segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O jogo só acaba quando termina.

Faltando 20 dias para a eleição, o prefeito Veneziano continua a frente da disputa pela prefeitura de Campina Grande. Segundo pesquisa IBOPE, ele tem 50% das intenções de votos, enquanto o deputado Rômulo Gouveia aparece com 39%. Sizenando Leal e Érico Feitosa tem 1% cada um, i.e., continuam fazendo figuração na disputa, em que pese desempenharem papéis que precisarão oportunamente ser dessecados. Ainda, 4% votariam nulo ou branco e 4% estão indecisos. Continuam sendo margens aceitáveis e acredito mesmo que não ficaremos abaixo dos 3 pontos percentuais, se considerarmos a forma apaixonada como o campinense lida com as eleições.

Vejamos, comparativamente, os dados atuais com os da última pesquisa:

Pesquisa IBOPE

Veneziano Vital (PMDB): 15/08 - 49% / 12/09 - 50 %
Rômulo Gouveia (PSDB): 15/08 - 37 % / 12/09 - 39 %
Diferença pró-Veneziano: 12 % / 11 %

Como se vê, tivemos poucas alterações. O fato, amplamente aceito, da robusta capacidade do guia eleitoral de alterar preferências e/ou rejeições deve, pelo menos dessa vez, ser questionado. Na análise que fiz no mês de agosto, desenhava dois cenários para o resultado final dessa eleição, considerando que margens de erro variam entre 2 e 4 pontos. Propus somar e diminuir 4 pontos aos percentuais de Rômulo e Veneziano. Assim, chegamos ao seguinte resultado:

Cenário I

Veneziano Vital: 50 – 4 = 46
Rômulo Gouveia: 39 + 4 = 43
Diferença pró Veneziano: 3 pontos

Cenário II
Veneziano Vital: 50 + 4 = 54
Rômulo Gouveia: 39 – 4 = 35
Diferença pró Veneziano: 19 pontos

Se algo em torno do cenário II se confirmar, temos uma forte tendência de não haver 2° turno. Para que o cenário I se comprove Rômulo precisa, até o final deste mês, de um fato concreto em sua campanha. Precisa de um argumento factível para convencer o eleitorado a mudar de opinião. Pois, claro está, que para forçar um 2° turno terá que tirar parte do capital eleitoral do prefeito Veneziano. E esta é uma tarefa dificílima se considerarmos algumas questões.


O IBOPE aferiu que 64% afirmaram que Veneziano ganhará a eleição e que 22% crêem na vitória de Rômulo. Se desde o mês de maio a diferença pró-Veneziano mantém-se sempre acima dos 10 pontos percentuais é natural que o eleitor pense que ele irá mesmo ganhar a eleição.

As denúncias e acusações que o candidato do PSDB faz, em seu guia, ao do PMDB não parecem arrefecer os ânimos dos que já decidiram reeleger o atual prefeito. Muitos políticos ainda não aprenderam a utilizar a variável corrupção contra adversários em períodos eleitorais. A questão não é a intensidade com que se bate, mas o jeito como se bate!

Veneziano tem outras vantagens sobre Rômulo. A primeira é que conta com um cabo eleitoral de peso – o Presidente Lula. Pesquisas demonstram que, das 26 capitais, em 20 os candidatos apoiados por ele estão na frente. O Datafolha mostrou que 64% dos brasileiros consideram o seu governo ótimo ou bom e que em todos os segmentos sociais ele é aprovado acima dos 50% - um recorde depois da redemocratização. Já o principal cabo eleitoral de Rômulo, o governador Cássio Cunha Lima, mesmo se esforçando tem lá suas dificuldades em transmitir votos. Fosse ele o candidato, teríamos outro quadro. Muitos dos seus fiéis eleitores não se sentem confortáveis em votar em candidatos por ele indicados. A questão da transferência de votos ainda é um fenômeno político que precisa ser muito bem estudado.

Outra vantagem é que os efeitos deletérios que o ex-senador Ney Suassuna prometeu que traria à campanha de Veneziano ainda não aconteceram ou se foram plantados são de efeito retardado. E o Senador José Maranhão não tem aparecido na campanha de Veneziano e, sabemos, que o ex-governador não é bem um sinônimo de popularidade pelas plagas campinenses.

Temos que observar algo que poderia ser desvantagem para um e vantagem para o outro. Veneziano não tem outra alternativa a não ser ganhar. Perdendo fica sem mandato - o pior cenário para o político profissional. Isso tem lhe dado garra. Já Rômulo pode-se dar ao luxo de perder, pois teria seu mandato de deputado federal para cumprir até 2010. Isso lhe causa certa acomodação.

Tem momentos, no guia eleitoral, que não sinto o deputado Rômulo com vontade de ganhar. Às vezes, sou mesmo tentado a acreditar que ele prefere perder. Afinal, considerando a relação custo/benefício, é melhor ser deputado federal do que prefeito de uma cidade complexa como Campina Grande. Além do mais, Rômulo demonstra querer ser eleito através do seu próprio capital eleitoral e não pelo de terceiros. Isso mesmo, perder pode ser uma escolha racional.

Essa situação reflete-se nos atos de campanha. Vemos um Veneziano alegre e jovial, tentando demonstrar que todas as críticas, acusações e denúncias não o afligem. Repete a fórmula de 2004, apresentando-se como a renovação (no caso atual, a que continuaria). Rômulo carrega o mundo oposicionista às costas. O vemos sério, com o cenho cerrado. Representa os anseios, e as cobranças, daqueles que, por motivos diferentes, querem ver o grupo político comandado pelo governador de volta ao executivo municipal.

Eis a ambiência política que nos levará até o dia 05 de outubro. Mas, eleição é um jogo e isso nos deixa, também, por conta das incertezas e do imprevisível. E como sempre se diz o jogo só acaba quando termina.

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