segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Sou brasileiro, sem orgulho e sem amor!

Resolvi republicar este artigo após ver Ronaldo, que já foi um fenômeno, e jogadores da Seleção da CBF que está no Qatar, competindo sabe-se lá pelo que, comendo carne polvilhada com ouro em pó. Isso mesmo, eles não comeram carne temperada com sal e pimenta, como é normal. Enquanto no país desses moços, embevecidos pela “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, milhões morrem de fome, sem poder sequer comer pele de frango, eles se divertem comendo ouro. Definitivamente, não dá mais para torcer por esse ... time!

 

Sou brasileiro, sem orgulho e sem amor! 

Copa do Mundo na Rússia, quinta-feira, 21 de junho de 2018. Estou em Campina Grande, numa praça de alimentação de um shopping Center (por que não digo centro de compras?!), assistindo a Croácia dar um chocolate na Argentina. Não torço pela Argentina, isso é coisa de futebol, como não consigo torcer pelo Vasco, Palmeiras e Treze.

O narrador Global fala "no amor pela nossa seleção" e os comerciais mostram um Brasil que não existe mais, insistindo num ufanismo “pachequista” de quando “Seleção Brasileira”, Ditadura Militar e Rede Globo tinha tudo haver. Pessoas passam com camisas de times de futebol (estou com uma rubro-negra da Raposa do Nordeste) e de seleções como Argentina, Portugal e Espanha. A camisa dos portugueses é tão bonita que até quis adquirir uma. Mas, se me recuso a usar a camisa do meu país, por que vestiria a da nação que nos impôs um sistema escravocrata que nos legou este presente horroroso que temos?

Um funcionário de uma loja, desse centro de compras onde estou, me disse que em uma manhã vendeu três camisas da Argentina e uma de Portugal. Perguntei quantas da Seleção da CBF foram vendidas. Nenhuma! Isso mesmo, quatro camisas de seleções adversárias do Brasil foram vendidas enquanto não se comprou uma mísera camisa amarela. O brasileiro parece não amar mais a Seleção como quer o galvanizado narrador da emissora que tem tudo haver com o estado de coisas lastimável em que vivemos.

À minha volta, “técnicos do Brasil” insistem nas estultices de sempre. Muitos não sabem que Danilo, Fernandinho, Felipe Luís e Alisson jogam nessa Seleção. São os que acham que “seleção é Neymar + dez, que não jogam porra nenhuma porque só pensam em dinheiro”, que só veem os jogos pela TV Globo, narrados por Galvão Bueno, e que Neymar é “um menino querendo se divertir”. Para mim, Neymar é mais um bom jogador, de caráter duvidoso, que se pretende pop star. Neymar só seria um ídolo se jogasse como Zico, Sócrates, Falcão. A seleção de 2018 só tem um craque, naquela de 1982 tinha dez!

Em Brasileiro pode sim não torcer na Copa, Marcelo Rubens Paiva diz: “É justa a decepção com a Seleção. Pode sim não torcer na Copa. É justo não se identificar com os heróis da ostentação, comandados por dirigentes corruptos. É um direito dizer “sou brasileiro, sem orgulho”, trata-se de um país retrógrado e conservador em direitos fundamentais, em que teses progressistas são barradas por uma classe política não laica”.

Vendo o mundo em minha volta, enquanto a Copa passa no telão, lembro que faz 94 dias que Marielle Franco foi executada e que ainda não se fez justiça, se é que se fará. Como torcer pela seleção que usa o símbolo do golpe que destituiu uma presidente eleita? Golpe este que instituiu um sistema que mescla procedimentos democráticos com entulhos autoritários, legados pelo Regime Militar, e que pôs no poder uma quadrilha formada pelo que de pior uma sociedade, forjada num sistema de exploração e violência, pôde formar.

Não posso torcer alienadamente pela seleção da CBF enquanto um ex-presidente está há 70 dias preso, condenado que foi, sem provas, a partir das convicções de um juiz de frágil instância e nenhum caráter. Lamento, não posso vestir as mesmas cores usadas para pôr fim a uma série de direitos sociais que conquistamos lenta e penosamente.

Vestir uma camisa amarela me fará sentir igual aos estúpidos que, lá na Rússia, se comportam como um bando de trogloditas que veem uma mulher como ser inferior que só interessaria por, supostamente, ter sua vagina de uma determinada cor. Não, verde-amarelo nunca mais! Meu coração é vermelho, como já dizia o poeta.

Sinto um profundo pesar quando lembro que muitos dos que torcem ardorosamente por esta seleção são os que, na abertura da Copa de 2014 em São Paulo, mandaram a Presidente Dilma Rousseff TNC. São os que bateram panelas para pedir o impeachment de Dilma e que querem intervenção e ditadura militar. O verde-amarelo ficou indelevelmente identificado com o golpismo reacionário dos “coxinhas-manifestoches!”.

Por favor, não exijam o que não posso dar. Não vestirei uma camisa verde-amarela para torcer. Sim, estou assistindo aos jogos da seleção da CBF, mas ainda não consegui vibrar. Ainda não pude comemorar uma vitória sequer, mesmo que tenha achado lindo o gol de Paulino, contra a Sérvia, com aquele lançamento primoroso de Philippe Coutinho.

