sexta-feira, 26 de junho de 2020

Lei de Segurança Nacional neles!


Começo este DO QUE AINDA POSSO FALAR lembrando que Tom Jobim, o “maestro soberano” de Chico Buarque (e meu também), gostava de dizer que o “Brasil não é para principiantes”. E eu diria mais, não é para veteranos, muito menos para principiantes. Mas, por que estou dizendo isso? É que os deuses do olimpo, também conhecidos como ministros do STF, querem aplicar a Lei de Segurança Nacional sobre Sara Giromini e seus comparsas, e sobre a quadrilha bolsonarista que age nas redes sociais espalhando fake news. O STF quer enquadrar na LSN os que participaram de manifestações pedindo o fim das Instituições e dos Procedimentos democráticos. Quem pediu golpe de Estado, intervenção militar, AI-5 ou atirou bombas no STF pode vir a ser punido com os rigores da lei. Tomara! A mãe de todos os paradoxos é que a lei que servia para punir a esquerda, que lutava contra a ditadura militar, é hoje usada para enquadrar a extrema direita que pede o fechamento do Congresso e do STF. De fato, o Brasil não é para principiantes! O Brasil é tão desprovido de sensatez que o mesmo instrumento coercitivo pode servir tanto para punir quem é favor da democracia quanto quem é contra. A LSN, criada por uma ditadura, segue presente em nosso ordenamento jurídico, assim como o Art. 142, por isso a chamo de entulho autoritário. A milícia bolsonarista, que toca fogo nos vestígios de democracia que ainda temos, pode vir a ser enquadrada pela lei que ela mesma tanto pede para ser usado contra a sociedade brasileira. Pois é, quem com entulho autoritário fere, com entulho autoritário será ferido!

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Artigo 142: uma arma que ainda será usada


Agora, no DO QUE AINDA POSSO FALAR, comentarei o fato da deputada federal Carla Zambelli, do PSL, ter dito que “Bolsonaro pode usar o Artigo 142 da Constituição contra o STF e o Congresso”. Isso me faz lembrar Millôr Fernandes que dizia que “no Brasil, o fundo do poço é só uma etapa”. E eu, se pudesse, acrescentaria que o fundo do poço é apenas uma etapa rumo ao desconhecido e obscuro mundo onde imperam forças malignas. Zambelli, que cuidava da fila do banheiro no acampamento da extrema direita na Av. Paulista, disse que chegou a hora de usar o Art. 142 e intervir. Alguma surpresa? Claro que não, pois estamos numa escalada autoritária. E já é hora de lembrar que o Art. 142 não é peça decorativa na Constituição. Ele foi colocado lá para ser usado na hora certa. Costumo dizer que o Art. 142 é como um revólver velho que se guarda no fundo de uma gaveta, a oportunidade para usá-lo aparecerá um dia. O Art. 142, assim como a Lei da Anistia, é uma das exigências das Forças Armadas para que se pusesse fim a ditadura militar. No mundo inteiro, ele é um caso raro, pois dá aos militares direitos constitucionais para intervirem na ordem política e social do país. Quando a deputada do ódio, Carla Zambelli, pediu sua utilização estava na verdade explorando o requinte da crueldade que é se usar um procedimento democrático, ou seja a própria Constituição, para se pôr fim a democracia, ou o que dela sobrou. A Constituição Cidadã manteve prerrogativas que os militares só poderiam ter na ditadura. Com a interpretação, falsa ou não, de que a ordem política e social está sendo ameaçada, eles podem dar um golpe respaldados na Constituição. Foi isso tudo que a execrável Carla Zambelli quis dizer, ela apenas não sabia como.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Reabrindo o que nunca fechou



