O Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
acabou de decidir que os candidatos, às próximas eleições, só podem utilizar o
Twitter a partir de 06 de julho, quando começa a campanha eleitoral.
A decisão foi apertada. Quatro
ministros votaram contra e três a favor. Prova que eles mesmos não chegaram a
um consenso e buscaram o critério da maioria, simples diga-se de passagem.
Ao que tudo indica a decisão será
contestada, pois o Partido Popular Socialista (PPS) já anunciou que pretende
recorrer da decisão junto ao Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, temos mais polêmicas à vista,
num momento em que o jogo político eleitoral já começou. Algum problema com as
polêmicas? Nenhum, pois o analista político se alimenta delas.
O fato é que tenho duas questões a
levantar. As duas, inclusive, servem para demonstrar o quanto nossas
instituições políticas são frágeis.
A primeira é que tanto a justiça
como os partidos e atores políticos brasileiros ainda não entenderam que não
adianta remar contra a maré.
Eles continuam, como diria Renato
Russo, insistindo em usar os remos, tendo um potente motor no barco. Ou seja,
eles ainda não entenderam que estamos na era da comunicação.
E veja como o caso é serio. O
ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STE, demonstrou não ter muita
intimidade com essa ferramenta. Mas mesmo assim estava julgando a questão.
A ministra Carmem Lúcia, que votou
contra, disse que vedar o uso do Twitter é a mesma coisa que proibir conversa
em mesa de bar.
Na eleição passada a Câmara dos
Deputados e o Senado tentaram criar limitações para o uso eleitoral da
internet. Vê-se, então, que não estamos tratando de uma exceção.
Se os ditadores da Ásia e da África
não conseguem proibir que as pessoas acessem a rede mundial de computadores, o
que dirá nossa elite política.
Assim, continuamos a não ter uma
real reforma política. Insiste-se na perfumaria, quando deveria-se tratar do
núcleo duro da questão.
Ao invés de tentar impedir que as
pessoas se comuniquem livremente, por que não enfrentar o tal do “caixa dois”
das campanhas. E Isso remete a segunda questão.
Não fazemos a reforma política,
para fortalecermos nossas instituições, nos momentos não eleitorais. Preferimos
legislar quando o jogo político-eleitoral já começou.
Nossa democracia é imatura e
aceita mudanças que interferem nas regras do jogo, mesmo quando ele já está em
andamento.
Imaginem agora a correria que vai
ser por parte daqueles que já vinham usando o Twitter em suas estratégias de
campanha. Terão que esperar até o dia 06 de julho?
Criar
incertezas, antes mesmo da contenta propriamente dita começar, só fragiliza
ainda mais nosso sistema democrático.