Por uma conjunção de fatores pessoais, profissionais e políticos não me
posicionei até então sobre a greve deflagrada há exatos 137 dias pela
Diretoria da Associação dos Docentes da UEPB (ou o que dela restou) e por um
grupo de professores que compõem este Comando de Greve. Quero lembrar que sou
apenas um dos tantos professores da UEPB e que não tenho cargos eletivos ou na
estrutura da Administração Central da Instituição desde 2006 e assim pretendo
seguir. Também, não tenho problema algum em lhes dizer que preservo boas
relações com pessoas que dirigem nossa Instituição, mesmo que me reserve o
direito delas discordar.
Não vou ocupar o tempo de vocês com chavões do sindicalismo que lutou
contra a ditadura militar, no final dos anos 1970; não vou repetir o discurso
da "justeza do movimento" e da "necessidade de nos unirmos em
torno de uma causa". Recuso-me fazer profissão de fé seja a quem for e a que
causa for. Os que bem me conhecem sabem que não faço proselitismos, nem à
esquerda e muito menos à direita, e que não costumo me submeter a vontades
alheias sem que esteja absolutamente convencido de suas (e minhas)
necessidades. Desculpem-me a ingenuidade de uma pergunta tola: "AFINAL,
PORQUE É MESMO QUE NÓS, PROFESSORES DA UEPB, ESTAMOS COM NOSSAS ATIVIDADES
PARALISADAS Há 137 DIAS?".
Penso não ser o momento, ainda, de discutirmos como e porque essa greve
foi decretada. Em que pese estar convencido que, em algum momento próximo
futuro, tenhamos que analisar a esdrúxula situação de uma ínfima quantidade de
professores resolverem o que a totalidade deve ou não fazer. É chegada a hora
de encararmos de frente o fato de que a ADUEPB não mais representa o conjunto
dos professores da UEPB. Quando voltarmos às nossas atividades teremos que
abraçar o dilema de que uma baixíssima representatividade não tem
qualquer legitimidade para tomar seja que decisão for. Inclusive, e
principalmente, a de paralisar as atividades de uma Instituição do porte da
UEPB.
Como diria Herbert Vianna, "minha burrice faz aniversário ao
permitir" que esse estado de coisas prossiga. De fato, não desejo mais me
envolver com "atividades sindicais", muito menos pretendo voltar a
fazer parte (como sócio) da entidade que foi capaz de voltar às costas à
categoria que deveria representar (falo do episódio da aprovação do nosso Plano
de Cargos, Carreiras e Remuneração).
Repito, esta entidade não tem legitimidade alguma para representar a
categoria dos professores da UEPB, principalmente quando se recusa a ouvir o
que eles pensam a cerca desse movimento. Vi que a ADUEPB não permitiu que
professores, que não são seus sócios, participassem (ou votassem) numa
assembleia, mesmo que ela se coloque como representante de todos os professores
da UEPB. Espero ter visto errado, espero ter me enganado. Desconheço se essa é
uma postura compartilhada pelo Comando de Greve. Espero, torço, para que não
seja. Já foi hábito nosso todos os professores da Instituição serem chamados às
Assembleias realizadas em períodos de greve. Inclusive, todos votavam, mesmo os
que não eram sócios da entidade.
Já nos parece um tanto quanto clara a impossibilidade de se cumprir as
reivindicações feitas pelo Movimento grevista. Se olharmos para a longuíssima
greve dos técnicos-administrativos da UEPB, com o que era reivindicado e o que
de fato foi conquistado, veremos que chegou a hora de definirmos o que realmente
queremos com essa greve. Tenho visto os que fazem o movimento grevista dando primazia,
prioridade, ao enfrentamento político em relação ao Reitor da UEPB e ao Governo
do Estado. Hora, se é assim, podemos voltar as nossas atividades. Eles podem,
devem, continuar suas ações políticas sem que toda a comunidade acadêmica siga
prejudicada dessa maneira. Estou convencido que indivíduos e/ou pequenos
grupos devem lutar para implementar seus projetos políticos, mas não ao custo
de tantos prejuízos de nossa comunidade acadêmica.
Está claro que essa greve não é do conjunto dos professores da UEPB. Há um
crescente isolamento desse grupo à frente do movimento grevista. A ocupação da
Reitoria da UEPB foi um fato, como tantos outros, dessa greve. Mas, ela parece
não mais se retroalimentar. Porque insistir em algo que não consegue gerar
resultados positivos? Certo, compreendo que algumas pessoas necessitem ter uma
greve (uma ocupação ou invasão) para chamar de sua e para fornir suas
biografias, mas chegou a hora de pensarmos na comunidade acadêmica e, principalmente,
em nossos alunos que, sim, querem aulas, e de boa qualidade.
PS: Se sou contra as reivindicações? Não, não sou, mesmo que discorde de
algumas “bandeiras de luta”. Se acho que o Governo do Estado deve acabar com
seu silencio ensurdecedor sobre a Greve da UEPB? Não só acho, como estou
convencido que ele precisa urgentemente apresentar alguma proposta factível ao
Reitor da UEPB.
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