No cinema, o
ator coadjuvante é aquele que tem papel secundário, em que pese estar sempre
por perto do ator principal. Ao contracenar com a estrela do filme, o
coadjuvante dá suporte e contribui para que a trama se desenrole. Com suas
interferências, o coadjuvante pode contribuir de forma decisiva para que o
papel principal se desenvolva bem para transmitir suas mensagens e ideias. É
comum, inclusive, o coadjuvante roubar a cena e ofuscar o papel principal. Nos
filmes do Cavaleiro das Trevas os coadjuvantes se apoderam da trama. Vejam, por
exemplo, que os atores Heath Ledger, o Coringa, e Michael Caine, o mordomo
Alfred, nos dão a sensação que poderíamos passar sem Christian Bale, que faz o
Batman.
Assim é na política partidária eleitoral. Os principais partidos e atores
políticos se tornariam estrelas menores não fossem os pequenos e médios
partidos. O espetáculo da política eleitoral seria bem diferente não fossem os
coadjuvantes de toda sorte. Quem não lembra as eleições presidenciais de 2010
quando Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio, como coadjuvantes, roubavam a
cena de Dilma Rousseff e José Serra, os atores principais daquela eleição.
Lembro-me bem de Marina e Plinio, naquele último debate da TV Bandeirantes,
polarizando a discussão, com boas provocações, fazendo Dilma e Serra se calarem
numa espécie de silêncio pré-programado e pré-combinado. Imaginem como seriam
as eleições se em cada uma delas tivéssemos um Plinio de Arruda Sampaio. Com
todo aquele bom humor provocativo e suas ironias cortantes, ele desempenhou,
com maestria, o papel do coringa coadjuvante roubando a cena.
Numa eleição, tão importante quanto às conversas no palco principal, que
definem quais são os candidatos aos cargos majoritários, são as articulações de
bastidores onde se resolve quem apoia quem, porque apoia e, principalmente,
para que apoia. Numa eleição todo e qualquer partido se autovaloriza na medida
em que empresta não apenas votos, mas, principalmente, aqueles minutinhos, na
propaganda eleitoral, que vão sendo somados ao tempo do partido que encabeça a
chapa ao cargo majoritário. Os pequenos e médios partidos bem sabem que não
podem pleitear a cabeça de uma chapa numa eleição para governador, mas sabem,
também, que um grande partido sem os apoios das pequenas agremiações está
fadado ao fracasso nas urnas.
Neste caso, a regra é clara: apoios são bem vindos, e retribuídos com
cargos, se o projeto eleitoral vingar nas urnas. Mas, os coadjuvantes barganham
de tudo um pouco e, às vezes, um muito também. O bom coadjuvante é aquele que
sabe valorizar seu passe. Nas eleições de 2012 partidos com pouca ou nenhuma
representação parlamentar souberam oferecer bem seus papeis de coadjuvantes.
Vejam que a coligação que elegeu o prefeito Romero Rodrigues era composta de
nada mais nada menos do que dez partidos. O partido coadjuvante não encabeça a
chapa majoritária. Também não ocupa as principais secretarias governamentais. O
bom coadjuvante é aquele que sabe o tamanho de sua participação e que não pede
nem mais nem menos do que realmente vale.
Coadjuvantes de primeira grandeza barganham uma vaga na disputa para o
Senado Federal ou o cargo de vice na chapa majoritária. Coadjuvantes menores
pedem vagas nas composições que disputarão cadeiras no parlamento federal e
estadual. Claro, os coadjuvantes existem para maximizar os interesses de seus
chefes políticos. O Partido Republicano tenta encaixar o Deputado Federal
Wellington Roberto numa vaga de Senador ou vice-governador, seja de Ricardo,
seja de Cássio, seja de Veneziano. O PTB quer o mesmo para o ex-senador Wilson
Santiago. O “Democratas”, de Efraim Moraes, só apoia quem lhe garantir um
desses dois cargos. O PSD, do vice-governador Rômulo Gouveia, tem uma situação
melhor a ponto de só querer a vaga de senador.
O jogo é assim mesmo, os coadjuvantes aceitam participar de qualquer tipo
de roteiro, pode ser drama, pode ser comédia, pode ser ficção, desde que possam
atuar na condição em que o ator principal precisa deles para desempenhar seu
papel. Existem dois tipos de coadjuvantes. Tem os que são por livre e
espontânea vontade, é o caso do PT paraibano que costuma abrir mão da
possibilidade de ascender ao lugar de ator principal. Vejam que a candidatura
de Nadja Palitot já foi retirada para atender a interesses exógenos. E tem os
que são coadjuvantes porque ainda não conseguiram reunir uma determinada
quantidade de poder de forma que possam deixar de ser “barganhadores” para
serem “barganhados”. Um dos dilemas nas
eleições paraibanas deste ano é saber que atores políticos desempenharão o
papel de coadjuvantes. No entanto, o Oscar de melhor coadjuvante só nos será
revelado em outubro despois que as urnas forem apuradas.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário