crise seja o mecanismo para reformular a aliança e leva-la até 2018. O fato é que Cássio, seu partido e seus aliados querem mais cargos e mais espaços em um segundo mandato de Ricardo Coutinho. Devolver os cargos é uma forma de dizer que só se mantem a aliança de outra maneira, com mais cargos.
Este é um jogo de aposta alta. E é, também, um jogo de soma zero, pois o ganho de um jogador tem que, necessariamente, representar a perda do outro jogador. Interessa ver quantos dedos cada jogador está disposto a perder, caso não queira ficar sem a mão.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

RACISTAS E HOMOFÓBICOS TOMANDO CONTA DO GALINHEIRO.

A expressão “deixar a raposa no galinheiro” demonstra a paradoxal situação de quem nunca poderia ocupar um determinado lugar. A raposa não poderia jamais tomar conta do galinheiro pela predileção que tem em saborear galináceos. No Brasil, para onde quer que olhemos tem sempre uma raposa tomando conta de um galinheiro. Não é incomum vermos larápios contumazes do erário a frente de órgãos responsáveis pelas finanças públicas.
No Congresso Nacional, e nos parlamentos estaduais e municipais, o que mais se vê são raposas ocupando galinheiros. As bancadas temáticas são exatamente isso. A bancada da bola é formada por deputados provenientes do meio futebolístico. A bancada cristã é, em sua grande maioria, disposta por pastores evangélicos. A bancada ruralista é composta pelos homens do agronegócio. A bancada sindicalista é montada pelos que são eleitos pelas categorias profissionais que representam. Essas bancadas fomentam os lobbys, i.e., os grupos de pressão e/ou interesse, que vão, literalmente, legislar em causa própria.
Não é de hoje que acompanhamos, por exemplo, a celeuma em torno da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É que essa Comissão se tornou o galinheiro mais cobiçado do Congresso pelas raposas, defensoras de uma agenda conservadora, que querem revisar conquistas no campo dos direitos humanos e sociais que fomos, às duras penas, conquistando. Como se não bastasse a Comissão dos Direitos Humanos ter sido presidida pelo pastor evangélico e Deputado Federal Marco Feliciano (PSC), que assumiu claramente uma postura racista e homofóbica, agora o capitão do Exército, também deputado federal, Jair Bolsonaro é um de seus membros e até quis presidi-la.
Bolsonaro é do Partido Progressista, uma das costelas da antiga ARENA, o partido que dava sustentação ao regime militar implantado em 1964. Tal qual Feliciano, Bolsonaro é racista, homofóbico e defensor intransigente da instituição da pena de morte no Brasil. A Comissão dos Direitos Humanos foi criada em 1995 e sempre foi presidida pelos partidos à esquerda do espectro político. Como presidente ela já teve, por exemplo, o deputado carioca Miro Teixeira, um histórico defensor de causas e direitos sociais. A questão é: como, e porque, essa Comissão foi cair nas mãos de uma direita raivosamente conservadora. Os partidos (o PT e o PMDB, inclusive e principalmente) são responsáveis, pois essa comissão é tida como de menor relevância lá em Brasília.
É isso mesmo que você acabou de ouvir. Na Câmara dos Deputados, a Comissão dos Direitos Humanos não é valorizada, pois ela traz poucos dividendos eleitorais. Feliciano e Bolsonaro cobiçam a Comissão para agradar eleitores tão reacionários quanto eles. Bolsonaro disse que tentou ser presidente da Comissão por um mero jogo político. A ideia era chantagear o PT e barganhar mais um ministério. O PP propôs deixar a Comissão de Direitos Humanos nas mãos do PT em troca das Minas e Energias. Antônio Augusto Queiroz, autor do livro “Por dentro do governo” e membro do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (o DIAP), disse que a Comissão não caiu nas mãos de Feliciano e Bolsonaro por mero acaso ou acidente.
 
É que os partidos querem comissões relevantes, como a de Constituição e Justiça e a de Finanças e Tributação. Como a Comissão dos Direitos Humanos não é prioritária sobra para essa gente de mente obscura. O que conduz um militar racista e homofóbico, para a questão dos direitos humanos, é este pesado jogo de interesses. O jornal espanhol El País trouxe uma matéria com Bolsonaro. Ela é, no mínimo, desconcertante para os que entendem que as liberdades civis e os direitos sociais são fruto das lutas travadas, pelo mundo afora, a partir da metade do século XIX.
Bolsonaro é daqueles que não tem vergonha de mostrar toda sua estupidez. Pior, ela age com a convicção de que sua estultice deve ser apresentada como qualidade. Ele fala as maiores barbaridades e ainda se vangloria de poder dizê-las. Na entrevista ao El País, Bolsonaro desandou, para nossa vergonha, a pronunciar uma verborragia insana. Ele chamou a presidente Dilma Rousseff de “terrorista” numa demonstração de nenhum respeito para com a instituição que a presidente representa. Ele disse que os “pobres devem parar de ter filhos” numa claríssima reprodução do ideário nazista. Hitler defendia a esterilização de mulheres pobres para estancar o crescimento das classes sociais desfavorecidas.
Bolsonaro disse, ainda, que “as pessoas se tornam gays por causa do comportamento, do consumo de drogas e das amizades” e que as “novelas incentivam por mostrarem gays sempre bem sucedidos com carrões”. Ele disse, também, que “a minoria tem que se calar e se curvar ante a maioria”. Foi pensando dessa forma que Hitler começou a política de extermínio de judeus, ciganos, homossexuais, comunistas, numa palavra, as ditas minorias. PORCA MISÉRIA ESSA NOSSA! Enquanto uns lutam por direitos básicos, a Comissão de Direitos humanos se torna, tal qual o galinheiro, presa fácil de raposas fundamentalistas que veem o que lhes são diferentes como um mal a se combater.

