Alguns dias atrás em disse, aqui
mesmo no POLITICANDO, que o palanque de 2012 não tinha sido desmontado e que o
de 2014 já estava erguido. Na verdade, na heroica Paraíba existem vários
palanques interligados pelos corredores das articulações políticas. Aqui a
política eleitoral é mais importante do que o ato de governar. A movimentação
pelo Estado é intensa e os atores políticos nem procuram mais disfarçar suas
intenções eleitorais, se é que em algum momento tentaram.
Agora, especula-se
sobre a vitalidade da aliança entre o governador Ricardo Coutinho e o Senador
Cássio Cunha Lima. Esta aliança é como aquele casal que está em crise, mas vai
vivendo de aparências, esperando que os filhos cresçam, para poder se separar. Nos
últimos dias os holofotes dos palanques apontaram para dois atores políticos
que mesmo sem cargos vem conseguindo participar das articulações. Eu falo do
ex-prefeito de João Pessoa Luciano Agra e do ex-senador, pelo PMDB, Wilson
Santiago.
Luciano Agra segue sendo a
virginal noiva da política paraibana. Todos querem levá-lo ao altar situado na
Praça dos Três Poderes, na Capital do Estado, e que por hora é ocupado por
Ricardo Coutinho. Luciano Agra sabe disso. Ele montou um escritório para
receber os que querem discutir com ele os rumos da eleição 2014. Claro, Agra
pretende transformar este escritório em comitê eleitoral. É por isso que ele tem
se movimentado tão intensamente.
Wilson Santiago trabalha para ser
candidato a senador. Ele acredita que tem uma cadeira cativa no Senado Federal
e quer voltar a nela se sentar a partir de 2015. O problema é que José Maranhão
lhe fechou os acessos para o palanque do PMDB. Santiago se movimenta em busca de um palanque. Ele
foi até São Paulo pedir as bênçãos de Lula. Na verdade, ele queria saber se o
PT paraibano poderia lhe dar guarita. Claro, ele foi lembrar a Lula que sempre,
ou quase sempre, lhe foi fiel.
Ao que tudo indica,
Santiago vai para o PTB. Mas, ele só viabilizará sua candidatura se aumentar
seu poder de barganha que vem decrescendo na media em que ele não ocupa cargo e
vem sendo paulatinamente preterido das rodas da política. Luciano Agra recebeu
o ex-prefeito Veneziano Vital em seu santuário. Afora o fato de terem
compartilhado criticas ao governo do estado, não se sabe bem o que eles
conversaram. Mas, o fato é que depois dessa conversa Veneziano mudou seu
discurso. Antes, Veneziano se colocava como candidato único do PMDB ao governo
do estado, após a conversa com Agra passou a dizer que está aberto a discussão,
que aceita apoiar outros nomes desde que seja o melhor para a Paraíba e blá,
blá, blá, blá...
Veneziano parece começar a se convencer que sua candidatura a governador
ou senador não é viável. Se o ex-prefeito sair candidato a deputado federal, e
for eleito, claro, já estaria de bom tamanho, considerando os recentes
desgastes sofridos. Esta semana Luciano Agra recebeu o deputado Vituriano de
Abreu (PSC). É que se formou um bloco partidário composto por PT, PSC e PP.
Agra deve vir a se filiar a um desses três partidos e se candidatar a
governador.
O discurso de Agra é de quem tem certeza que será candidato. Ele disse,
entre uma visita e outra, que a procura pelo seu nome demonstra as “insatisfações
com a atual conjuntura política do Estado, especialmente em relação ao atual
modelo de gestão estadual”. É que Luciano sabe que só têm chances se
capitalizar para si os sentimentos contrários a Ricardo Coutinho. A aposta de
Agra, alta diga-se de passagem, é que os antigos adversários do governador e os
insatisfeitos de toda sorte venham a apoiá-lo.
Mas, o governador
não está parado. Foi a Brasília afagar o senador Cássio antes que algum
aventureiro lance mão. Foi, também, oferecer abrigo para os descontentes do
PMDB, a exemplo de Wilson Santiago. Ricardo foi a Brasília para consolidar, via
deputados federais, os apoios que vem recebendo diariamente de prefeitos de
todas as regiões da Paraíba depois que anunciou aquele pacote de bondades em
obras e serviços para os municípios. O senador Cássio troca
afagos e sorrisos com o governador, mas não esquece que seu negócio é a
liderança política. Ele tem um encontro marcado com Luciano Agra e não deve ser
para discutir a renúncia do Papa Bento XVI.
Essa relação política entre
Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima é uma das mais abertas que já vi. Ambos andam
saindo com quem bem entendem. Ricardo chama Wilson Santiago para conversar,
sendo que Cássio é adversário de Santiago. Cássio marca encontros com Luciano
Agra, sendo que Ricardo e Agra não se toleram. Alguém está blefando nessa
história, pois não vai ser possível juntar adversários como estes nem tão cedo.
Se uma dessas alianças vingar, acaba-se um casamento político. Às vezes a
melhor coisa a fazer é buscar o divórcio. Adversários se suportando sob o mesmo
palanque causam ciúmes, traições, crises e enfrentamentos. Quando à separação é de fato, é melhor
torná-la de direito.
P.S: Eu já tinha terminado de
escrever esta coluna quando li uma declaração do senador Cássio Cunha Lima que
não poderia ser mais clara. Após receber a visita do governador Ricardo
Coutinho em seu gabinete, Cassio disse o que pensa sobre a possibilidade de o
ex-senador Wilson Santiago vir a fazer parte da aliança política entre PSB e
PSDB visando às eleições de 2014. Disse o Senador que: “Não tenho nada contra Wilson Santiago, mas é preciso
saber se ele vem para o Governo para ocupar um lugar de destaque (...) porque
temos outras alternativas que estão no projeto há mais tempo, a exemplo do
senador Cícero Lucena, que pode competir à reeleição, do deputado Ruy Carneiro,
que também pode disputar o Senado, ou até mesmo o vice-governador Rômulo
Gouveia. Temos outras alternativas antes de Wilson Santiago e isso tem que ser
analisado". Cássio Cunha Lima não poderia ter sido mais claro. Entendendo
que Santiago viria para o PSB para disputar a vaga no Senado, ele quis lembrar
a Ricardo Coutinho que existe uma aliança política onde o PSB banca o nome do governador
e o PSDB banca o vice e um senador. Na verdade, Cássio quis dizer que Santiago
é bem vindo, mas que vai ter que entrar na fila e não atrapalhar.
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