Torcerei contra o Brasil? Vestirei uma camisa da Argentina em sinal de protesto? Não, nada disso! Para mim, o futebol é algo que transcende tudo isso. Amo o futebol e assisto a Copa como se fosse o maior espetáculo da terra. Mas, nesta Copa não tenho nada para comemorar, muito menos do que me ufanar. Sou brasileiro, mas sem nenhum orgulho e sem nenhum amor. (Junho/2018)

 

PS: Nunca me diverti tanto assistindo jogos de uma Copa do Mundo, como agora com essa do Qatar. Achava, e agora tenho certeza, como é bom torcer, vibrar e se emocionar pelo e com o futebol, sem o compromisso de ser nacional, sem ter que defender certas cores. Não torço mais pela Seleção da CBF e por nenhuma outra. Torço, isto sim, pelo futebol bem jogado e por seus grandes craques, como Kylian Mbappé, Lionel Messi, Robert Lewandowski, Harry Kane e ..., certo, torço para que Vini Jr e Richarlyson sejam grandes não só dentro, como fora de campo também.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

DO QUE AINDA POSSO FALAR

 



Este DO QUE AINDA POSSO FALAR é para você que acha que a eleição de Jail Bozo em 18 foi ruim, mas pelo menos nos livramos do PT. É também para quem acha que ficar à frente de um quartel pedindo golpe de estado é um direito.  Enfim, hoje eu quero que você reflita, para melhorar.

A primeira coisa que eu quero é te pedir para não se esconder atrás do biombo da ingenuidade ou da falta de conhecimento. Se você foi capaz de votar em quem defende estupro, eugenia, escravidão, racismo, homofobia, tortura, nazismo, por favor, seja capaz de enfrentar as consequências e se reposicionar.

Nossa luta é contra o fascismo e pela democracia, por isso elegemos Lula presidente! Gostaria de lembrar a frase de Paulo Freire, que o própria Lula citou na entrevista do Jornal Nacional: “a gente precisa se juntar aos divergentes para vencer os antagônicos”.

Também gostaria que você pudesse se autocriticar para não repetir erros. Quem votou em Collor e não reviu sua posição, terminou votando em Jail Bozo. Não se trata apenas de um engano, pode ser um posicionamento político, ideológico e de classe.

Certo! Eu sei bem que sempre se poderá dizer: “ahh, mas é que eu me enganei com Moro, Dallagnol e Bolsonaro”. Isso pode ser uma muleta, usada por quem não quer assumir a responsabilidade de ter contribuído para chegarmos a este estado de coisas pavoroso que enfrentamos.

No entanto, lembre-se que criminosos de guerra nazistas ou torturadores da ditadura militar costumavam dizer, para justificar seus crimes, que estavam “apenas seguido ordens".  Manter-se na extremoso destra significa seguir nesse processo de desumanização, de nazificação. Então, por favor, refaça seu pensamento. Melhore!

Eu sei que minhas palavras são duras, mas é como dizia Belchior: “ Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve. Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve. Sons, palavras, são navalhas. E eu não posso cantar como convém, sem querer ferir ninguém”.

 

Este foi mais um “DO QUE AINDA POSSO FALAR”



terça-feira, 4 de outubro de 2022

VAMOS À LUTA PORQUE ELA NOS CARACTERIZA!

 

A situação de Lula é melhor do que a de Bolsonaro, que tem que correr para tirar a diferença de mais de 6 milhões de votos que Lula lhe impôs

Publicado no www.brasil247.com.br em 3 de outubro de 2022

  

Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)

 

Alguma coisa em torno da metade de nossa sociedade segue preferindo as trevas, mesmo que o mapa eleitoral do ‘meu país’ chamado Nordeste siga escarlate. O Nordeste votou em peso em Lula neste 1º turno, mas segue dando sua graciosa contribuição para manter o Centrão firme e forte no Congresso Nacional. O nordestino vota em Lula, mas não larga seu coronel de estimação, nem seu político safado, nas eleições estaduais.

A Direita limpinha perdeu a eleição para presidente mas se vê vitoriosa, como em 2014, pois fez bancadas fortes na Câmara e no Senado. Assim, ela se aparelha para barrar reformas e mudanças de um provável\futuro governo de esquerda. Claro, fica bem postada para dar golpes travestidos de impeachment como em 2016. Obviamente, isso não vale para o grã-tucanato paulista que desmilinguiu, massacrado que foi pelo rolo compressor da extrema direita. A mãe de todas as ironias é que deverá ser justamente o PT a jogar a corda que tirará o PSDB de FHC do atoleiro.

O Bolsonarismo prova que pode viver sem Jail Bozo, pois manda ao Senado seu núcleo duro: Damares, Moro, Mourão, Salles, Frias, Pontes et caterva. A extremosa destra se firma porque a sociedade assim o quer. Precisamos entender isso e temos que viver com isso. Nossa ingenuidade faz aniversário ao supormos que extirparemos o bolsonarismo nazificado, de nosso corpo social e político, fazendo uma “festa da democracia” a cada quatro anos. Precisamos entender que não se pode restringir a luta política aos processos eleitorais.

 

Certo, acreditamos nas pesquisas eleitorais. Paciência! Mas, não sejamos tão duros, pois elas  não detectam coisas como compra de votos através do tal orçamento secreto. Eduardo Guimarães afirmou, aqui mesmo no Brasil 247, que “Datafolha previu que Lula teria 50% dos votos válidos e ele teve 48%, dentro da margem de erro de 2 pontos”. Seria bom evitar a velha atitude utilitarista em relação às pesquisas, a de que só as defendo se o resultado for bom para mim, até porque o resultado não é ruim para Lula. Não posso ser condescendente com os equívocos eleitorais do povo brasileiro. Afinal, não foram as pesquisas que erraram. Quem errou feio foi o eleitor que votou no candidato que negou a vacina e o balão de oxigênio ao seu parente que definhava pela COVID.

Temos que entender de onde vieram os votos que fizeram Jail terminar o 1º turno com 43,20% dos votos válidos – um patamar alto considerando que, nas pesquisas, ele esteve sempre bem abaixo disso. A diretora do Datafolha, Luciana Chong, disse que "parte dos eleitores, movidos pelo antipetismo de Ciro Gomes, desistiram dele e escolheram Bolsonaro". Eleitores de Ciro, ensandecidos pelo ódio, acharam que pregariam uma peça em Lula votando em Jail. Mas, isso se voltou contra o próprio Ciro que se desidratou vergonhosamente. Vítima de sua egolatria, Ciro arruinou-se e já está de passagem comprada, não para Paris, mas para o lixo da história.

