terça-feira, 30 de julho de 2013

Comissão Estadual da Verdade vai ouvir quatro pessoas em Campina Grande


 

A Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba realizará no dia 6 de agosto, em Campina Grande, sua terceira audiência pública. As duas primeiras foram realizadas em João Pessoa e Sapé. A audiência em Campina Grande será realizada no campus da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) sob a coordenação do “GRUPO DE TRABALHO MAPA DA TORTURA”. Os integrantes da Comissão vão gravar depoimentos de quatro pessoas que foram torturadas no período do regime militar (1964-1985) em granjas particulares na cidade.


 


O objetivo do grupo Mapa da Tortura é construir um mapa atualizado da tortura no Estado da Paraíba. A ideia é identificar locais de realização desta prática, traçar um perfil detalhado das vítimas de tortura, pois o fato é que se considera que a tortura foi um instrumento fundamental de intimidação e repressão para a manutenção da ordem político-institucional da ditadura civil-militar. O “Mapa da Tortura” também estuda os fundamentos históricos da tortura, as dimensões da tortura, os modos e instrumentos da tortura, os espaços da tortura (institucionais e extra-institucionais), análise de documentos e testemunhos.





O professor Fábio Freitas, coordenador do grupo Mapa da Tortura, adiantou que, após as perguntas dos sete integrantes da Comissão Estadual da Verdade, o público na plateia poderá formular algumas perguntas aos quatro depoentes. “A gente está chamando de as granjas do terror os locais onde essas quatro pessoas foram torturadas, e muitas propriedades particulares foram cedidas para esse tipo de prática”, destaca Fábio Freitas. Ele avaliou que o papel da Comissão Estadual da Verdade é estabelecer a verdade dos fatos, o julgamento fica para outro momento. “Os arquivos do regime militar estão dispersos e precisam ser organizados e esta é a proposta da Comissão”, observou. 

 



O presidente da Comissão Estadual da Verdade, Paulo Giovani Nunes, informou que, além dos preparativos da audiência pública do dia 6, em Campina Grande, a reunião desta terça-feira (30) tratou ainda sobre temas de futuras audiências públicas a serem realizadas nos próximos meses. Haverá audiência pública para ouvir estudantes paraibanos que foram perseguidos por participarem em 1968 do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP). Outra audiência pública vai ouvir políticos paraibanos que foram cassados pelo governo militar.


Fonte: Secom/PB




segunda-feira, 22 de julho de 2013

COMISSÃO DA VERDADE E DA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA



Coerente com a atual conjuntura brasileira, onde a necessidade de se rever nosso passado autoritário deixou de ser uma opção, é que A COMISSÃO DA VERDADE E DA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA (CVPM) está sendo criada na Universidade Estadual da Paraíba. Foi considerando isso, além do fato de que a UEPB tem uma profunda inserção histórica e política na sociedade paraibana, que o Reitor, professor Rangel Junior, promoveu a criação da CVPM/UEPB.


O momento não poderia ter sido mais propício, pois “coincide” com a inauguração de uma Comissão similar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O ato foi recheado de simbolismos. Foi nele que o antigo Auditório Guilardo Martins (ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba e contumaz colaborador da ditadura militar) passou a ser denominado de Auditório João Roberto de Souza Borges, um líder estudantil que foi perseguido durante o período militar tendo, inclusive, desaparecido no período. Em 1969, João Roberto morreu afogado em um açude, na cidade de Catolé do Rocha, num episódio que nunca foi devidamente esclarecido.


A CVPM/UEPB terá objetivos bem definidos, tendo como principal o de efetivar um trabalho de pesquisa, no âmbito da própria Instituição, para que se possam descobrir ações que de alguma maneira tenham afetado a UEPB. A Comissão buscará descobrir quantos e quais foram os seus professores, estudantes e funcionários que chegaram a ser perseguidos por ações, atos, decretos e outras formas que caracterizavam o modus operandis do regime militar vigente à época.


Para ficar um caso, lembremos o de José Filho que, sendo presidente do Diretório Central dos Estudantes, sofria perseguições de forma que suas atividades pudessem ser acompanhadas de perto. Mesmo que não se possa precisar de que maneira, mas se sabe que José Filho tinha seu direito de ir e vir cerceado por agentes públicos a serviço do regime miliar. Sabe-se, por exemplo, que ele foi chamado várias vezes para depor na primeira metade da década de 70, ou seja, no momento de aguçamento da repressão política efetivada pelo Estado brasileiro militarizado.


