domingo, 4 de maio de 2025

Minha bandeira não será o que ela nunca foi


        Polêmicas são como músicas, existem as boas e as ruins. Mas, isso é subjetivo e eu não vou cansar ninguém com minhas idiossincrasias, mesmo que não resista a uma polêmica. Essa contenda de se a camisa da seleção da CBF deve ser vermelha é considerável.

Devo dizer que não torço mais pela seleção desde o final dos anos 1990. É que ela deixou de ser brasileira ao ser “adquirida” pela CBF que chafurda num charco infestado por “Bichos Escrotos”, como diriam os Titãs. O uso da seleção para a exploração de um nacionalismo (estúpido) me tornou um apátrida futebolístico. “Ainda bem que eu sou Flamengo”, diria Djavan.

Não me importa se a cor da camisa da seleção vai ser verde, amarela, azul, vermelha, terracota, âmbar, fúcsia ou a do burro quando foge. Mas, pondero que o rubro tem relevância singular para ser banalizado numa camisa símbolo da extremosa destra nazifascista.

Gostemos ou não disso, e eu não gosto, o amarelo foi sequestrado pela extremosa bolsonarista. Como a sociedade resolveu não pagar o resgate, para ter o amarelo de volta, pois sofre de síndrome de Estocolmo, i.e., têm sentimentos positivos em relação ao sequestrador, que fique com o amarelo e faça dele péssimo proveito.

O que importa não é a camisa da seleção, que de tão desmoralizada não consegue contratar um técnico de respeito na Europa. Convém falarmos da bandeira nacional, pois ela segue emprestando o tal amarelo à seleção. O que deve ser discutido é a simbologia de nossa bandeira com tantas cores, estrelas e com aquele frase pavorosa. 

Esqueçam a baboseira de que o “verde são as matas e o amarelo é o sol”, pois essas eram as cores da monarquia portuguesa que dominou o Brasil por 4 séculos. O verde era a cor dos Bragança e o amarelo dos Habsburgo da Imperatriz Leopoldina. Já o azul não representava céus e rios e sim a esfera armilar, símbolo da navegação portuguesa.

A questão é: porque, quando do golpe de Estado que depôs Pedro II e proclamou a República, se manteve símbolos da monarquia na bandeira, mesmo que o brasão dos Bragança tenha sido substituído pelo desafamado “Ordem e Progresso”. Na verdade, o mote era: "O Amor por princípio. A Ordem por base. O Progresso por fim". Não colocaram o amor na bandeira, pois estavam implantando uma “ditadura positivista” como dizia Benjamin Constant. Além do mais, o que elite queria mesmo, ainda quer, era manter a ordem e promover o progresso. Para ela, claro!

O fato é que cultuamos uma farsa! Nossa bandeira referencia uma monarquia e um ideal tosco, que lastreou ditaduras em nossa época republicana, além de ser o símbolo maior de um movimento reacionário, conservador, autoritário, golpista e simpático ao nazifascismo. O que temos que fazer é retirar esse amarelo monárquico\positivista\bolsonarista de nossa bandeira.

Precisamos adotar cores que nos representem. E, por favor, não proponham a cor da pele da classe dominante que nos colonizou, pois o branco eurocentrista é a cor da paz que a elite escravocrata desse país sempre buscou. Que tal adotarmos o preto em nossa bandeira e na camisa da seleção, a cor da pele dos povos que foram aqui escravizados e que representa a dor e a beleza do que fomos e somos?


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