O NECON, Núcleo de Estudos sobre
o Congresso, que pertence ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) realizou a segunda rodada
de uma pesquisa publicada na última edição de 2012 da Revista Veja. A pesquisa
afere e avalia o ativismo de deputados federais e senadores no tocante a
importância das proposições legislativas apresentadas em 2012. O ativismo é
medido pelas palavras e votos relativos às questões vitais que tramitaram no
Congresso Nacional.
A metodologia da pesquisa,
chamada “Ranking do Progresso”, busca o posicionamento dos congressistas em
torno de noves eixos fundamentais da atuação parlamentar. São eles: (1) carga
tributária menor e sistema tributário mais simples; (2) infraestrutura; (3)
qualidade da gestão pública; (4) combate à corrupção; (5) qualidade da
educação; (6) marcos regulatórios estáveis, aplicados com transparência, por
agências independentes; (7) diminuição da burocracia; (8) equilíbrio entre os
três poderes; (9) leis trabalhistas justas para empregadores e empregados.
Como se vê são todos temas da
mais alta importância. São, também, assuntos que demandam conhecimento técnico
e um sem número de atribuições e qualificações de forma que o parlamentar possa
participar das discussões de forma proativa. Se o parlamentar não tiver uma
atuação relevante em pelo menos um desses temas não frequentará listas que
aferem a qualidade parlamentar. Estes temas sofreram influências de 142
projetos de lei e de várias medidas provisórias emitidas pelo governo federal.
É bom que se diga, ainda, que no
“Ranking do Progresso” só aparecem dois parlamentares paraibanos. Na lista dos
vinte deputados federais mais bem avaliados, Efraim Filho (DEM) surge em 16º
com nota 7,5. Já na lista dos
vinte senadores mais bem avaliados, Vital Filho está em 3º lugar com a
excelente nota de 9,2. Claro, o senador do PMDB presidiu a “CPMI do Cachoeira”
e participou ativamente em comissões e no próprio plenário.
O trabalho do NECON
ganhou uma espécie de facilidade. É que os parlamentares enquadrados na Lei da
Ficha Limpa, os que foram condenados em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, foram expurgados da pesquisa. Assim, a
amostra do NECON caiu por motivos óbvios. A Revista Veja usou o critério da
corrupção como ponto de corte para a pesquisa, mas não deveria já que corrupção
é um dos nove eixos da pesquisa e variável mais do que presente na atuação
parlamentar.
Para classificar os
parlamentares o NECON selecionou as proposições mais relevantes em termos de
projetos de lei ordinários e complementares, além de propostas de emendas à
Constituição que tramitaram no Congresso Nacional em 2012. O critério foi
simples. Cada proposição, de cada parlamentar, era classificada como favorável
ou desfavorável conforme o impacto que pudesse causar sobre os tais nove eixos
que eu acabei de citar.
A partir disso
aferiu-se o tipo de ação que os parlamentares desenvolvem sobre o tema em
discussão. O parlamentar é avaliado se apresentou pareceres nas relatorias, se
contribuiu com emendas, se se posicionou em votações nominais ou em plenários e
comissões. Se o seu deputado e/ou senador não aparecem na lista do NECON a
explicação é única e cristalina. Os parlamentares que não exerceram nenhum tipo
de ativismo sobre qualquer um dos eixos expostos não podem ter seus desempenhos
avaliados.
O NECON atribuiu um
peso específico para cada intervenção ou ativismo. Cada parecer apresentado por
um determinado parlamentar lhe rende quatro pontos no “Ranking do Progresso”. É que os pareceres baseiam
o processo de tomada de decisão. Já os pronunciamentos
valem apenas um ponto no “Ranking do
Progresso”. É que os pronunciamentos podem ser importantes ou apenas peças de
retórica gratuita que em nada contribuem.
O que se vê é que o critério do NECON foi bem
mais quantitativo do que qualitativo. É que o mínimo que se espera de um
parlamentar é que ele apresente alguma proposta ou que faça algum discurso,
mesmo que seja de menor importância. O
caro ouvinte sabe por que apenas dois, de um total de quinze, parlamentares
paraibanos aparecem na lista do NECON? É que a maioria dos nossos
representantes, em nível federal, não se envolveram nas discussões em torno dos
nove eixos.
O fato é que muitos parlamentares
se dedicaram aos processos eleitorais em suas bases durante o ano de 2012.
Também tivemos os que foram expurgados da lista do NECON devido aos problemas
com a Lei da Ficha Limpa. Cada vez que um parlamentar deixa de se envolver na
tomada de decisão abre espaço para o ativismo dos poderes executivo e
judiciário. Cada vez que seu deputado se ausenta de suas funções parlamentares
está demonstrando que podemos viver sem ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário