Eu sempre falo
que os números das pesquisas eleitorais não falam por si só. É preciso
interpretá-los. Existem várias maneiras de se analisar uma aferição. No
entanto, a maioria das pessoas prefere mesmo ler uma pesquisa tal qual se vê o
placar de um jogo de futebol. É mais simples se olhar os números absolutos das
pesquisas estimuladas. Uma aferição, como está do IPESPE, acomoda quem quer,
tão somente, saber quem está na frente e quem está em 2º lugar. Ou seja, os
dois candidatos que vão para o 2º turno. Mas, existem os vários outros dados
que devem ser analisados. Às vezes, é o caso desta pesquisa IPESPE, os números
da pesquisa estimulada dão a entender que temos uma eleição praticamente
resolvida, pois tem um candidato despontando na frente.
Os números da estimulada podem querer dizer uma coisa, e os vários outros
dados, como a rejeição, podem ou questionar a estimulada ou mesmo negá-la. O
IPESPE, como tantos outros institutos, não gosta de vírgulas, muito menos de
frações. Ele não costuma colocar os valores com suas casas decimais. Talvez
para facilitar o entendimento do eleitorado. Talvez para facilitar a
comunicação entre as pessoas. Afinal é sempre mais fácil dizer o placar da
eleição em números redondos. Mas, como será que este tipo de arredondamento é
feito? É preciso lembrar que números nunca são exatos. É preciso nunca esquecer
que as eleições majoritárias, na pequena e heroica Paraíba, costumam se
resolver pelas frações e casas decimais.
Vejamos, por exemplo, que na pesquisa estimulada o IPESPE traz Cássio com
43%, Ricardo com 23% e Veneziano com 11%. Dito dessa forma quase não se pode
duvidar que o senador tucano não se sairá vitorioso das urnas em outubro. Mas,
está é uma visão simplória, verticalizada. Vamos horizontalizar a análise. Na
verdade, vamos aprofundar a discussão, buscando ver onde os dados questionam o
placar da consulta estimulada. Sabemos que os dois maiores colégios eleitorais
da Paraíba são, respectivamente, João Pessoa e Campina Grande. Sabemos, também,
que ninguém ganha uma eleição para o governo do Estado se não se sair bem nas
urnas da Serra da Borborema.
O potencial de votos de João Pessoa não pode, claro, ser desprezado.
Inclusive, o eleitorado da capital tem, historicamente, demonstrado ser o mais
consciente e o mais coerente de todo o estado em suas manifestações eleitorais.
O dado mais relevante dessa pesquisa é o que mostra que Cássio tem 50% das
intenções de voto na mesorregião do agreste que, não por acaso, é polarizada
por Campina Grande. Já Ricardo tem 14% e Veneziano tem 13. Já na mesorregião da
mata, polarizada por João Pessoa, Cássio tem 34%, Ricardo tem 30% e Veneziano
tem 9%. Ou seja, no que dependesse do agreste não haveria nem 2º turno. Mas, no
que depender da mata teremos uma eleição daquelas.
O fato é que Cássio e Ricardo entram nesta disputa potencializando seus
capitais eleitorais baseados em seus redutos. Isso contraria a aparente
hegemonia, pró-Cássio, que a pesquisa estimulada quer demonstrar. O IPESPE pesquisou a intenção de votos na
capital e em Campina Grande isoladamente. O que se vê é tao somente a
confirmação de uma espécie de disputa entre os dois maiores colégios
eleitorais, cada um querendo eleger seu líder maior. Em Campina Grande Cássio
têm confortáveis 58 pontos percentuais, contra 16 de Veneziano e 6 de Ricardo.
O eleitorado daqui parece não querer mesmo nada com o governador. Inclusive, no
que dependesse do campinense a disputa seria entre Cássio e Veneziano.
Já em João Pessoa, a questão quase se reverte, pois Ricardo aparece com 30
pontos percentuais, Cássio com 28 e Veneziano com 12. Estou querendo dizer que
está eleição vai virar um FLA X FLU entre a capital e Campina Grande? Não!
Claro que não. Por favor, não esqueçamos a força do sertão e do cariri
paraibanos. Onde mais o ex-governador José Maranhão amealhou tantos votos para
ser três vezes governador desse Estado? Olhando a questão da rejeição, essa
tendência se reafirma. Na mesorregião do agreste a rejeição de Cássio é de
apenas 11 pontos percentuais. Já Ricardo ultrapassou o limite dos 27 pontos e
foi a 33% de rejeição. Veneziano teve rejeição de 19%. JÁ na mesorregião da
mata a vida não está fácil para ninguém.
O eleitor da capital parece mesmo ser o mais exigente do estado, pois
Cássio, Ricardo e Veneziano aparecem, cada um, com 26 pontos percentuais de
rejeição. Será que o eleitorado da mata está querendo mostrar que nenhum dos
candidatos lhe serve? Em números redondos, o resultado da pesquisa é de um
tipo. Mas, quando olhamos os números atravessados, com suas impurezas, vemos
outro resultado. Em todo caso, sugiro que não se leia esta, ou qualquer outra
pesquisa, como o decreto de um resultado. É que eleições, assim como a
matemática e a vida, não são, e não podem ser, absolutamente exatas. Estamos
falando de um jogo de variáveis irregulares, com distintos participantes, assim
não dá para querer arredondar o resultado.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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