sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Senhores, por favor, não briguem!











Na quarta-feira a Câmara Municipal de Campina Grande iniciou seu ano legislativo com uma sessão solene onde o prefeito Romero Rodrigues apresentou a mensagem do Poder Executivo definindo as metas do governo para o ano de 2013. O prefeito relatou como encontrou a situação da prefeitura após a posse medindo bem as palavras, para não piorar ainda mais a situação, depois da declaração de que havia ladrões na gestão do prefeito Veneziano Vital.






Como é de praxe, o prefeito enumerou as ações que sua gestão pretende realizar ao longo do ano. Mas, as informações prestadas ecoaram nos ouvidos de todos, principalmente dos vereadores que até já tiveram o primeiro grande bate-boca do ano. Ontem aconteceu a primeira sessão ordinária do ano na Câmara Municipal. A pauta da sessão girava em torno das Comissões Permanentes da Casa. Havia duas questões a lidar. Uma, sobre o projeto que prevê o aumento do número de Comissões. E outra, sobre a composição das Comissões. Por causa disso, houve uma confusão daquelas no plenário. Quase todos os 23 vereadores se envolveram na discussão que ficou polarizada entre os vereadores Ivonete Ludgério e Pimentel Filho.






É difícil saber os reais motivos que levaram os vereadores a estrearem o ano legislativo com o velho, e nem tão bom, bate-boca de sempre. Houve um impasse sobre o aumento do número de comissões. A ideia é criar mais seis, além das sete comissões já existentes. É estranho que eles tenham entrado em confronto, pois todos são a favor do aumento das comissões. Noticiou-se que a questão da desavença está na forma como o projeto deve tramitar e não no conteúdo dele.






Mas, se a questão é de forma, e não de conteúdo, precisava mesmo de tanta confusão? Sabedores que vários setores da sociedade (a imprensa, por exemplo) estavam de olho na primeira sessão ordinária porque os vereadores não conseguiram se conter? O que me parece é que a confusão se deu não pela forma do tal projeto e sim porque os vereadores enxergam o plenário da Casa de Félix Araújo como uma arena onde devem se comportar como gladiadores que mostram suas armas assim que nela adentram.






O fato é que está começando o ano legislativo com um novo prefeito e com vários vereadores novatos. Os veteranos foram ontem ao plenário mais para mostrarem suas garras do que efetivamente discutir e aprovar algum projeto. Ontem estava em jogo a demonstração de força. Não por acaso os vereadores que protagonizaram a discussão foram Pimentel Filho, da oposição, e Ivonete Ludgério, da situação. É normal que ambos os lados escalem aqueles que vão encenar os embates.






Depois do acirramento das eleições de 2012 e das trocas de acusações entre atuais e antigos gestores é até natural que os vereadores estejam com os ânimos acirrados, mas daí já partirem para o enfrentamento na primeira sessão foi um exagero. Na verdade, os vereadores brigaram, e vão brigar muito mais, para ver quem pode mais nas Comissões Permanentes, pois elas definem o que vai a plenário para ser votado. As Comissões são os filtros por onde se coa o que é importante e constitucional.




 





O fato é que os vereadores deveriam evitar esses bate-bocas e não apenas pela péssima imagem que passam para a sociedade, mas por que o debate acalorado de ideias e propostas deve existir e não pode ser confundido com a simples baderna. O legislador é alguém que tem muito trabalho a realizar. Além das reuniões plenárias, ele frequenta as comissões e trabalha em seu gabinete recebendo pessoas e preparando, junto com assessores, os projetos e requerimentos que deve apresentar. Ao contrário do que se pensa, o trabalho do vereador é complexo e vem aumentando. Se o vereador não o cumpre é outra coisa, mas a cada nova eleição cresce o número de eleitores que esperam mais ação e atenção por parte de seus representantes.





É comum vermos dois tipos de imagens no parlamento. Numa temos a total desorganização, com vereadores em pé, em pequenas reuniões, todos falando ao mesmo tempo, e com a Mesa Diretora tentando por ondem na casa. Em outra, vemos um plenário quase vazio ou com vereadores sentados, distantes e desinteressados. Alguns leem jornais ou vasculham seus computadores. Neste caso, vemos parlamentares conversarem demoradamente em seus celulares.






Qual das duas o caro ouvinte prefere? Eu gosto mais da primeira. Prefiro a sinergia. Acho melhor que os vereadores fiquem de pé discutindo entre si os projetos a serem votados do que sentados perdidos em seus pensamentos. Não que eu ache correto aquele bate-boca sem fim, mas ele ainda é melhor do que a calmaria ineficaz. Apesar de que não custaria nada nossos vereadores explicarem porque quase iam as vias de fato ao discutirem um projeto que todos concordavam.




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