O caro ouvinte por acaso sabe o
que fazem os políticos num período de férias, onde as casas legislativas estam
em recesso e os governos funcionam apenas nas atividades ditas essenciais? Eles
falam de política, claro. Neste momento, os atores políticos relevantes da
Paraíba aproveitam o período de recesso e de férias para tratarem da política
eleitoral do próximo ano. E não poderia ser diferente, pois eles são
profissionais da política. Vivem dela e para ela.
A exceção, talvez, seja dos
políticos que acabaram de assumir cargos em prefeituras e que estam tendo que
trabalhar bastante, a exemplo de Romero Rodrigues e Luciano Cartaxo. Mas, as
lideranças políticas não fazem outra coisa a não ser conversarem. Eles dialogam
e se movimentam intensamente pelas cidades, entre os partidos e por onde mais
possam impulsionar suas articulações políticas. O movimento é grande em que
pese o cidadão eleitor não ter como percebê-lo.
Esse é um bom momento para se
pavimentar caminhos e tratar de escolhas eleitorais para 2014, pois existe a
impressão de que os políticos tiram férias. Mas, não se é político em meio
período. É preciso viver a política como se ela fosse um hábito. Costuma-se
dizer que, no Brasil, as coisas só acontecem após o carnaval. Mas, essa regra
não vale para a política. Os políticos aproveitam este momento para falarem de
suas intensões e vontades. Agora mesmo percebo o que chamo de “efeito do gelo
seco”.
Em shows é comum vermos aquele
efeito produzido por uma máquina que lança uma espécie de fumaça a partir do
aquecimento do gelo seco. Esse efeito serve para que os artistas desenvolvam
suas performances, além de disfarçar alguns defeitos e erros. Na política é assim
também. Muitas das declarações dadas neste momento têm o efeito do gelo seco.
Atores políticos relevantes dão entrevistas falando de coisas que não querem
que aconteçam ou que desejam que venham a se realizar.
É comum vermos o
lançamento mais que prematura de candidaturas. Vejam que Fernando Henrique
Cardoso lançou, após as eleições municipais, a candidatura de Aécio Neves a
presidente da República pelo PSDB. FHC prefere a candidatura de José Serra,
mas, para protegê-la, lança a do senador mineiro para desgastá-lo. Essa é uma
antiga tática da política que costuma dar certo. Em que pese o PSDB não ser
exemplo para esse tipo de coisa, que o diga o próprio Serra. Aqui na Paraíba
vemos efeitos do gelo seco. O ex-governador José Maranhão tem repetido que o
ex-prefeito Veneziano Vital será o candidato do PMDB a governador da Paraíba.
Aliás, o senador Vital Filho, irmão de Veneziano, tem dito a mesma coisa.
Não deixa de ser
estranho que dois potenciais candidatos a governador do estado insistam em lançar
o nome de um político que, a preço de hoje, não seria eleito nem para síndico
do edifício onde mora. Veneziano tem sido para Maranhã e Vital Fº o que Aécio
Neves é para FHC e o PSDB de São Paulo. Neste momento a candidatura de
Veneziano é a fumaça de gelo seco que esconde pretensões que nem tão cedo serão
reveladas.
Já o senador Cássio
Cunha Lima tem insistido na continuidade da aliança com o governador Ricardo
Coutinho. Para ele a aliança, vitoriosa em 2010, deve ser mantida para as
eleições de 2014. Mas, ao mesmo tempo em que afirma isso, Cássio diz que se
considera elegível já que “cumpriu a sanção de três anos dada pela justiça”. Ou
seja, Cássio defende a aliança com o Governador, mas lembra que pode vir a ser
candidato.
O Secretario de Interiorização, Fábio Maia,
disse que PSDB e PSB devem continuar juntos em 2014. Claro, ele vocaliza a
opinião de Ricardo Coutinho. Ele disse, também, que Cássio subirá no palanque
de Ricardo em sua busca pela reeleição. O secretario ainda repassou um daqueles
recados mal criados do Governador para seus aliados e disse que eles não podem
ver o governo como uma farra onde todo mundo tem cargos independente de
qualificações.
É que Ricardo quer manter suas
alianças, desde que os aliados joguem o seu jogo. O fato é que Ricardo e Cássio
seguirão aliados, pois o governador não vive sem os votos de Campina Grande e o
senador deve saber que dificilmente poderá ser candidato em 2014. Os dois,
inclusive, afinaram o discurso e afirmaram que o vice-governador Rômulo
Gouveia, que é do PSD, deve continuar na aliança ocupando o mesmo cargo, em que
pese Rômulo ter dito que gostaria de ser candidato a senador. Assim é a
política em sua entressafra. Muito se afirma e pouco se argumenta. Neste
momento importa prestar atenção no que eles dizem, pois eles sempre estam
querendo dizer algo, mesmo que não pareça.
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