Começo este DO QUE AINDA POSSO FALAR lembrando do dia em que o prefeito bolsonarista de Campina Grande anunciou a reabertura do comércio a partir da 2ª feira - 15 de junho. Ou seja, mandou reabrir o que nunca fechou. Na 6ª feira, 12 de junho, o Brasil registrava 42.720 mortes, por causa do COVID-19, além de 850 mil pessoas contagiadas. Mas, o prefeito, amigo de Bolsonaro, insistia na abertura do comércio para fazer os gostos de comerciantes, que ficam isolados, enquanto seus empregados se contaminam. Vejamos a prova da insensatez do prefeito. No dia 15 de maio, tínhamos em Campina Grande 261 casos. 15 dias depois já eram 1.483 casos. Em 15 de junho, no dia da reabertura do comércio, atingimos 4.297 casos. Em um mês tivemos 4.036 casos, mas o prefeito, íntimo do presidente fascista, só pensava em movimentar vendas por causa de um São João que não vai ter. Estranho, não é? Em Campina Grande temos pouquíssimos leitos e respiradores para tratar as pessoas com o COVID-19, mas o prefeito (que proibiu de se falar em gênero, política e religião nas escolas) reabre aquilo que não fechou. Ao mesmo tempo em que mandava fechar o comércio nada fazia para que a determinação fosse cumprida. Não havia fiscalização! O Portal G1 trouxe levantamento da plataforma Farol Covid mostrando que o “ritmo de contágio” desacelerou nas capitais e aumentou no interior entre maio e junho. Campina Grande aparece entre as 10 cidades com maior taxa de crescimento de casos e com maior taxa no ritmo de transmissão. Pudera, os campinenses agem como se a pandemia não tivesse subido a Serra da Borborema. O vírus se alastrou em Campina porque o comércio funcionou sempre, enquanto a frota de transporte público era reduzida pondo a população em perigo dentro dos coletivos. Além disso houve um “minilockdown”, sem qualquer planejamento, que serviu apenas para concentrar parte considerável da população, no centro da cidade, nos dias seguintes. O Farol Covid mostra que cada infectado em Campina Grande pode transmitir a doença para 1 ou 2 pessoa. Tem como se evitar? Sim, claro que sim, mas para isso teríamos que ter uma administração municipal comprometida com o bem estar da população e não com os lucros dos comerciantes locais.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Por que não sinto falta do São João?




Agora, no DO QUE AINDA POSSO FALAR, comentarei sobre postagens lamentando que o São João estaria começando se não estivéssemos enfrentando a pandemia. O JPB, da TV Paraíba, fez uma matéria sobre isso, num Parque do Povo vazio, claro, que tinha até um jornalista com chapéu de palha e um trio de forró tocando para ninguém!

O São João é importante, mas podemos viver sem ele. Dito de outra forma, não teremos São João este ano para sobrevivermos ao coronavirus. Além disso, não posso ficar me lamuriando por estar sem São João, ou sem futebol para ver na TV, enquanto pessoas morrem fulminadas pelo COVID-19.

Estou me colocando no lugar das famílias que perderam entes queridos para o vírus. Como será que elas se sentem vendo pessoas mais preocupadas com uma festa, com as tais “lives”, com fogueiras virtuais? No momento, é preciso ter claro que essas coisas são meras futilidades.

Além disso, não sinto falta desse São João de plástico, “camarotizado”, ajustado aos interesses do mercado fonográfico e dos grupos políticos locais, que veem na cultura popular uma ameaça. Sendo sincero, sinto até algum alívio em saber que este ano não vamos ter “sofrências sertanejadas” no Parque do Povo.

Do que sinto falta é do São João do “pé-de-serra” que não mais existe. Lamento não termos mais nossa festa popular, implodida por administrações municipais descomprometidas com nossa cultura. Sinto falta do Parque do Povo de palha. Desse Parque do Povo de plástico sinto desprezo.

domingo, 14 de junho de 2020

40 DISCOS QUE FIZERAM MINHA CABEÇA (para ouvir na quarentena)


Para fazer esta seleção pensei numa “fórmula mágica” para evitar as dificuldades que só quem se mete a fazer as tais “listas dos melhores” enfrenta. Para não ter que arcar com o ônus da escolha/seleção, pensei em colocar todos os discos dos Beatles e pincelar com mais alguns de Pink Floyd & Rolling Stones, Chico, Caetano & Gil. Mas, seria muito casuísmo de minha parte! Assim, apresento a lista dos 40 discos que fizeram minha cabeça que servem para ouvir a qualquer hora, em qualquer lugar, não apenas na quarentena. Como diria Belchior, “não quero te falar das coisas que aprendi nos discos”, apesar de que estes aqui me ensinaram muito.
A lista vem com um bônus +20, que são os que deveriam estar na lista dos “40 discos”, mas assim teria que retirar e colocar, colocar e retirar, enfim...

