sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

No senado as pedras não rolam.







Hoje, acontecerá, em Brasília, eleição para a presidência do Senado Federal. O sucessor de José Sarney será escolhido a partir da 10 horas em votação secreta. O eleito terá que contar com o voto de 41 senadores, entre os 81 que compõem o Senado. Existe uma tradição, que poucos ousam desrespeitar, de que os dois partidos com maior bancada no Senado, assim também é na Câmara, tem o direito de indicar o presidente da Casa. Vejamos como funciona esse expediente.





A maior bancada partidária se reúne e decide quem será o candidato, de forma que fatalmente o escolhido é eleito. Mas, podem-se lançar nomes para a disputa como forma de forçar negociações e/ou negociatas ou para alterar a correlação de forças. As duas maiores bancadas no Senado são PMDB e PT. Dilma, Lula, o PT e, claro, quase todos os peemedebistas querem que o PMDB continue ocupando a cadeira da presidência. Claro, assim se mantém a coalizão de governo e todo mundo fica bem.





Mas, como diria Carlos Drummond, no meio do caminho tem uma pedra. Uma pedra, que atende pelo nome de Renan Calheiros, postou-se no meio do caminho e cismou de voltar a ser presidente do Senado. É que no Congresso as pedras não rolam mesmo. Sendo o PMDB a maior bancada e contando com o apoio da segunda maior, a do PT, o plano é quase perfeito. Escolherem Renan, com o beneplácito do governo, e ficaram todos felizes. Mas, faltou combinar com os russos da Casa.





Partidos como PSB e PDT, além de lideranças do quilate de Pedro Simon, discordaram da possibilidade de um “ficha mais do que suja” como Renan Calheiros na presidência e se levantaram contra a estratégia rolo compressor capitaneada pela dupla PMDB/PT. Ao mesmo tempo foram surgindo as “anti-candidaturas”, seguindo a estratégia consagrada por Ulysses Guimarães que se lançava candidato para ver o circo pegar fogo. Os senadores Pedro Taques (PDT) e Randolfe Rodrigues (PSOL) se lançaram à disputa.





Rapidamente recolheram apoios dos descontentes com a candidatura de Renan Calheiros. Não mais do que de repente acendeu a luz vermelha do 2º turno na eleição e foi se formando um movimento propondo um enfrentamento contra o governo. Foi numa dessas que Severino Cavalcanti, o rei do baixo clero, foi eleito presidente na Câmara dos Deputados. É assim mesmo, vez por outra os parlamentares se levantam contra os ditames do governo federal.





É difícil prever quantos votos o “anti-Renan” terá. As perspectivas não são boas para os “independentes”, pois o que os une é o fato de não quererem Renan presidente do Senado. Sem contar que de independentes eles não tem absolutamente nada. Jarbas Vasconcelos, Pedro Taques, Randolfe Rodrigues, Pedro Simon, Cristovam Buarque, são mais ou menos fortes porque se unem ocasionalmente. Separados, como é comum vê-los, não conseguem colocar cinco senadores dentro de um fusca.





Há dois anos, quando Sarney foi reeleito presidente, os independentes lançaram Randolfe. Foi um vexame. Sarney teve 70, dos 81 votos. As últimas notícias dão conta que a oposição se uniu em torno da candidatura do senador Pedro Taques do PDT. O fato é que Renan Calheiros deve ser eleito. O caro ouvinte deve perguntar: como, se tanta gente não quer? É que, no Congresso, as coisas funcionam assim mesmo: ganha aquele que estiver com a ficha mais suja que é justamente o que a sociedade não quer.







O fato é que a elite política quer que seja Calheiros, que optou pela estratégia de risco zero. Ele não se pronuncia para não ter que dar explicações sobre as muitas acusações que lhes pesam as costas. A mais recente é a do uso de notas fiscais de venda de bois para justificar sua renda pessoal. Os indícios, fortes, é que as tais notas foram falsificadas. É bom lembrar que Renan deixou a presidência do senado em dezembro de 2007. Ele quase perdeu o mandato, no auge do "Renangate", quando foi acusado de ter suas despesas, além da pensão da Jornalista Mônica Veloso com quem tem um filho, pagas por um lobista ligado a uma empreiteira. Ele foi julgado no plenário, mas foi absolvido.





Além dos votos das bancadas do PMDB e do PT, Renan conta com os votos de senadores de outros partidos por conta de “favores” que ele próprio e o PMDB andaram prestando. E tem os “acertos” feitos com o PT que defende Renan tanto quanto os condenados do caso Mensalão. Senadores do PSDB sinalizam votar em Renan porque ele os livrou da “CPMI do Cachoeira”. É assim mesmo, uma mão lava a outra e todas se enxugam.





A estratégia de Renan é clara. Ele não fala, não dá explicações, e espera na surdina que chegue a eleição, onde seus comparsas, digo, colegas, o elegerão. Adianta pouco mobilizações na sociedade, pois em momentos como esses o Congresso se fecha. Por fim, nos resta ficar atentos para o comportamento que os três senadores da Paraíba terão nessa eleição. Se vão referendar a estratégia rolo compressos de Renan Calheiros ou se vão se aliar ao David que os ditos independentes acabaram de lançar.


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