segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Amigos, não duvidem, nossa luta é contra o fascismo!


Esse texto é para você que enfrenta alguns dramas de consciência para votar em Fernando Haddad no 2º turno da eleição presidencial. Ele é, também, para aquele seu amigo que está “medinho” de votar no PT. Gostaria de lembrar que as pessoas passaram uma vida inteira votando alegremente nos Cássio Cunha Lima, ACM, Sarney, Maluf, e na “catrevagem” política de sempre. Agora, que chegou a hora de se posicionar ante a ameaça do fascismo, votando num partido de esquerda, apresentam dramas existenciais e de consciência.

A questão agora é a LUTA CONTRA O FASCISMO. O resto é de bem menor importância. Votei em Haddad no 1º turno, farei o mesmo no dia 28/10, claro! E digo a vocês que não sinto nenhum desconforto em votar no PT, pois é o instrumento que temos no momento contra o fascismo. Ciro Gomes é também um instrumento desse tipo, espero que ele entenda isso e se posicione logo da forma mais clara possível.  Fui e sigo sendo muito crítico ao PT e ao comportamento político da esquerda brasileiro em relação, por exemplo, a democracia. Até escrevi um livro sobre isso, como vocês bem sabem...
No entanto, não conheço outro setor do espectro político nacional que, hoje, possa ser o vetor contra o FASCISMO. Assim, vamos à luta contra o mal maior votando em HADDAD e tentando convencer pessoas a fazerem o mesmo. Alguns, que votaram em Ciro Gomes no 1º turno, dizem não se sentir à vontade para votar no PT, por causa dos “escândalos” e porque depois de “tantos anos o PT não mudou nada”, mesmo que abominem a ideia de votar no Inominável. Já me disseram pretender anular o voto no 2º turno, mesmo torcendo para que “a democracia sobreviva”. Inclusive, ouvi muita gente até a semana passada dizendo que votaria em Ciro Gomes por ter se “decepcionado com o PT”. Certo, compreendo isso tudo, mas essa neutralidade poderá nos custar muito caro! Não espere aliviar sua consciência ficando neutro. Se é para pensar em consciência, fico com a minha pesada, mas lutando contra o fascismo! Por favor, tente analisar as coisas fugindo do falso dilema (dos escândalos) proposto pela Conglomerado Golpista. A democracia só vai sobreviver se os que são favoráveis a ela demonstrarem isso claramente, como fez o povo nordestino no 1º turno que consagrou Fernando Haddad nas urnas.

Infelizmente, hoje temos dois caminhos apenas: ou bem se é contra o fascismo, e a favor da democracia, ou se é a favor do fascismo e tudo aquilo que de pior a humanidade logrou fazer. Hoje a questão é votar em Haddad, sem dramas de consciência. Deixemos isso para a classe média e/ou a direita, dita liberal, cheia de (falsos) pruridos, que não sabe se sai ou fica dentro do armário obscuro recheado de preconceitos, mitos, questões morais e os valores dos “homens de bem”. Vamos à luta, pois foi duvidando do caminho a seguir que o povo alemão se deixou levar pelo nazismo.

sábado, 6 de outubro de 2018

O que ainda consigo dizer

Antes de analisar o debate da quinta-feira (04/10/18) entre os candidatos à presidente, na Rede Globo, de falar das pesquisas e do que ainda espero para este 1º turno, preciso lembrar da premissa do nosso momento e da tolerância, algo que nos falta em abundância. Vamos ao fato inicial de onde parte toda questão. Nas democracias, eleição é condição necessária, porém insuficiente. No Brasil, a eleição 2018 aprofunda um projeto de Estado e de sociedade desigual, onde liberdade caminha para ser um bem de poucos, e fascismo, neoliberalismo, neopentecostalismo e conservadorismos reacionários se unem para governar. Não esquecendo que o conglomerado golpista (tendo PSDB, MDB, Judiciário e a velha mídia à frente) se utiliza dessa eleição como o inseto que se viciou em inseticida.  
A mãe de todos os paradoxos, que norteia a ação política de muito brasileiros, é a que se utiliza de procedimentos democráticos (liberdade de expressão) para fulminar a democracia e implantar um regime ditatorial. É por isso que parte da população quer abancar no governo um tirano medíocre (que foge do debate como ele próprio fugiria da cruz) que trabalha como a formiga, por causa do longo inverno, para acabar com os, pouco é bem verdade, vestígios de democracia que temos.
Concordo os que dizem que é a disseminação da intolerância e do ódio, como estratégia política, que mina a vida democrática do país. O filósofo Karl Popper dizia que: "Tolerância ilimitada culminará no desaparecimento da tolerância, pois se a tolerância ilimitada for estendida aos intolerantes, os tolerantes serão destruídos”. Confuso? Nem tanto. Mas, isso é mesmo algo sensível. Assista ao filme “Operação Final”, de Chris Weitz, e veja que você mesmo vai terminar defendendo tolerância zero aos intolerantes. O filme conta a ação de um comando do Mossad que sequestrou o arquiteto da solução final nazista, Adolf Eichmann, na Argentina e o levou para ser julgado, condenado e executado em Israel.
Foi usando procedimentos democráticos que o Partido Nazista subiu ao poder. É fazendo o mesmo que fascistas brasileiros querem governar. Quem não lembra dos “camisas verde-amarela” usando a liberdade de expressão para pedir o fim da democracia? Nos EUA os “Alt-Right” (movimento ultraconservador, supremacista, nacionalista, que reúne neonazistas, neo-confederados e a Ku Klux Klan) usam direitos consagrados na Constituição para fazerem sua pregação antidemocrática e pró-fascista. Mas, não é isso mesmo que acontece no Brasil?
Os tolerantes devem se unir em torno de uma candidatura comprometida com a tolerância, pois nosso futuro, e o de nossas crianças, está em questão, mesmo que o passado seja tão comprometido pelo autoritarismo. Se os intolerantes vencerem vão, não duvide, perseguir os tolerantes, pois a primeira coisa que farão será acabar com a liberdade de expressão. Não se trata do projeto desse ou daquele político, ou do ódio que você pensa que sente a um partido e/ou projeto político. A NOSSA LUTA AGORA É CONTRA O FASCISMO! Precisamos tratar da união republicana, democrática, humanista, progressista, contra o mal maior. Você consegue imaginar como estará o Brasil daqui a dez anos depois de uns dois governos do Inominável? Como conheço bem nossa história republicana, mais especificamente o período da ditadura militar, imagino que estaremos mal, muito mal.
Falemos do debate que teve um William Bonner cheio de mesuras que ria de seus erros e gafes, querendo nos convencer que toda aquela simpatia é verdadeira. Nem parecia o Bonner autocrático, irascível, neurastênico, das entrevistas com cada um dos candidatos. Álvaro Dias tomou whisky com uns dois comprimidos de Rivotril. Trôpego, não concatenava pensamento/fala. Após tentativas patéticas de se fazer engraçado mereceu reprimenda do professor Haddad e voltou a insistir na corrupção como se fosse um homem puro. Marina Silva tomou uma infusão de ervas, trazidas das profundezas da Floresta Amazônica para seguir sendo Mariana Silva, só que em ebulição. Marina se confunde ao supor que sua revoltazinha amestrada vai convencer o eleitorado de alguma coisa.
