Em 1945, o Exército
Vermelho da URSS foi o primeiro a entrar na Berlim quase totalmente destruída
pelos combates da 2ª guerra mundial. Os oficiais soviéticos se certificavam que
Hitler estava morto e caçavam nazistas que tentavam fugir. Já seus soldados
caçavam mulheres para estupra-las e, assim, satisfazer seus instintos mais
selvagens. A revista alemã “Der Spiegel” mostrou que eles invadiam casas, arrancam
mães e filhas de lá e as estupram em praça pública. As alemãs eram estupradas
várias vezes por grupos de até 10 soldados. Cerca de 2 milhões de alemãs foram
estupradas apenas em 1945. Meninas de 8 anos até mulheres idosas de 80 anos
eram violentadas indistintamente.
O que fez o governo soviético de Stálin? Nada. Absolutamente nada,
pois os russos viam o estupro como uma necessidade do instinto masculino.
Stálin via as violações em massa como mais uma forma de subjugar o inimigo já
derrotado. Durante a Guerra do Vietnã, soldados americanos estupravam mulheres
vietnamitas com os mesmos objetivos dos soldados russos. Hoje, existe no Vietnã
algo em torno de 50 mil vietnamitas que são filhos e netos dessas violações. O
governo e a sociedade americanos sempre fecharam os olhos para essa situação
até porque eles são falso moralistas o suficiente para fingirem que não sabem
que os EUA são, justamente, um dos países onde mais se pratica, e praticou, o
estupro.
O caro ouvinte, como eu, fica chocado quando ouve histórias como
estas? Se a reposta for sim, eu devo dizer que não deveríamos nos sensibilizar
com essas atrocidades, pois elas só aconteceram por que as sociedades as
aceitavam cada uma a seu modo. Nós, brasileiros, não temos porque nos
horrorizarmos com essas coisas. A tirar pelas informações que o “Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA” trouxe, somos tão sujos quanto os soldados
do Exército Soviético. Num levantamento de dados realizado entre maio e junho
de 2013 em todo o Brasil se descobriu algo perturbador. Ficamos sabendo, com
provas cabais, que o estupro é algo aceito e até legitimado em nossa sociedade.
As duas principais conclusões do IPEA é que parte da população
brasileira acredita que “mulheres que
usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e que “se as mulheres soubessem como se comportar,
haveria menos estupros”. Muitos brasileiros parecem desconhecer que quando
um homem mantém, ou mesmo tenta manter, relações sexuais com uma mulher, sem
que ela consinta, está cometendo um crime que já foi tipificado em nosso código
penal a muitos e muitos anos. É como se a própria mulher decidisse que queria
ser violentada por um homem e passasse a provoca-lo de forma que não lhe
restasse outra alternativa a não ser ataca-la. É como se a mulher gostasse, a ponto
de desejar, ser violentada, estuprada.
Quando eu li o estudo do IPEA senti uma profunda vergonha de ser
brasileiro. Os pesquisadores do IPEA faziam afirmações aos entrevistados e eles
diziam se concordavam ou não. Já na primeira questão caiu a máscara do
brasileiro liberal. Quando se colocou se mulheres que usam roupas que mostram o
corpo merecem ser atacadas, 26% dos entrevistados disseram que concordavam
totalmente ou parcialmente com essa afirmação.
É triste constatar que parte dos brasileiros concorda, de alguma
forma, com uma visão tão esdrúxula. Num país tropical, com temperaturas tão
altas, uma mulher terá, então, que andar com roupas compostas para não ser
atacada? 35.3% dos entrevistados disseram que concordam totalmente com a ideia
estulta e medieval de que se a mulher soubesse como se comportar haveria menos
estupros. 22.4% concordaram parcialmente. Assim, quase 60% dos brasileiros
concordam com a sandice de que é a mulher quem provoca o estupro.
O IPEA revelou que no que se refere à violência doméstica não temos
a menor coerência. Perguntou-se, por exemplo, se as pessoas concordam que o
homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia. 78.1% disseram que concordam
totalmente. E 13.3% disseram que concordam parcialmente. Depois se perguntou
sobre se a mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os
filhos. 69.8% disseram que discordam totalmente e 12.3% disseram que discordam
parcialmente. Mas, ao mesmo tempo, a maioria, 82% dos brasileiros, concorda
plenamente com a afirmação de que “o que acontece com o casal, em casa, não
interessa aos outros”. Ou seja, seguimos achando que em briga de marido e
mulher não se mete a colher.
O fato é que se a violência física do homem sobre a mulher não é
mais tão tolerada, o primado do homem sobre a mulher ainda é algo muito bem
aceito pela população. Ou seja, continuamos sendo os trogloditas de sempre.
Amanhã, eu ainda vou analisar esta pesquisa para ver como ela se aplica em
nossa realidade, pois o IPEA mostrou que 201 mulheres foram estupradas na
Paraíba no ano passado. I.E., a cada 43 horas uma mulher foi estuprada na
Paraíba. Na perca, amanhã, a segunda parte da coluna: “BRASILEIRO, ESSE POVO DE MENTE OBSCURA”.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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