Arrisco dizer que o voto do bolsonarista velado, aquele que sabe de sua condição, mas tem vergonha de assumi-la, funcionou. Claro, o bolsonarista que anda armado e com a bandeira do Brasil às costas, como se fosse a capa do Batman, também vota, além de fazer muito barulho. O fato é que essa gente precisa ser desarmada, literal e metaforicamente.

Sugiro, ainda, prestarmos atenção ao voto do tal indeciso, aquele ser que nunca sabe se prefere sorvete de chocolate ou morango, se vota num criminoso como Jail Bozo ou num estadista como Lula. Perdido em seus pensamentos,  o indeciso caminha até a urna sem saber o que fazer. O problema é que sendo, em geral, alienado da realidade, termina tomando péssimas decisões.

Mas, por favor, não esqueçamos que VENCEMOS NO 1º TURNO com uma nada desprezível diferença de 6.187.171 votos. Lula teve 48,43% dos votos válidos, ficando dentro da margem de erro que as pesquisas, que agora criticamos, mostravam. Então, VAMOS À LUTA PORQUE ELA NOS CARACTERIZA. Alguma vez vencemos uma eleição sem lutar muito?! Temos motivos para abandonar tudo? CLARO QUE NÃO!

Insisto! Lula ficou na margem de erro das pesquisas. Ficou faltando apenas 1,57% para vencermos já no 1º turno. Breno Altman, também aqui no Brasil 247, nos lembra que em nenhuma outra eleição Lula, Dilma ou Haddad terminaram o 1º turno com mais de 48% dos votos válidos. De fato, em que outra eleição o PT teve mais de 57 milhões de votos no 1º turno? É preciso entender que Lula foi além do patamar, possível para o 1º turno, e que o 2º servirá exatamente para ampliar esse patamar com os apoios que serão muito bem vindos

Aliás, falando em números, temos neste 2º turno quase 10 milhões de votos em disputa. São os votos de Tebet, Ciro e todos os outros. Desses, Lula precisa ganhar algo em torno de 3,5 milhões. A situação de Lula é melhor do que a de Jail que tem que correr para tirar a diferença de mais de 6 milhões de votos que Lula lhe impôs. Aguardemos para ver se Tebet e Thronicke virão mesmo apoiar Lula e se eleitores de Ciro, não adoecidos pelo ódio, entenderam a urgência e a gravidade da situação em torno do 2º turno, pois agora não tem mais 3ª via, não tem meu projeto, nem minha eleição. Agora, temos uma disputa entre civilização e barbárie, entre democracia e ditadura.

domingo, 25 de setembro de 2022

POR QUE JAIL BOZO QUER UM GOLPE 07\09?

 



Veja neste DO QUE AINDA POSSO FALAR que Jail Shame Bozo passou 4 anos de seu desgoverno pedindo golpes de estado porque ele é fruto de uma cultura política ditatorial e porque isso faz parte de sua própria natureza.

O despresidente Jail Bozo vive implorando por um golpe de Estado, estilo AI-5, que o leve a um outro patamar, o de ditador. De fato, sua grande ambição foi sempre se tornar um ditador no nível de um Pinochet ou mesmo de um Hitler.

Para isso, ele contou com a ajuda do setor raivosamente autoritário do Exército e com o ruidoso silêncio de boa parte do Judiciário e do Congresso Nacional. Claro, o gado estrepitoso esteve sempre ao seu lado.

Mas, a situação ficou tão precária que até mesmo a mídia corporativa, e vários setores do cristianismo evangelizado, deixaram de frequentar o cercadinho do Palácio da Alvorada.

Claro, o Partido da Imprensa Golpista, como diria Paulo Henrique Amorim, só se desgarrou de Jail depois dele, literalmente, distribuir bananas para essa imprensa que demorou 35 anos para admitir que apoiou o golpe civil-militar de 1964.

As manifestações fascistas amareladas encolheram, mesmo que o 07/09, ou o dia do orgulho gado como prefiro chamar, siga sendo a data nacional dessa gente que sonha viver sob tacão de um general de 4 estrelas.

Interessante ver que essa patuleia mais raivosa, mais estúpida e disposta a matar, mas não a morrer, por Jail Bozo, segue toda animadinha para promover mais um show de horrores nesse 07 de setembro.

Não tem jeito, o gado segue lépido e fagueiro rumo a linha de corte, é de sua própria natureza. É uma pena que parte de nossa sociedade tenha se submetido a esse papel humilhante. E é de se lamentar que não consigamos fazê-la enxerga a situação em que vive.

Mas, a realidade atropela a tudo e a todos com sua retroescavadeira furiosa. Ditadores como Jail Bozo se acham imunes as intempéries. Coitados, nem se dão conta que, apesar deles, amanhã há de ser outro dia. Jail e sua malta de malfeitores passarão, nós ficaremos.

Este foi mais um “DO QUE AINDA POSSO FALAR”



terça-feira, 20 de setembro de 2022

POR QUE VOTAR EM LULA NO 1º TURNO?

 


Em 1989, eu e meus companheiros trabalhamos muito na campanha de Leonel Brizola. Quando vimos que Lula disputaria o 2º turno contra Collor, colocamos a estrelinha do PT em nossos lenços vermelhos e fomos à luta.

Na época, lutávamos por democracia e por uma sociedade mais justa. Hoje, nossa luta é civilizacional, é contra a barbárie. Lutamos por nossa sobrevivência e por uma existência democrática, livre e sem essa desigualdade pavorosa.

