Na quarta-feira a Câmara
Municipal de Campina Grande iniciou seu ano legislativo com uma sessão solene
onde o prefeito Romero Rodrigues apresentou a mensagem do Poder Executivo
definindo as metas do governo para o ano de 2013. O prefeito relatou como
encontrou a situação da prefeitura após a posse medindo bem as palavras, para
não piorar ainda mais a situação, depois da declaração de que havia ladrões na
gestão do prefeito Veneziano Vital.
Como é de praxe, o prefeito
enumerou as ações que sua gestão pretende realizar ao longo do ano. Mas, as
informações prestadas ecoaram nos ouvidos de todos, principalmente dos
vereadores que até já tiveram o primeiro grande bate-boca do ano. Ontem
aconteceu a primeira sessão ordinária do ano na Câmara Municipal. A pauta da
sessão girava em torno das Comissões Permanentes da Casa. Havia duas questões a
lidar. Uma, sobre o projeto que prevê o aumento do número de Comissões. E
outra, sobre a composição das Comissões. Por causa disso, houve uma confusão
daquelas no plenário. Quase todos os 23 vereadores se envolveram na discussão
que ficou polarizada entre os vereadores Ivonete Ludgério e Pimentel Filho.
É difícil saber os
reais motivos que levaram os vereadores a estrearem o ano legislativo com o
velho, e nem tão bom, bate-boca de sempre. Houve um impasse sobre o aumento do
número de comissões. A ideia é criar mais seis, além das sete comissões já
existentes. É estranho que eles tenham entrado em confronto, pois todos são a
favor do aumento das comissões. Noticiou-se que a questão da desavença está na
forma como o projeto deve tramitar e não no conteúdo dele.
Mas, se a questão é de forma, e
não de conteúdo, precisava mesmo de tanta confusão? Sabedores que vários
setores da sociedade (a imprensa, por exemplo) estavam de olho na primeira
sessão ordinária porque os vereadores não conseguiram se conter? O que me
parece é que a confusão se deu não pela forma do tal projeto e sim porque os
vereadores enxergam o plenário da Casa de Félix Araújo como uma arena onde
devem se comportar como gladiadores que mostram suas armas assim que nela
adentram.
O fato é que está
começando o ano legislativo com um novo prefeito e com vários vereadores
novatos. Os veteranos foram ontem ao plenário mais para mostrarem suas garras do
que efetivamente discutir e aprovar algum projeto. Ontem estava em jogo a
demonstração de força. Não por acaso os vereadores que protagonizaram a
discussão foram Pimentel Filho, da oposição, e Ivonete Ludgério, da situação. É
normal que ambos os lados escalem aqueles que vão encenar os embates.
Depois do
acirramento das eleições de 2012 e das trocas de acusações entre atuais e
antigos gestores é até natural que os vereadores estejam com os ânimos
acirrados, mas daí já partirem para o enfrentamento na primeira sessão foi um
exagero. Na verdade, os vereadores brigaram, e vão brigar muito mais, para ver
quem pode mais nas Comissões Permanentes, pois elas definem o que vai a
plenário para ser votado. As Comissões são os filtros por onde se coa o que é
importante e constitucional.
O fato é que os vereadores deveriam evitar esses bate-bocas e não apenas
pela péssima imagem que passam para a sociedade, mas por que o debate acalorado
de ideias e propostas deve existir e não pode ser confundido com a simples
baderna. O legislador é alguém que tem muito trabalho a realizar. Além das
reuniões plenárias, ele frequenta as comissões e trabalha em seu gabinete
recebendo pessoas e preparando, junto com assessores, os projetos e
requerimentos que deve apresentar. Ao contrário do que se pensa, o trabalho do vereador
é complexo e vem aumentando. Se o vereador não o cumpre é outra coisa, mas a
cada nova eleição cresce o número de eleitores que esperam mais ação e atenção
por parte de seus representantes.
É comum vermos dois tipos de imagens no parlamento. Numa temos a total desorganização,
com vereadores em pé, em pequenas reuniões, todos falando ao mesmo tempo, e com
a Mesa Diretora tentando por ondem na casa. Em
outra, vemos um plenário quase vazio ou com vereadores sentados, distantes e
desinteressados. Alguns leem jornais ou vasculham seus computadores. Neste
caso, vemos parlamentares conversarem demoradamente em seus celulares.
Qual das duas o caro ouvinte
prefere? Eu gosto mais da primeira. Prefiro a sinergia. Acho melhor que os
vereadores fiquem de pé discutindo entre si os projetos a serem votados do que
sentados perdidos em seus pensamentos. Não que eu ache correto aquele bate-boca
sem fim, mas ele ainda é melhor do que a calmaria ineficaz. Apesar de que não
custaria nada nossos vereadores explicarem porque quase iam as vias de fato ao
discutirem um projeto que todos concordavam.
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