O prefeito Veneziano continua na frente na disputa pela prefeitura de Campina Grande, segundo pesquisa CONSULT divulgada neste domingo. Ele tem 46,31% das intenções de voto, enquanto o deputado Rômulo Gouveia aparece com 37,08%.
Sizenando Leal e Érico Feitosa tem risíveis 0,31% e 0,15% respectivamente, i.e., querem ser conhecidos e não disputar. Isso é uma inversão da utilidade de uma eleição. Alguém só poderia reivindicar um cargo sendo conhecido dos eleitores e tendo seu papel público igualmente reconhecido. Ainda, 7,69% votariam nulo ou branco e 8,46% estão indecisos. São margens aceitáveis em se tratando de uma eleição tão disputada.
Em maio a diferença entre Veneziano e Rômulo era de 13 pontos percentuais. Agora ele é de 9,23%. É difícil precisar os motivos para a queda na diferença, pois o guia eleitoral no rádio e na TV ainda não começou, a campanha nas ruas, os comícios e debates iniciam e os candidatos ainda vão apresentar suas propostas. No entanto, eles têm sido enfáticos em suas declarações, demonstrando a disposição de lançarem mão de todos os recursos para atingirem uns aos outros, buscando conquistar os indecisos.
Um dado importante, particular a Campina Grande, é avaliação que a população fez do São João. Se negativa, ela é automaticamente transferida para a avaliação da gestão do prefeito – coisas de sociedades acostumadas a político do pão e circo.
Rômulo, ao contrário de Veneziano, aproveita as vantagens de não ter uma administração onde seus adversários busquem erros. Como a maioria do eleitorado não acompanha os atos de um deputado federal seus erros e acertos não aparecem muito. O que ganhava visibilidade é o que ele faz aparecer pela mídia. Ser oposição em uma campanha eleitoral é mais confortável do que ser situação. Ser a pedra descompromissada com as dores da vidraça é bastante cômodo.
Recandidatando-se, Veneziano precisa responder pelo que fez de bom, e de ruim, e pelo que deixou de fazer – essa é uma imposição do expediente da reeleição. Assim, temos que verificar os índices de aprovação de sua administração. Comparando com maio, a aprovação da população ao prefeito caiu cerca de 10 pontos percentuais. Em maio, 76,77% o avaliavam positivamente, agora esse percentual é de 66,31%.
Importa, também, verificar os índices de rejeição que demonstram qualitativamente as possibilidades de um candidato. Veneziano tem 22,31% e Rômulo 21,54% de rejeição. Lembrando que este índice é aferido quando se pergunta em qual dos candidatos não se votará em hipótese nenhuma. Certo, a rejeição a Veneziano é a manifestação dos descontentes com sua gestão. Mas e a rejeição a Rômulo de onde vêm? De sua atuação como parlamentar ou refletiria insatisfações em relação ao governador Cássio Cunha Lima, que capitaneia sua postulação?
Na enquete, se perguntou quem vai ganhar a eleição, independentemente de em quem se vai votar. 47,08% disseram que Veneziano vence e 30% que Rômulo será eleito. Também se questionou sobre as possibilidades de mudar o voto até o dia da eleição. 19,54% afirmaram sim e 71,08% não. Isso demonstra que muitos já fizeram sua opção e a crença espraiada que o candidato a reeleição tem mais chances de ganhar. E mostra que um baixo índice de indecisos afunila a disputa e torna a busca pelo voto algo minucioso. Eleições em Campina Grande trazem um quê de paixão, uma vez decidido em quem se vai votar não se muda, a não ser premido por uma catástrofe.
Por fim os candidatos parecem não terem discutido com seus assessores os resultados da pesquisa. Rômulo optou pelo óbvio e disse que a pesquisa é “o retrato do momento eleitoral”. Elementar, pesquisa nenhuma pretende coisa diferente. Veneziano, numa avaliação açodada, disse que “ganhará com uma maioria acima de 30 mil votos”. Terá esquecido a “vantagem” de 791 votos da eleição de 2004 e o acirramento desta?
Vale o velho ditado, caldo de galinha e cautela não faz mal a ninguém!
Professor do Curso de História da Univ. Estadual da Paraíba desde 1993. Mestre em Ciência Política-UFPE e Doutorando em Ciência da Informação-UFPB. Especialista em História do Brasil, com ênfase na Era Vargas e na Ditadura Militar, na democracia e no autoritarismo. Autor dos livros "Heróis de uma revolução anunciada ou aventureiros de um tempo perdido" (2015) e “Do que ainda posso falar e outros ensaios - Ou quanto de verdade ainda se pode aceitar” (2024), ambos lançados pela Editora da UEPB.
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