Precisamos vencer essa eleição, e de preferência no 1º turno, pois temos que derrotar o FASCISMO! Precisamos eleger LULA no 1º turno para termos mais força ainda para desfazermos as reformas de Temer e as maldades de Bolsonaro.

Temos que sair fortalecidos dessa eleição pois as próximas lutas serão bastante duras. Vencer no 1º turno significa que não aceitamos a violência imposta pelo bolsonarismo nazificado.

Precisamos vencer no 1º turno para termos paz, pois a campanha da extrema direita se baseia no medo que um pequeno grupo, bem armado, promove contra a sociedade.

Bolsonaro, e sua malta de desordeiros, fazem o diabo para levar a eleição ao 2º turno. Imagina do que não serão capazes de fazer naquelas 3 semanas entre um turno e outro?

Gostaria de pedir a você, eleitor de Ciro Gomes ou Simone Tebet, que atente para o fato de que só Bolsonaro tem chances de ir ao 2º turno contra Lula. Assim, vamos juntos resolver essa parada já no 1º turno sem medo de sermos felizes!



terça-feira, 6 de setembro de 2022

200 anos sem independência e sem democracia

 


(Foto: Arquivo/ABr)

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Mas, não é de se estranhar que justo na Semana da Pátria falemos em coisas como golpe de Estado? É surreal que tenhamos que nos preocupar com a possibilidade do presidente da República, se aproveitando de nossa data nacional, perpetrar um golpe contra as instituições e a própria sociedade, mesmo que estejamos a menos de um mês de uma ... eleição. De fato, desde que tomou posse, Bolsonaro insistiu, diria implorou, por um golpe de Estado, estilo AI-5, para que pudesse se tornar um ditador tal qual Pinochet ou, pior, Hitler.

Há 200 anos nos tornamos “independentes” de Portugal. Não se pode precisar as reais motivações de Pedro I para dar o “Grito da Independência”, mesmo porque nunca soubemos bem o que comemorar, pois os acontecimentos de setembro de 1822 pouco serviram para que nos tornássemos uma nação livre, independente, autônoma, consciente de sua soberania. É que naquele momento ainda discutíamos se realizaríamos um processo que nos tornasse uma República, nos moldes do liberalismo\iluminismo europeu, ou se seguiríamos funcionando como a filial de um império monárquico falido. 

No livro “1822”, Laurentino Gomes nos fala de um censo que apurou que, em 1823, éramos 3 milhões e 961 mil brasileiros. Desses, 1 milhão e 148 mil eram escravos. Como os indígenas não eram considerados nacionais, mas nativos, não foram computados nesse senso. E havia brancos aportuguesados, mulatos, caboclos, cafuzos, enfim tudo o que não era escravo era “homem livre”. Daí que não dá para concluir que a “independência” foi um processo político-social que contou com ampla participação popular, pois escravos e boa parte da população eram destituídos de todo e qualquer vestígio de cidadania. 

A “independência” tinha três objetivos centrais: 1) efetivar um processo que pudesse reorganizar os interesses econômicos e políticos da elite local diante de ingleses e portugueses; 2) barrar os movimentos pró-independência que ocorriam, Brasil afora, desde metade do século XVIII; 3) dar alguma resposta, superficial que fosse, à vaga revolucionária burguesa que espalhou, mundo afora, ideias iluministas, liberais, republicanas, democráticas. A tal independência serviu, fundamentalmente, para frear os movimentos que propunham colocar o Brasil no mesmo caminho de vários outros países latino-americanos. O ato simbolizado no grito colérico de Pedro I foi na verdade um GOLPE DE ESTADO. 

Tivemos um ato de (re)conquista do poder político, através de um concerto, uma espécie de acordo entre alguns setores. Na verdade, o que ocorreu foi um pacto visando restabelecer o poder da monarquia portuguesa em novos parâmetros. Não por acaso a historiadora Lilia Schwarcz nos perguntou em uma de suas redes sociais: “Você já parou para pensar que, depois do 7 de setembro, viramos uma monarquia cercada de repúblicas por todos os lados?”. E é ela mesma que responde: “(...) no resto da América Latina ocorreram revoluções, por aqui apenas uma contra revolução; um golpe das elites que não queriam perder suas propriedades, seus escravizados e o poder que acumulavam”. 

Assim como os movimentos pró-independência de países, como os EUA, tivemos aqui batalhas entre grupos a favor e contra a separação entre colônia e metrópole. E tivemos protestos organizados por setores da elite e das camadas médias, os chamados “homens livres”. Além disso, movimentos como Inconfidência Mineira, Conjura Baiana e Revolução Pernambucana foram sangrentamente derrotados pelo Estado português. 

O “7 de setembro” foi a forma que a elite aportuguesada encontrou de tornar-se independente sem precisar mudar a estrutura política, social e econômica do país. Em “Evolução política do Brasil”, o historiador Caio Prado Jr diz que: “fez-se a independência à revelia do povo, e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem”. Caio Prado diz ainda que a “independência brasileira é fruto bem mais de uma classe que da nação tomada em seu conjunto”. 

A independência foi um ato para barrar de vez um processo que poderia ser até revolucionário. Através de um ato de força, se atendeu demandas de alguns setores e ainda  manteve o povo no lugar de onde ele não deveria sair jamais. E ainda tem a mãe de todos os paradoxos que é o fato de o ato, que tornou o Brasil independente de Portugal, ter sido feito por um português e que ele tenha permanecido no poder, como imperador. 

