Depois de quase quatro anos sem
ir ao Estádio Governador Ernany Sátiro, o Amigão, retornei no domingo passado
para ver o maior e melhor time do Nordeste brasileiro sagrar-se campeão da Copa
do Nordeste. Foi emocionante ver o Campinense Clube ser campeão daquela maneira.
Isso, por si só, pagou o ingresso. Mas, eu não tenho certeza se também pagou os
riscos enfrentados por mim e por aquela massa fantástica de torcedores
raposeiros.
O fato é que ir ao Estádio Amigão
é antes de tudo uma grande aventura. A começar pela chegada ao estádio que não
tem boas vias de acesso e nem estacionamento. O terreno em volta do estádio
sequer é plano e não existem placas de sinalização. Na parte interna o que se
vê é a total degradação. Pior, jorra água por entre as brechas do concreto
armado e as paredes são imundas. Sem contar que não é possível andar dois ou três
metros sem ter que colocar os pés naquela fétida mistura de água, urina e lixo.
E olhem que eu não fui ao
banheiro em momento algum. Mas, ouvi relatos de quem foi. Não vou
reproduzi-los, pois o horário não permite. As arquibancadas estam em petição de
miséria e os assentos precisam de manutenção, ou mesmo de serem trocados. No
campo de jogo a única coisa que parece não ter problemas é o gramado. Apesar de
que não se sabe se ele vai suportar as chuvas quando, e se, elas vierem. O Amigão
não tem placar eletrônico, mas o sistema de iluminação é razoável.
É preciso não esquecer que o
Amigão foi inaugurado em 1975 sem ter sido concluído. As arquibancadas, que
ficariam por trás das traves, inexistem não por uma opção dos engenheiros, mas
sim porque nunca se quis construí-las. Talvez, este seja o momento. A situação
da marquise que cobre um das arquibancadas é temerária. Os jornalistas se
amontoavam em cubículos chamados de cabine. Tinha repórter pendurado por todos
os lados buscando o melhor ângulo para a transmissão televisava da partida.
O que me chamou atenção é que quase
ninguém se preocupou com esse estado de coisas. A torcida não queria saber.
Claro, com a Raposa comendo a bola quem vai se preocupar com uma rachadura que
segue de cima até embaixo da arquibancada sombra? A polícia também não se
preocupou, pois seu dever era cuidar da segurança de todos. Em que pese que a
situação que descrevo ameaçava sobremaneira a própria segurança dos torcedores.
Mas, o caro ouvinte quer saber quem
não estava nem um pouco preocupado? Acertou quem disse os políticos. Estes não
queriam saber de problemas, pois importava aparecer nos momentos que
antecederam o grande jogo. Aonde eu via torcedores, os políticos viam
eleitores. Isso é o que realmente importava para eles. Enquanto os verdadeiros
atores do espetáculo estavam nos bastidores, os atores políticos se esbaldavam.
Muitos abraços, fotos e sorrisos. Houve, claro, os discursos para que cada um pudesse
mostrar o quanto foi útil para que aquilo tudo pudesse acontecer.
Os vereadores
Nelson Gomes Fº e Ivonete Ludjério entregaram uma medalha de honra ao mérito ao
representante do canal que detém direitos de transmissão de imagens da Copa do
Nordeste. Eles tinham aprovado uma propositura sobre isso. Se o ato foi aprovado
no plenário da Câmara Municipal, porque a entrega da medalha e os discursos não
foram feitos na Casa de Félix Araújo? Porque tinham que ser feitos no Estádio?
Elementar, os eleitores, digo torcedores, não vão à Câmara de Vereadores.
O prefeito Romero
Rodrigues esteve presente e, antes mesmo que partida se iniciasse, deu uma
volta olímpica em torno do gramado acenando e sorrindo para os torcedores que
retribuíram com aplausos. Claro, depois ele discursou e posou para as fotos. Eu
não sei se o prefeito Romero torce pelo Campinense Clube. Mas, o fato é que ele
envergava uma vistosa camisa rubro-negra. Mas, isso importa pouco. O que de
fato interessava era a oportunidade que não podia ser desperdiçada.
O governador
Ricardo Coutinho esteve presente. Ao adentrar no Estádio, ele afirmou que o
Amigão seria fechado na terça-feira (ontem) para longa reforma. Ele até disse
que as obras não haviam ainda começado por causa da grande final da Copa do
Nordeste. Mas, o governador vai mudar de ideia? Pois, Campinense e Treze vão
jogar no Amigão no próximo domingo. Aliás, o governador foi mais discreto. Não
vestiu uma camisa do Campinense, apesar de dizer que o time é um patrimônio da
Paraíba.
A disputa era para
ver quem mais exaltava o Campinense. O governador só veio até o Amigão para capitalizar
para si o grande feito rubro-negro. Mas, isso não evitou a vaia que a torcida atribuiu
ao governador assim que se anunciou que ele havia chegado. O Vice-governador, Rômulo Gouveia, estava também
presente. Mas ele não foi vaiado. Sendo de Campina Grande fazia mais sentido
sua presença do que a do governador. Mas, que político poderia perder tal
oportunidade? O fato é que os políticos tentam
se mostrar mais importantes do que os times de futebol. Historicamente o
futebol vem sendo usado pelos políticos. Infelizmente, eles não querem entender
que o futebol é uma coisa do povo. Apesar de que a política também é.
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