Certa vez minha filha me
perguntou se Papai Noel realmente existe e se ele tem dinheiro para comprar
todos os presentes que crianças do mundo todo lhe pedem. A minha filha é uma
criança mais do que normal, a sua curiosidade é que é fora do normal. Eu, pensei,
refleti, e decidi que não iria ser o portador da má notícia, pelo menos não naquele
momento. Confesso, foi uma atitude cômoda, pois bem sei que a vida se
encarregará de dar ela essa e outras tantas más notícias.
Naquele momento, sem saber bem o
que responder, eu aderi ao “espírito de natal” e disse a minha filha que Papai
Noel existe para quem nele deseja (ou precisa) acreditar. Na verdade, o que
existe mesmo é o tal “espírito de natal”. Já sobre a saúde financeira de Santa
Claus e disse que ele ainda não tinha sido atingido pela crise econômica que
assolava (e assola) o mundo. Daí tive que explicar o que é essa tal crise e
onde ficam os Estados Unidos e porque lá tem neve e faz frio, etc, etc, etc. Foi
um festival de “porquês” tão grande que eu resolvi voltar ao início da
conversa. Mas, minha filha não saciava facilmente sua curiosidade e me lançou
outras questões ainda mais difíceis.
Ela queria saber por que, no
natal, os adultos ficam desejando um monte de coisas boas uns para os outros.
Ela perguntou, também, porque só se faz isso no natal, porque não fazer durante
todo o ano. Essa pergunta eu não soube responder. Alguém saberia? Mas, eu dei
razão a ela. Penso que não deveríamos deixar para desejar coisas boas para
nossos semelhantes apenas no final do ano. Talvez pudéssemos fazer isso uma vez
por mês.
O Natal é uma coisa
engraçada mesmo, até os ateus comemoram o nascimento de Jesus Cristo. Afinal,
não resta outra coisa a fazer na noite entre os dias 24 e 25 de dezembro. Claro,
cada um racionaliza da forma que bem entende. Os que vivem a contragosto nas
modernas sociedades de consumo dizem que a data é uma invenção do capitalismo para
gerar mais lucros. Mas, atire a primeira pedra quem ainda não se refestelou das
comidas e bebidas feitas para comemorar o aniversário de Cristo.
Aliás, minha filha
já me perguntou por que é que no aniversário de Jesus Cristo não tem bolo,
velas, bolas, pipoca, palhaço e os “parabéns a você”? Mas, eu acho que não
precisa não. Quem vai comemorar 2012 anos deve ter mesmo uma festa diferente. Assim,
para todos os efeitos, é Papai Noel quem traz os presentes para minhas filhas. Uma
vez, minha filha fez uma carta para ele. Eu até pensei em mandar uma mensagem
para papainoel@lapônia.com com o conteúdo da carta que minha filha fez. Mas, terminei decidindo ser
tradicional e coloquei a cartinha dela nos Correios. Eu não sei se Papai Noel
recebeu a carta de minha filha, mas funcionou, pois ela não deixou de ganhar
presente.
Assim, Santa Claus
virá trazer presentes para minhas filhas. A única dúvida é como ele fará para
entrar em nosso apartamento, pois não temos chaminé. E mesmo que tivéssemos,
não tem espírito natalino que faça passar um homem tão gordo por um espaço tão
pequeno. Sem contar que o portão da entrada fica fechado a partir das 22 horas.
É não tem jeito, ele terá que vir pela varanda. Os quase 20 metros que nos
separam do chão não devem ser empecilho para Papai Noel.
Será que quem voa num
trenó, puxado por renas, compra presentes sem ter dinheiro e vive na Lapônia
cercado de duendes vai se atrapalhar com um obstáculo desses? Não, claro que
não. Eu só lamento que Papai Noel chegue a Campina
Grande num péssimo momento. Vai encontrar as ruas bastante sujas, com o lixo se
acumulando por todo lado, e não terá decoração de natal para se alegrar. Mas,
fazer o quê, natal e política são duas coisas que, definitivamente, não
combinam muito. Na política do pão e circo, o São João e o Carnaval é que são
mais úteis.
Enfim, que Papai Noel continue a existir enquanto
minhas filhas puderem nele acreditar. Eu não tenho problema algum que ele leve
os créditos pelo que eu faço, apesar de que, convenhamos, o sentido do natal é
algo bem diferente. Assim, eu desejo a todos felicidades, bons momentos em
profusão e tranquilidade e paz nestes dias.
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