Em "CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS - PARA UMA SOCIOLOGIA DO DILEMA BRASILEIRO” (Editora Rocco, 1997), o antropólogo Roberto DaMatta logrou produzir uma obra no nível de “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, de “Formação Econômica do Brasil” de Celso Furtado, de “Os Donos do Poder” de Raymundo Faoro, e diria até mesmo de “Casa Grande & Senzala” de Gilberto Freyre. Estou exagerando? Não, é que DaMatta produziu uma obra dentro da tradição dos “explicadores do Brasil”, ou seja, este livro consegue tornar o Brasil mais inteligível aos brasileiros.
DaMatta tenta, por exemplo, explicar para nós mesmos porque damos mais importância ao Carnaval, do que ao estudo; porque desenvolvemos um conceito bem próprio para a tal malandragem que Chico Buarque dizia, em a “Opera do Malandro”, não mais existir na Lapa do Rio de Janeiro.
DaMatta tenta, por exemplo, explicar para nós mesmos porque damos mais importância ao Carnaval, do que ao estudo; porque desenvolvemos um conceito bem próprio para a tal malandragem que Chico Buarque dizia, em a “Opera do Malandro”, não mais existir na Lapa do Rio de Janeiro.
A discussão “Sabe com quem está falando? Um ensaio sobre a distinção entre indivíduo e pessoa no Brasil” é imperdível. No Capítulo IV, DaMatta trata desse rito de autoridade e separação que coloca cada brasileiro em seu “devido lugar” a partir da estratificação social. DaMatta traz ainda o “macunaísmo”, esse jeito de sermos malandros para sobrevivermos numa sociedade desigual, e o “jeitinho brasileiro”, essa instituição informal tão nossa, só nossa.
O “Sabe com quem está falando?” está para DaMatta, como o “homem cordial” está para Sérgio Buarque de Holanda. Na verdade, eles são os dois lados de uma mesma moeda, pois quando a cordialidade e o “jeitinho” não funcionam, lançamos mão, sem nenhum pudor, do “sabe com quem está falando?”