quarta-feira, 4 de novembro de 2015

MAS, AFINAL, PORQUE ESTAMOS EM GREVE?


Por uma conjunção de fatores pessoais, profissionais e políticos não me posicionei até então sobre a greve deflagrada há exatos 137 dias pela Diretoria da Associação dos Docentes da UEPB (ou o que dela restou) e por um grupo de professores que compõem este Comando de Greve. Quero lembrar que sou apenas um dos tantos professores da UEPB e que não tenho cargos eletivos ou na estrutura da Administração Central da Instituição desde 2006 e assim pretendo seguir. Também, não tenho problema algum em lhes dizer que preservo boas relações com pessoas que dirigem nossa Instituição, mesmo que me reserve o direito delas discordar. 

Não vou ocupar o tempo de vocês com chavões do sindicalismo que lutou contra a ditadura militar, no final dos anos 1970; não vou repetir o discurso da "justeza do movimento" e da "necessidade de nos unirmos em torno de uma causa". Recuso-me fazer profissão de fé seja a quem for e a que causa for. Os que bem me conhecem sabem que não faço proselitismos, nem à esquerda e muito menos à direita, e que não costumo me submeter a vontades alheias sem que esteja absolutamente convencido de suas (e minhas) necessidades. Desculpem-me a ingenuidade de uma pergunta tola: "AFINAL, PORQUE É MESMO QUE NÓS, PROFESSORES DA UEPB, ESTAMOS COM NOSSAS ATIVIDADES PARALISADAS Há 137 DIAS?".

Penso não ser o momento, ainda, de discutirmos como e porque essa greve foi decretada. Em que pese estar convencido que, em algum momento próximo futuro, tenhamos que analisar a esdrúxula situação de uma ínfima quantidade de professores resolverem o que a totalidade deve ou não fazer. É chegada a hora de encararmos de frente o fato de que a ADUEPB não mais representa o conjunto dos professores da UEPB. Quando voltarmos às nossas atividades teremos que abraçar o dilema de que uma baixíssima representatividade não tem qualquer legitimidade para tomar seja que decisão for. Inclusive, e principalmente, a de paralisar as atividades de uma Instituição do porte da UEPB.

Como diria Herbert Vianna, "minha burrice faz aniversário ao permitir" que esse estado de coisas prossiga. De fato, não desejo mais me envolver com "atividades sindicais", muito menos pretendo voltar a fazer parte (como sócio) da entidade que foi capaz de voltar às costas à categoria que deveria representar (falo do episódio da aprovação do nosso Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração).

Repito, esta entidade não tem legitimidade alguma para representar a categoria dos professores da UEPB, principalmente quando se recusa a ouvir o que eles pensam a cerca desse movimento. Vi que a ADUEPB não permitiu que professores, que não são seus sócios, participassem (ou votassem) numa assembleia, mesmo que ela se coloque como representante de todos os professores da UEPB. Espero ter visto errado, espero ter me enganado. Desconheço se essa é uma postura compartilhada pelo Comando de Greve. Espero, torço, para que não seja. Já foi hábito nosso todos os professores da Instituição serem chamados às Assembleias realizadas em períodos de greve. Inclusive, todos votavam, mesmo os que não eram sócios da entidade.

Já nos parece um tanto quanto clara a impossibilidade de se cumprir as reivindicações feitas pelo Movimento grevista. Se olharmos para a longuíssima greve dos técnicos-administrativos da UEPB, com o que era reivindicado e o que de fato foi conquistado, veremos que chegou a hora de definirmos o que realmente queremos com essa greve. Tenho visto os que fazem o movimento grevista dando primazia, prioridade, ao enfrentamento político em relação ao Reitor da UEPB e ao Governo do Estado. Hora, se é assim, podemos voltar as nossas atividades. Eles podem, devem, continuar suas ações políticas sem que toda a comunidade acadêmica siga prejudicada dessa maneira. Estou convencido que indivíduos e/ou pequenos grupos devem lutar para implementar seus projetos políticos, mas não ao custo de tantos prejuízos de nossa comunidade acadêmica.
Está claro que essa greve não é do conjunto dos professores da UEPB. Há um crescente isolamento desse grupo à frente do movimento grevista. A ocupação da Reitoria da UEPB foi um fato, como tantos outros, dessa greve. Mas, ela parece não mais se retroalimentar. Porque insistir em algo que não consegue gerar resultados positivos? Certo, compreendo que algumas pessoas necessitem ter uma greve (uma ocupação ou invasão) para chamar de sua e para fornir suas biografias, mas chegou a hora de pensarmos na comunidade acadêmica e, principalmente, em nossos alunos que, sim, querem aulas, e de boa qualidade.

PS: Se sou contra as reivindicações? Não, não sou, mesmo que discorde de algumas “bandeiras de luta”. Se acho que o Governo do Estado deve acabar com seu silencio ensurdecedor sobre a Greve da UEPB? Não só acho, como estou convencido que ele precisa urgentemente apresentar alguma proposta factível ao Reitor da UEPB.

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