Naquele 7 de setembro, Pedro I, irritado com as exigências da corte portuguesa e, dizem, por uma terrível dor de barriga, declarou a separação política entre a colônia brasileira e a metrópole portuguesa dando o tal grito. Em 12 de outubro, Pedro de Orléans e Bragança foi aclamado “Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”. Em 1º de dezembro foi coroado pelo bispo do Rio de Janeiro. Iniciava-se, assim, uma história do Brasil como “nação livre” sob a forma de uma monarquia escravocrata. Essa história durou 67 anos e só acabou com a Proclamação da República, em 1889, que também foi um golpe de Estado. Hoje, não damos mínima importância para a versão romantizada de um Pedro I rebelde, às margens do Ipiranga, recebendo correspondências e libertando o Brasil do jugo português. 

Essa independência foi um ato burocrático e administrativo, pois o Brasil precisava da anuência de outras nações para ser reconhecido como tal. Assim, mediante acordos comerciais bastante desfavoráveis ao Brasil, a Inglaterra usou sua armada no Atlântico, seu exército de mercenários e seu poder econômico internacional para garantir nossa independência diante das nações europeias. Mas, essa independência não saiu “de graça”, pois tivemos que pagar dois milhões de libras ao governo inglês, além de arcar com a dívida que Portugal tinha para com os britânicos. 

A independência não foi unanimidade. Províncias como Piauí, Pará e Maranhão, cujos governos foram indicados pela Coroa, se voltaram contra o processo e só o reconheceram depois de longos conflitos. Em 1823 formou-se, através de eleição, uma Assembleia Constituinte para se elaborar a constituição do império. Mas, Pedro I deu mais um golpe e encerrou a constituinte, encomendando a primeira Constituição brasileira ao seu Conselho de Estado. A carta foi outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824 com uma anomalia: ao invés de instituir três poderes, como faziam países inspirados no modelo federativo dos EUA, criou-se quatro poderes. Além do executivo, legislativo e judiciário, havia o poder moderador. Um instrumento que Pedro I usava para subjugar os outros poderes e a própria sociedade. 

O que supomos que estamos comemorando é, sim, nossa data nacional. E tem que ser ela, não existe outra, pois todo país tem que ter uma para chamar de sua. Tem que ter aquele dia para que as pessoas exerçam seu patriotismo. Mas, não nos iludamos. O que celebramos é um ato de força que castrou a participação da sociedade nas coisas da política do país. Talvez seja por isso que tantos digam que não gostam da política.

  

Neste link você pode ver todos os artigos que publiquei no BRASIL 247

https://www.brasil247.com/authors/gilbergues-santos-soares

 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Mas, afinal, quem ganhou o debate?

 www.brasil247.com - Debate na Band

 

Debate na Band (Foto: Reprodução)

 

Sobre a tal pergunta que nunca quer calar (“quem ganhou o debate da Band?”), diria que não sei quem ganhou, mas que sei bem quem perdeu e o quê perdeu. Jail Bozo saiu derrotado ao atacar a jornalista Vera Magalhães e a candidata Simone Tebet. Ao agredir essas mulheres, com toda misoginia e maldade que cabem dentro de si, Jail maltratou todas as mulheres brasileiras e decretou que Simone Tebet e Soraya Thronicke não poderão apoiá-lo num 2º turno bastante provável. Imagine, elas apoiando o candidato que as agrediu vilmente num debate do 1º turno? 

A coordenação da campanha de Jail luta para ganhar votos entre as mulheres que não se declaram de esquerda ou de direita. Foi por isso que trouxeram a primeira dama para o centro da campanha. E o que faz Jail no debate? Ataca as mulheres! Resta a Tebet & Thronicke apoiar Lula num bem provável 2º turno ou cuspirem em suas biografias que mal começam a escrever. 

Prova que Jail perdeu é a pesquisa Datafolha, feita enquanto rolava o debate, mostrando que ele teve a pior avaliação entre indecisos ou que pensam votar em branco. Se o debate é feito para convencer quem ainda não se decidiu, Jail perdeu feio. 

Fala-se que Lula estava muito calmo, que não bateu nos adversários. É que muitos assistem aos debates como quem vê a Fórmula 1, torcendo para ter um acidente envolvendo vários pilotos. Ganha o debate quem consegue converter mais votos dos indecisos e isso só saberemos com pesquisas. Ao contrário da sabatina no Jornal Nacional, Lula não estava num de seus melhores dias. Acontece! Mas, ele acertou em não aceitar chafurdar na lama bolsonarista. Poderia ser melhor, mas Lula fez o jogo correto que é defender o legado dos seus dois governos. 

De tanto ouvir avaliações pessimistas, me senti como se tivesse assistido apenas ao debate entre candidatos à presidência de Saturno. É que eu vi um Lula propositivo. Ouvi bem ele falar da pandemia, do orçamento secreto e de que vai quebrar o sigilo de 100 anos se for eleito. Falou de economia, emprego, fome, educação, saúde e do que se fez em seus governos. 

Na questão da corrupção, Lula fez o que precisa ser feito – mostrar tudo o que seus governos fizeram contra a própria. É que as pessoas parecem querer que Lula fique de joelhos e peça desculpas pelo mensalão. Um dos melhores momentos de Lula foi quando Soraya Thronicke lhe disse que não viu as melhorias que o PT fez no Brasil. Ele respondeu: "a senhora não viu, mas seu motorista e sua empregada doméstica viram". É sobre isso que importa um debate! 

Thronicke parecia apresentar um desses programas da TV aberta onde se investiga a vida íntima das pessoas. Ela me fez lembrar Guilherme Afif Domingos com aquela história do imposto único. Quando um candidato só fala em imposto único é porque não tem coisa melhor para dizer. Felipe D´Avila foi a boçalidade expressa em suas cores mais fortes. Só não perdeu mais do que Jail, porque não tem o que perder. Mas, como Jail, deixou bem claro a quem e porque serve. Execrável! 