Outro objetivo da CVPM/UEPB é o de buscar formas de reparação para os danos que pessoas como José Filho tenham sofrido. A CVPM/UEPB não tem nenhum poder de investigação criminal/judicial. Mesmo seguindo a lógica que orienta a criação da Comissão Nacional da Verdade (http://www.cnv.gov.br) e da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba (http://www.cev.pb.gov.br/) a CVPM/UEPB tem objetivos próprios que privilegiam aspectos inerentes à história política da UEPB. Na verdade, a intensão é promover o levantamento de fontes e de informações sobre este período da nossa história.


É sabido que professores e estudantes da UEPB sofreram os mais variados tipos de perseguições durante a década de 70. Nada a se estranhar se considerarmos que as universidades eram alvo prioritário do aparato repressivo do governo militar por razões um tanto quanto óbvias. Basta lembrar que foi o Movimento Estudantil, nas universidades públicas, que cedeu parte considerável de militantes para as organizações revolucionárias que lutaram contra o governo militar. Os órgãos de repressão eram cientes disso, tanto que monitoravam as atividades políticas nas universidades brasileiras. Um dos mecanismos de acompanhamento era a criação, no âmbito das Instituições de Ensino Superior, de uma espécie de Serviço de Informação que poderia, ou não, abastecer o Serviço Nacional de Informação (SNI).





Sabemos que à época da Ditadura militar a UEPB possuía um sistema que reunia informações sobre as atividades políticas (ou não) de seus professores, alunos e funcionários. Na década de 70, o almoxarifado da Instituição era administrado por um militar que bem poderia ter a função de levantar informações sobre tais atividades da comunidade acadêmica. Já nos idos dos anos 80, quando o regime militar entrava em seu ocaso, foi encontrado um arquivo na Instituição com nomes de pessoas que supostamente haviam sido perseguidas politicamente.. Este arquivo contém fichas individuais que trazem nomes, fotos, funções e, claro, atividades político-acadêmicas desenvolvidas.



Que se tenha claro que o objetivo central da CVPM/UEPB é o da coleta de documentos e informações que possam subsidiar a produção de um sem número de trabalhos acadêmicos, ou não, além de oferecer um tipo de informação de fundamental importância para a sociedade paraibana. Promover transparência de conhecimentos é o ponto de partido para que se possa, por exemplo, dar consecução ao trabalho investigativo e a reparação de danos materiais e imateriais. Ainda poderemos promover a capacitação recíproca de agentes de Estado e da sociedade civil na medida em que a CVPM/UEPB terá amplas possibilidade de trabalhar em conjunto com a Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba que foi instituída pelo Governo do Estado da Paraíba, através do Decreto 33.426, de outubro de 2012.


Inclusive, a finalidade da CVPM/UEPB não difere muito dos objetivos da Comissão Estadual na medida em que esta foi criada para “buscar (...) o esclarecimento às graves violações de direitos humanos praticados por agentes públicos contra qualquer pessoa no território da Paraíba (...) a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica na edificação do Estado Democrático de Direito”. A CVPM/UEPB será composta por representantes dos três seguimentos da Instituição. São eles: professor José Benjamim Pereira, instituído como presidente; professor Edmundo de Oliveira Gaudêncio; professor Gilbergues Santos Soares; técnico-administrativo Luan da Costa Medeiros; estudante do curso de Direito Camilo de Lélis Diniz de Farias.


Julho/2013.

                                                                                             
  

sábado, 20 de julho de 2013

Instalada Comissão da Verdade e da Preservação da Memória da UEPB




A Comissão da Verdade e da Preservação da Memória da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) foi oficialmente instituída nesta sexta-feira (19), em solenidade presidida pelo reitor Rangel Junior, que assinou a Portaria de criação da comissão.


O ato aconteceu na Sala da Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), no Campus de Bodocongó, e contou com a presença do vice-reitor Ethan Barbosa; do presidente da Comissão Estadual da Verdade, Paulo Giovani Antônio Nunes; do chefe de Gabinete do Governador, Waldir Porfírio; e do professor da UFCG, Fábio Freitas, também integrante da Comissão Estadual.


Presidida pelo professor José Benjamim, a Comissão terá o prazo de um ano para realizar os seus trabalhos, dando sua contribuição para esclarecer os casos de abusos praticados contra estudantes, professores e funcionários da UEPB no período da ditatura.


A comissão tem, ainda, como membros os professores Edmundo de Oliveira Gaudêncio e Gilbergues Santos Soares; o técnico administrativo da UEPB, Luan da Costa Medeiros e o estudante do curso de Direito, Camilo de Lélis Diniz de Farias.


