quinta-feira, 31 de março de 2022

O GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964

 

Laerte. Revista Caros Amigos. Ano IV - n° 15. Novembro/2002. Edição Especial “Para onde vai a democracia?”

Passados 58 anos do Golpe Civil-Militar de 1964 temos que revê-lo pois à medida que nos distanciamos dos fatos nossa visão sobre eles muda. Temos que redimensionar o 31 de março para nossa atual visão e refletir sobre a cultura política pretoriana que dele herdamos. Memórias do golpe e da ditadura ainda nos são vivas pois as feridas não cicatrizaram. Somos uma Sociedade e temos um Estado recheados de entulhos autoritários que nosso débil processo de liberalização não foi competente para extrair do nosso entorno. Um falso dilema entre democracia e mudanças sociais foi uma das causa do golpe. No Brasil de 1964 se antagonizava desnecessariamente esses fatores. Para a direita, se faria mudanças sociais pela democracia, por isso mesmo ela deu o golpe. Para a esquerda, só teríamos mudanças pondo fim a democracia. O resultado a que se chegou foi nenhuma reforma social, democracia inexistente e muito autoritarismo. A liberalização (notem que não falo em redemocratização) não foi capaz de afastar de nosso entorno atores políticos e entulhos autoritários da ditadura. Hoje eles governam! O que tivemos foi tão somente um pacto entre forças políticas iniciado em 1974 e capitaneado por militares. Lentamente se foi inserindo uma ritualística democrática nas instituições, sem reformá-las, mantendo intocada a espinha dorsal da ditadura: o poder militar.