Como não tem o que perder, Tebet mandou ver. Seu melhor momento foi quando enfrentou olho no olho a misoginia mal caráter de Jail Bozo. A direita limpinha deve estar bem orgulhosa de sua filha mais nova. Ciro Gomes fez o papel de 5ª coluna de sempre. Foi o que mais explorou as fragilidades de Jail. Seu melhor foi quando disse que Jail corrompeu suas ex-mulheres e seus filhos. Claro, bateu em Lula. A questão é o que fará Ciro no 2º turno? Apoiará Lula, Jail ou irá para Paris?

Neste link você vê todos os artigos que publiquei no www.brasil247.com/authors/gilbergues-santos-soares

 

domingo, 28 de agosto de 2022

Veja neste DO QUE AINDA POSSO FALAR que William Bonner NÃO deu a prometida goleada em Jail Bozo e ainda levou um 7X1 de Lula. O fato é que a ida de Lula ao Jornal Nacional segue repercutindo e nós não podemos esquecer que ainda temos um longo setembro pela frente.

  

A exibição de gala de Lula no Jornal Nacional me fez lembrar o direito de resposta que Leonel Brizola obteve contra a Rede Globo em 1992. Pois é, os adversários da Globo só aparecem no Jornal Nacional se for para serem atacados, se forem candidatos a presidente ou se entrarem na justiça. Aliás, você pode ver a histórica resposta de Brizola neste link (5606) Direito de Resposta Brizola x Globo - YouTubeAo contrário de tantas outras eleições, a grande estrela da sabatina do Jornal Nacional não foi William Bonner, que sucumbiu diante da experiência, sagacidade e inteligência de Lula. É que Bonner não entende o quanto ele fica pequeninho diante da grandeza de um Lula que sobreviveu a todos os tipos de violência. Bonner não entende o tamanho do caboclo presidente. A sabatina começou tensa pois era a Rede Globo recebendo seu maior e melhor adversário e porque era Lula voltando aos domínios dos irmãos Marinho depois da Lava Jato e das trapaças de Sérgio Moro, do Golpe de 2016, da prisão de Lula e da eleição de Jail Bozo. Eventos que, como bem sabemos, contaram com o auxílio luxuoso da vênus platinada. A primeira questão foi, claro, corrupção. Pois não é que Bonner teve a pachorra de dizer: “O STF lhe deu razão, considerou Sergio Moro parcial e anulou as condenações. Portanto, o Senhor não deve nada à justiça”. Essa é a Globo, arrogante e prepotente, se comportando como a palmatória do Brasil. Passou anos condenando Lula sem provas, agora vem com a maior cara de pau dizer: “o Senhor não deve nada à justiça”. Na verdade, Bonner deveria ter começado pedindo desculpas a Lula por todas as maldades praticadas com ele. Lula foi seminal, e ao mesmo tempo preciso, quando, para explicar a aliança com Geraldo Alckmin, citou uma frase de Paulo Freire: “a gente precisa estar junto dos divergentes para vencer os antagônicos”. Lula estava se referindo ao fascismo, que é nosso verdadeiro inimigo. Lula falou de Dilma, com a admiração de sempre. Defendeu o MST, corrigindo um equívoco de Renata Vasconcelos, e mostrou a relevância do movimento para o país. O que foi preparado para ser uma forma de atacar, virou motivo para Lula mostrar como seus governos foram infinitamente melhores do que temos hoje. As metáforas futebolísticas de Lula, se referindo a um jogo do dia anterior, serviram para que se entenda que, sim, no futebol, como na política, é sempre “nós contra eles”; mesmo que essa oposição tenha que ser democrática. Eu me emocionei com um Lula altivo, corajoso, generoso. A fala dele me encheu de esperança e, acreditem, senti até algum orgulho de ser brasileiro. Se você não assistiu a entrevista e\ou está em dúvida em quem votar, sugiro vê-la “sem medo de ser, sem medo de ser, sem medo de ser feliz!”.

 Este foi mais um “DO QUE AINDA POSSO FALAR”

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

DO QUE AINDA POSSO FALAR - JAIL MENTE QUE NEM SENTE!



Veja neste DO QUE AINDA POSSO FALAR que o “despresidente” Jail Bozo passou 40 minutos, no Jornal Nacional, MENTINDO como se não houvesse amanhã. Veja, também, que na peleja entre a Vênus Platinada e o bolsonarismo nazificado venceu o psicoterapeuta de Jail.

Sobre essa sabatina quero logo dizer que perdi bastante tempo de minha vida noturna que tanto preso. É que ver e ouvir Jail Bozo, por longos 40 minutos, é um martírio com requintes de crueldade. Na verdade, tanto Jail como a Rede Globo ganharam. Calma, eu vou explicar. Ganhou a Globo porque fez lá seu papel de defensora da democracia, para que esqueçamos que ela apoiou a Lava Jato e as bandalheiras de Sérgio Moro, o Golpe de 2016 e a prisão de Lula, e que deu sua contribuição para a eleição de Jail em 2018. Aliás, sempre que vejo a Globo defendendo a democracia, lembro de Leonel Brizola que dizia para suspeitarmos da Globo até quando ela está sendo boazinha.

Eu não posso afirmar que Jail meteu um 7x1 em Williann Bonner, mas a peleja foi um tanto quanto boa para ele. Não deixa de ser uma vitória para Jail ter conseguido passar 40 minutos sendo confrontado sem se destrambelhar todo. Afinal, por muito menos, ele já chamou um ministro do STF de “filho de um puto”.

Se isso vai se converter em votos para Jail só saberemos com as pesquisas. Eu aqui, com meus botões virtuais, acho que Jail saiu do JN do jeito que entrou. Não ganhou votos porque estava muito manso, aos olhos do gado bolsonarizado, e porque mentiu como se não houvesse amanhã. Minha filha, com uma japonesa capacidade de sintetize, cravou: “ Não ganhou e nem perdeu nenhum voto”.

