Um canal da TV a
cabo anuncia que “a grande festa do futebol brasileiro em 2015 já começou”.
Como assim? Festa? Parece que ninguém mais lembra que a Seleção Brasileira de
Futebol foi achincalhada de alto a baixo por aquela goleada de 7 X 1. Após
aquele jogo fatídico, onde fomos soterrados por uma avalanche de gols em plena
Copa do Mundo, fiquei com a sensação de que aquilo era só o começo. Lembro bem
do jornalista Juca Kfouri dizendo que o pior ainda estava por vir. Eu fiquei
imaginando o que seria pior do que a traulitada que a Alemanha nos aplicou. No segundo
semestre de 2014 vimos o pior do pior num campeonato nacional de baixíssimo
nível. Mas, algo ainda me dizia que 2015 seria de amargar na seara
futebolística.
A Folha de São Paulo deu uma matéria que li como se estivesse assistindo a
paixão de Cristo, sem entusiasmo, por conhecer bem o final da história. A
matéria dizia que a Arena Pantanal foi interditada, pelo governo do Mato
Grosso, para obras de reparo. Isso seria normal se este estádio tivesse sido
inaugurado há pelo menos 20 anos. Mas, não é o caso, pois a tal arena foi
inaugurada há seis meses para receber apenas quatro jogos da Copa do Mundo e
alguns poucos jogos oficiais entre times nacionais. O governo diz que o estádio
tem problemas sérios na rede elétrica e na parte hidráulica, com infiltrações e
alagamentos. A Folha de São Paulo mostrou que o local não tem condição de
receber eventos, principalmente jogos de futebol. Eis o pior! Construíram uma
arena, no valor de R$ 626 milhões, que foi mal e porcamente utilizada e que já
vai ter que passar por uma reforma que deve custar algo em torno de R$ 50
milhões, superfaturados, obviamente. Pois é, a goleada de 7 X 1 continua.
A Federação de Futebol/RJ
instituiu, em seu Regulamento de Competições, o Artigo 133 que mais parece um
dos itens do AI-5 da ditadura militar. Ele prevê multa de R$ 50 mil a clubes,
jogadores e técnicos que criticarem a Federação, seus atos e suas competições. A
Defensoria Pública do Rio de Janeiro entrou com ação civil pública, com pedido
de liminar, para anular essa cláusula draconiana, que em nada ajuda na melhoria
do futebol brasileiro que além de desorganizado e corrompido é, também,
autoritário. Enquanto isso a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional fez um
levantamento e descobriu que os 12 maiores times do futebol brasileiro, o meu
inclusive, devem a União a estrondosa quantia de R$ 1 bilhão e 590 milhões.
Cerca de R$ 1 bilhão dessa dívida se relaciona a impostos federais atrasados,
nunca pagos. É que, no Brasil, os times de futebol são tratados como entidades
míticas, não como empresas, que pairam para acima e além dos interesses
institucionais. Temos a tosca ideia de que como eles cuidam de nossa paixão
nacional devem ser dispensados de cumprir as leis trabalhistas, por exemplo.

A MP é um negócio de ocasião para os clubes, pois prevê o refinanciamento
das dívidas em 240 parcelas, oferecendo descontos de 70% em multas e 50% em
juros. E tem mais, os clubes não teriam que cumprir medidas de responsabilidade
financeira. Mais uma vez o governo passaria a mão sobre a irresponsabilidade
fiscal desses clubes, mas a presidente Dilma, concordando com o “Bom Senso FC,”
vetou o artigo que previa esse obscuro modo de fazer o nosso futebol seguir
inadimplente. O governo, inclusive, tem falado em criar mecanismos para punir
os clubes que não honrarem seus compromissos. Um deles é a criação da Agência
Nacional do Futebol que teria como função principal atuar junto a Confederação
Brasileira de Futebol – CBF.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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