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

“QUANTO VALE A SUA FÉ? PARTE II”


Ontem, eu falei das justificativas para que o poder público subvencione os eventos religiosos em nossa cidade nos dias de carnaval. O prefeito Romero Rodrigues disse que é fundamental apoiá-los, pois esses eventos trazem serenidade a Campina Grande. Romero afirmou que os eventos religiosos promovem uma reflexão, que isso estabelece a paz na cidade e, consequentemente, diminui a violência. Mas, essa justificativa me parece frágil, pois os promotores da violência não participam dos eventos. E não me consta que as pessoas que se dispõem a participar dos eventos religiosos possam sair por aí praticando atos de violência. Se assim fosse, bastaria promover eventos religiosos, todos os meses do ano, e não mais sofreríamos com a violência.

O prefeito ainda lembrou que não há uma distribuição igualitária dos valores subvencionados e que o critério que define a quantidade de recursos, para cada evento, é o da demanda que este venha a apresentar. Isso faz total sentido. Quanto mais pessoas acorrem a um desses eventos, mas popular ele fica e mais densidade eleitoral apresenta. É bom não esquecer que nos encontros evangélicos, por exemplo, a maioria dos frequentadores são moradores, e eleitores, de Campina Grande. Em 2013, Fabio Ronaldo, do Encontro da Nova Consciência, disse que a contribuição da prefeitura, no valor de R$ 90 mil, valoriza o entendimento entre os diversos segmentos espirituais. Este ano a “Nova Consciência” teve subvenção de R$ 100 mil.

Eu não entendo a relação desigual entre a demanda religiosa e a oferta financeira. Pois se é fato que a subvenção aumentou, é fato, também, que este evento tem diminuído de tamanho. Vejam como era a “Nova Consciência” há 10 anos atrás e como ela é hoje. Isso talvez aconteça pela tendência que os participantes da Nova Consciência têm de se restringirem a pequenos grupos, cada vez mais infensos ao movimento. Se a demanda da Nova Consciência diminui a cada ano, porque se aumentar a subvenção? Claro, os eventos das Igrejas evangélicas foram ocupando cada vez mais espaço. Houve uma época em que a “Nova Consciência” reinava sozinha durante o carnaval. Hoje, ela tem que dividir espaço nessa Torre de Babel religiosa campinense.

Outros eventos religiosos foram contemplados com a benevolência do poder público municipal que a cada ano, no período carnavalesco, abandona seu laicismo constitucional para se tornar um braço material das religiões. O encontro dos Católicos, o Crescer, recebeu R$ 55 mil em 2013 e este ano foi contemplado com R$ 65 mil. Ainda receberam subvenções os “Remidos do Senhor” (R$ 7,5 mil), uma certa “Igreja Adventista” (R$ 12 mil) e os “Amigos da Torá” (R$ 15 mil). A exceção a essa regra é o Movimento de Integração do Espírita Paraibano (MIEP) que este ano irá realizar sua 41ª edição. No tempo em que Campina Grande se tornava um grande deserto de pessoas, nos dias de carnaval, os espíritas já promoviam seu evento.

Segundo seu coordenador, Ivanildo Fernandes, o MIEP não recebe ajuda oficial por questões filosóficas e doutrinárias. Mas, ele não nega a importância da prefeitura para se garantir, por exemplo, questões relativas à infraestrutura dos eventos. No entanto, Ivanildo foi categórico ao afirmar que os espíritas são contra que se use o erário para se fazer proselitismo religioso. Eles não concordam que se monte um evento, com dinheiro público, para se buscar conquistar novos adeptos.  Mas, a polêmica está bem longe de ser resolvida. Pois, não se pode negar que os eventos religiosos movimentam a cidade, do ponto de vista econômico, justamente numa época do ano em que a cidade ficava condenada ao ostracismo.

 

Sempre se poderá dizer que o dinheiro que a prefeitura doa, para que as religiões organizem seus eventos, retorna para a cidade na forma, por exemplo, dos impostos pagos pelos estabelecimentos comerciais que recebem turistas religiosos. Já se disse, também, que não é justo se retirar verbas da saúde e da educação, por exemplo, para se promover eventos religiosos. O pastor Euder Faber garantiu que o dinheiro não sai das verbas da saúde e da educação. Ótimo, é bom saber disso. Mas, é preciso elencar prioridades numa conjuntura onde as demandas são sempre muito altas e os recursos são sempre muito baixos. O que não podemos nunca, jamais, esquecer é que, se o Estado é laico, questões espirituais não podem ser prioritárias para o poder público municipal.

Também, devemos ficar alertas para o fato de que comercializar, em um mesmo espaço público, produtos religiosos, indulgências e até mesmo a crença das pessoas não é ético, não é moral, muito menos espiritual. De minha parte, sigo concordando com Gilberto Gil que cantava que para falar com Deus não é preciso ter nada material, basta ficar a sós, folgar os nós, apagar a luz, calar a voz e encontrar a paz.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

QUANTO VALE A SUA FÉ? PARTE I


Nos dias do Carnaval de 2013 eu me dei ao trabalho de, discretamente, assistir alguns eventos dos muitos encontros religiosos que acontecem em Campina Grande. Não, eu não estava buscando uma dessas religiões, ou mesmo uma seita, para aderir. Eu não estava motivado por questões espirituais, pois eu tenho um modo um tanto quanto particular de manifestar minhas crenças sem que seja preciso entrar em templos, participar de eventos ou mesmo frequentar algum tipo de ritual tribal. Na verdade, eu estava interessado em saber de que maneira os organizadores desses eventos investem e/ou gastam as verbas que a Prefeitura Municipal de Campina Grande lhes entrega a título de subvenção, ou seja, em nome de uma ajuda do poder público.

