Nessa coluna do DO QUE AINDA POSSO FALAR, questiono do que adianta ter uma eleição eficiente, se um golpe de Estado poderá vir para solapar a decisão das urnas?
Meus alunos sempre me ouvem dizer
que nosso sistema político mescla procedimentos democráticos e entulhos
autoritários e que temos uma cultura política pretoriana. Eles sabem que
considero eleição condição necessária, porém insuficiente das democracias. Dito
de outra forma, não adianta ter uma eleição eficiente, se golpismos de toda
sorte derrubarão a decisão das urnas.
Foi assim em 1964, com João
Goulart, e em 2016, com Dilma Rousseff. Eles foram eleitos e sacados do poder
por golpes ancorados nas forças militares, no legislativo e no judiciário,
sempre contando com o auxílio luxuoso dos EUA.
O ex-governador de Minas,
Fernando Pimentel, disse que é “preciso garantir a eleição, a vitória e a posse
de Lula”. Se tivéssemos uma democracia fincada em bases sólidas,
falaríamos apenas em eleições, e eu não estaria aqui falando da possibilidade
de o eleito não tomar posse.
A convenção que formalizou Jail Bozo candidato à reeleição
foi mais uma emboscada contra a democracia. Chamou atenção bolsonaristas com
camisas onde se lia: “Voto impresso auditável. Eu apoio Art. 142”. O Art. 142
não é peça decorativa na Constituição. Ele foi colocado lá para ser usado - é
como um revolver que se guarda no fundo de uma gaveta, um dia a oportunidade
para usá-lo vai aparecer.
Jail Bozo sabe bem que “voto impresso auditável” é algo sem necessidade e que a urna eletrônica é confiável. O que ele quer é armar um circo de desconfianças para poder oferecer seu golpe de estado, baseado no Art. 142, ou seja na Constituição.
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