quinta-feira, 11 de julho de 2013

A HORA E A VEZ DOS BARRADOS NO BAILE DAS MANIFESTAÇÕES.

O "Dia Nacional de Lutas", convocado pelas Centrais Sindicais brasileiras, pareceu uma espécie de vingança dos sindicalistas e de alguns partidos (de esquerda) por terem sido barrados nas manifestações do mês de junho passado. A impressão é que as Centrais, e os partidos, querem mostrar que também são "bons de rua". É como se eles quisessem dar uma satisfação a sociedade, demonstrando que não ficaram para trás, que não perderam o "trem da história".

No entanto, existe uma diferença básica entre os manifestantes de junho e os manifestantes de hoje. Enquanto aqueles desdenham o governo e o Estado, estes não vivem sem. Os manifestantes de junho só têm como compromisso afirmar suas revoltas. Os manifestantes de hoje tem suas pautas de reivindicação bem definidas, sabem bem o querem e porque querem. É isso que Josias de Souza demonstra de forma magistral numa coluna postada hoje mesmo em seu blog e que você pode ler logo abaixo. Já ontem, eu questionava aspectos desse tal "Dia Nacional de Lutas".


(1) Achei estranho que o  "Dia Nacional de Lutas" tivesse sido convocado para uma quinta-feira, pois pareceu-me que queriam "enforcar" a sexta. Eu não estou duvidando das intenções dos sindicalistas-manifestantes de hoje, mas é que, enfim ....

(2) Indaguei dois sindicalistas sobre a possibilidade deles convidarem o pessoal do "Passe Livre" para participarem desse dia e eles me disseram que (SIC): "não vamos convidar não, pois esse pessoal é um bando de 'porra-loucas". Eu rebati dizendo que se todos lutam pelas mesmas coisas, deveriam estar juntos. Eles me disseram que não, que não são iguais (SIC): "aquele bando de baderneiros sem causa". Enfim, existe uma clara diferença entre uns e outros. Uns não querem se misturar a outros, sendo a recíproca verdadeira. E quando o povo não se une, já sabemos bem onde tudo termina.

(3) O mais estranho é que enquanto organizavam os protestos e as manifestações as Centrais Sindicais perderam-se num labirinto de discussões e assembleias infindáveis. Segunda e terça passadas elas discutiam se deveriam ou não apoiar o governo de Dilma durante as manifestações. Ora, Central Sindical não tem que apoiar governo nenhum. Ela tem, isto sim, que apresentar e representar as demandas e reivindicações de seus associados. Central Sindical vai para a rua, isso é comum na Europa, para protestar contra a política econômica do governo, caso ela esteja gerando inflação (é o nosso caso) e/ou arrojando os  salários dos trabalhadores.

O fato é que vamos mal de manifestação. Uns não sabem o que querem e se perdem nos labirintos dos atos de vandalismo e de causas específicas demais ou generalistas ao extremo. Outros sabem tão bem o que querem que preferem organizar seus atos à parte para não se misturarem com a "massa de baderneiros".




“As diferenças: a rapaziada é #, a pelegada é $”.


Excluídas das passeatas de junho, as centrais sindicais e seus penduricalhos (UNE, MST, PT, PCdoB, PDT e etcétera) organizaram o seu próprio ‘Dia Nacional de Luta’. Isso foi ótimo. Ajudou a explicar por que a rapaziada refugou a ‘solidariedade’ da pelegada partidário-sindical. São muitas as diferenças entre os dois movimentos. A principal delas é a forma como os dois grupos se relacionam com os cofres públicos. Um entra com o bolso. Outro usufrui. Vai abaixo uma tentativa de distinguir o novo do antigo:

A rapaziada é #. A pelegada é $.

A rapaziada é o bolso. A pelegada é imposto sindical.

A rapaziada é coxinha. A pelegada é pastel-de-vento.

A rapaziada é sacolejo. A pelegada é tremelique.

A rapaziada é YouTube. A pelegada é videoteipe.

A rapaziada é Facebook. A pelegada é assembleia.

A rapaziada é máscara de vingador. A pelegada é cara de pau.

A rapaziada é viral. A pelegada é bactéria.


A rapaziada é chapa quente. A pelegada é chapa branca.

A rapaziada é sociedade civil. A pelegada é sociedade organizada.

A rapaziada é banco de praça. A pelegada é BNDES.

A rapaziada é a corrida. A pelegada é o taxímetro.

A rapaziada é asfalto. A pelegada é carro de som.

A rapaziada é horizonte. A pelegada é labirinto.

A rapaziada é fumaça. A pelegada é cheiro de queimado.

A rapaziada é explosão. A pelegada é flatulência.

A rapaziada é o público. A pelegada é a coisa pública.

A rapaziada é combustão espontânea. A pelegada é ignição eletrônica.

A rapaziada é luz no fim do túnel. A pelegada é beco sem saída.

A rapaziada é pressão popular. A pelegada é lobby.

A rapaziada é farinha pouca. A pelegada é meu pirão primeiro.

A rapaziada é terra em transe. A pelegada é cinema novo-velho.

A rapaziada é o desejo de futuro. A pelegada é o destino-pastelão.

A rapaziada é namoro. A pelegada é tédio conjugal.

A rapaziada é grito. A pelegada é resmungo.

A rapaziada é algaravia. A pelegada é palavra de ordem.

A rapaziada é poesia. A pelegada é pedra no caminho.

A rapaziada é dúvida. A pelegada é óbvio ululante.

A rapaziada é Fora Renan. A pelegada é o bigode do Sarney.

A rapaziada é abaixo a corrupção. A pelegada é a perspectiva de inquérito.

A rapaziada é mistério. A pelegada é indício.

A rapaziada é a alma do negócio. A pelegada é o segredo.

A rapaziada é novidade. A pelegada é o mesmo.

A rapaziada é anormalidade. A pelegada é vida normal.

A rapaziada é impessoal. A pelegada é departamento de pessoal.

A rapaziada é decifra-me. A pelegada é devoro-te.



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