quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

EU NÃO QUERO PRÊMIOS, QUERO BOA EDUCAÇÃO

O Ministro da Educação, Cid Gomes, veio abrir o ano letivo e inaugurar, junto com o governador Ricardo Coutinho, uma escola técnica de tempo integral em Mamanguape. Cid é irmão de Ciro Gomes, que já foi deputado, ministro e candidato a presidente. Quando era governador do Ceará Cid Gomes disse: “Quem dá aula faz isso por gosto, não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Essa foi a reposta que ele deu aos professores que reivindicavam melhores salários. Tal qual seu irmão, Cid Gomes sofre de incontinência verbal. Numa solenidade, com a presença da presidente Dilma, ele fez referências grotescas, vulgares, sobre o exame de próstata, cujo câncer é o de maior incidência entre homens no Brasil.

Não seria temerário tornar Ministro da Educação alguém que disse que professor da rede pública deve trabalhar por amor e não por dinheiro? E se ele continuar achando que o professor é um ser transcendente, despido de necessidades materiais? Em todo caso, o ministro Cid Gomes respeitou os protocolos, aqui na Paraíba, e disse obviedades como: “O Ministério da Educação terá toda a atenção com os pleitos e reivindicações da Paraíba”.  Sim, claro, nós não esperaríamos coisa diferente! Apesar de quê ele disse que dará toda atenção, mas não falou se, e como, esses pleitos e reivindicações serão atendidos.

Na visita do ministro, o senhor de todas as ações foi o governador Ricardo Coutinho, pois era ele quem estava inaugurando uma obra. Apesar de que a Escola Técnica de Mamanguape foi construída com recursos dos governos federal e estadual. Depois de ter sido acusado de fechar escolas, na campanha eleitoral, o governador fez questão de iniciar o ano letivo abrindo uma escola. Atentem para o simbolismo do gesto. Ricardo estava dando respostas, tardias, mas respostas. Ele lançou o “Prêmio Solução Nota 10” que distribuirá prêmios entre R$ 500 e R$ 20 mil para quem apontar as melhores ideias para que se reduza a evasão escolar.

Certo, é digno de nota que o governo consulte a sociedade sobre algo tão sério quanto à evasão escolar. O governo acerta ao estimular, com incentivos financeiros, as pessoas a pensarem soluções para seus próprios problemas. Mas, assim, o governo dá a impressão de que não sabe resolver a questão ou que suas ideias se esgotaram. Porém, eu tenho uma ideia de como se diminuir a evasão escolar. Aliás, ela não é minha, é algo já antigo, mas que os governantes não gostam de aplicar. A evasão escolar diminui com as tais políticas públicas em educação, saúde, moradia, segurança, emprego. Escolas bem estruturadas, bem equipadas e seguras, com boas condições para alunos e professores atuarem, atraem os jovens, não os espanta.

O aluno desistirá de se evadir da escola se perceber que ela tem atrativos tão bons, ou melhores, dos que as ruas oferecem. A merenda escolar, por exemplo, não pode ser o grande atrativo para aluno ir à escola, pois ele se evadirá se ela faltar. Paradoxalmente, o governo lançou um programa para diminuir a evasão, mas não fez muito para evita-la nesses primeiro dias de aulas. Vejam que escolas, pela Paraíba afora, estam com seu funcionamento comprometido pela falta de servidores e professores. O Fórum de Educação Permanente da Paraíba estimou que algo em torno de 4 mil funcionários não tiveram seus contratos renovados. Algumas escolas não podem funcionar, pois ficaram sem pessoal de serviços gerais e professores temporários.

Além disso, os professores da rede pública estam insatisfeitos com o aumento que o governo lhes deu. Aumento não é bem o termo. Eles tiveram uma reposição de perdas de 9%, dividida em duas parcelas de 4,5%, uma em janeiro e a outro apenas em outubro. O governo alega que deu 20% de aumento. Mas, constatei que esse aumento foi dado aos professores polivalentes que correspondem apenas a 2% do quadro docente. O Fórum da Educação afirma que o governo não respeita o piso nacional da educação. E isso é bem verdade, pois o valor do piso é de R$ 1.917,78 e um professor do Estado da Paraíba, em início de carreira, não chega a ganhar, em valor bruto, R$ 1.300,00. Por cima disso tudo, há um clima de insegurança reinante entre os professores.
 
A Escola Ademar Veloso da Silveira, em Campina Grande, foi invadida e roubada 4 vezes só no mês de janeiro. Os ladrões levaram equipamentos novos recém-adquiridos. A escola não dispõe de seguranças e o governo não aponta soluções para a questão. O governo tem sensibilidade suficiente para liberar verbas para compra de equipamentos para a escola, mas não planeja a instalação, manutenção e segurança desses equipamentos. Talvez o governo não saiba como resolver essa questão. Mas, eu sei. Porque não colocar policiais fazendo a segurança das pessoas e cuidando dos equipamentos das escolas? Assim, os jovens não pensaram em delas fugir. Será que eu não mereço ganhar um prêmio por ter descoberto a pólvora da educação paraibana?

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