sábado, 5 de abril de 2014

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM – PARTE IV


Nesta semana analisamos os números da pesquisa eleitoral CAMPINA FM/TV ITARARÉ/GRUPO 6SIGMA. Depois de observarmos as intenções de votos estimulados e espontâneos tanto para o governo do Estado quanto para o Senado Federal. Depois de vermos o desempenho dos candidatos pelas mesorregiões da Paraíba e depois de desmistificarmos questões que se costuma ter como verdades inquebrantáveis, chegou a hora de analisarmos os números da rejeição condicional. Eu já disse, aqui mesmo no POLITICANDO, que a rejeição, que os eleitores dispensam aos políticos, é um importante aspecto nas análises das possibilidades eleitorais dos candidatos aos cargos majoritários. Eu diria mesmo que é um aspecto central.

Eu já disse, também, que é mais fácil convencer o eleitor a mudar de candidato, ou deixar de votar branco ou nulo, do que convencê-lo a votar em um candidato que ele dispensa algum tipo de rejeição. Em política eleitoral rejeição tem haver com confiança, com crenças, com capacidade intelectual e experiência política. Enfim, rejeição é algo associado a valores. Vejam que a rejeição condicional tem fortes aspectos subjetivos. Os candidatos gostam de generalidades. Sobre a rejeição, eles têm a justificativa na ponta da língua. Quando aparecem com rejeição alta dizem que isso acontece por que os eleitores não os conhecem bem.

Dizem que a rejeição está alta porque a campanha ainda não começou. E tem candidato, adepto das teorias conspiratórias, que diz que sua alta rejeição é orquestrada. O governador Ricardo Coutinho já faz este tipo de discurso. Mas, nada disso se sustenta quando analisamos os dados da rejeição condicional dessa pesquisa que temos em mãos. O que se percebe é que não basta conhecer o candidato para não mais rejeitá-lo. Se assim fosse Cássio Cunha Lima, Ricardo Coutinho e Veneziano Vital teriam baixíssimos índices de rejeição na medida em que são três políticos dos mais conhecidos em todo o Estado da Paraíba.

Vejam que Cássio e Ricardo tiveram índices de rejeição condicional, por não serem conhecidos, na casa dos 3 pontos percentuais. Veneziano Vital é que teve uma rejeição, de cerca de 18%. É que falta ao ex-prefeito penetrar em algumas regiões do Estado. Existe a crença de que com o guia eleitoral esse tipo de rejeição tende a desaparecer. Mas, não é bem assim. Nas eleições municipais de 2012, aqui em Campina Grande, teve candidato rejeitado quando era desconhecido e depois da exposição no guia eleitoral. Cai, assim, o mito alegado pelos candidatos da rejeição pelo desconhecimento. O eleitor que opta por esse motivo pode ter outras justificativas, mas por questões internas prefere não revela-las. Assim, ele joga tudo na conta do não conhecimento.

 

Quando a motivação para a rejeição é o fato de o eleitor não gostar ou considerar o candidato antipático vemos que o Senador Cássio, tido como carismático, teve 30.5% no índice da rejeição. Já Venezinao Vital foi o mais rejeitado com 32.9%. Ricardo Coutinho apareceu com a rejeição mais baixa dos três cândidos. 24.9% disseram que não votariam nele por não conhece-lo ou por não gostar dele. Este índice surpreendeu. É que Ricardo não é de se preocupar com este tipo de coisa. O governador pode mesmo não querer saber de índices de rejeição, já o candidato quer não só saber deles, como vai brigar para que não sejam aferidos, publicados e analisados. Ricardo tende a rejeitar as pesquisas pelo que aconteceu em 2010.

Na rejeição condicional, que tem o candidato como desonesto, mais uma vez o senador Cássio teve a maior aferição. 28.8% disseram que não votariam nele por vê-lo como desonesto. Ricardo ficou em segundo com 11.8% e Veneziano em 3º com 11.0%. Esse índice em relação a Cássio pode ser, ainda, um reflexo da cassação de mandato que o senador enfrentou quando foi governador do Estado. O fato é que se Cássio aparece em primeiro lugar nas intensões de votos ao governo. Mas, ele aparece, também, em primeiro lugar em aspectos da rejeição condicionada. Ou seja, o senador pode contar com boa margem para largar na frente da disputa, mas em compensação terá que lidar com esses índices de rejeição.

Onde Ricardo ficou com a rejeição maior foi no tocante ao que o entrevistado considera como um político despreparado. 13.6% rejeitaram o governador por isso, enquanto 6.3% apontaram o senador Cássio e 6.8% apontaram Veneziano. Isso se explica pelo fato de Ricardo ser o único que ocupa cargo no poder executivo. Mas, onde Ricardo ficou mais cravado foi na rejeição geral. São os casos quantificados como “outros”. Ai o governador tem rejeição de 41%, Cássio de 26% e Veneziano de 22%. Eu já vi candidatos dizerem que não entendem porque caem nas pesquisas estimuladas. Eu sugiro que eles olhem com bem mais atenção para os números da rejeição condicional, pois eles querem dizer alguma coisa.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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