Eu estava, ainda estou, interessado em saber como é que o nosso dinheiro está sendo utilizado nesses eventos religiosos. E qual foi a minha surpresa quando, num desses eventos, ouvi a seguinte pregação que era proferida por um líder religioso. Dizia ele a uma audiência repleta de fiéis atentos: “Vocês não tem que ter vergonha de ofertar ao Senhor Jesus. Vocês podem ofertar da maneira que quiserem. Se quiserem em dinheiro é só vir aqui ao lado. Mas, se quiserem passar o cartão, os nossos colaboradores estam indo aí, perto de vocês, com as maquinetas”. Eu fiquei pasmo e incrédulo em meio a tantos crentes. As pessoas estavam sendo convidadas (ou deveríamos dizer intimadas?) a doarem seus dízimos através do cartão de crédito. Será que eles aceitariam que se parcelasse o dízimo em dez vezes sem juros?

Na mesma hora, lembrei-me das indulgências que os cristãos pagavam durante a Idade Média. Em seus primórdios, a Igreja impunha pesadas penas morais e carnais para que os cristãos pudessem remir seus pecados. A absolvição só era dada aos penitentes que reconhecessem seus pecados e se submetessem a pesadas penas. Era comum o pecador ser condenado a jejuar por 40 dias até o pôr do sol, trajando molambos e usando o silício para a autoflagelação. Já na baixa Idade Média a Igreja comutou as penitências pelo pagamento das indulgências. Tudo ficou mais fácil. Bastava reconhecer os pecados e por ele pagar uma quantia que era, claro, depositada nos cofres da própria Igreja.

Hoje em dia, muitas religiões cobram de seus fiéis seguidores o chamado dízimo. Não deixa de ser uma forma das pessoas limparem suas consciências. Também é uma maneira de não se perder a esperança de ir para o reino do Todo Poderoso após a morte. Mas, se é assim, porque esses eventos precisam de dinheiro público para serem realizados? Não bastaria as Igrejas pedirem a contribuição dos seus seguidores para a montagem de seus eventos?  Baseada em que a PMCG faz essas doações? No ano passado, o prefeito Romero Rodrigues disse que, “apesar das dificuldades, o governo não deixaria de apoiar eventos que projetam Campina no cenário turístico nacional”. Tinha razão o prefeito, os eventos injetam recursos na economia da cidade.

Mas, a única forma da Prefeitura contribuir com esses eventos é entregando recursos financeiros aos seus promotores? Não custa lembrar que a maioria dos eventos são autossustentáveis do ponto de vista econômico. O Encontro da Consciência Cristão, um evento que congrega quase todas as Igrejas evangélicas da cidade, e que acontece no Parque do Povo, recebeu R$ 140 mil da prefeitura em 2013. Este ano a subvenção foi de R$ 160 mil. O evento é patrocinado por empresas e os evangélicos lotam suas dependências pagando ingressos e doando dízimos. Um dos coordenadores do evento, o pasto Euder Faber, tem uma justificativa, aparentemente plausível, para a subvenção da PMCG.

 

No ano passado, ele afirmou que “a ação do prefeito merece reconhecimento, pois contribui para o crescimento espiritual do povo de Campina Grande”. Mas, porque o poder público deve promover o crescimento espiritual de seus cidadãos? Ao que me conste, cabe à prefeitura promover o desenvolvimento econômico e social de seus cidadãos. Até porque, nunca esqueçamos isso, o Estado brasileiro é constitucionalmente laico, ou seja, ele não pode aceitar ou receber influências religiosas. A prefeitura já dá grande contribuição para o evento evangélico quando cede o Parque, que é de todo o povo de Campina Grande, não apenas dos evangélicos, para que um determinado ramo religioso promova seu evento.

É estranho que o local onde se realiza nossa festa maior, o São João, seja privatizado por alguns dias para a realização de um evento religioso. Eu fico me perguntando se a coordenação do evento tem alguma contrapartida a dar a prefeitura. O fato é que todos os anos, quando da realização desses eventos, eu fico sempre a me perguntar se é realmente necessário pagar para se ter fé. Amanhã, eu vou continuar a analisar essa questão na segunda parte da coluna: “QUANTO VALE A SUA FÉ?”.

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

QUEM VAI SER O POSTE NAS ELEIÇÕES DESTE ANO?


A capacidade de transferência de votos de um líder político pode variar entre uma eleição e outra. Ou seja, ela não é constante. Como se sabe, Lula bancou a eleição de Dilma Rousseff em 2010. Quem não lembra que ele dizia que votar em Dilma era, na verdade, votar em Lula. De fato, foi isso mesmo que aconteceu. Hoje, pairam dúvidas sobre de que maneira Lula influenciará no projeto visando à reeleição de Dilma. Entre os petistas, há quem defenda que Lula deve aparecer pouco. Há quem ache que Lula pode até atrapalhar mais do que ajudar, devido à forma complacente como ele se comportou em relação, por exemplo, a condenação dos mensaleiros.

O fato, é que não basta um líder político pedir para se votar num determinado candidato, ele tem que ser merecedor, aos olhos do eleitor, claro, da transferência de votos. É preciso que se saiba que a transferência de votos não é algo automático. Não basta o líder politico pedir para se votar em quem ele bem queira. Cada eleição tem o seu dilema. Em 2010, muito se questionou como é que Dilma poderia ser eleita enquanto seus companheiros de partido enfrentavam o banco dos réus. Mas, hoje, Dilma poderá dizer que, ao contrário de Lula, nada fez para impedir não só o julgamento como a condenação. A presidente poderá se mostrar independente de Lula exemplificando um comportamento diverso em questões como o mensalão.