01 - “The Dark Side of the Moon” - Pink Floyd (1973)
02 - “Abbey Road” - The Beatles (1969)
03 - “Boca Livre” - Boca Livre (1979)
04 - “Highway 61 Revisited” - Bob Dylan (1965)
05 - “The Freewheelin” - Bob Dylan (1963)
06 - “Ópera do Malandro” - Chico Buarque (1979)
07 - “Double Fantasy” - John Lenno/Yoko Ono (1980)
08 - “Milk and Honey” - John Lenno/Yoko Ono (1984)
09 - “The Concert in Central Park” - Simon & Garfunkel (1982)
10 - “Pet Sounds” - The Beach Boys (1966)
11 - “Atom Heart Mother” - Pink Floyd (1970)
12 - “Electric Ladyland” - The Jimi Hendrix Experience (1968)
13 - “Rattle and Hum” - U2 (1988)
14 - “Brothers in Arms” - Dire Straits (1985)
15 - “Cabeça de Dinossauro” - Titãs (1986)
16 - “Getz/Gilberto” - João Gilberto, Stan Getz e Tom Jobim (1964)
17 - “Then and Now” - The Who (1964-2004)
18 - “90125” - Yes - (1990)
19 - “Hoje” - Paralamas do Sucesso (2005)
20 - “Some Girls” - Rolling Stones (1978)
21 - “Exile on Main Street” - Rolling Stones (1972)
22 - “Balada do asfalto & Outros Blues – Zeca Baleiro (2005)
23 - “Revolver” - The Beatles (1966)
24 - “Alucinação” - Belchior (1976)
25 - “Era uma vez um home e seu tempo” - Belchior (1979)
26 - “Meus caros amigos” - Chico Buarque (1976)
27 - “Cinema Paradiso” - Ennio Morricone (1989)
28 - “Antônio Brasileiro” - Tom Jobim (1994)
29 - “Kind of Blues” - Miles Davis (1959)
30 - “Back to Black” - Amy Winehouse (2006)
31 - “Band on the Run” - Paul McCartney & Wings (1973)
32 - "All Things Must Pass" - George Harrisson (1970)
33 - “O descobrimento do Brasil” - Legião Urbana (1933)
34 - “Luz” - Djavan (1982)
35 - “Led Zeppelin IV” - Led Zeppelin (1971)
36 - “Tropicália ou Panis et Circencis” - Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé (1968)
37 - “A Night at the Opera” - Queen (1975)
38 - “The Doors” - The Doors (1967)
39 - “461 Ocean Boulevard” - Eric Clapton (1974)
40 - “Cavalo de Pau” - Alceu Valença (1982)
41 - “The Beatles (White Album) - The Beatles (1968)
42 - “Jobim Sinfônico” - Paulo Jobim/Mario Adnet (2002)
43 - "Um banda um" Gilberto Gil (1982)
44 - “Cores, Nomes” - Caetano Veloso (1982)
45 - “In The Mood!” - Glenn Miller (1943)
46 - “Achtung Baby” - U2 (1990)
47 - “Osvaldo Montenegro” - Osvaldo Montenegro (1980)
48 - “Clube da Esquina” - Milton Nascimento & Lô Borges (1972)
49 - “Fa-Tal - Gal a Todo Vapor!” - Gal Costa (1971)
50 - “Pérola Negra” - Luiz Melodia (1973)
51 - “Birth of the Cool” - Miles Davis (1957)
52 - “Revoluções por Minuto” - RPM (1985)
53 - “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” - The Beatles (1967)
54 - “The Velvet Underground & Nico” – The Velvet Underground (1967)
55 - “Barcelona” - Freddie Mercury e Montserrat Caballé (1988)
56 - “Money Jungle” - Duke Ellington, Charlie Mingus & Max Roach (2002)
57 - “Little Creatures” - Talking Heads (1985)
58 - “Aquarela do Brasil” - Gal Costa (1980)
59 - “Mais” - Marisa Monte (1991)
60 - “Outras Coisas” - Leila Pinheiro (1991)

