Há uns dias atrás, eu me dirigia para o bairro do Catolé, quando tive que parar no sinal que fica bem ao lado de onde a Prefeitura Municipal está construindo o monumento em comemoração aos 150 anos de emancipação politica de Campina Grande. Eu tive um susto, pois não vi o Açude Velho, nosso cartão postal, aquilo que simboliza nossa cidade. Por um instante, pensei que estava no local errado. Eu estava só no carro, mas mesmo assim me perguntei em voz alta: “onde está o Açude Velho?”. O nosso Açude Velho, claro, continua onde sempre esteve. A diferença, agora, é que temos uma edificação monumental que está sendo erguido ali a esmo, como se não houvesse outro lugar melhor para fazê-lo. É já é hora de perguntar se, de fato, não haveria um lugar mais apropriado para se por este símbolo que mais parece um mausoléu, uma sepultura suntuosa, de uma família tradicional da cidade?
Eu confesso que ter aquele mastodonte bem ali, me roubando a visão
do nosso querido Açude Velho, incomoda. É estranho que a PMCG tenha tido a ideia
de erguer um ícone a nossa história politica, logo ali, tomando a vista de nosso
símbolo maior. O problema é que nada mais pode concorrer com aquele edifício
que tem a função de marcar uma data que todos bem sabemos o quanto importante
é. Obviamente que o Monumento dos 150 anos vai ser uma marca da gestão do
prefeito Romero Rodrigues. Sim, é uma marca, mas eu duvido que possa se
transformar num marco.

Será que vai ser assim mesmo? A faraônica pirâmide dos 150 anos
ficará mesmo ali, confrontando nossa triste realidade social? Porca Miséria
essa em que vivemos. Conseguimos construir uma obra surreal, quem nem Salvador
Dalí imaginaria, mas não conseguimos tirar aquela menina da triste situação em
que se encontra. Enquanto houver uma criança que seja abandonada pelas ruas, nenhuma
administração municipal poderá se gabar de absolutamente nada. Se um governo não consegue prover bem estar
aos seus cidadãos que se esqueça todo o resto, inclusive as belas obras, os totens
e monumentos, as belas praças, os viadutos e seja lá mais o que for.

A equipe de reportagem da Campina FM fez uma série de matérias especiais
sobre a educação no município de Campina Grande. Nossos repórteres foram a
várias escolas do município entrevistar alunos e professores. Na Escola
Adalgiza Amorim, perguntaram a uma aluna o que ela gostaria de pedir, o que ela
queria que fosse providenciado para sua escola. Eu imaginei que a estudante pediria
para o prefeito Romero Rodrigues entregar, de uma vez por todas, os tablets
prometidos ainda na eleição de 2012. E é hora, também, de perguntar: “mas, afinal, prefeito onde estam os tablets
que o senhor prometeu quando foi candidato?”. Tivemos uma grande surpresa,
pois o que a aluna pediu foi que colocassem um vaso sanitário no banheiro da
escola. Simples assim. A aluna da escola Adalgiza Amorim não está pensando em
grandes recursos tecnológicos, ela quer um simplório vaso sanitário.

O fato é que o monumento vem desagradando àqueles com algum sentido
estético e/ou com alguma sensibilidade social. O Ministério Público da Paraíba
chegou a suspender a obra, pois além dela infringir normas de preservação ao
Meio Ambiente, a Prefeitura Municipal a teria iniciado sem consultar quem quer
que seja e sem ter uma apreciação do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico da Paraíba. O Conselho do Patrimônio Cultural do Município de Campina
Grande condenou a obra por ela prejudicar a visibilidade do espelho d´água no
local e obstruir a paisagem do sítio histórico do Açude Velho. Mas, nada disso
foi argumento suficiente para que a Prefeitura deixasse de tocar a obra, mesmo
que não tenha conseguido cumprir o prazo para sua inauguração, que seria
exatamente o dia 10 de outubro próximo passado, o aniversário da cidade.
Eu não sou contra aos
monumentos, históricos ou não, até acho graça neles. Mas, me preocupa saber que
eles sejam construídos por cima de nossa realidade social. Que se construam os
monumentos, mas só depois que todas as nossas crianças estiverem devidamente
protegidas.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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