De fato, estivesse Jail fantasiado de Napoleão Bonaparte e ainda assim seus bovinos 30% aplaudiriam. Claro, quem esperava, como eu, ver um Bonner peitando Jail, como se fosse um Roberto Marinho redivivo, se decepcionou. Mas, lembremos de Brizola, da Globo tudo se espera!

Eu conversei com uma historiadora e uma psicóloga e elas me fizeram perceber que a presença de Renata Vasconcelos era o que mais ameaçava Jail por ele ser MISÓGINO, aquele sentimento de repulsa e/ou aversão às mulheres que o “despresidente” carrega pela vida afora. A historiadora disse que “não sabe quem deu Rivotril para Jail, mas que ele cumpriu o papel a que se prestou”. Ela percebeu que Jail “foi bem no campo das maldades e das mentiras, que teve equilíbrio para distorcer fatos e foi cínico o suficiente para fugir das polêmicas” e que “devido a sua misoginia, buscou desqualificar a fala de uma mulher inteligente como Renata Vasconcelos”.

A psicóloga disse que Jail “saiu melhor do que a encomenda, pois teve muito tempo para fazer sua narrativa”. Ela notou que ele foi “superficial, raso e convincente pra quem nele acredita” e disse que “o monstro que habita nele se fez presente quando passou a movimentar as mãos, sem controlar a irritação”. Foi nesse momento que Jail foi ficando vermelho. Era a urticária que sai pelos seus poros quando se sente confrontado.

Vocês devem ter percebido que não citei mentiras de Jail. Mas, tem uma coisa que precisa ser dita. Quando Bonner tentou arrancar uma declaração com Jail se comprometendo em respeitar o resultado das eleições, a resposta foi “respeitarei, desde que sejam limpas". Jail sabe que as eleições serão limpas, apenas coloca essa “condição” para deixar a porta aberta para os tumultos que ele e seus asseclas pretendem criar após o dia 02\10.

Este foi mais um “DO QUE AINDA POSSO FALAR”, um pouco fora de hora.


terça-feira, 23 de agosto de 2022

Remoendo os dados em busca de uma certeza

Não podemos confiar numa conversão democrática, neste próximo

mês de setembro, de quem nunca soube valorizar a democracia

 

23 de agosto de 2022, 09:57 h

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www.brasil247.com.br  

 

Considero sempre que pesquisas não são mais importantes do que a realidade, apesar de refletirem o momento. Mas, vamos remoer os dados, pois eles sempre tem algo novo a revelar, sem contar que podem, sim, apontar para uma certeza com certo grau de confiabilidade.

A semana passada começou com Jail Bozo sendo tratado como pária na posse de Alexandre de Morais no Tribunal Superior Eleitoral. Jail teve que engolir seco vendo Lula sendo ovacionado pelo espectro político nacional. A semana teve, também, pesquisas eleitorais relevantes e terminou com Jail sendo chamado de "Tchutchuca do Centrão”. Inclusive, estou em dúvida se sigo tratando o “despresidente” por “Jail Bozo” ou se passo a chamá-lo de “Tchutchuca do Centrão”.

Pesquisas trazem boas notícias para os que, como eu, não aguentam mais o bolsonarismo nazificado. Na segunda (15\8), a pesquisa do Instituto FSB e do banco BTG\Pactual trouxe Lula com 45% das intenções de votos e todos os outros candidatos com 46%. Como a margem de erro é de 2 pontos percentuais, Lula pode chegar a 47% e, assim, o jogo já se resolveria no 1º turno.

Uma leitura apressada do Datafolha da quinta (18\08) fará você ver Lula estacionado em 47% e Jail crescendo de 29% para 32%. Esse dado surge da pergunta: “Se a eleição para presidente fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem você votaria?”. Notem que ela está no condicional, pois alguém sempre pode mudar de opinião, mesmo que pesquisas que venho analisando desde março mostrem algo em torno de 80% dos eleitores, tanto de Lula como de Jail, afirmando que não mudarão o voto até o dia 02\10. Já 62% dos que dizem que vão votar em Ciro Gomes admitem que podem mudar para Lula até o dia 02/10. Ou seja, o voto útil em Lula, para evitar um 2º turno, tem endereço certo.

Mas, a rejeição é o dado que mais importa, pois ela é taxativa quando se responde à pergunta: “Em quais desses candidatos você não votaria de jeito nenhum no primeiro turno da eleição para presidente deste ano?”. Aqui, Jail é imbatível, pois 51% cravam que não votarão nele. Ou seja, metade dos entrevistados pelo Datafolha não querem ver Jail nem pintado de ouro. Já quando o Datafolha trata dos votos válidos, Lula aparece com 51%. Com a margem de erro de 2 pontos percentuais, Lula pode até chegar em 53% e a chance de vencer já no 1º turno torna-se real.

Eu sou historiador, mas sei fazer umas continhas, e vi que, para vencer a eleição no 1º turno, Jail tem que tirar de Lula algo em torno de 450 mil votos por dia até o dia 02\10. E não vai adiantar arrumar votos na nanicada serelepe de sempre, até porque não tem votos nem para ela mesma. A cada novo dia, Jail tem que convencer 450 mil eleitores de Lula a mudar o voto. Como ele fará isso? Não tenho a menor ideia. Acho que nem Jail e seus asseclas sabem como fazê-lo!

Importa, ainda, lembrar que Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, disse numa entrevista ao Brasil 247, que a “eleição está praticamente decididas em favor de Lula, pois Bolsonaro não tem de onde tirar votos já que o número de indecisos é muito pequeno”. E eu digo mais, além de ser pequeno, não cobre a diferença dele para Lula. Tem uma outra continha que podemos fazer. Vamos considerar que 30% do eleitorado segue bovinamente fiel a Jail e que a maioria esmagadora dos 70% restantes já decidiu que vai votar em Lula. Dito de outra forma, de cada 10 eleitores, 3 votarão em Jail e quase 7 votarão em Lula. É por isso que dá para crer que a eleição pode se resolver já no 1º turno.

