Em 1992, perguntavam ao
marqueteiro James Carville porque Bill Cliton tinha sido reeleito presidente
dos EUA mesmo com o escândalo Monica Lewisnki. A resposta tornou-se lei nas campanhas
eleitorais: “É a economia, estúpido”. O que Carville queria dizer é que com o
PIB americano em alta (um “PIBão”, como gosta de dizer o ministro Guido
Mantega), e com a situação de pleno emprego, o eleitorado americano não iria
trocar o certo pelo duvidoso.
Dizem que Lula perguntou a Dilma
porque a popularidade dela é maior do que a dele quando era presidente. Dizem
que Dilma teria respondido: “é a economia, estúpido!”. Bom, eu não acho que Dilma tenha chamado Lula
de estúpido. Mas, ela deveria mostrar a ele os dados que levam o brasileiro a lhe
dar tal popularidade. Apesar de que isso não diz muito, pois a fórmula aplicada
por Dilma é a mesma de Lula: estabilidade, com crescimento baseado no estímulo
ao consumo, via programas sociais.
Em que pese o Produto Interno
Bruto desacelerado, é o “PIBinho” que o ministro Guido fala, de a indústria ter
recuado e os investimentos diminuído, existem aqueles indicadores que tocam
diretamente ao brasileiro das classes C e D. Eu falo do emprego e da renda. São
estes dois indicadores que influenciam o humor de grande parte do eleitorado.
No governo Dilma emprego e renda seguem tendo um bom desempenho, daí ela ser
bem avaliada e Lula ficar morrendo de inveja.
Pelos dados do IBGE, a renda
média, nos dois primeiros anos de Dilma, teve aumento real de 2.9% ao ano. Isso
é mais do que o dobro visto nos tempos de Lula. É por isso que ele jogou a
toalha e desistiu de se candidatar a presidente em 2014. Nos oito anos de Lula
a renda média aumentou 10.9%. Nesses dois anos de governo Dilma a renda cresceu
5.8%. Apenas em 2012, o ano do “PIBinho”, o rendimento médio subiu 3.2% acima
da inflação, ou seja, um desempenho econômico acima da média.
Dilma foi eleita
para tirar as férias de Lula. Só que ele não contava que ela poderia ter um
melhor desempenho. Lula também não contava com seus problemas de saúde e nem
que seus comparsas seriam condenados no caso do mensalão. A renda não é a única
variável a influir nas decisões do eleitor. Mas, o fato é que o eleitorado
tende a aprovar o governante quando está com mais dinheiro no bolso para
gastar. Governos como o de Lula e Dilma sabem como ninguém explorar isso.
É por isso que vivemos numa espécie de populismo econômico. O governo
cria uma série de programas assistencialistas e de estímulo ao crédito. Estes
programas dão a sensação ao cidadão-eleitor que ele está bem por que pode
consumir. A ideia do IPI reduzido para carros e eletrodomésticos é essa. O
governo diminui um pouco a intensidade da mordida, que dá em nossos salários,
para que possamos comprar mais. Assim se estimula o consumo que gera inflação,
mas esse é outro assunto.
Quem definiu bem nossa situação foi a Nenê, de “A grande família”. Quando
Lineu reclamou que Nenê estava consumindo muito, ela disse que a diferença dela
para uma madame da Zona Sul é que a madame compra à vista e ela divide tudo em
10 prestações. É por esse estado de coisas que metade dos gastos do governo
Dilma são direcionados aos programas sociais. Pois, claro, eles fazem o humor
do eleitorado das classes C e D aumentar.
Os recursos que
foram pagos às famílias dessas classes sociais em 2012 corresponderam a 50.4%
das despesas do governo federal. A previdência, o amparo ao trabalhador e o
programa Bolsa Família foram responsáveis por 9.2% do PIB do ano passado. Com o recente reajuste do salário mínimo e a reformulação do “Bolsa
Família”, os programas sociais de transferência de renda vão alcançar peso
inédito no gasto público e na economia do país neste ano de 2013.
Pelos dados presentes na execução orçamentária do
governo federal o montante chegará a R$ 405 bilhões. Essa dinheirama toda será
distribuída entre o regime geral da previdência, o amparo ao trabalhador e a
assistência social. Estes números, sem
paralelo entre países emergentes, ajudam a explicar a escorchante carga de
impostos que nós pagamos anualmente. Sim, porque o governo só faz sua torta justiça
social eleitoreira porque nós pagamos a conta.
O fato é que Dilma Rousseff fez o
dever de casa direitinho. Ela fez, sim, tudo o que seu mestre, Lula, mandou e
seguiu a cartilha econômico-populista-eleitoral a risca. Detalhe, a criatura
saiu-se melhor do que o criador a tirar pelos números que vimos. E esse foi o
problema. Quando Dilma disse a Lula que a popularidade dela cresce por causa da
economia, ele deve ter dito que era para fazer o que ele mandou, mas que não
precisava fazer tão bem feito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário