quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sobre palanques, atores e articulações políticas.



Alguns dias atrás em disse, aqui mesmo no POLITICANDO, que o palanque de 2012 não tinha sido desmontado e que o de 2014 já estava erguido. Na verdade, na heroica Paraíba existem vários palanques interligados pelos corredores das articulações políticas. Aqui a política eleitoral é mais importante do que o ato de governar. A movimentação pelo Estado é intensa e os atores políticos nem procuram mais disfarçar suas intenções eleitorais, se é que em algum momento tentaram.



Agora, especula-se sobre a vitalidade da aliança entre o governador Ricardo Coutinho e o Senador Cássio Cunha Lima. Esta aliança é como aquele casal que está em crise, mas vai vivendo de aparências, esperando que os filhos cresçam, para poder se separar. Nos últimos dias os holofotes dos palanques apontaram para dois atores políticos que mesmo sem cargos vem conseguindo participar das articulações. Eu falo do ex-prefeito de João Pessoa Luciano Agra e do ex-senador, pelo PMDB, Wilson Santiago.




Luciano Agra segue sendo a virginal noiva da política paraibana. Todos querem levá-lo ao altar situado na Praça dos Três Poderes, na Capital do Estado, e que por hora é ocupado por Ricardo Coutinho. Luciano Agra sabe disso. Ele montou um escritório para receber os que querem discutir com ele os rumos da eleição 2014. Claro, Agra pretende transformar este escritório em comitê eleitoral. É por isso que ele tem se movimentado tão intensamente.



Wilson Santiago trabalha para ser candidato a senador. Ele acredita que tem uma cadeira cativa no Senado Federal e quer voltar a nela se sentar a partir de 2015. O problema é que José Maranhão lhe fechou os acessos para o palanque do PMDB. Santiago se movimenta em busca de um palanque. Ele foi até São Paulo pedir as bênçãos de Lula. Na verdade, ele queria saber se o PT paraibano poderia lhe dar guarita. Claro, ele foi lembrar a Lula que sempre, ou quase sempre, lhe foi fiel.




Ao que tudo indica, Santiago vai para o PTB. Mas, ele só viabilizará sua candidatura se aumentar seu poder de barganha que vem decrescendo na media em que ele não ocupa cargo e vem sendo paulatinamente preterido das rodas da política. Luciano Agra recebeu o ex-prefeito Veneziano Vital em seu santuário. Afora o fato de terem compartilhado criticas ao governo do estado, não se sabe bem o que eles conversaram. Mas, o fato é que depois dessa conversa Veneziano mudou seu discurso. Antes, Veneziano se colocava como candidato único do PMDB ao governo do estado, após a conversa com Agra passou a dizer que está aberto a discussão, que aceita apoiar outros nomes desde que seja o melhor para a Paraíba e blá, blá, blá, blá...



Veneziano parece começar a se convencer que sua candidatura a governador ou senador não é viável. Se o ex-prefeito sair candidato a deputado federal, e for eleito, claro, já estaria de bom tamanho, considerando os recentes desgastes sofridos. Esta semana Luciano Agra recebeu o deputado Vituriano de Abreu (PSC). É que se formou um bloco partidário composto por PT, PSC e PP. Agra deve vir a se filiar a um desses três partidos e se candidatar a governador.



O discurso de Agra é de quem tem certeza que será candidato. Ele disse, entre uma visita e outra, que a procura pelo seu nome demonstra as “insatisfações com a atual conjuntura política do Estado, especialmente em relação ao atual modelo de gestão estadual”. É que Luciano sabe que só têm chances se capitalizar para si os sentimentos contrários a Ricardo Coutinho. A aposta de Agra, alta diga-se de passagem, é que os antigos adversários do governador e os insatisfeitos de toda sorte venham a apoiá-lo.



Mas, o governador não está parado. Foi a Brasília afagar o senador Cássio antes que algum aventureiro lance mão. Foi, também, oferecer abrigo para os descontentes do PMDB, a exemplo de Wilson Santiago. Ricardo foi a Brasília para consolidar, via deputados federais, os apoios que vem recebendo diariamente de prefeitos de todas as regiões da Paraíba depois que anunciou aquele pacote de bondades em obras e serviços para os municípios. O senador Cássio troca afagos e sorrisos com o governador, mas não esquece que seu negócio é a liderança política. Ele tem um encontro marcado com Luciano Agra e não deve ser para discutir a renúncia do Papa Bento XVI.



 


Essa relação política entre Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima é uma das mais abertas que já vi. Ambos andam saindo com quem bem entendem. Ricardo chama Wilson Santiago para conversar, sendo que Cássio é adversário de Santiago. Cássio marca encontros com Luciano Agra, sendo que Ricardo e Agra não se toleram. Alguém está blefando nessa história, pois não vai ser possível juntar adversários como estes nem tão cedo. Se uma dessas alianças vingar, acaba-se um casamento político. Às vezes a melhor coisa a fazer é buscar o divórcio. Adversários se suportando sob o mesmo palanque causam ciúmes, traições, crises e enfrentamentos.  Quando à separação é de fato, é melhor torná-la de direito.



P.S: Eu já tinha terminado de escrever esta coluna quando li uma declaração do senador Cássio Cunha Lima que não poderia ser mais clara. Após receber a visita do governador Ricardo Coutinho em seu gabinete, Cassio disse o que pensa sobre a possibilidade de o ex-senador Wilson Santiago vir a fazer parte da aliança política entre PSB e PSDB visando às eleições de 2014. Disse o Senador que: “Não tenho nada contra Wilson Santiago, mas é preciso saber se ele vem para o Governo para ocupar um lugar de destaque (...) porque temos outras alternativas que estão no projeto há mais tempo, a exemplo do senador Cícero Lucena, que pode competir à reeleição, do deputado Ruy Carneiro, que também pode disputar o Senado, ou até mesmo o vice-governador Rômulo Gouveia. Temos outras alternativas antes de Wilson Santiago e isso tem que ser analisado". Cássio Cunha Lima não poderia ter sido mais claro. Entendendo que Santiago viria para o PSB para disputar a vaga no Senado, ele quis lembrar a Ricardo Coutinho que existe uma aliança política onde o PSB banca o nome do governador e o PSDB banca o vice e um senador. Na verdade, Cássio quis dizer que Santiago é bem vindo, mas que vai ter que entrar na fila e não atrapalhar.




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