Em 2010 Dilma era o poste de Lula, mas em 2014 ela deverá ter e ser seu próprio poste. Para quem não conhece, eu explico o dilema do poste. Em 2008, se dizia que existiam políticos, tão populares e tão bem avaliados, que poderiam eleger até mesmo um poste. O dilema do poste se tornou conhecido com o advento da reeleição, a proibição dos governantes buscarem vários mandatos para o mesmo cargo e as restrições impostas para que colocassem parentes como sucessores, principalmente nos municípios.  Foi o caso de Campina Grande em 2012 quando Veneziano Vital terminava seu 2º mandato. Ele não podia mais ser candidato e a legislação eleitoral lhe vedava a possibilidade de lançar alguém de seu grupo político-familiar.

A solução foi sacar alguém de sua equipe para lhe fazer às vezes de sucessor político. Ter um aliado de confiança como sucessor é estratégico, pois os partidos e os políticos não querem deixar o governo para um adversário, por motivos mais do que óbvios. Além do mais, quando o líder político torna-se cabo eleitoral está trabalhando em prol de sua própria popularidade. Enquanto ele pede votos para seu aliado, aumenta sua exposição, fala do que fez e turbina seus projetos políticos futuros. Nas eleições estaduais de 2010, Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima selaram uma aliança. Ambos lutaram para não se colocarem na incômoda posição de poste da liderança.

Mas, Ricardo saiu fragilizado daquele processo perante Cássio. É que Ricardo só se elegeu governador graças à capacidade de transferência de votos de Cássio. Se não fossem aqueles mais de 1 milhão de votos que o senador teve, provavelmente o governador da Paraíba, hoje, seria José Maranhão. Este é um jogo delicado, pois se em caso de vitória a demonstração de força é inequívoca, em caso de derrota, o poder da liderança fica sendo questionado. Vejam, por exemplo, o caso de Veneziano que não elegeu seu poste, digo sua candidata.
 

Não fazer o sucessor é uma das piores derrotas que um líder político pode sofrer. Este é sempre um jogo de aposta alta. Foi este o dilema que Lula enfrentou em 2010, resolvido a seu favor. Hoje, Dilma parece se dar ao luxo de não enfrentar este dilema. Ricardo Coutinho não vai enfrentar o dilema do poste, pois é candidato a reeleição. Cássio Cunha Lima tem ponderado ser candidato a governador, talvez por entender que, nas eleições 2014, não haverá espaço para postes, cadeiras, bimbos e outras coisas. Entendamos o dilema do poste por outro ângulo. Se Veneziano Vital tivesse saído das eleições 2012 vitorioso, se ele tivesse elegido seu poste, hoje suas pretensões eleitorais seriam bem mais sólidas e ele não estaria enfrentando tantas dificuldades.

O tamanho do dilema é proporcional à situação que possui cada ator político. Em 2012, Romero Rodrigues tinha uma situação bem mais cômoda, pois Cássio Cunha Lima vinha colecionando vitórias em se tratando da taxa de transferência de votos. Até as eleições de 2012, a questão girava em torno de se o líder transfere votos, de quanto ele consegue transferir e se isso elege até um poste. Neste ano o dilema parece ser outro. Parece haver uma tendência a se rejeitar os postes sejam eles quais forem. Com tantos candidatos buscando reeleição, e com os exemplos da relação política entre Dilma e Lula, os principais líderes da política nacional e regional vão preferir irem diretamente às urnas, deixando seus postes bem guardados e ao alcance da mão para quaisquer eventualidades.

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O BALÃO DE ENSAIO DA VEREADORA

 

Raíssa Lacerda é vereadora pelo PSD em João Pessoa. Ela é filha do ex-vice governador da Paraíba, José Lacerda. Na quarta-feira, ela protagonizou um ato, que pretendia ser heroico, mas que terminou virando uma grande patacoada política. A vereadora reuniu a imprensa e anunciou seu rompimento com o governador Ricardo Coutinho. Raissa se disse decepcionada pela maneira como ele estaria tratando a sociedade. Ela afirmou que o governador não recebe nem mesmo seus secretários. Raissa se queixou de não conseguir falar com o governador a mais de um ano e disse ter se desiludido com as promessas que não foram cumpridas. Em tom de amargura ela falou: “Eu acreditei tanto nesse governador. Ele prometia tratar tão bem o servidor”.

Além das criticas e desabafos, a vereadora Raissa aproveitou a entrevista para manifestar suas vontades políticas. Ela é do bloco dos que torcem para que a aliança entre o PSB de Ricardo Coutinho e o PSDB de Cássio Cunha Lima chegue ao fim. Até aí tudo bem, pois a vereadora, como qualquer pessoa, tem direito a expressar suas opiniões. O problema foi o tom prá lá de piegas que ela adotou. Primeiro, disse que “a Paraíba vai, em breve, voltar a sorrir, com uma revelação maravilhosa”. Ela se referia a possibilidade de Cássio Cunha Lima ser candidato a governador. Depois, com uma pieguice de novela mexicana, ela arrematou: “o povo vai pular de tanta alegria, vai voltar o afago, vai voltar o diálogo de quem gosta de escutar”.

Parece que a vereadora não quer ficar exposta ao sol, caso o senador Cássio Cunha Lima retorne ao Palácio da Redenção. Mas, o que ela deixou de dizer foram os motivos reais que a levaram a tomar tal atitude. A primeira questão é que ela nunca digeriu o fato de, sendo filha de quem é, não ter sido apoiada pelo governador, quando de sua postulação a uma vaga na Câmara Municipal de João Pessoa em 2012.  O outro motivo foi exposto por Luis Torres, Secretario de Comunicação do governo. Torres disse que o que inspirou a vereadora foi “... uma ou duas alterações, em cargos comissionados, de nomes que eram ligados a ela, na cidade de São José de Piranhas”.

