52 anos depois, o
presidente/ditador Bolsonaro aglomera seus ministros numa
reunião onde a tônica são atos antirrepublicanos e autoritários. Chama atenção o comportamento dos ministros. As falas do Costa e Silva atual são um capítulo à parte, mesmo que não surpreendam. Lembro de outro abril, o de 2016, quando a Câmara dos Deputados permeou o golpe de Estado, que sacou Dilma da presidência, em que Bolsonaro afirmou: "Pela memória do Cel. Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelas Forças Armadas”. E é por isso que não me choco com o teor da reunião, pois não espero sentir bons aromas ao entrar numa pocilga. O que mais contar de uma gente perversa, arrogante, despótica, que trabalha pela destruição do sistema democrático, ou o que dele sobrou?
reunião onde a tônica são atos antirrepublicanos e autoritários. Chama atenção o comportamento dos ministros. As falas do Costa e Silva atual são um capítulo à parte, mesmo que não surpreendam. Lembro de outro abril, o de 2016, quando a Câmara dos Deputados permeou o golpe de Estado, que sacou Dilma da presidência, em que Bolsonaro afirmou: "Pela memória do Cel. Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelas Forças Armadas”. E é por isso que não me choco com o teor da reunião, pois não espero sentir bons aromas ao entrar numa pocilga. O que mais contar de uma gente perversa, arrogante, despótica, que trabalha pela destruição do sistema democrático, ou o que dele sobrou?
Deixemos a beatice
de lado de lado, pois “o menos indecente no vídeo são os palavrões” como
bem disse José Simão. Na confraria do Bozo grave não é a falta de decoro. Chama
atenção o presidente reunir seus ministros para defender familiares e amigos
milicianos e discutir como implantar uma ditadura tendo o próprio como capo
di tutti capi. Ali se vê de tudo menos os procedimentos democráticos sendo
respeitados. Insisto, nada me surpreende, pois o que mais se vê naquela
congregação fascista é o presidente reafirmando sua autoridade autoritária,
algo que faz desde que tomou posse. Os palavrões não me assustam, mas ver
ministros exercitando seus pendores ditatoriais me causa arrepios.
Weintraub, o “Joseph
Goebbels” da educação, disse que por ele (SIC) “botava esses vagabundos
todos na cadeia, começando no STF”. Só quem quer implantar uma
ditadura pensa em emparedar o poder judiciário. Fräulein Damares, do ministério
de tudo que a extrema direita abomina, nem atenta para o fato de não ter
autoridade para mandar prender alguém. Ao dizer que (SIC) “governadores
e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir a prisão deles”, se fia
nos poderes ditatoriais do governo que faz parte. A verborragia pretoriana
lembra os ministros na reunião de 1968 que diziam que o regime só se
estabilizaria com a prisão de seus adversários.
Ricardo Salles, da
pasta da destruição do meio ambiente, demonstra que o caminho é passar ao largo
dos procedimentos democráticos e defende (SIC) “aproveitar a pandemia
para ir passando a boiada”. A ideia é fazer as maldades que o agronegócio
quer, todas de uma vez, sem dar tempo às intervenções jurídicas. O “Heinrich
Himmler” do meio ambiente cumpre o papel de Jarbas Passarinho (ministro do
Trabalho) que disse em 1968: “às favas, neste momento, todos os
escrúpulos da consciência". É que quando se atravessa o rubicão,
rumo a ditadura, não se pode ter escrúpulos, muito menos consciência
democrática. Sergio Moro, o Torquemada da Lava Jato (que condenava com
convicções, jamais com provas) assistiu a tudo em silêncio.
Reproduziu o papel de Magalhães Pinto, ministro das Relações Exteriores em
1968, que sabia que Costa e Silva estava implantando uma ditadura, mas não se
pronunciou nem se opôs.
E o que dizer de
Paulo Guedes, o “tchutchuca” dos banqueiros, sempre atento aos interesses do
mercado e teses do neoliberalismo? Com sua costumeira incontinência verbal, se
referindo ao Banco do Brasil, disse (SIC) “tem que vender essa porra logo”. Guedes
expôs uma ideia que, de tão absurda, só podia mesmo vir de sua lavra. Ele
sugeriu que o Exército receba 1 milhão de jovens em seus quartéis para fazer
(SIC) “ginástica, cantar o hino, bater continência (...) aprender a ser
um cidadão, ter disciplina". Lembrou o ministro da fazenda de 1968,
Delfim Netto, que queria que o presidente tivesse seus poderes estendidos,
sobretudo nas questões econômicas. É digno de nota a sabujice que só esses
ministros da área econômica sabem ter.
Assistindo ao vídeo
da reunião tive a impressão de que dali eles se dirigiriam,“montados” em
tanques de guerra, para fechar o STF e o Congresso
Nacional. Mas, o que fica claro é que eles têm um projeto ditatorial de poder, tanto que não tiverem pudor algum em exercitar uma verborragia nazificante mesmo que soubessem que tudo estava sendo filmado. Bolsonaro, e sua trupe putschista, triplica a aposta para reafirmar seu real interesse num Golpe de Estado que leve a implantação de sua ditadura. Aliás, ele nem precisa mais dar um golpe, pois isso foi feito em 2016. O que se trata agora é se, e quando, o presidente vai decretar um AI-5 que possa chamar de seu.
Nacional. Mas, o que fica claro é que eles têm um projeto ditatorial de poder, tanto que não tiverem pudor algum em exercitar uma verborragia nazificante mesmo que soubessem que tudo estava sendo filmado. Bolsonaro, e sua trupe putschista, triplica a aposta para reafirmar seu real interesse num Golpe de Estado que leve a implantação de sua ditadura. Aliás, ele nem precisa mais dar um golpe, pois isso foi feito em 2016. O que se trata agora é se, e quando, o presidente vai decretar um AI-5 que possa chamar de seu.
Bolsonaro afirma que
“temos os instrumentos já disponíveis na Constituição”. Claro, ele se refere as
coisas como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Intervenção Federal, Estado de
Defesa, Estado de Sítio. Por isso ele disse “eu sou a Constituição”, pois pode
intentar utilizar a mesma para se rearrumar no poder, em moldes despóticos. E é
sempre bom lembrar que em 19 de abril passado ele participou de uma
manifestação em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, onde se
pedia, dentre outras coisas (SIC) “intervenção militar com Bolsonaro no
poder”. Ora, mas ele já está no poder! Na verdade, a ideia é emparedar
os outros poderes e a própria sociedade para que ele se torne um ditador.
Repito, o golpe já foi dado em 2016. Trata-se agora do passo seguinte, um AI-5.