Geraldo Alckmin, o “santo” da Odebrecht, tomou chá de óleo de peroba para lustrar seu discurso cara-de-pau. Ele teve a desfaçatez de dizer que a reforma trabalhista não mexeu nos direitos do trabalhador. Fosse viva minha avó e teria dito: “esse coisa tá om o cão no couro!”. Meirelles tomou 1/2 comprimido da caixa de Rivotril de Álvaro Dias. Se comportava como se estivesse numa reunião com os técnicos do Banco Central. Seu discurso tecnoburocrata faz lembrar Delfim Netto justificando a necessidade de o governo militar decretar o AI-5. Ciro Gomes tomou chá de Camomila com Maracujina. Nunca o vi tão zen-budista. Mas, notícias dão conta que, nos camarins da Vênus Plantinada, o Ciro “cabra-macho-do-Nordeste” apareceu célere. Ciro foi muito bom nos ataques a Bolsonaro e foi bem na estratégia de fazer o caminho de volta ao PT, mirando o 2º turno. No entanto, não entendo que cálculo é esse que o mostra ganhando a eleição no 2º turno, mesmo que todas as pesquisas mostrem que ele não vai ao 2º turno. Alguém explica?
Boulos, disparado o melhor de toda eleição, não tomou nada, mas deu à audiência o chá da verdade ao falar da ditadura militar. Boulos foi brilhante ao perguntar a Alckmin porque a turma dele só “corta nos direitos do povo, nunca nos privilégios da elite”. Haddad não tomou nada. É que o líquido misterioso que sua mãe colocava em sua mamadeira segue fazendo efeito - vai ter calma assim lá na .... USP. Haddad é aquele professor paciente, que dá aulas sentado de pernas cruzadas, calmo com um hipopótamo meditando. O que, diga-se, é tudo o que mais precisamos quando o ódio é o capital do povo brasileiro. Haddad teve ótima participação no debate. Seguro, bateu nos momentos certo, mas do seu jeito.
Antes do debate muito se falou num bloco ALCIRINA (Alckmin + Ciro + Marina), mas o que vai rolar mesmo é o bloco BOUCIDDAD (Boulos + Ciro + Haddad). Isso se conclui, depois do debate, pela dobradinha entre Boulos e Haddad e com Ciro tendo um comportamento republicano e democrático. A “direitosa” extrema pira com essas coisas! Para votar temos que ter claro que o crescimento do Inominável se dá pelo enfraquecimento, e falta de reação, dos outros candidatos da direita. Claro, a ofensiva dos setores neopentecostalistas, com Edir Macedo à frente, carreou muitos votos para a alegoria fascista nos últimos dias. Mas, não esqueçam que o “mito” não é favorito para ganhar no 2º turno. Haddad é o segundo colocado nas pesquisas e aparece nelas ganhando no 2º turno. 
No 2º turno o Infame não poderá se esconder, em algum momento ele vai ter que aparecer para seus próprios eleitores. Estou muito ansioso para um debate entre Haddad, com seu conhecimento e sua sensibilidade, e o Ignóbil, com tudo aquilo que sabemos que ele não tem. O Execrável ganha votos por causa, também, de setores do conglomerado golpista que abandonaram suas candidaturas para se atarem ao fascismo. Veja o caso do PSDB paraibano. O senador Cássio Cunha Lima, e o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, mandaram às favas os escrúpulos de consciência e abraçaram a postulação da extrema direita. No futuro serão chamados pela sociedade para explicarem suas escolhas atuais.
No entanto, é assim mesmo. A direita, dita liberal, que não quer ser chamada de fascista, não pestaneja em abrir mão de suas fantasias democráticas para proteger seus interesses mais comezinhos. Como diria Karl Marx, “perde uma mão, mas não perde a bolsa”. Sensato seria abrir mão do tal discurso dos “dois extremos”. A balela de que Haddad e o Abjeto são iguais por serem extremos. Discurso confortável para quem não quer assumir sua condição política e ideológica. Para esse dilema, dou uma sugestão: faça sua escolha e tente viver bem com ela, não esquecendo de assumi-la para o bem e para o mal. 
Temos duas opções. Uma, é a defesa da democracia, da liberdade e do desenvolvimento social. Outra, nos fará  andar para trás com uma venda nos olhos. Escolha a sua, mas não seja egoísta, não pense apenas em si mesmo, pense em seus filhos e nas pessoas que você ama. Temos, neste 1º turno, uma das batalhas dessa guerra que precisamos travar contra o fascismo. Essa eleição é a mais importante das que tivemos até hoje, pois significa a volta ao caminho da construção de uma sociedade mais justa, menos desigual. Ganhar esta eleição significa acumular forças para as próximas batalhas, até porque ainda teremos que lutar muito para garantir que o resultado das urnas seja respeitado.
Outubro - 2018