A onda da continuidade chegou à Paraíba?
A lógica que norteia a eleição em nível nacional parece ser a mesma que orienta o pleito na Paraíba. Aqui a onda da continuidade favorece a candidatura do governador José Maranhão (PMDB). E a postulação de Ricardo Coutinho (PSB) vai sofrendo solução de continuidade por ter se alocado na onda errada, a da mudança. No entanto, é preciso atentar para o fato de que Coutinho é hoje vítima de suas próprias contradições.
Com uma carreira política pautada por boas atuações (já foi vereador e prefeito de João Pessoa, além de deputado estadual), que lhe valeram boas avaliações, Ricardo tem (ou tinha) como marca o fato de se colocar como alternativa aos dois grupos políticos hegemônicos na Paraíba – o liderado pelo governador José Maranhão e o capitaneado pelo ex-governador Cássio Cunha Lima. A médio e longo prazos, acumulando experiência, além de cargos em nível federal, ele se tornaria popular pelo estado e poderia vir a ser candidato a governador em situação amplamente favorável, até porque estes dois grupos políticos já demonstram esgarçamento de seus materiais políticos.
Mas, Coutinho apressou-se e ao invés de ser a alternativa “a tudo isso que aí está” (como ele mesmo dizia), pavimentando sua carreira em bases sólidas, aliou-se ao que ele dizia ser diferente. Aliás, não esqueçamos que Ricardo contou com o apoio de José Maranhão, quando foi candidato a prefeito de João Pessoa, e agora se coligou com Cássio Cunha Lima e Efraim Moraes, de quem já foi um critico feroz. Ricardo deixou de ter coloração própria, diluiu-se no cenário político e, pior, perdeu apoio junto a uma fatia importante do seu fiel eleitorado da capital – a classe média, que o respeitava exatamente por ser diferente e alternativo.
Em março deste ano isso era depreendido pelas pesquisas. Numa delas, Ricardo aparecia com apenas 3 pontos percentuais (dentro da margem de erro, portanto) a frente de Maranhão na cidade de João Pessoa, i.e., onde se esperava que ele largasse com algo em torno de pelo menos 20 pontos de vantagem ele dava sinais de estagnação. Já em Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral do estado, a situação era parecida – Ricardo só ficava 2 pontos a frente de Maranhão. E em várias outras regiões do Estado, Maranhão abria um frente de 15 a 20 pontos.
Em julho, o Instituto Consult aferiu que Maranhão tinha 47,5% das intenções de voto e que Ricardo contava com 30,5%. Já em agosto, Maranhão tinha 48% e Ricardo 32%, segundo o IBOPE. Mas, nem sempre foi assim. Em setembro de 2009, pesquisa IBOPE dava a preferência de Ricardo no patamar de 38% e a de Maranhão em 37%. Na medida em que o eleitorado foi percebendo a descoloração político-partidária de Ricardo ele foi caindo nas pesquisas. Prova disso é que sua rejeição, que até março desse ano ficava em torno de 18% pontos, foi a 27% no final de julho – aquele limite perigoso para os candidatos como já vimos.
Assim, caminhamos para o desfecho eleitoral, considerando que o processo estadual está atrelado as (in)definições da questão judicial que cerca a candidatura de Cássio Cunha Lima. Aliás, um dos problemas que Ricardo enfrenta é esse, pois o PSDB local, e sua liderança maior, não estão nesta campanha com força total. A coligação PSB/PSDB/DEM era para Coutinho a possibilidade de contar com uma robusta estrutura de campanha mediante a popularidade e o capital eleitoral de seus novos aliados. Mas, isso não aconteceu, pois resignadamente esperam pela decisão judicial.
Cássio vai mantendo sua candidatura enquanto espera o julgamento dos recursos impetrados no âmbito da justiça federal. Sabe-se que quanto mais tempo levar-se para julgar a sua impugnação, nos quadros da Lei Ficha Limpa, mais tempo ganhará para ver se chega no dia da eleição podendo ser votado. Essa situação traz um estado de insegurança para todos, pois se ele for eleito e for considerado “ficha suja” não poderá ser diplomado, portanto não tomará posse. E, neste caso, as urnas não vão absolvê-lo, pois elas não têm esse poder - não lhes demos tais prerrogativas em nossos arranjos institucionais.
Cabe, aqui, um esclarecimento. O que acontece se Cássio for eleito e não puder tomar posse? Pela legislação vigente, se ele tiver obtido mais de 50%, a justiça terá de convocar novas eleições para senador, mas só para uma das vagas em disputa. Se ele não conseguir alcançar tal patamar, a justiça terá que dar posse ao primeiro da lista dos votados que não foi eleito. Seria de bom alvitre que a justiça logo se definisse para que o jogo político-eleitoral na paraibana pudesse se resolvido nas urnas e não nos tribunais.