sábado, 13 de junho de 2020

Por que não assino manifestos




Agora, no DO QUE AINDA POSSO FALAR, comentarei sobre manifestos que dizem para “deixar de lado velhas disputas”. Lutar por vida, democracia, igualdade e liberdade é disputa velha? Falam que esquerda e direita devem ser unir pelo bem comum. Mas, qual? O do povo ou o da elite, pois o que existe mesmo são as classes sociais e seus interesses.

Porque divulgar manifesto assinado por Luciano Huck, FHC, Lobão, Alice Setubal (do Banco Itaú) e toda gente que se "solidarizou" com Aécio Neves, quando ele se recusou aceitar o resultado das urnas de 2014, que apoiou o golpe de 2016, que votou em Bolsonaro em 2018 “para tirar o PT”?

Estranho ver essa gente “preocupada com a democracia brasileira”, quando em 2019 ela mesma silenciou diante da escalada fascista. “Deixar de lado as diferenças e lutar pelo bem comum” termina sempre do mesmo jeito, com a esquerda sendo reprimida, presa, torturada e morta.

Para tirar a esquerda, que fazia reformas e promovia desenvolvimento social, do poder essa gente promoveu um golpe de Estado, com direito a Lava Jato, e elegeu um fascista. Mas, para tirar esse fascista do poder, que quer mandar só, sem a elite, lançam “manifesto em defesa da democracia”. Estranho, não?!

Não posso “assinar” manifestos junto com a direita pois é ela que sempre dá os golpes de Estado no Brasil. Não votei em Haddad, em 2018, para agora me juntar com os que votaram em Bolsonaro. É uma questão de coerência política e ideológica! É uma questão de resistência e, por que não, de sobrevivência!

quinta-feira, 11 de junho de 2020

A Frente Ampla da Globo





Começo este DO QUE AINDA POSSO FALAR lembrando que o imprescindível Leonel Brizola dizia para sempre desconfiarmos das intenções da Rede Globo. Brizola dizia para se suspeitar da Globo até quando ela está sendo boazinha. Mas, por que lembrei disso?

É que baixou um “santo democrático” na “vênus platinada”. Pois não é que a Globo, que reconhecidamente defendeu o golpe de 1964 e a ditadura militar, a mesma Globo que apoiou o golpe de 2016 e que promoveu a Lava Jato, teve a pachorra de lançar uma "frente ampla" contra Bolsonaro?!

Os irmãos Marinho puseram Miriam Leitão lá na Globo News, num debate com três arautos da democracia liberal: Marina Silva, Ciro Gomes e FHC. A ideia é promover uma “frente ampla” contra Bolsonaro e a favor da democracia, que essa gente tanto despreza. A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que foi “a nata do antipetismo entrevistada pela campeã do mercado”. E foi desse jeito mesmo!

Além da desfaçatez de ver a árvore defender o machado, "esqueceram” de chamar Fernando Haddad, do PT, ou Guilherme Boulos, do PSOL - legítimos representantes da esquerda que lutou e luta contra a ascensão do fascismo. E é preciso lembrar que Haddad não foi para Paris, após a derrota no 2º turno da eleição em 2018, ele ficou aqui e enfrentou os inimigos da democracia.

Considerando o resultado do 1º turno de 2018, essa gente não tem a menor legitimidade para liderar essa tal “frente ampla” articulada por uma emissora acostumada a apoiar golpes. Ciro, Marina e Alckmin (do PSDB) tiveram, juntos, 18,23% dos votos válidos, enquanto só Haddad teve 29,28%.

Qual a representatividade dessa “frente ampla” que junta alhos e bagulhos? Por que ela não dá espaço para a esquerda? Se a proposta é ser contra Bolsonaro porque os que o enfrentam de verdade não foram chamados? Tinha mesmo razão o velho Brizola, é para se desconfiar!