Mas, em política, um fato nunca se dá de forma isolada. Eu explico. O ato tresloucado da vereadora Raissa pode ter sido, também, um (mais um) balão de ensaio para se testar a viabilidade do fim da aliança entre o governador Ricardo e o senador Cássio. Antigamente, antes de se fazer subir uma aeronave com passageiros, se lançava um pequeno balão para verificar a direção dos ventos.  Na política, balão de ensaio pode ser um boato, ou um fato, que se lança ao ar para que se possa sondar reações e opiniões. Como todo balão, o de Raissa subiu, subiu, e explodiu. A ideia era provocar uma reação em cadeia. Como alguns “cassistas”, do governo de Ricardo, torcem pelo fim da aliança, queria-se provoca-la com uma ação incendiária aparentemente inconsequente.

Pareceu-me que intensão era de, através do ato da vereadora, acender o rastilho de pólvora que, adiantaria os acontecimentos, e provocaria o fim da aliança, com o consequente lançamento da candidatura de Cássio Cunha Lima ao governo. Mas, faltou mesmo combinar com os russos. José Lacerda, tal qual o pai o noiva, não sabia o que sua filha pretendia fazer. Mesmo não concordando com o rompimento, ele foi até o governador para entregar o cargo de secretario de articulação política. O governador Ricardo foi hábil. Ele não só convenceu Lacerda a ficar no governo, como ainda o fez dar uma declaração repudiando o ato infeliz de sua filha. Lacerda disse que ficou comovido com a atitude de Ricardo Coutinho. Mas, como essa família é emotiva!


O presidente estadual do PSD, partido de Raíssa, e vice-governador do Estado, Rômulo Gouveia, deu uma declaração para explodir o balão de ensaio da vereadora. Primeiro, ele disse que seu partido dá apoio incondicional a reeleição de Ricardo Coutinho. Disse, também, que a opinião da vereadora Raíssa é pessoal, isolada, e que não reflete a opinião de seu partido. Rômulo afirmou que fica ao lado de Ricardo em qualquer cenário político, inclusive no que venha a contemplar o rompimento da aliança. Como é remota a possibilidade de Rômulo se afastar de Cássio, e como o governador e seu vice se mostram unidos, o balão de ensaio da vereadora se evaporou na atmosfera. O fato é que ela deu uma cartada muito alta para um cacife político tão baixo.

O vereador Renato Martins, também do PSD, repreendeu a atitude de Raissa. Ele disse que a vereadora estava fora de si, quando fez tais declarações, porque em perfeito juízo o que se quer é criar soluções. Com sua atitude kamikaze, a vereadora Raíssa se isolou. Já os estrategistas da política paraibana acompanharam o voo desse balão e souberam tirar as lições necessárias para quando forem lançar a verdadeira aeronave rumo às eleições de outubro.

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

AFINAL, QUEM VAI ACATAR A LEI DA FICHA LIMPA?


Cada eleição tem suas especificidades. São as variáveis únicas, ou as características próprias, que diferenciam a eleição que está por vir da eleição que se foi. As eleições 2014 já possuem seu primeiro grande diferencial. É que essa será a primeira vez que a Lei da Ficha Limpa será aplicada em eleições gerais. Isso pode parecer pouco, o caro ouvinte poderá me dizer: “mas, e daí, se pouca coisa mudou desde o advento dessa lei?”. De fato, quando o assunto, no Brasil, é reforma política as coisas andam a passos de tartaruga e sem nenhuma vontade. Mas, alguma coisa mudou, pois os partidos políticos estam trabalhando para retirar, de suas listas de candidatos, o político “ficha suja”.

 Lentamente, eles vão entendendo que não adianta tentar registrar a candidatura de um político, que já teve contas rejeitadas, ou que já foi enquadrado na tal conduta vedada – o eufemismo adotado para que se finja que não se cometeu algum tipo de crime. A Lei da Ficha Limpa foi publicada no Diário Oficial, i.e., passou a ter validade, em 07/06/2010. Mas, ela só foi aplicada pela primeira vez nas eleições municipais de 2012. É que havia uma enorme polêmica sobre quando, e como, ela deveria passar a valer.  A elite política fez de tudo para que essa lei não fosse utilizada. Questionou-se, junto a STF, se ela era constitucional, se não feria o princípio da razoabilidade e da inocência prévia e se ela poderia valer para a eleição de 2012.
  
As eleições de 2014 serão as primeiras onde a lei poderá ser aplicada em sua íntegra sem que se preocupe com seus efeitos retroativos. Isto se algum advogado, a soldo de algum partido, não resolver questionar algum aspecto sombrio da lei. O que mais preocupa os políticos é o item que torna inelegível, nos próximos oito anos contados da decisão, os que tiverem suas contas, de exercício de cargo ou função pública, rejeitadas pelas chamadas irregularidades insanáveis. O que tira o sono dos políticos é que o ato doloso da improbidade administrativa não tem passado ao largo da Lei da Ficha Limpa. Foi com base nisso que o TSE negou registro, a mais de 200 candidatos, eleitos prefeitos em 2012 pelo Brasil afora.
  
