quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

DO QUE AINDA POSSO FALAR ou quando a extremosa destra atacou o coração da República

 


Começo este DO QUE AINDA POSSO FALAR lembrando que “EU JÁ SABIA, QUE EU AVISEI!”, pois insisti bastante, entre novembro e dezembro, que só teríamos paz se a extremosa destra fosse retirada da frente dos quarteis. O fato é que o levante terrorista em Brasília só aconteceu porque não controlamos o poder militar e porque, claro, não somos uma democracia.

Um ditador precisa de um fato histriônico para chamar de seu. Mussolini teve a “Marcha sobre Roma”, Hitler teve o “Putsch da Cervejaria” e Donald Trump teve a “Invasão do Capitólio”. Agora, Jail Bozo tem sua “Intentona Terrorista” com hordas da extrema direita violentando a capital do país. É certo que fracassaram, mas os danos e custos são muitos e graves.

A Globo insiste, em seus editoriais, que a democracia venceu. Governo, Congresso e Judiciário afirmam que as instituições estão funcionando e que nossa democracia é sólida. Mas, devo lembrar, que a tragédia de Brasília só ocorreu porque não somos uma democracia, mesmo que nos utilizemos de alguns procedimentos democráticos.

Se fôssemos uma democracia consistente, Jail estaria preso desde quando elogiou um notório torturador numa sessão do Congresso Nacional. Se a democracia tivesse realmente vencido, a extremosa terrorista não teria atacado os 3 poderes da República! SIMPLES ASSIM!


Se fôssemos uma democracia efetiva as Forças Armadas não usariam prerrogativas, trazidas da ditadura militar, para ancorar atentados terroristas. O fato é que o Exército deu suporte ao bolsonarismo nazificado que acampou, não por acaso, em frente a seus quartéis. De fato, existe uma cadeia de comando sobre os atos terroristas em Brasília.

Existe uma organização (criminosa) que se iniciou nos locais onde o “gado patriotário” se aglomerou, passando, claro, pelos que bancaram essa festa macabra, e que foi até o alto comando das Forças Armadas e de setores do mercado e do grande capital. Será que é tão difícil entender isso?!

Achávamos que a extremosa iria se enfraquecer e se desarticular. Mas a serpente golpista se alimentava, nos acampamentos, com nutrientes vindos dos quartéis. Nos divertíamos com memes e patacoadas patriotárias enquanto o ovo da serpente era chocado nos acampamentos paramilitares Brasil afora. A serpente cresceu e virou um monstro pronto para nos devorar.

Se tivéssemos um efetivo controle sobre o poder militar, ele não se voltaria contra as decisões que tomamos nas urnas. Isso só acontece por causa das tais prerrogativas militares e dos entulhos autoritários, como o artigo 142 e a Lei da Anistia, que o processo que nos trouxe da ditadura militar até aqui foi incapaz de erradicar.

Quer um exemplo? A insubordinação dos militares que, descumprindo ordens da justiça e do governo, impediram que a polícia, não por acaso militarizada, retirasse a horda terrorista do acampamento-mor em Brasília. Basta ver o comportamento pusilânime do Ministro da Defesa para entender tudo. A leniência de José Múcio para com os militares beirou a prevaricação.


A democracia perdeu mais uma batalha quando a extrema direita terrorista perpetrou esse doloroso golpe bem no coração da República. É certo que medidas foram tomadas,  mas é preciso cortar a cabeça da serpente acabando com as prerrogativas militares e submetendo as Forças Armadas ao poder civil. É isso ou nunca teremos democracia, nem paz.

Para que o terror não volte a agir contra nós, temos que expurgar, “desbolsonarizar”, as Forças Armadas e as Instituições coercitivas. Temos que desmontar a tutela que os militares exercem sobre nós. O que aconteceu em Brasília pode ser uma janela de oportunidades para uma PEC que possa, por exemplo, reformular o Artigo 142, impedindo que os militares atuem na política.

 

Janeiro\2023.