Setembro/2010.
Com uma carreira política pautada por boas atuações (já foi vereador e prefeito de João Pessoa, além de deputado estadual), que lhe valeram boas avaliações, Ricardo tem (ou tinha) como marca o fato de se colocar como alternativa aos dois grupos políticos hegemônicos na Paraíba – o liderado pelo governador José Maranhão e o capitaneado pelo ex-governador Cássio Cunha Lima. A médio e longo prazos, acumulando experiência, além de cargos em nível federal, ele se tornaria popular pelo estado e poderia vir a ser candidato a governador em situação amplamente favorável, até porque estes dois grupos políticos já demonstram esgarçamento de seus materiais políticos.
Mas, Coutinho apressou-se e ao invés de ser a alternativa “a tudo isso que aí está” (como ele mesmo dizia), pavimentando sua carreira em bases sólidas, aliou-se ao que ele dizia ser diferente. Aliás, não esqueçamos que Ricardo contou com o apoio de José Maranhão, quando foi candidato a prefeito de João Pessoa, e agora se coligou com Cássio Cunha Lima e Efraim Moraes, de quem já foi um critico feroz. Ricardo deixou de ter coloração própria, diluiu-se no cenário político e, pior, perdeu apoio junto a uma fatia importante do seu fiel eleitorado da capital – a classe média, que o respeitava exatamente por ser diferente e alternativo.
Em março deste ano isso era depreendido pelas pesquisas. Numa delas, Ricardo aparecia com apenas 3 pontos percentuais (dentro da margem de erro, portanto) a frente de Maranhão na cidade de João Pessoa, i.e., onde se esperava que ele largasse com algo em torno de pelo menos 20 pontos de vantagem ele dava sinais de estagnação. Já em Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral do estado, a situação era parecida – Ricardo só ficava 2 pontos a frente de Maranhão. E em várias outras regiões do Estado, Maranhão abria um frente de 15 a 20 pontos.
Em julho, o Instituto Consult aferiu que Maranhão tinha 47,5% das intenções de voto e que Ricardo contava com 30,5%. Já em agosto, Maranhão tinha 48% e Ricardo 32%, segundo o IBOPE. Mas, nem sempre foi assim. Em setembro de 2009, pesquisa IBOPE dava a preferência de Ricardo no patamar de 38% e a de Maranhão em 37%. Na medida em que o eleitorado foi percebendo a descoloração político-partidária de Ricardo ele foi caindo nas pesquisas. Prova disso é que sua rejeição, que até março desse ano ficava em torno de 18% pontos, foi a 27% no final de julho – aquele limite perigoso para os candidatos como já vimos.
Assim, caminhamos para o desfecho eleitoral, considerando que o processo estadual está atrelado as (in)definições da questão judicial que cerca a candidatura de Cássio Cunha Lima. Aliás, um dos problemas que Ricardo enfrenta é esse, pois o PSDB local, e sua liderança maior, não estão nesta campanha com força total. A coligação PSB/PSDB/DEM era para Coutinho a possibilidade de contar com uma robusta estrutura de campanha mediante a popularidade e o capital eleitoral de seus novos aliados. Mas, isso não aconteceu, pois resignadamente esperam pela decisão judicial.
Cássio vai mantendo sua candidatura enquanto espera o julgamento dos recursos impetrados no âmbito da justiça federal. Sabe-se que quanto mais tempo levar-se para julgar a sua impugnação, nos quadros da Lei Ficha Limpa, mais tempo ganhará para ver se chega no dia da eleição podendo ser votado. Essa situação traz um estado de insegurança para todos, pois se ele for eleito e for considerado “ficha suja” não poderá ser diplomado, portanto não tomará posse. E, neste caso, as urnas não vão absolvê-lo, pois elas não têm esse poder - não lhes demos tais prerrogativas em nossos arranjos institucionais.
Cabe, aqui, um esclarecimento. O que acontece se Cássio for eleito e não puder tomar posse? Pela legislação vigente, se ele tiver obtido mais de 50%, a justiça terá de convocar novas eleições para senador, mas só para uma das vagas em disputa. Se ele não conseguir alcançar tal patamar, a justiça terá que dar posse ao primeiro da lista dos votados que não foi eleito. Seria de bom alvitre que a justiça logo se definisse para que o jogo político-eleitoral na paraibana pudesse se resolvido nas urnas e não nos tribunais.
Setembro/2010.