É por isso que o TCE/PB está fazendo o levantamento dos gestores com contas julgadas irregulares entre 2006 e 2014. A partir disso serão elaboradas as famosas, e temidas, listas dos “fichas sujas” para serem remetidas a justiça eleitoral. Interessa ver que no último “troca-troca” partidário as legendas andaram rejeitando políticos com a ficha suja por recearem chamar atenção da justiça eleitoral. Os partidos querem sair bem na foto quando dizem que não possuem candidatos ficha suja. Mas, isso não significa que exista a disposição, no meio político, de não mais cometer as tais hipóteses de inelegibilidade. A ameaça de ser atingido pela lei da Ficha Limpa não deve servir para desencorajar os contumazes praticantes das tais condutas vedadas.
  
O presidente do PSDB paraibano, deputado Ruy Carneiro, disse que seu partido desencoraja políticos, enquadrados na Lei da Ficha Limpa, a tentarem garantir a legenda tucana para disputarem cargos. Mas, ao mesmo tempo, ele lamentou que amigos seus não puderam disputar a eleição de 2012 por estarem respondendo a processos junto ao TRE. Já o ex-governador José Maranhão afirmou que seu partido, o PMDB, não se preocupa com a Lei da Ficha limpa. Segundo ele, não se encontra no PMDB ninguém que destoe dos padrões éticos e eleitorais definidos pelo diretório estadual. José Maranhão só não explica como é que seu partido controla os padrões éticos de todos os seus filiados.
  
O ex-senador Efraim Morais afirmou que “o Democratas está limpo” e que não apresentará postulações descumpridoras da lei. Efraim disse que o DEM não aceita enquadrados na Lei da Ficha Limpa. Que bom que é assim, temia que fosse o contrário. O presidente do PT estadual, Charliton Machado, disse que seu partido vai cumprir aquilo que diz a legislação. Charliton disse que o PT será duro com qualquer filiado seu que por ventura venha a ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Mas, isso é o mínimo que se espera do partido que ocupa o poder central do país. Apesar de que se o PT julga seus mensaleiros inocentes o que dirá daqueles que tiveram contas rejeitadas? O presidente do PPS, Nonato Bandeira, foi sensato em sua avaliação.
  
Ele disse que partidos e sociedade não estam fazendo mais do que a obrigação em observar o que diz a lei e até mesmo em identificar os políticos “fichas sujas”. Nonato afirmou que tem aconselhado alguns “fichas sujas” a não se candidatarem. Não deixa de auspicioso ver que os partidos baixaram a guarda em relação à lei da Ficha Limpa. Mas, preocupa o fato deles agirem como se estivessem fazendo um enorme favor em respeitá-la. É estranho ver que eles queiram ganhar votos em cima do fato de estarem respeitando a lei. Afinal, quando é que vamos entender a atitude de ser honesto não pode ser um diferencial e sim uma obrigação?

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CENSORES E LINCHADORES NUM PAÍS DEMOCRÁTICO

Ibsen, dramaturgo norueguês, dava um conselho fenomenal. Ele dizia para nunca se discutir com um idiota, pois ele lhe fará descer ao seu nível e ganhará por ter mais experiência. Nos últimos dias eu tenho tentado seguir o conselho de Ibsen. É que os idiotas estam soltos a falar do que pensam conhecer. Está na moda falar do linchamento, seja físico, ético ou moral. Aliás, no Brasil, é bem mais comum do que se pensa a prática do linchamento como ainda vamos ver. Também tem se falado de censura, ou seja, de como se proibir que as pessoas exerçam o direito a livre expressão. O ato de censurar é algo que trazemos conosco. Aliás, censurar é típico das sociedades pouco democráticas com passados ditatoriais.


Estamos vendo jornalistas defendendo o linchamento de marginais e políticos propondo a criação de mecanismos para censurar a atividade jornalística. No Brasil é assim, basta alguém entoar o canto da sereia para todo mundo ir atrás.  Esse é o principal traço de nossa cultura política. Não sabemos, ou não queremos, utilizar os procedimentos legais e democráticos para resolver nossos mais sérios problemas. Estamos sempre atrás de saídas de força, de mecanismos autoritários. Quando alguém expressa uma opinião que discordamos, não sabemos como, democraticamente, contra argumentar. Somos sempre tentados a fazer nosso interlocutor se calar. Isso está em nosso sangue, é algo que trazemos de nossa formação.


O linchamento é uma forma de mostrarmos que somos fortes e de afrontarmos o Estado e o seu monopólio da coerção. Quando praticamos ou defendemos o linchamento estamos dizendo que não reconhecemos o papel das instituições coercitivas. Eu busquei no Google, o santo oráculo de nossos dias, a origem da palavra linchamento. Descobri que ela veio do nome de Charles Lynch que, por volta de 1780, era coronel do exército que lutava pela independência dos EUA. Charles Lynch fazia seus soldados baterem nos inimigos aprisionados até a morte. Outra versão, diz que havia, na mesma época, um capitão chamado William Lynch que mantinha um comitê para a captura e o linchamento de ingleses.

 
 Naquela época aplicar a Lei de Lynch significa matar um prisioneiro sem que ele fosse julgado. Já no século XX os chamados "comitês de vigilância", que deram origem a organização racista Ku Klux Klan, linchavam os negros indistintamente no sul dos EUA. O linchamento era o modus operandis contra defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. A partir 1880, se tornou comum linchar criminosos das camadas inferiores. A ideia era dar fim ao criminoso para poupar os esforços do Estado. Mas, já na antiguidade se praticava o linchamento com o apoio da lei. Os judeus praticavam a lapidação, ou seja, o apedrejamento de uma pessoa até a morte. O adultério feminino e a homossexualidade masculina eram punidos com a lapidação.

