DE OLHO EM 2018
Ex-presidente cobra 'paternidade' sobre o projeto em duelo com PMDB e
PSDB
Publicado em 09/03/2017, às 08h41.
É grande a disputa
política entre PT, PMDB e PSDB sobre a Transposição do Rio São Francisco.
Mas para o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco
(Fundaj), a vantagem nesse briga, até o momento, é do ex-presidente Lula
(PT).
“A obra já foi contestada no passado
pelo PSDB. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), poderia estar
denunciando que a obra não está completa. Poderia apontar que houve descuido e
descaso. Mas todos estão tentando capitalizar em cima da obra, o que legitima o
projeto em si. Isso tende a favorecer Lula”, diz. Ainda de acordo com Túlio
Velho Barreto, o presidente Michel Temer (PMDB) e Alckmin têm atuado para
tentar reduzir o “favoritismo” do PT sobre a Transposição.
“O PSDB é um concorrente competitivo e
tenta capitalizar com a Transposição porque sabe que é importante para o
Nordeste, pois coloca água onde há necessidade. Penso que o governo Temer não
tem legitimidade e não goza de prestígio no Nordeste e, sendo assim, busca um apoio
popular com a Transposição. O PT tenta neutralizar essas ações e
reivindica para isso os grandes investimentos feitos no projeto”, afirma.
O cientista político Elton Gomes, das
faculdades Damas e Estácio, vê uma diferença de postura entre Temer e Lula. “O
presidente tenta melhorar a imagem do governo perante um eleitorado importante
e carente, mas não me parece que esteja chamando para si a
paternidade da obra”, avalia.
Esta
semana, a Câmara de Vereadores de Campina Grande aprovou a concessão do título
de Cidadania Campinense e da Medalha de Honra ao Mérito Municipal a Temer. O presidente estará
na cidade nesta sexta-feira, um dia antes de ir ao município de Monteiro
visitar uma das estações da Transposição.
“Desconfio
que os vereadores (de Campina Grande) estejam preocupados em associar sua
imagem à do presidente, que vai inaugurar um trecho da obra no Estado”, pondera
Gilbergues Santos, cientista político e professor da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB).
O
estudioso ressalta, ainda, as mudanças de postura no Estado paraibano em
relação ao projeto. “O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) era radicalmente
contra a Transposição, quando Lula era presidente. Agora que o PSDB está no
governo, ele mudou o discurso”, diz. A reportagem do JC tentou contato com a
assessoria do senador, mas não obteve êxito.
PAULO CÂMARA COBRA
AJUDA.
O governador Paulo Câmara (PSB) se
reuniu na última quarta-feira com o ministro de Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão, Dyogo Oliveira, para pedir atenção às prioridades de Pernambuco nas
questões relativas ao Orçamento Geral da União (OGU) e às emendas de recursos
hídricos da bancada federal do Estado. A reunião também teve a participação do
vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Raul Henry (PMDB).
"Conversei com o ministro sobre a
necessidade de ter uma atenção especial da União para a Adutora do Agreste e o
Sistema Adutor do Oeste. São obras fundamentais para o nosso Estado,
principalmente porque estamos entrando no sexto ano consecutivo de seca",
disse Paulo. De acordo com o governador, essas duas obras são essenciais para
dar consequência real no Estado à transposição das águas do Rio São
Francisco. O governo estadual destaca que o Sistema Adutor do Oeste foi
iniciado, mas por falta de repasses de recursos do Governo Federal está com
obras paralisadas desde 2015.
"Já temos mais R$ 100 milhões
conveniados para o Sistema Adutor. É um valor pequeno diante da importância
para milhares de famílias do Sertão de Pernambuco", destacou. Paulo Câmara
e Raul Henry também solicitaram informações sobre a Ferrovia Transnordestina,
que está com obras paralisadas por determinação do Tribunal de Contas da União
(TCU).
O TCU proibiu o repasse de recursos
públicos para o projeto, enquanto a empresa concessionária - a CSN - não
prestar informações sobre o que foi concluído da obra e os seus custos até o
momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário