O resultado oficial da eleição ainda não saiu, mesmo que se saiba que Arce
foi eleito, de acordo com o “escrutínio rápido” feito por empresas privadas.
Mas, algo há! Jeanine Áñez, Carlos Mesa, Luis Almagro (OEA) e o Departamento de
Estado dos EUA admitiram a vitória do MAS. Teriam tão rapidamente assimilado
a derrota? O Partido da Imprensa Golpista (PIG) do Brasil, como diria o
jornalista Paulo Henrique Amorim, já trata Arce como presidente. É isso que
está esquisito! O conglomerado golpista latino americano, comandado pelos EUA,
não estaria aceitando tudo muito facilmente? O que estaria por trás disso?
Certo, a vitória de Arce é acachapante e isso torna uma reação muito mais difícil. A organização popular na Bolívia existe, ao contrário do Brasil, e de fato o povo boliviano está disposto a garantir, nas ruas, a decisão que tomou nas urnas. Além disso, o MAS conquistou, na eleição de domingo passado, 19 das 36 cadeiras da Câmara Alta (Senado) do Legislativo boliviano. Ao que tudo indica, os estadunidenses deixaram a Bolívia em segundo plano por causa de sua própria eleição e do fato de estarem à beira de uma guerra civil. Agora, os EUA só olham para seu umbigo, por isso “reconheceram” a vitória de Arce e parecem ter ordenado seus asseclas latino americanos fazerem o mesmo. Mas, não nos iludamos, tão logo resolvam seu imbróglio, vão voltar a agir como a "polícia do mundo". Eles juraram a Bolívia!
Lembro o que disse Elon Musk, CEO da TESLA, fabricante de carros elétricos na California: "Vamos dar golpes em quem quisermos. Lide com isso" . Os EUA e o grande capital (Vale do Silício, principalmente) querem o lítio boliviano, metal alcalino usado na produção de pilhas e baterias. No poder, o MAS significará a nacionalização do petróleo, do gás e de recursos minerais e garantirá ao povo deter suas riquezas e seus direitos. E isso os EUA e o capital transnacional não querem de maneira alguma.
A vitória de Arce pode ser o reinício de uma contra-ofensiva da esquerda
latino-americana. Temos a resistência do povo venezuelano e cubano e as lutas
populares no Chile e na Colômbia, além dos governos progressistas do México e
da Argentina. São sinais auspiciosos na tentativa de se pôr um freio na atual
onda golpista da extrema direita fascista comandada pelos EUA.
A esquerda brasileira tem que entender seu papel geopolítico neste
contexto, pois o caminho que toma o Brasil importa sempre a América Latina. Por
hora, vale as palavras de Arce, pois sua vitória nos enche de esperança e de
ânimo para a luta que ainda precisamos empreender, pois dias de glórias só
virão com dias de lutas.
Outubro\2020
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