Na Inglaterra se praticava o “halifax law”, i.e., a aplicação da lei da força. A ideia de uma parcela da sociedade se apropriar do conceito de justiça, para coloca-lo em prática, se baseando no uso da força e passando ao largo da lei, é tão antiga quando a prostituição. No Brasil, o linchamento ocorre quando, em geral, se pratica um crime odioso. Existe a crença disseminada de que a população faz justiça com as próprias mãos por não acreditar na eficácia da ação policial e judicial.  Certa vez li uma tese de doutorado sobre a cultura do linchamento. A justificativa para se praticar tal ato violento girava em torno da necessidade de fazer o trabalho que a polícia não realiza devido a ausência do Estado.

Mas, o fato é que o linchador ignora o “princípio da proibição da autotutela”. Ele desconhece que nós, cidadão, contratamos, com o Estado, seu direito exclusivo como garantidor da lei, da ordem social e da Justiça, pela aplicação da coerção física ou não. Na verdade, as hordas de linchadores bem sabem que as instituições coercitivas existem e que podem cumprir o papel constitucional que a elas atribuímos. A questão é a necessidade, autoritária, de demonstrar que se tem força, ou seja, que se tem poder. Vejam que os jovens que ataram aquele adolescente a um poste, e lhe aplicaram torturas físicas, além de humilha-lo com a nudez, confessaram que tinham montado uma patrulha para policiar a região do Aterro do Flamengo em busca de marginais.

Se eles queriam se sentir cidadãos úteis e responsáveis bastava organizar um trabalho para acionar a polícia sempre que necessário. Mas, nossa cultura política não pede a participação democrática do cidadão, ela quer que o cidadão use a força física. O debate sobre se o cidadão deve ou não usar a força é tão infrutífero quanto à ideia de negar a função das instituições coercitivas. Querer que o cidadão reaja, de arma em punho, é a mesma coisa de negar a existência do Estado, esse mal necessário que, sem ele, não vivemos.

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

OS PARTIDOS DE VIDA FÁCIL E A LUTA PELO CARGO DE CADA DIA.


Em qualquer dicionário vemos várias definições para o vocábulo partido. No “Caldas Aulete”, por exemplo, partido pode ser algo que se quebrou, pode ser uma opinião favorável ou contrária a alguma coisa, pode ser até alguém com quem se pode casar. A expressão “tomar partido” quer dizer que se adotou uma decisão ou resolução. Claro, partido é a associação de pessoas, com convicções e opiniões comuns, para lutar pela hegemonia no poder político.  Mas, eu encontrei outro sinônimo no mínimo curioso. No “Caldas Aulete” a expressão “ter partido” significa “ter lucro”. É isso mesmo, uma das características que dá sentido a existências de muitos partidos políticos brasileiros é, também, um de seus sinônimos.

Existem, hoje, registrados no Tribunal Superior Eleitoral, exatos 32 partidos políticos. Desses, pelo menos a metade, foi criada para atender aos interesses nada republicanos de uma espécie de subescalão da elite política nacional. Como por encanto surgiram, no espectro político nacional, duas agremiações que exemplificam muito bem (ou muito mal) essa situação. Eu estou falando do Partido Solidariedade (SDD) e do Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Estes partidos surgiram, como tantos outros, sem representação no parlamento, ou seja, sem terem passado pelo crivo das urnas. Ao mesmo tempo em que eles requeriam o registro junto ao TSE, a imprensa denunciava fraudes no processo de suas criações.

Após se legalizarem, eles fizeram grandes campanhas no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e em várias Câmaras Municipais para arrecadar parlamentares. É que eles não se interessam em ter como filiado o cidadão comum. Para esses partidos de vida fácil, que se põem a venda como se fossem mercadorias, interessa mesmo é ter parlamentares como filiados, pois é isso que vai virar moeda de troca junto aos governantes. As lideranças dessas siglas intercambiáveis fizeram um negócio de ocasião. Tão logo conseguiram amealhar um sem número de parlamentares veio o período das reformas ministerial, no governo federal, e dos secretariados dos governos estadual e municipal.

Ao contrário do SDD, que se aliou a oposição ao governo federal, o PROS se aproximou do governo Dilma e luta para ganhar um ministério. Qual ministério? Qualquer um, pois o objetivo é dispor da estrutura governamental (eu falo de verbas, claro) para crescer. Aqui na Paraíba, o SDD partiu para a ofensiva sobre alguns governos municipais. No processo de aliciamento de parlamentares, o SDD conquistou quatro vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa. Número suficiente para barganhar cargos. Na metade do mês de janeiro, os vereadores do SDD perderam a paciência com o prefeito Luciano Cartaxo e lhe deram o último dia do mês como prazo final para que recebessem seus cargos.

 
O vereador Marmuthe Cavalcanti afirmou que “ninguém governa sozinha, que se governa com aliados”. Ele fez questão de lembrar que o SDD é o partido com mais vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa e que tem sido um fiel aliado. A ameaça feita, caso o prazo dado não fosse respeitado, era a de que o SDD romperia com o governo de Cartaxo e passaria para a oposição. Não vamos dourar a pílula. Na verdade, além da ameaça, existe nesses casos uma grave chantagem política. Os políticos dizem que a questão é de articulação ou falta dela. Na verdade, a questão é o velho hábito do “toma-lá-da-cá” da política brasileira. Os governantes se rendem a este tipo de chantagem que é para não sofrerem solução de governabilidade.

Aqui, em Campina Grande, vários partidos estam atentos à necessária reforma política que o prefeito Romero Rodrigues precisa realizar em sua equipe de secretários, já que quatro deles vão se desincompatibilizar para concorrer às eleições proporcionais. O PRB e o PSB se batem pela Secretaria de Agricultura. Apesar de que o PSC quer continuar na titularidade da pasta. O PROS quer uma secretaria, não importa qual. O vereador Alexandre do Sindicato disse que o PROS precisa de uma secretaria para continuar a apoiar o governo de Romero Rodrigues. O PMN seguiu uma estratégia diferente. O vereador Sargento Regis apresentou requerimento para que se crie a Secretaria de Segurança da PMCG. Claro, uma vez criada a tal secretaria, o próprio vereador Regis seria o seu titular.

