domingo, 5 de fevereiro de 2023

DO QUE AINDA POSSO FALAR ou “desbolsonarizar” não é a mesma coisa de “desmilitarizar”

Quero mostrar, neste DO QUE AINDA POSSO FALAR, que “desbolsonarizar” não é a mesma coisa de “desmilitarizar”, mesmo que façam parte de um amplo projeto de DEMOCRATIZAÇÃO da nossa sociedade, tão acostumada ao autoritarismo. 

Após a 2ª Guerra Mundial, os Aliados promoveram a desnazificação da Alemanha. Mas, para remover os entulhos nazistas usaram líderes e funcionários da ditadura hitlerista. Como podemos perceber, a desnazificação alemã não conseguiu pôr fim ao nazismo.

É que nem sempre o veneno da cobra salva a vítima picada pela cobra. Não é à toa que, em dezembro, a justiça alemã prendeu 25 terroristas de extrema direita que pretendiam golpear o Estado alemão. E você aí pensando que é só no Brasil onde terroristas dão golpe de Estado!

O passo inicial para “desbolsonarizar” o Brasil foi dado quando vencemos Jail Bozo nas eleições. Mas, foi só um passo. Este processo segue com a punição dos bolsonaristas que atentaram contra a República. Como se diz por aí: ANISTIA É O...  ENFIM!

Mas, o que vamos fazer com o eleitorado bolsonarista? Temos que chamá-lo de volta à razão. Ele têm que ser responsabilizado politicamente pelo 08\01 e têm que entender que o apoio dado a um fascista criminoso, do quilate de Bolsonaro, é causa da tragédia de Brasília.

Mas, somos uma sociedade militarizada. O Exército entrou na política e se ocupou das questões sociais desde que deu o golpe de Estado que proclamou a República. Nos 21 anos em que nos governou militarizou a sociedade e as instituições para atender a seus interesses.

O pacto que gerou a tal da “Nova República” incluía manter prerrogativas pelas quais militares são capazes de tudo, até se aliarem a um desqualificado como Bolsonaro, que tinha claro projeto de tornar o Brasil uma ditadura. Então, o que é preciso fazer para desmilitarizar o país?

Primeiro, as Forças Armadas não podem agir como Poder Moderador da República, tal qual fazia Pedro I no Império. Precisam saber que não pairam para acima e além do Estado. Na verdade, as Forças Armadas precisam ser despolitizadas, deixar de se comportarem como partido político e assumirem seu real papel que está, não por acaso, na Constituição.

Temos indícios promissores. Lula excluiu da Comissão de Anistia militares que foram postos lá por Jail Bozo, exonerou do GSI militares comprometidos com o golpismo e desinfectou bolsonaristas da PF e da PRF. É aqui que desbolsonarização e desmilitarização se encontram.

Ao demitir o Gal. Júlio César de Arruda do comando do Exército, aquele que impediu Flávio Dino de mandar prender bolsonaristas terroristas, Lula sinalizou às Forças Armadas que elas precisam se submeter ao poder político, afinal também precisam ser desbolsonarizadas.

A Constituição também precisa ser desmilitarizada. Seria bom modificar o tal Artigo 142, no trecho que diz que cabe as Foças Armadas garantir os poderes constitucionais e “por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. É que a lei precisa ser clara e objetiva, não pode dar margens a interpretações, principalmente àquelas que querem acabar com a democracia.

Este foi mais um “DO QUE AINDA POSSO FALAR”

 


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