A política
partidária brasileira se mantém com pouquíssimas regras pouco ou nada
republicanas. A primeira delas é a que diz que normas foram feitas para serem
redefinidas de acordo com interesses de atores e partidos políticos. A segunda,
uma decorrência da primeira, define o que chamamos de vale-tudo eleitoral. Para
maximizar interesses tudo é permitido. A definição de candidaturas e coligações
nas eleições nos fez constatar essas regras, por isso que as chamei de “suruba”
eleitoral. E existe o critério da sobrevivência política que poucos ousam
desrespeitar. Os políticos gostam de justificar traições de toda sorte e os
atos mais absurdos pelo famoso instinto de sobrevivência que cada um traz
consigo.
Em geral as mudanças de partido são racionalizadas pela necessidade de se
viabilizar o futuro eleitoral. Esta é uma instituição informal tão respeitada
no Brasil que nem mesmo o Tribunal Superior Eleitoral ousa desrespeitar. Foi
por isso mesmo que a lei, que nos fez aceitar o troca-troca partidário,
instituiu um período (chamado de janela) para que os políticos, derrotas numa
eleição, possam refazer seus cálculos e ver a real necessidade de mudar de
partido. Este seria o principal ônus da derrota eleitoral. Terminar uma eleição
como perdedor impõem ao politico medidas visando reverter o quadro. Muda-se de
sigla quando o coeficiente eleitoral do partido está muito próximo do capital
eleitoral do político.
Ao que tudo indica é isso que está acontecendo em Campina Grande.
Aguarda-se para esses dias o anúncio da mudança partidário do prefeito Romero
Rodrigues. Ainda, no final de janeiro ele tinha dito que, sim, que mudaria de
partido. Mas, porque Romero deixaria o PSDB, partido pelo qual milita há tanto
tempo e que o conduziu aos cargos que ocupou até hoje? Elementar. Nosso
prefeito está pensando em sua reeleição, ou seja, em sua sobrevivência
política. É que com as derrotas do PSDB, em nível nacional, e de Cássio Cunha
Lima, nas eleições para o governo, Romero viu sua administração se fragilizar.
É sempre bom lembrar que, nas eleições, Campina Grande ficou sendo conhecida
como a ilha tucana.
Romero é prefeito da única cidade da
Paraíba onde Dilma Rousseff não teve mais votos do que Aécio Neves nos dois
turnos da eleição. Nosso modelo político é personalista, governista, e isso
fragiliza os derrotados e fortaleze os vitoriosos. Se Cássio tivesse ganhado a
eleição, Romero seria um dos principais fiadores da vitória, por governar o
reduto do senador. Do contrário, não falta quem queira lhe atribuir
responsabilidades e culpas pela derrota justamente no tal reduto, na ilha
tucana.
Se a vitória de Ricardo Coutinho aumenta as chances da oposição (Veneziano
Vital que o diga) nas eleições de 2016, cria dificuldades para a situação.
Contar, numa eleição, com o apoio do grupo derrotado não é, definitivamente,
uma das melhores coisas na política. Sem contar que a gestão do prefeito Romero
sofre solução de continuidade. Pela crise econômica, que emperra o crescimento,
e por uma gestão pouco criativa, que não consegue mostrar a que veio, a
reeleição de Romero é hoje uma grande dúvida. Imaginem a dificuldade que Romero
deve ter em conseguir verbas, junto ao governo petista, sendo o prefeito da tal
ilha tucana? Se não tem verbas, não tem obras e ações. Sem elas a população não
acredita na gestão e o projeto de reeleição sobe ao telhado.
Foi por isso que o Deputado Tovar disse que Romero saíra do PSDB pela
sobrevivência do município. Já o Secretario de Articulação Política, Fernando
Carvalho, afirmou que o prefeito vai para o PSD para o bem de Campina Grande. Romero
Rodrigues decidiu deixar o PSDB para buscar uma agremiação que possa vitaminar
sua gestão nos próximos meses. Mesmo com as declarações de amor a nossa cidade,
eles estam tratando é do instinto de sobrevivência política do prefeito. É por
isso mesmo que se falou que ele poderia ir para o PT. Se a questão é
sobreviver, nada melhor do que ser agarrar a tábua governista. Mas, não
faltaria quem lhe atirasse a pecha de traidor, de ter abandonado o barco do
senador Cássio na pior hora.
Assim, Romero deve ir para o PSD do ministro das Cidades Gilberto Kassab,
para onde foi Rômulo Gouveia e para onde devem ir os sobreviventes do naufrágio
da nau tucana. Ser prefeito filiado ao partido do ministro das Cidades pode ser
a salvação da lavoura. Mas, o que será que Cássio Cunha Lima está achando disso
tudo? Ele não concorda, apesar de que tem tratado a questão, pelo menos em
público, de uma forma diplomática. O Senador tem dito que vai respeitar a
opinião do seu primo prefeito. Mas, cá entre nós, Cássio não está gostando nada
disso. É que se abrir a porteira do seu partido, para que um membro importante
sai, ele pode terminar perdendo o controle e ver a boiada debandar. Na política
é assim: quando a farofa é pouca, meu pirão primeiro!
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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