Polêmicas são como músicas, existem as boas e as ruins. Mas, isso é
subjetivo e eu não vou cansar ninguém com minhas idiossincrasias, mesmo que não
resista a uma polêmica. Essa contenda de se a camisa da seleção da CBF deve ser
vermelha é considerável.
Devo dizer que não torço mais pela seleção desde o final dos anos
1990. É que ela deixou de ser brasileira ao ser “adquirida” pela CBF que
chafurda num charco infestado por “Bichos Escrotos”, como diriam os Titãs. O
uso da seleção para a exploração de um nacionalismo (estúpido) me tornou um apátrida
futebolístico. “Ainda bem que eu sou Flamengo”, diria Djavan.
Não me importa se a cor da camisa da seleção vai ser verde, amarela,
azul, vermelha, terracota, âmbar, fúcsia ou a do burro quando foge. Mas, pondero
que o rubro tem relevância singular para ser banalizado numa camisa símbolo da
extremosa destra nazifascista.
Gostemos ou não disso, e eu não gosto, o amarelo foi sequestrado
pela extremosa bolsonarista. Como a sociedade resolveu não pagar o resgate, para
ter o amarelo de volta, pois sofre de síndrome de Estocolmo, i.e., têm sentimentos
positivos em relação ao sequestrador, que fique com o amarelo e faça dele péssimo
proveito.
O que importa não é a camisa da seleção, que de tão desmoralizada não consegue contratar um técnico de respeito na Europa. Convém falarmos da bandeira nacional, pois ela segue emprestando o tal amarelo à seleção. O que deve ser discutido é a simbologia de nossa bandeira com tantas cores, estrelas e com aquele frase pavorosa.
Esqueçam a baboseira de que o “verde são as matas e o amarelo é o sol”, pois essas eram as cores da monarquia portuguesa que dominou o Brasil por 4 séculos. O verde era a cor dos Bragança e o amarelo dos Habsburgo da Imperatriz Leopoldina. Já o azul não representava céus e rios e sim a esfera armilar, símbolo da navegação portuguesa.
A questão é: porque, quando do golpe de Estado que depôs Pedro II e
proclamou a República, se manteve símbolos da monarquia na bandeira, mesmo que o
brasão dos Bragança tenha sido substituído pelo desafamado “Ordem e Progresso”.
Na verdade, o mote era: "O Amor por princípio. A Ordem por base. O Progresso
por fim". Não colocaram o amor na bandeira, pois estavam implantando uma “ditadura
positivista” como dizia Benjamin Constant. Além do mais, o que elite queria mesmo,
ainda quer, era manter a ordem e promover o progresso. Para ela, claro!
O fato é que cultuamos uma farsa! Nossa bandeira referencia uma
monarquia e um ideal tosco, que lastreou ditaduras em nossa época republicana,
além de ser o símbolo maior de um movimento reacionário, conservador, autoritário,
golpista e simpático ao nazifascismo. O que temos que fazer é retirar esse amarelo
monárquico\positivista\bolsonarista de nossa bandeira.
Precisamos adotar cores que nos representem. E, por favor, não
proponham a cor da pele da classe dominante que nos colonizou, pois o branco eurocentrista
é a cor da paz que a elite escravocrata desse país sempre buscou. Que tal adotarmos
o preto em nossa bandeira e na camisa da seleção, a cor da pele dos povos que
foram aqui escravizados e que representa a dor e a beleza do que fomos e somos?