segunda-feira, 13 de abril de 2020

“LIVROS, DISCOS E FILMES QUE FIZERAM MINHA CABEÇA”


No Brasil vale a regra do “nada é tão ruim que não possa piorar”. Hoje ela foi elevada a potência máxima com Moraes Moreira indo morar no céu dos grandes músicos. Belchior deve ter ido receber Moraes na entrada desse céu que não é para qualquer um. Renato Russo já dizia "é tão estranho, os bons morrem cedo".

Fui atrás dos meus dois vinis com aquela batida única, tão típica dos Novos Baianos, com a energia que só Moraes Moreira tinha. “Bazar Brasileiro” (Ariola, 1980) traz um Moraes Moreira já madura, com composições e arranjos bem feitos resultados dos anos em cima dos trios elétricos baianos. E tenho uma raridade, em vinil claro. Trata-se de Elba Ramalho, Toquinho e Moraes Moreira ao vivo no XV Festival de Montreux (Ariola, 1981). Moraes canta "Bateu no Paladar", "Davililença" e "Forró do ABC" - clássicos da MPB raiz.

Moraes é do tempo em que a gente tirava o "pezinho do chão e jogava a mãozinha para cima" sem precisar que o cantor pedisse, do Trio Elétrico de verdade, sem cordão de isolamento nem abadá. Moraes Moreira vem lá de trás, do tempo do NOVOS BAIANOS com Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulino Boca de Cantor, Galvão, Dadi, etc. Foram eles que pegaram a Tropicália, Bossa Nova, Rock, Samba, Forró, além do psicodelismo, e juntaram tudo num pacote conhecido como a música dos Novos Baianos. Quer entender bem isso? Ouça já “Acabou Chorare”. Isso tudo fez, no melhor dos sentidos, a minha cabeça.