segunda-feira, 14 de abril de 2014

E O OSCAR DE MELHOR POLITICO COADJUVANTE VAI PARA...

No cinema, o ator coadjuvante é aquele que tem papel secundário, em que pese estar sempre por perto do ator principal. Ao contracenar com a estrela do filme, o coadjuvante dá suporte e contribui para que a trama se desenrole. Com suas interferências, o coadjuvante pode contribuir de forma decisiva para que o papel principal se desenvolva bem para transmitir suas mensagens e ideias. É comum, inclusive, o coadjuvante roubar a cena e ofuscar o papel principal. Nos filmes do Cavaleiro das Trevas os coadjuvantes se apoderam da trama. Vejam, por exemplo, que os atores Heath Ledger, o Coringa, e Michael Caine, o mordomo Alfred, nos dão a sensação que poderíamos passar sem Christian Bale, que faz o Batman.

Assim é na política partidária eleitoral. Os principais partidos e atores políticos se tornariam estrelas menores não fossem os pequenos e médios partidos. O espetáculo da política eleitoral seria bem diferente não fossem os coadjuvantes de toda sorte. Quem não lembra as eleições presidenciais de 2010 quando Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio, como coadjuvantes, roubavam a cena de Dilma Rousseff e José Serra, os atores principais daquela eleição. Lembro-me bem de Marina e Plinio, naquele último debate da TV Bandeirantes, polarizando a discussão, com boas provocações, fazendo Dilma e Serra se calarem numa espécie de silêncio pré-programado e pré-combinado. Imaginem como seriam as eleições se em cada uma delas tivéssemos um Plinio de Arruda Sampaio. Com todo aquele bom humor provocativo e suas ironias cortantes, ele desempenhou, com maestria, o papel do coringa coadjuvante roubando a cena.

Numa eleição, tão importante quanto às conversas no palco principal, que definem quais são os candidatos aos cargos majoritários, são as articulações de bastidores onde se resolve quem apoia quem, porque apoia e, principalmente, para que apoia. Numa eleição todo e qualquer partido se autovaloriza na medida em que empresta não apenas votos, mas, principalmente, aqueles minutinhos, na propaganda eleitoral, que vão sendo somados ao tempo do partido que encabeça a chapa ao cargo majoritário. Os pequenos e médios partidos bem sabem que não podem pleitear a cabeça de uma chapa numa eleição para governador, mas sabem, também, que um grande partido sem os apoios das pequenas agremiações está fadado ao fracasso nas urnas.

Neste caso, a regra é clara: apoios são bem vindos, e retribuídos com cargos, se o projeto eleitoral vingar nas urnas. Mas, os coadjuvantes barganham de tudo um pouco e, às vezes, um muito também. O bom coadjuvante é aquele que sabe valorizar seu passe. Nas eleições de 2012 partidos com pouca ou nenhuma representação parlamentar souberam oferecer bem seus papeis de coadjuvantes. Vejam que a coligação que elegeu o prefeito Romero Rodrigues era composta de nada mais nada menos do que dez partidos. O partido coadjuvante não encabeça a chapa majoritária. Também não ocupa as principais secretarias governamentais. O bom coadjuvante é aquele que sabe o tamanho de sua participação e que não pede nem mais nem menos do que realmente vale.

Coadjuvantes de primeira grandeza barganham uma vaga na disputa para o Senado Federal ou o cargo de vice na chapa majoritária. Coadjuvantes menores pedem vagas nas composições que disputarão cadeiras no parlamento federal e estadual. Claro, os coadjuvantes existem para maximizar os interesses de seus chefes políticos. O Partido Republicano tenta encaixar o Deputado Federal Wellington Roberto numa vaga de Senador ou vice-governador, seja de Ricardo, seja de Cássio, seja de Veneziano. O PTB quer o mesmo para o ex-senador Wilson Santiago. O “Democratas”, de Efraim Moraes, só apoia quem lhe garantir um desses dois cargos. O PSD, do vice-governador Rômulo Gouveia, tem uma situação melhor a ponto de só querer a vaga de senador.

 

O jogo é assim mesmo, os coadjuvantes aceitam participar de qualquer tipo de roteiro, pode ser drama, pode ser comédia, pode ser ficção, desde que possam atuar na condição em que o ator principal precisa deles para desempenhar seu papel. Existem dois tipos de coadjuvantes. Tem os que são por livre e espontânea vontade, é o caso do PT paraibano que costuma abrir mão da possibilidade de ascender ao lugar de ator principal. Vejam que a candidatura de Nadja Palitot já foi retirada para atender a interesses exógenos. E tem os que são coadjuvantes porque ainda não conseguiram reunir uma determinada quantidade de poder de forma que possam deixar de ser “barganhadores” para serem “barganhados”.  Um dos dilemas nas eleições paraibanas deste ano é saber que atores políticos desempenharão o papel de coadjuvantes. No entanto, o Oscar de melhor coadjuvante só nos será revelado em outubro despois que as urnas forem apuradas.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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