Não podemos confiar
numa conversão democrática, neste próximo
mês de setembro, de
quem nunca soube valorizar a democracia
23 de agosto de
2022, 09:57 h
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Considero sempre que pesquisas não são mais importantes do que a
realidade, apesar de refletirem o momento. Mas, vamos remoer os dados, pois
eles sempre tem algo novo a revelar, sem contar que podem, sim, apontar para
uma certeza com certo grau de confiabilidade.
A semana passada começou com Jail Bozo sendo tratado como pária na
posse de Alexandre de Morais no Tribunal Superior Eleitoral. Jail teve que
engolir seco vendo Lula sendo ovacionado pelo espectro político nacional. A
semana teve, também, pesquisas eleitorais relevantes e terminou com Jail sendo
chamado de "Tchutchuca do Centrão”. Inclusive, estou em dúvida se sigo
tratando o “despresidente” por “Jail Bozo” ou se passo a chamá-lo de
“Tchutchuca do Centrão”.
Pesquisas trazem boas notícias para os que, como eu, não aguentam
mais o bolsonarismo nazificado. Na segunda (15\8), a pesquisa do Instituto FSB
e do banco BTG\Pactual trouxe Lula com 45% das intenções de votos e todos os
outros candidatos com 46%. Como a margem de erro é de 2 pontos percentuais,
Lula pode chegar a 47% e, assim, o jogo já se resolveria no 1º turno.
Uma leitura apressada do Datafolha da quinta (18\08) fará você ver
Lula estacionado em 47% e Jail crescendo de 29% para 32%. Esse dado surge da
pergunta: “Se a eleição para presidente fosse hoje e os candidatos fossem
estes, em quem você votaria?”. Notem que ela está no condicional, pois alguém
sempre pode mudar de opinião, mesmo que pesquisas que venho analisando desde
março mostrem algo em torno de 80% dos eleitores, tanto de Lula como de Jail,
afirmando que não mudarão o voto até o dia 02\10. Já 62% dos que dizem que vão
votar em Ciro Gomes admitem que podem mudar para Lula até o dia 02/10. Ou seja,
o voto útil em Lula, para evitar um 2º turno, tem endereço certo.
Mas, a rejeição é o dado que mais importa, pois ela é taxativa
quando se responde à pergunta: “Em quais desses candidatos você não votaria de
jeito nenhum no primeiro turno da eleição para presidente deste ano?”. Aqui,
Jail é imbatível, pois 51% cravam que não votarão nele. Ou seja, metade dos
entrevistados pelo Datafolha não querem ver Jail nem pintado de ouro. Já quando
o Datafolha trata dos votos válidos, Lula aparece com 51%. Com a margem de erro
de 2 pontos percentuais, Lula pode até chegar em 53% e a chance de vencer já no
1º turno torna-se real.
Eu sou historiador, mas sei fazer umas continhas, e vi que, para
vencer a eleição no 1º turno, Jail tem que tirar de Lula algo em torno de 450
mil votos por dia até o dia 02\10. E não vai adiantar arrumar votos na nanicada
serelepe de sempre, até porque não tem votos nem para ela mesma. A cada novo
dia, Jail tem que convencer 450 mil eleitores de Lula a mudar o voto. Como ele
fará isso? Não tenho a menor ideia. Acho que nem Jail e seus asseclas sabem
como fazê-lo!
Importa, ainda, lembrar que Marcos Coimbra, sociólogo e presidente
do Instituto Vox Populi, disse numa entrevista ao Brasil 247, que a “eleição
está praticamente decididas em favor de Lula, pois Bolsonaro não tem de onde
tirar votos já que o número de indecisos é muito pequeno”. E eu digo mais, além
de ser pequeno, não cobre a diferença dele para Lula. Tem uma outra continha
que podemos fazer. Vamos considerar que 30% do eleitorado segue bovinamente fiel
a Jail e que a maioria esmagadora dos 70% restantes já decidiu que vai votar em
Lula. Dito de outra forma, de cada 10 eleitores, 3 votarão em Jail e quase 7
votarão em Lula. É por isso que dá para crer que a eleição pode se resolver já
no 1º turno.
Porém, sempre há um porém, estamos no Brasil onde, como diria
Millôr Fernandes, o “fundo do poço é só uma etapa”. Como não vivemos sob
Condições Normais de Temperatura e Pressão e como nosso formato democrático
esgarçou-se completamente, sugiro não subir no salto alto e comemorar antes do
final da eleição. É que não dá para acreditar que o bolsonarismo nazificado vai
aceitar passivamente ser escorraçado pelas urnas eletrônicas. Não podemos
confiar numa conversão democrática, neste próximo mês de setembro, de quem
nunca soube valorizar a democracia, de quem só sabe viver sob as amarras do
autoritarismo.
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