Eu não sei se
por falta de coisa melhor para fazer ou se porque, no fundo, eu gosto mesmo é
de uma boa contenda politica, mas o fato é que acompanhei, no domingo passado,
a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para o Biênio 2015/2016. O
processo foi tão violento que em certo momento lembrei o filme “Mad Max, Além
da Cúpula do Trovão” (1986) estrelado pelo sofrível Mel Gibson, em que pese
Tina Turner, que faz uma sensual vilã, pagar o ingresso, a pipoca e a
fragilidade do roteiro. A história se passa em “Bartertown”, uma cidade perdida
num deserto qualquer, onde o que vale é a lei do mais forte e algumas regras mortais. “Bartertown” é governada pela vilã, encenada
por Tina Turner, que luta para concentrar o poder em suas mãos.
É aí que entra Max, personagem de Mel Gibson, que desafia o poder da
governante ao se recusar a cumprir algumas dessas normas. Como punição, Max é
enviado à Cúpula do Trovão onde deve travar uma luta de vida e morte contra
outro homem. Na Cúpula do Trovão a regra é: dois homens entram, um homem sai. Ou
seja, para viver é preciso matar. O comportamento corrosivo de alguns deputados
estaduais, no domingo passado, fez a Assembleia Legislativa parecer com a
Cúpula do Trovão de Mad Max. O legislativo estadual se tornou uma “Bartertown”
sobrevivendo à custa de poucas regras. Na verdade, nessa “Bartertown” pouco
republicana a única regra que se segue, que se respeita, é a que diz que toda e
qualquer norma poderá, e será, descumprida.
Os deputados estaduais, que elegemos em outubro, mais pareciam os guerreiros
selvagens que o caro ouvinte pode ver ao assistir “Mad Max, além da Cúpula do
Trovão”. Eles encenaram um show violento de horrores baseados numa mentalidade
autoritária. Foram socos, pontapés, palavrões, agressões de toda sorte. O
deputado Jeová Campos (PSB) esmurrou a tal mesa, alvo da contenda, após ver
rejeitado um requerimento seu. Não satisfeito desferiu um tapa em um dos
seguranças que tentava conte-lo.
O deputado Tião Gomes (PSL) arrancou os fios da urna eletrônica que seria
usada na eleição afirmando que o sistema não era confiável. Detalhe: a urna e o
sistema, que o deputado dizia não confiar, são os mesmos usados no pleito que o
tornou parlamentar. Deputado Tião afirmou que a “Assembleia nunca teve uma
votação com urna eletrônica e que ninguém conhece esse sistema que queriam
usar”. Será que não Deputado? Se fosse assim ainda hoje estaríamos usando as
velhas cédulas de papel para votar. Aliás, havia um pesado clima de
desconfiança entre os deputados. Todo parlamentar era a sombra de cada um. É
que a disposição para a traição era real. Chegou a ser risível os deputados não
quererem votar em qualquer tipo de equipamento eletrônico.
Foi pitoresco ver os deputados não usarem um mísero lápis para expressar
seus votos. A solução encontrada foi ridícula. Utilizou-se duas urnas. Numa se
coloca a cédula com os nomes que se queria votar e na outra a cédula com os
nomes que se queria rejeitar. O comportamento dos deputados foi patético,
reprovável. O Pior é que ninguém lembra que eles partiram para o vale tudo
eleitoral, apelando para a força física, logo após a sessão solene que
legalizou a legítima representatividade conquistada nas urnas. Numa sessão
juraram respeitar as normas consagradas em nossa Constituição. Na sessão
seguinte escarraram sobre a Constituição e sobre a instituição que representam.
Comportaram-se como se vivessem numa “Bartertown” desértica.
No domingo dois guerreiros, digo dois políticos, entraram na Cúpula do
Trovão, digo no plenário da Assembleia, dispostos a tudo, tudo mesmo, para
alcançar o símbolo máximo de expressão do poder que naquele momento era a
presidência do Legislativo. Os deputados Adriano Galdino (PSB), que terminou
sendo eleito, e Ricardo Marcelo (PEN), que tentava ser reconduzido à
presidência da Assembleia, deixaram claro, por gestos e atitudes, que a luta
travada foi sanguinolenta e os levou ao esgotamento. Publicado o resultado da
contenda, Ricardo Marcelo, derrotado pelo placar de 19 a 17 votos, baixou a
cabeça, e a guarda, e se retirou silenciosamente do plenário. É que ele não
contava com as astúcias alheias, por se achar o mais sagaz dos deputados.
Adriano Galdino, governista até a medula, afirmou que: “Foi um processo
doloroso, complicado”. Sim, foi mesmo. Vejam que esta foi a primeira frase que
ele dirigiu a imprensa após saber que havia ganhado. Eu esperava algo mais
alegre, mais efusivo. Claro, os vitoriosos comemoraram e os derrotados passaram
a praticar o sagrado jus sperniandi. Mas, a impressão que tive é que ninguém
estava satisfeito. Pudera, depois de se violentarem daquela forma, quem poderia
estar feliz? Neste processo perdemos todos. Perderam principalmente os
deputados estaduais que iniciaram seus mandatos sem fazer por merecer qualquer
tipo de respeito por terem se comportado como um bando de selvagens vindos de
“Bartertown”.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES
SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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