segunda-feira, 19 de março de 2012

TSE QUER BANIR O TWITTER DAS ELEIÇÕES


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acabou de decidir que os candidatos, às próximas eleições, só podem utilizar o Twitter a partir de 06 de julho, quando começa a campanha eleitoral.
A decisão foi apertada. Quatro ministros votaram contra e três a favor. Prova que eles mesmos não chegaram a um consenso e buscaram o critério da maioria, simples diga-se de passagem.
Ao que tudo indica a decisão será contestada, pois o Partido Popular Socialista (PPS) já anunciou que pretende recorrer da decisão junto ao Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, temos mais polêmicas à vista, num momento em que o jogo político eleitoral já começou. Algum problema com as polêmicas? Nenhum, pois o analista político se alimenta delas.
O fato é que tenho duas questões a levantar. As duas, inclusive, servem para demonstrar o quanto nossas instituições políticas são frágeis.
A primeira é que tanto a justiça como os partidos e atores políticos brasileiros ainda não entenderam que não adianta remar contra a maré.
Eles continuam, como diria Renato Russo, insistindo em usar os remos, tendo um potente motor no barco. Ou seja, eles ainda não entenderam que estamos na era da comunicação.
E veja como o caso é serio. O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STE, demonstrou não ter muita intimidade com essa ferramenta. Mas mesmo assim estava julgando a questão.
A ministra Carmem Lúcia, que votou contra, disse que vedar o uso do Twitter é a mesma coisa que proibir conversa em mesa de bar.
Na eleição passada a Câmara dos Deputados e o Senado tentaram criar limitações para o uso eleitoral da internet. Vê-se, então, que não estamos tratando de uma exceção.
Se os ditadores da Ásia e da África não conseguem proibir que as pessoas acessem a rede mundial de computadores, o que dirá nossa elite política.
Assim, continuamos a não ter uma real reforma política. Insiste-se na perfumaria, quando deveria-se tratar do núcleo duro da questão.
Ao invés de tentar impedir que as pessoas se comuniquem livremente, por que não enfrentar o tal do “caixa dois” das campanhas. E Isso remete a segunda questão.
Não fazemos a reforma política, para fortalecermos nossas instituições, nos momentos não eleitorais. Preferimos legislar quando o jogo político-eleitoral já começou.
Nossa democracia é imatura e aceita mudanças que interferem nas regras do jogo, mesmo quando ele já está em andamento.
Imaginem agora a correria que vai ser por parte daqueles que já vinham usando o Twitter em suas estratégias de campanha. Terão que esperar até o dia 06 de julho?
Criar incertezas, antes mesmo da contenta propriamente dita começar, só fragiliza ainda mais nosso sistema democrático.