Porém, sempre há um porém, estamos no Brasil onde, como diria Millôr Fernandes, o “fundo do poço é só uma etapa”. Como não vivemos sob Condições Normais de Temperatura e Pressão e como nosso formato democrático esgarçou-se completamente, sugiro não subir no salto alto e comemorar antes do final da eleição. É que não dá para acreditar que o bolsonarismo nazificado vai aceitar passivamente ser escorraçado pelas urnas eletrônicas. Não podemos confiar numa conversão democrática, neste próximo mês de setembro, de quem nunca soube valorizar a democracia, de quem só sabe viver sob as amarras do autoritarismo.

 

domingo, 21 de agosto de 2022

DO QUE AINDA POSSO FALAR

Veja no DO QUE AINDA POSSO FALAR que pesquisas não são mais importantes do que a realidade, apesar de refletirem o momento. Mas, vamos remoer os dados, pois eles sempre tem algo novo a revelar.



A semana começou com Jail Bozo sendo tratado como pária na posse de Alexandre de Morais no TSE. Jail teve que engolir seco com Lula sendo ovacionado pelo espectro político nacional. A semana teve, também, pesquisas eleitorais relevantes e terminou com Jail sendo chamado de a "Tchutchuca do Centrão”. Inclusive, estou em dúvida se sigo tratando o “despresidente” por “Jail Bozo” ou se passo a chamá-lo de “Tchutchuca do Centrão”.

Pesquisas trazem boas notícias para os que, como eu, não aguentam mais o bolsonarismo nazificado. Na segunda (15\8), a pesquisa FSB\BTG Pactual trouxe Lula com 45% e todos os outros candidatos com 46%. Com margem de erro de 2 pontos Lula pode chegar a 47% e o jogo já se resolveria no 1º turno.

Uma leitura apressada do Datafolha da quinta (18\08) fará você ver Lula estacionado em 47% e Jail crescendo de 29% para 32%. Esse dado surge da pergunta: “Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?”. Está no condicional, pois pode-se mudar de opinião. Mas, pesquisas que vi desde março mostram algo em torno de 80% dos eleitores, tanto de Lula como de Jail, afirmando que não mudarão o voto até o dia 02\10. Já 62% dos que dizem que vão votar em Ciro Gomes admitem que podem mudar para Lula até o dia 02/10. Ou seja, o voto útil em Lula, para evitar um 2º turno, tem endereço certo.

Mas, a rejeição é o dado que mais importa, pois ela é taxativa quando se responde à pergunta: “em qual desses você não votaria de jeito nenhum?”. Aqui, Jail é imbatível, pois 51% cravam que não votarão nele. Ou seja, metade dos entrevistados pelo Datafolha não querem ver Jail nem pintado de ouro.

Quando o Datafolha trata dos votos válidos, Lula aparece com 51%. Com a margem de erro de 2 pontos, Lula pode até chegar em 53% e a chance de vencer já no 1º turno torna-se real.  Eu sou historiador, mas sei fazer umas continhas, e vi que, para vencer a eleição no 1º turno, Jail tem que tirar de Lula algo em torno de 450 mil votos por dia até o dia 02\10. E não vai adiantar arrumar votos na nanicada serelepe de sempre, até porque não tem votos nem para ela mesma. A cada novo dia, Jail tem que convencer 450 mil eleitores de Lula a mudar o voto. Como ele fará isso? Não tenho a menor ideia. Acho que nem Jail e seus asseclas sabem como fazê-lo!

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

DO QUE AINDA POSSO FALAR

Veja no DO QUE AINDA POSSO FALAR que a mesma Fiesp que bancou o golpe de 2016, está lançando um manifesto em defesa da democracia. Estranho, não é?! Nem tanto, pois o Brasil não é para principiantes!


A elite brasileira, a burguesia que fede como diria Cazuza, mas que é dona do capital, finalmente entendeu o quanto o bolsonarismo é danoso para este pais, inclusive para ela própria. É por isso que a poderosa Federação das Indústrias de São Paulo está bancando um manifesto em defesa da democracia (que eu, inclusive, já assinei). Interessa ver que este manifesto será publicado nos grandes meios da mídia corporativa.

A Fiesp parece mesmo cansada de Jail Bozo, pois seu ex-presidente Horácio Piva disse que "as coisas estão transbordando". Piva só não disse o que é que está transbordando, mas vindo de Jail a gente até já desconfia o que possa ser.

Interessante ver a Fiesp em defesa da democracia. A mesma que apoiou a Lava Jato e o tribunal discricionário de Sérgio Moro, que bancou o golpe que depôs Dilma, que defendeu a prisão de Lula e se jogou na eleição de Jail Bozo. É a mesma Fiesp que apoiou o golpe civil\militar de 1964, e a ditadura militar; e que depois se comprometeu com as lutas pelo estabelecimento da democracia, já nos anos 1980. Alguma surpresa com isso?

É que é assim que age “A Elite do Atraso” como diria Jessé de Souza. Essa elite, que não aguenta mais o material fecal do bolsonarismo transbordando, pode ser democrática ou ditatorial, a depender de seus interesses.

O fato é que a aliança entre neoliberalismo e bolsonarismo nazificado quebrou a indústria brasileira. Por isso a Fiesp aposentou o pato amarelo de 2016. O fato é que a Casa Grande e os Faria Limers são assim mesmo, dão golpes e sustentam ditaduras, sabendo o que vai acontecer, e depois lançam manifestos em defesa da democracia.