O Ministro da Educação, Cid Gomes, veio abrir o ano letivo
e inaugurar, junto com o governador Ricardo Coutinho, uma escola técnica de
tempo integral em Mamanguape. Cid é irmão de Ciro Gomes, que já foi deputado,
ministro e candidato a presidente. Quando era governador do Ceará Cid Gomes
disse: “Quem dá aula faz isso por gosto, não pelo salário. Se quer ganhar
melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Essa foi a reposta que ele
deu aos professores que reivindicavam melhores salários. Tal qual seu irmão,
Cid Gomes sofre de incontinência verbal. Numa solenidade, com a presença da
presidente Dilma, ele fez referências grotescas, vulgares, sobre o exame de
próstata, cujo câncer é o de maior incidência entre homens no Brasil.
Não seria temerário
tornar Ministro da Educação alguém que disse que professor da rede pública deve
trabalhar por amor e não por dinheiro? E se ele continuar achando que o
professor é um ser transcendente, despido de necessidades materiais? Em todo
caso, o ministro Cid Gomes respeitou os protocolos, aqui na Paraíba, e disse
obviedades como: “O Ministério da Educação terá toda a atenção com os pleitos e
reivindicações da Paraíba”. Sim, claro,
nós não esperaríamos coisa diferente! Apesar de quê ele disse que dará toda
atenção, mas não falou se, e como, esses pleitos e reivindicações serão
atendidos.
Na visita do ministro,
o senhor de todas as ações foi o governador Ricardo Coutinho, pois era ele quem
estava inaugurando uma obra. Apesar de que a Escola Técnica de Mamanguape foi
construída com recursos dos governos federal e estadual. Depois de ter sido
acusado de fechar escolas, na campanha eleitoral, o governador fez questão de
iniciar o ano letivo abrindo uma escola. Atentem para o simbolismo do gesto.
Ricardo estava dando respostas, tardias, mas respostas. Ele lançou o “Prêmio
Solução Nota 10” que distribuirá prêmios entre R$ 500 e R$ 20 mil para quem
apontar as melhores ideias para que se reduza a evasão escolar.
Certo, é digno de nota
que o governo consulte a sociedade sobre algo tão sério quanto à evasão
escolar. O governo acerta ao estimular, com incentivos financeiros, as pessoas
a pensarem soluções para seus próprios problemas. Mas, assim, o governo dá a
impressão de que não sabe resolver a questão ou que suas ideias se esgotaram.
Porém, eu tenho uma ideia de como se diminuir a evasão escolar. Aliás, ela não
é minha, é algo já antigo, mas que os governantes não gostam de aplicar. A
evasão escolar diminui com as tais políticas públicas em educação, saúde,
moradia, segurança, emprego. Escolas bem estruturadas, bem equipadas e seguras,
com boas condições para alunos e professores atuarem, atraem os jovens, não os
espanta.
O aluno desistirá de
se evadir da escola se perceber que ela tem atrativos tão bons, ou melhores,
dos que as ruas oferecem. A merenda escolar, por exemplo, não pode ser o grande
atrativo para aluno ir à escola, pois ele se evadirá se ela faltar.
Paradoxalmente, o governo lançou um programa para diminuir a evasão, mas não
fez muito para evita-la nesses primeiro dias de aulas. Vejam que escolas, pela
Paraíba afora, estam com seu funcionamento comprometido pela falta de
servidores e professores. O Fórum de Educação Permanente da Paraíba estimou que
algo em torno de 4 mil funcionários não tiveram seus contratos renovados.
Algumas escolas não podem funcionar, pois ficaram sem pessoal de serviços
gerais e professores temporários.
Além disso, os
professores da rede pública estam insatisfeitos com o aumento que o governo
lhes deu. Aumento não é bem o termo. Eles tiveram uma reposição de perdas de
9%, dividida em duas parcelas de 4,5%, uma em janeiro e a outro apenas em
outubro. O governo alega que deu 20% de aumento. Mas, constatei que esse
aumento foi dado aos professores polivalentes que correspondem apenas a 2% do
quadro docente. O Fórum da Educação afirma que o governo não respeita o piso
nacional da educação. E isso é bem verdade, pois o valor do piso é de R$
1.917,78 e um professor do Estado da Paraíba, em início de carreira, não chega
a ganhar, em valor bruto, R$ 1.300,00. Por cima disso tudo, há um clima de
insegurança reinante entre os professores.
A Escola Ademar Veloso da Silveira, em Campina Grande, foi invadida e
roubada 4 vezes só no mês de janeiro. Os ladrões levaram equipamentos novos
recém-adquiridos. A escola não dispõe de seguranças e o governo não aponta
soluções para a questão. O governo tem sensibilidade suficiente para liberar
verbas para compra de equipamentos para a escola, mas não planeja a instalação,
manutenção e segurança desses equipamentos. Talvez o governo não saiba como
resolver essa questão. Mas, eu sei. Porque não colocar policiais fazendo a
segurança das pessoas e cuidando dos equipamentos das escolas? Assim, os jovens
não pensaram em delas fugir. Será que eu não mereço ganhar um prêmio por ter
descoberto a pólvora da educação paraibana?
Nenhum comentário:
Postar um comentário