Na solenidade, o reitor Rangel Junior observou que a escolha dos nomes para compor a Comissão teve critérios e levou em conta, entre outros aspectos, a história e o comprometimento dos professores e do estudante com a busca da verdade. Ele disse que não é fácil escavar a história e trazer à tona episódios deprimentes envolvendo pessoas que foram castigadas e torturadas pelo regime ditatorial. “No entanto, as novas gerações precisam reencontrar essa história e lutar para que esse período não volte mais”, frisou.


O reitor lembrou que na UEPB muitos estudantes e professores foram vítimas dos abusos praticados pelos militares. “No caso da UEPB, ainda na época da URNe, muitos estudantes foram vítimas de atos arbitrários e queremos revirar os arquivos e resgatar esses fatos”, destacou Rangel Junior. A ideia é contribuir com informações para o trabalho da Comissão Estadual e a Comissão Nacional da Verdade.


Presidente da Comissão, o professor Benjamim fez um relato histórico. Também lembrou que muitos professores e estudantes da UEPB foram perseguidos e citou como exemplo o então presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), José Filho, que teve sua vida cerceada pelos militares. “Vamos fazer um elo entre o passado e o presente, atualizando dados para as novas gerações”, disse.


Voltando no tempo, Benjamim citou como exemplo a intervenção feita pelos militarem em Campina Grande e que desencadeou uma das grandes crises financeiras da UEPB, só superadas anos depois, com a Estadualização. “A ditatura sangrou a então URNe, levando a Instituição a atravessar uma crise histórica. Foi uma perseguição feroz”, definiu.


O chefe de Gabinete do governador, Waldir Porfírio, também mostrou a importância dos trabalhos que os membros da Comissão terão nos próximos 12 meses. Como membro da comissão estadual, Waldir citou alguns episódios envolvendo professores e estudantes da UEPB na época do regime. Ele se dispôs a contribuir com a Comissão fornecendo, inclusive, o seu arquivo pessoal para estudo dos membros.



O presidente da Comissão Estadual, Paulo Giovani Antônio Nunes, destacou a importância dos trabalhos da UEPB para esclarecer as violações do regime e também se dispôs a contribuir com os membros da comissão, fornecendo documentos e relatórios de pessoas torturadas pelo regime. Por sua vez, o professor da UFCG, Fábio Freitas, fez um discurso efusivo e disse que as comissões surgiram para fazer justiça à história, começando pelas lutas memoráveis que resultaram na Lei da Anistia.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

A HORA E A VEZ DOS BARRADOS NO BAILE DAS MANIFESTAÇÕES.

O "Dia Nacional de Lutas", convocado pelas Centrais Sindicais brasileiras, pareceu uma espécie de vingança dos sindicalistas e de alguns partidos (de esquerda) por terem sido barrados nas manifestações do mês de junho passado. A impressão é que as Centrais, e os partidos, querem mostrar que também são "bons de rua". É como se eles quisessem dar uma satisfação a sociedade, demonstrando que não ficaram para trás, que não perderam o "trem da história".

No entanto, existe uma diferença básica entre os manifestantes de junho e os manifestantes de hoje. Enquanto aqueles desdenham o governo e o Estado, estes não vivem sem. Os manifestantes de junho só têm como compromisso afirmar suas revoltas. Os manifestantes de hoje tem suas pautas de reivindicação bem definidas, sabem bem o querem e porque querem. É isso que Josias de Souza demonstra de forma magistral numa coluna postada hoje mesmo em seu blog e que você pode ler logo abaixo. Já ontem, eu questionava aspectos desse tal "Dia Nacional de Lutas".


(1) Achei estranho que o  "Dia Nacional de Lutas" tivesse sido convocado para uma quinta-feira, pois pareceu-me que queriam "enforcar" a sexta. Eu não estou duvidando das intenções dos sindicalistas-manifestantes de hoje, mas é que, enfim ....

(2) Indaguei dois sindicalistas sobre a possibilidade deles convidarem o pessoal do "Passe Livre" para participarem desse dia e eles me disseram que (SIC): "não vamos convidar não, pois esse pessoal é um bando de 'porra-loucas". Eu rebati dizendo que se todos lutam pelas mesmas coisas, deveriam estar juntos. Eles me disseram que não, que não são iguais (SIC): "aquele bando de baderneiros sem causa". Enfim, existe uma clara diferença entre uns e outros. Uns não querem se misturar a outros, sendo a recíproca verdadeira. E quando o povo não se une, já sabemos bem onde tudo termina.

