quinta-feira, 3 de abril de 2014

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM – PARTE III


O fim da aliança entre PSB e PSDB favoreceu bem mais ao Senador Cássio Cunha Lima do que ao governador Ricardo Coutinho, como bem percebemos na pesquisa que por hora analisamos. Em todo caso, eu vou esperar a apuração de dados sobre essa questão. É que ao analista político não é dado o direito de praticar o “achismo”.  Por mais lógica que possa parecer uma determinada questão eleitoral não cabe a mim tê-la como óbvia. É preciso ter hipóteses e buscar comprová-las pelos dados que as pesquisas trazem. O senso comum costuma decretar a vitória do candidato que aparece em 1º lugar numa pesquisa como esta que temos em mãos. Mas, na análise políticas as coisas não funcionam assim. É que o jogo eleitoral se dá pelas incertezas do resultado.

A certeza de uma vitória, ou de uma derrota, só se apresenta ao analista depois que ele consegue montar uma série histórica de pesquisas. Também é preciso que um candidato mantenha-se invariável ou em crescimento para que se possa ter alguma certeza. Se o senador Cássio não fosse candidato, provavelmente o governador Ricardo estaria na frente da pesquisa CAMPINA FM/TV ITARARÉ/GRUPO 6SIGMA. Não é novidade que Ricardo Coutinho só se elegeu por causa do apoio que obteve de Cassio. É fato que o fim da aliança desobrigou o eleitor cassista a apontar Ricardo Coutinho numa pesquisa. Assim, o senador foi apontado em nossa pesquisa livre das amarras políticas que ele mesmo se impôs em 2010.

Sem o apoio de Cássio, Ricardo ficaria um passo atrás. Mas, alto lá, pois é bom nunca esquecer que a campanha eleitoral propriamente dita ainda não começou. Se não sabemos ao certo quem são os candidatos, como poderemos proclamar um resultado? A sorte está, ainda, para ser lançada. Vai ser cada um por si sem o peso de uma aliança que não sobreviveu pela ausência de altruísmo das lideranças políticas e pelo excesso de particularização dos interesses políticos mais comezinhos.  Interessa ver que Cássio Cunha Lima, Ricardo Coutinho e Veneziano Vital não fugiram ao script ao avaliarem esta pesquisa. Foi o de sempre. Cássio disse que recebeu o resultado com humildade e que isso é o reconhecimento do povo da Paraíba e vai por ai.



Ricardo, claro, tentou desqualificar a pesquisa. No seu costumeiro mau humor, disse que nunca perdeu uma noite de sono por causa de uma pesquisa e lembrou o caso de 2010, quando foi eleito vendo as pesquisas sempre o colocando em 2º lugar. Veneziano Vital fez o discurso de quem está em 3º lugar, mas que não pretende desistir do jogo. Disse que a campanha eleitoral ainda não começou e que ele vai crescer nas pesquisas enquanto os outros vão cair. Ele apenas não disse como isso vai acontecer. E já é tempo de analisarmos a pesquisa para a eleição de senador da República. Este é um processo complexo, pois para se escolher um parlamentar se aplica quase que na íntegra a fórmula do processo eleitoral majoritário.

A eleição para senador tem altíssimo poder para influenciar a eleição para governador. É que os partidos e atores políticos fecham o pacote. Nas articulações costuma-se reunir certo número de partidos e se distribui os cargos entre eles. Um partido indica o candidato a governador e outro o postulante a vice-governador. Já um terceiro indica o candidato a senador e ainda tem a atrativa vaga de suplente de senador. Claro, as coligações proporcionais também entram no pacote. Enquanto eu só penso no golpe civil-militar de 1964 e em pesquisas, claro, eles só pensam e tratam de articulações políticas. A rigor a verdadeira eleição está acontecendo agora quando o menu eleitoral está sendo montado.

 

Em julho teremos um cardápio com nomes que as articulações definiram e pouco importará se gostamos ou não das ofertas, pois definiremos dentre aqueles que não escolhemos. Nosso sistema político é assim mesmo, recheado de distorções. A pesquisa espontânea para senador traz impurezas, ou seja, os entrevistados lembraram nomes que não são candidatos por um sem número de razões. Interessa, então, a pesquisa estimulada onde aparecem os nomes que se colocam para esta seara. O senador Cícero Lucena, candidato a reeleição, aparece em 1º lugar com 16.5%. Rômulo Gouveia vem em 2º com 16.2%, Wilson Santiago em 3º com 9.1% e Luiz Couto em 4º com 4.6%. Isso já é o suficiente para vermos que eleição disputada teremos. Algumas pessoas se surpreenderam com Cícero Lucena aparecendo em 1º lugar. É que muitas gente parece ter esquecido que o senador trabalha incansavelmente, em Brasília, para viabilizar sua recondução ao Senado.

Enquanto Rômulo Gouveia viaja a Paraíba inteira atrás de votos tendo, claro, o bônus de ser vice-governador, Cícero atua na liberação de emendas orçamentárias e na distribuição de verbas públicas para um sem número de prefeitos paraibanos. Wilson Santiago se mobiliza no sentido de encontrar a melhor guarita. Ele tem se colocado para todos os postulantes ao governo. Quem oferecer mais e pedir menos será a opção de Santiago. Esse é jogo! Amanhã, tem mais dados para torturar.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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