Aparentemente cansado dos achaques que vem sofrendo, o prefeito Romero ironizou a situação dizendo que não tem pasta suficiente para todos. Romero ainda disse que, com tantos pedidos, teria que criar uma prefeitura paralela para atender aos partidos. Mas, não precisa começar a criar secretarias e cargos e mais cargos para estes partidos de vida fácil. Basta lhes dizer um rotundo não. Pois, eles só sobrevivem alimentados pelos cargos, sem eles essas siglas não têm partido, ou seja, não tem lucro.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

QUANDO OS ATORES POLÍTICOS DISCUTEM A RELAÇÃO.


Eu sigo atento a movimentação dos atores e partidos políticos, pois preciso entender e analisar a definição das alianças e de suas candidaturas. Por causa disso, inevitavelmente, termino acompanhando o que não deveria ou não gostaria. Fatalmente esbarro em questões fúteis que ficariam em outro plano no que dependesse de minha vontade exclusiva. São coisas que damos uma atenção além do limite, graças a essa cultura novelística que tanto gostamos de ter. Ao analista, cabe separar o joio do trigo. Existem coisas que não se deve dar atenção. Se preocupar com a vida intima dos políticos só contribui para que não se separe o “rame-rame” politiqueiro do ato de politicar. Se me permitem, do POLITICANDO.

 Graças a nossa formação política e social, não aprendemos a separar as coisas públicas das particulares. Na política regional, principalmente, as questões públicas e administrativas terminam sendo uma extensão do mundo familiar dos políticos. Acompanhamos a politicagem, pois os politiqueiros teimam em se tornar governantes. Se não nos preocupamos com os lances da política eleitoral, como poderemos cobrar dos eleitos que atentem para os muitos problemas sociais que temos? Mas, não é incomum que grupos políticos-familiares, enraizados no poder regional, lavem suas roupas sujas em público. Nossa elite política tem o hábito de ocupar a mídia para mandar recados desaforados para seus desafetos.
  
Agora mesmo, acompanhamos uma longa discussão da relação político-familiar. O ex-governador José Maranhão e seu sobrinho, deputado federal Benjamim Maranhão, seguem trocando acusações, críticas e desaforos pela imprensa paraibana. A DR da família Maranhão tem sido tão acirrada que não sabemos onde começam os problemas políticos e onde terminam as questões familiares. Não passa um dia sem que vejamos uma declaração, por menor que seja, sobre a questão. É difícil saber se a “DR dos Maranhão” tem haver apenas com questões político-partidárias ou se os problemas familiares são causa e/ou consequência da discórdia. O fato é que as questões familiares se misturam com as políticas.

 Apenas para atualizar o caro ouvinte, tudo começou quando Benjamim Maranhão resolver mudar de partido. Ele abandonou o PMDB, onde entrou pelas mãos do seu tio José Maranhão, e foi para o Partido Solidariedade, também conhecido pela sigla SDD. Como todo cacique político e patriarca familiar, José Maranhão não gostou do fato de seu sobrinho ter tomado uma decisão sem levar em consideração a opinião que ele havia expressado. O ex-governador queria Benjamim onde sempre esteve e ponto final. O deputado queria buscar novos ares partidários. Ele queria sair da sombra de seu tio para buscar espaço, pois sabia que permanecendo no PMDB terminaria tendo sua postulação, a mais um mandato na Câmara Federal, inviabilizada.

 

Maranhão queria Benjamim no PMDB cumprindo o papel de fiel escudeiro. Benjamim se foi para o SDD ignorando os apelos e as ameaças de seu tio. Consumado o fato, o ex-governador passou fazer duras criticas ao seu sobrinho, sempre através da imprensa. José Maranhão já chamou seu sobrinho de traidor, equivocado e irresponsável. Há a alguns dias, ele disse que Benjamim “não terá apoio na legenda que está, porque ela não existe na Paraíba”. José Maranhão se mostra bastante magoado com seu sobrinho. Ele afirma que Benjamim saiu do PMDB por vontade própria. O ex-governador deserdou politicamente seu sobrinho quando lhe retirou o apoio político. Será que ele deserdou, também, das heranças familiares?

 Benjamim Maranhão disse que não aceita a alcunha de traidor e que saiu do PMDB por causa do jeito arrogante de seu tio em tratar os aliados políticos. Ele chegou a lançar uma nota à imprensa com sua versão para os fatos. O deputado disse que foi obrigado a sair da legenda por não acreditar que é possível que duas candidaturas, da mesma família, disputem o mesmo cargo e pelo mesmo partido. Ele afirmou que sempre foi fiel ao PMDB e que nunca negou a liderança do seu tio. João Almeida, presidente do SDD de João Pessoa, afirmou que a briga entre Benjamim e José Maranhão é coisa de família. Ele a comparou a uma briga entre marido e mulher, onde ninguém deveria meter a colher. Mas, se tudo se resume a uma questão familiar, porque o presidente do SDD tem que dela tratar?
  
Dessa confusão político-familiar se deduz duas questões. A primeira é que a política segue sendo tratada como um negócio exclusivo das famílias tradicionais da Paraíba. Negócio este que não deve sofrer interferências por ser pouco-republicano. A outra questão é que a política partidária deixa de ser tratada como uma coisa pública para se tornar um espetáculo, onde o ator seria o político, a peça encenada seria o drama político-familiar e o espectador seria o cidadão-eleitor que, vez por outra, é convidado a assistir o espetáculo, ou melhor, é convocado a votar.

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