Começo este DO QUE AINDA POSSO FALAR lembrando do dia em que o prefeito
bolsonarista de Campina Grande anunciou a reabertura do comércio a partir da 2ª
feira - 15 de junho. Ou seja, mandou reabrir o que nunca fechou. Na 6ª feira, 12 de junho, o Brasil registrava 42.720 mortes, por causa
do COVID-19, além de 850 mil pessoas contagiadas. Mas, o prefeito, amigo de
Bolsonaro, insistia na abertura do comércio para fazer os gostos de
comerciantes, que ficam isolados, enquanto seus empregados se contaminam. Vejamos a prova da insensatez do prefeito. No dia 15 de maio,
tínhamos em Campina Grande 261 casos. 15 dias depois já eram 1.483 casos. Em 15
de junho, no dia da reabertura do comércio, atingimos 4.297 casos. Em um mês
tivemos 4.036 casos, mas o prefeito, íntimo do presidente fascista, só pensava
em movimentar vendas por causa de um São João que não vai ter. Estranho, não é? Em Campina Grande temos pouquíssimos leitos e respiradores para tratar
as pessoas com o COVID-19, mas o prefeito (que proibiu de se falar em gênero,
política e religião nas escolas) reabre aquilo que não fechou. Ao mesmo tempo
em que mandava fechar o comércio nada fazia para que a determinação fosse
cumprida. Não havia fiscalização! O Portal G1 trouxe levantamento da plataforma Farol Covid mostrando que
o “ritmo de contágio” desacelerou nas capitais e aumentou no interior entre
maio e junho. Campina Grande aparece entre as 10 cidades com maior taxa de
crescimento de casos e com maior taxa no ritmo de transmissão. Pudera, os
campinenses agem como se a pandemia não tivesse subido a Serra da Borborema. O vírus se alastrou em Campina porque o comércio funcionou sempre,
enquanto a frota de transporte público era reduzida pondo a população em perigo
dentro dos coletivos. Além disso houve um “minilockdown”, sem qualquer
planejamento, que serviu apenas para concentrar parte considerável da população,
no centro da cidade, nos dias seguintes. O Farol Covid mostra que cada infectado em Campina Grande pode
transmitir a doença para 1 ou 2 pessoa. Tem como se evitar? Sim, claro que sim,
mas para isso teríamos que ter uma administração municipal comprometida com o
bem estar da população e não com os lucros dos comerciantes locais.
Professor do Curso de História da Univ. Estadual da Paraíba desde 1993. Mestre em Ciência Política-UFPE e Doutorando em Ciência da Informação-UFPB. Especialista em História do Brasil, com ênfase na Era Vargas e na Ditadura Militar, na democracia e no autoritarismo. Autor dos livros "Heróis de uma revolução anunciada ou aventureiros de um tempo perdido" (2015) e “Do que ainda posso falar e outros ensaios - Ou quanto de verdade ainda se pode aceitar” (2024), ambos lançados pela Editora da UEPB.
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