quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O putsch do Bozo


Bolsonaro, e sua trupe putschista, dobrou a aposta para dar um Golpe de Estado já. O conglomerado golpista quer uma intervenção militar clássica, com os tanques na rua, assim como em março de 1964. Os militares não parecem mais interessados em intervenções “on line”, via redes sociais, pois se cansaram de brincar com os computadores, preferem os sabres. Vejamos que o timing da coisa foi reajustado, pois os enfrentamentos entre o governo fascista e o Congresso aconteciam desde a posse do presidente. Porque, então, a decisão de chamar a patuleia verde-amarela para as ruas agora? Teria o presidente se irritado com os desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e por isso mesmo mandado colocar a "tropa na rua", via whatsapp, com os apoios e silêncios de sempre?

O presidente parece querer comandar um golpe no final de março junto com seus filhos, com o General Augusto Heleno e seu grupo, além das tropas milicianas, como forma de "comemorar" o 56º aniversário do golpe Civil-Militar de 1964. Comemorar um golpe com outro seria a glória e faria Bolsonaro entrar para o panteão do autoritarismo, passaria a ser respeitado pela extrema direita mundo afora, não seria mais a vergonha do clube dos governantes fascistas. Quem terá tido ideia tão brilhante? Weintraub? Regina Duarte? Damares? Olavo de Carvalho?

Mas, estulto como ele só, Bolsonaro acha que assim entrará para a história de forma positiva. Certo, golpistas/ditadores costumam entrar para a história, mas lambuzados de sangue, tal qual Carlos Alberto Brilhante Ustra, herói do presidente. Bolsonaro tem a certeza dos ditadores tupiniquins que se lançavam nas empreitadas autoritárias por contarem com o atemporal conglomerados golpista e os vários setores de uma sociedade que nunca soube o que é viver numa democracia.

Surpreende o estranhamento nas redes sociais com a articulação bolsonariana para uma quartelada que viria junto com as aguas de março. Surpreso mesmo ficaria se o presidente estivesse lutando para salvar os poucos procedimentos democráticos que ainda nos resta, afinal de contas Bolsonaro, assim como Hitler, subiu ao poder para acabar com a democracia, não para tornar sólidos os seus pilares.


Desde a sua posse, Bolsonaro atenta diariamente contra a democracia das mais variadas formas. E o que já foi feito? Nada. Democraticamente, nada! Chama atenção que o presidente convoque a população para ir às ruas pedir o fechamento do Congresso Nacional. É o poder executivo querendo se livrar do poder que deve, constitucionalmente, fiscalizar seus atos. Interessa ver que alguns deputados e senadores, a maioria do PSL, manifestem apoio a mobilização golpista. Ou seja, pedem para que seus mandatos, conquistados nas urnas, sejam cassados. O Brasil não é para experts, muito menos para principiantes.

Revolta o comportamento da elite empresarial, de setores da mídia, do judiciário e da maioria dos partidos políticos que nada fazem diante das articulações golpistas já que, para eles, importa mesmo é a “agenda do Guedes”. Eliane Brum afirma em seu último artigo, O golpe de Bolsonaro está em curso, no El Pais que: “... parte do empresariado nacional não se importa com a democracia e a proteção dos direitos básicos desde que seus negócios, que chamam de ‘economia’, sigam dando lucro”. Marx já dizia no “18 Brumário” que a burguesia aceita perder alguns dedos de uma de suas mãos (liberdade) desde que não perca a bolsa (poder econômico).

Uma das imagens utilizadas pelos golpistas é a do General Heleno, fardado, com a mensagem “foda-se” em primeiro plano. Ele havia dito na semana que antecedeu o carnaval que “nós não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. Foda-se!”. Heleno faz, hoje, o papel do General Mourão em 1964, que botou a tropa na rua para depor João Goulart. Desconheço se Mourão deu, em algum momento, um “foda-se” para o Brasil, mas foi exatamente isso que nos aconteceu nos 21 anos de ditadura militar que agora Bolsonaro que reinstituir.