quinta-feira, 3 de abril de 2025

"Brincando" com a IA e se queimando com as Big Techs

 

Andei utilizando a "inocente brincadeira de transformar uma imagem minha em desenho", até fiz umas postagens no Instagram. Mas, isso não tem nada de inocente, muito menos é uma brincadeira. Facilmente, me deixei levar pela "modinha" de pessoas transformadas em personagens dos animes, principalmente dos japoneses. Afinal de contas, quem não gostaria de ver a imagem do aniversário do netinho em formato anime? Foi exatamente isso que pensei, antes de refletir, quando vi o que se pode fazer com nossas imagens que são, na verdade, nossas lembranças, memórias, sentimentos, etc. 



Essa é mais uma das estratégias das Big Techs para ter acesso a uma das coisas mais valiosa do mundo em nossos dias, se brincar mais do que o próprio petróleo, e que dá sustentação ao modelo de negócio das plataformas, garantindo que o processo de acumulação de capitais siga sendo a base de sustentação do sistema capitalista. Claro, estou falando de DADOS e de INFORMAÇÃO, que não brotam da terra feito mato, e que vão sendo a matéria prima dos SERVIÇOS de INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA).

Funciona assim: eu dou vários dados e informações sobre mim e a IA me dá em troca um desenho bonitinho meu. Lembrando, sempre, que eu ainda pago por isso. Eu fico com o desenho e a Big Tech fica com os meus dados, que vão alimentar os algoritmos e que me "oferecerão" produtos, na forma de publicidade, para que eu consuma como se não houvesse amanhã. 

O fato é que as Big Techs avançaram bastante em seu poder sobre o funcionamento das redes sociais e, consequentemente, sobre nossa subjetividade coletiva. Precisamos urgentemente refletir sobre com uma "trend" (uma tendência que nomeia conteúdos que atingem picos de popularidade instantaneamente e por um certo tempo nas redes sociais) se torna algo viral para logo depois cair em nosso esquecimento. Digo no nosso, pois os algoritmos possuem uma memória de elefante e não "esquecem" nenhum dado que passamos para eles.



Vi, no Instagram, Mari Lacerda (@MariLacerdaPT) explicando que as redes sociais foram "inundadas (por) imagens de pessoas transformadas em personagens de anime na estética do Studio Ghibli, conhecido por obras como "A viagem de Chihiro". Inclusive, Hayao Miyazaki, que fundou o Studio Ghibli, disse ser contra o uso da IA para produção de animações, pois ela usa obras de artistas sem autorização e sem atribuir créditos.

Mari Lacerda diz ainda que "é um novo nível de domínio capitalista sobre trabalhadores e trabalhadoras (pois) 'evoluímos' da exploração da força de trabalho para o roubo do trabalho alheio, sem qualquer ideia do pagamento por esse trabalho". Ainda, precisamos atinar para o fato de que essas tais "trends" atestam o poder das Big Techs, e de suas ferramentas, sobre as sociedades pela facilidade com que criam o famoso efeito manada. É aquela história mesmo de eu-vou-postar-porque-tá-todo-mundo-postando ou se-todo-mundo-está-fazendo-não-deve-ter-problema-nenhum.


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