A aliança entre neoliberalismo e bolsonarismo nazificado quebrou a indústria brasileira
Jail precisa de um golpe e nós precisamos de democracia - Publicado no Brasil 247
Meus
alunos sempre me ouvem dizer que nosso sistema político mescla procedimentos
democráticos e entulhos autoritários e que temos uma cultura política
pretoriana. Eles sabem que considero eleição condição necessária, porém
insuficiente das democracias. Dito de outra forma, não adianta ter uma eleição
eficiente, se golpismos de toda sorte derrubarão a decisão das urnas. Foi assim
em 1964, com João Goulart, e em 2016, com Dilma Rousseff. Eles foram eleitos e
sacados do poder por golpes ancorados nas forças militares, no legislativo e no
judiciário, sempre contando com o auxílio luxuoso dos EUA.
O
ex-governador de Minas, Fernando Pimentel, disse que é “preciso garantir a
eleição, a vitória e a posse de Lula”. Se tivéssemos uma democracia fincada em
bases sólidas, falaríamos apenas em eleições, e eu não estaria aqui falando da
possibilidade de o eleito não tomar posse. A convenção que formalizou Jail Bozo
candidato à reeleição foi mais uma emboscada contra a democracia. Chamou a
atenção bolsonaristas com camisas onde se lia: “Voto impresso auditável. Eu
apoio Art. 142”. O Artigo 142 não é peça decorativa na Constituição. Ele foi
colocado lá para ser usado - é como um revólver que se guarda no fundo de uma
gaveta, um dia a oportunidade para usá-lo vai aparecer.
De fato,
Jail sabe bem que “voto impresso auditável” é algo sem necessidade e que a urna
eletrônica é confiável. O que ele quer mesmo é armar um circo de desconfianças
para poder oferecer seu golpe de estado, baseado no Art. 142, ou seja na
própria Constituição Federal. Mas, notemos que enquanto o genocida mor segue
firme em sua sanha golpista, para implementar seu projeto de ditadura, a mesma
FIESP, que bancou o golpe de 2016, está lançando um manifesto em defesa da
democracia. Estranho, não é?! Nem tanto, pois o Brasil não é para
principiantes!
A elite
brasileira, a burguesia que fede como diria Cazuza, mas que é dona do capital,
finalmente entendeu o quanto o bolsonarismo é danoso para este país, inclusive
para ela própria. É por isso que a poderosa Federação das Indústrias de São
Paulo está bancando um manifesto em defesa da democracia (que eu, inclusive, já
assinei!). Interessa ver que este manifesto vem sendo publicado nos grandes
meios da mídia corporativa. A Fiesp parece mesmo cansada de Jail Bozo, pois seu
ex-presidente Horácio Piva disse que "as coisas estão transbordando".
Piva só não disse o que é que está transbordando, mas vindo de Jail a gente até
já desconfia o que possa ser.
Interessante
ver a Fiesp em defesa da democracia! A mesma que apoiou a Lava Jato e o
tribunal discricionário de Sérgio Moro, que bancou o golpe que depôs Dilma, que
defendeu a prisão de Lula e se jogou na eleição de Jail Bozo. É a mesma Fiesp
que apoiou o golpe civil\militar de 1964, e a ditadura militar; e que, depois,
se comprometeu com as lutas pelo estabelecimento da democracia, já nos anos
1980. Alguma surpresa com isso? Nenhuma, pois é assim que age “A Elite do
Atraso” como diria o sociólogo Jessé de Souza. Essa elite, que não aguenta mais
o material fecal do bolsonarismo transbordando, pode ser democrática ou
ditatorial, a depender de seus interesses.
O fato é que a aliança entre neoliberalismo e bolsonarismo nazificado quebrou a indústria brasileira. Por isso a Fiesp aposentou o pato amarelo de 2016. O fato é que a Casa Grande e os Faria Limers são assim mesmo, dão golpes e sustentam ditaduras, mesmo que saibam o que vai acontecer, e depois lançam manifestos em defesa da democracia.
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