(3) O mais estranho é que enquanto organizavam os protestos e as manifestações as Centrais Sindicais perderam-se num labirinto de discussões e assembleias infindáveis. Segunda e terça passadas elas discutiam se deveriam ou não apoiar o governo de Dilma durante as manifestações. Ora, Central Sindical não tem que apoiar governo nenhum. Ela tem, isto sim, que apresentar e representar as demandas e reivindicações de seus associados. Central Sindical vai para a rua, isso é comum na Europa, para protestar contra a política econômica do governo, caso ela esteja gerando inflação (é o nosso caso) e/ou arrojando os  salários dos trabalhadores.

O fato é que vamos mal de manifestação. Uns não sabem o que querem e se perdem nos labirintos dos atos de vandalismo e de causas específicas demais ou generalistas ao extremo. Outros sabem tão bem o que querem que preferem organizar seus atos à parte para não se misturarem com a "massa de baderneiros".




“As diferenças: a rapaziada é #, a pelegada é $”.


Excluídas das passeatas de junho, as centrais sindicais e seus penduricalhos (UNE, MST, PT, PCdoB, PDT e etcétera) organizaram o seu próprio ‘Dia Nacional de Luta’. Isso foi ótimo. Ajudou a explicar por que a rapaziada refugou a ‘solidariedade’ da pelegada partidário-sindical. São muitas as diferenças entre os dois movimentos. A principal delas é a forma como os dois grupos se relacionam com os cofres públicos. Um entra com o bolso. Outro usufrui. Vai abaixo uma tentativa de distinguir o novo do antigo:

A rapaziada é #. A pelegada é $.

A rapaziada é o bolso. A pelegada é imposto sindical.

A rapaziada é coxinha. A pelegada é pastel-de-vento.

A rapaziada é sacolejo. A pelegada é tremelique.

A rapaziada é YouTube. A pelegada é videoteipe.

A rapaziada é Facebook. A pelegada é assembleia.

A rapaziada é máscara de vingador. A pelegada é cara de pau.

A rapaziada é viral. A pelegada é bactéria.


A rapaziada é chapa quente. A pelegada é chapa branca.

A rapaziada é sociedade civil. A pelegada é sociedade organizada.

A rapaziada é banco de praça. A pelegada é BNDES.

A rapaziada é a corrida. A pelegada é o taxímetro.

A rapaziada é asfalto. A pelegada é carro de som.

A rapaziada é horizonte. A pelegada é labirinto.

A rapaziada é fumaça. A pelegada é cheiro de queimado.

A rapaziada é explosão. A pelegada é flatulência.

A rapaziada é o público. A pelegada é a coisa pública.

A rapaziada é combustão espontânea. A pelegada é ignição eletrônica.

A rapaziada é luz no fim do túnel. A pelegada é beco sem saída.

A rapaziada é pressão popular. A pelegada é lobby.

A rapaziada é farinha pouca. A pelegada é meu pirão primeiro.

A rapaziada é terra em transe. A pelegada é cinema novo-velho.

A rapaziada é o desejo de futuro. A pelegada é o destino-pastelão.

A rapaziada é namoro. A pelegada é tédio conjugal.

A rapaziada é grito. A pelegada é resmungo.

A rapaziada é algaravia. A pelegada é palavra de ordem.

A rapaziada é poesia. A pelegada é pedra no caminho.

A rapaziada é dúvida. A pelegada é óbvio ululante.

A rapaziada é Fora Renan. A pelegada é o bigode do Sarney.

A rapaziada é abaixo a corrupção. A pelegada é a perspectiva de inquérito.

A rapaziada é mistério. A pelegada é indício.

A rapaziada é a alma do negócio. A pelegada é o segredo.

A rapaziada é novidade. A pelegada é o mesmo.

A rapaziada é anormalidade. A pelegada é vida normal.

A rapaziada é impessoal. A pelegada é departamento de pessoal.

A rapaziada é decifra-me. A pelegada é devoro-te.



terça-feira, 2 de julho de 2013

TV ARGENTINA IRONIZA ARNALDO JABOR

Num programa chamado "Bajadas de Linea", de um canal argentino, o apresentador Victor Hugo Morales ironiza com o que chama de "La hipocresia de los medios". Ele mostra (e prova) como Arnaldo Jabor mudou de opinião em apenas 48 horas. Vê-se como Jabor passou de ferrenho critico das manifestações para um defensor delas. Se num primeiro momento os manifestantes são tratados como marginais, tal qual os bandidos do PCC que quebraram e incendiaram São Paulo em outra conjuntura, em outro momento são jovens que estam despertando para a necessidade de participarem do processo democrático. Mas, não é só isso, tem mais coisas que trazem uma visão bastante crítica da América Latina que parece continuar confirmando que só existimos politicamente com os tais "ridículos tiranos" dos quais nos fala aquele "antigo compositor baiano".