A Teoria da
Escolha Racional estudo fenômenos sociais e políticos, considerando que o
comportamento humano pode ser tratado, ou modelado, pelos pressupostos da
racionalidade. E isso não é algo novo, vem desde o filósofo grego Aristóteles.
Foi Aristóteles quem afirmou que “o homem
é um animal político”. Ou seja, sendo dotado de razão, ele necessita de um
instrumento, a política, para abalizar suas relações sociais. Mas, isso só se
daria no campo da racionalidade. Assim, a Teoria da Escolha Racional demonstra
que, em situações de múltiplas escolhas, os homens optam sempre por estratégias
onde possam maximizar seus resultados e minimizar suas perdas. Assim é, no jogo
da política partidária eleitoral.
Na terça-feira eu citei Ulysses Guimarães para lembrar que não se faz
política pelas emoções e pelos sentimentos. Há uns dias atrás eu afirmei que os
atores políticos paraibanos estavam à beira de um ataque de nervos. Eu havia
percebido uma irracionalidade emocional crescente entre algumas lideranças
políticas de nosso Estado. Mas, é preciso lembrar que nas articulações
políticas, que visam o jogo eleitoral, os políticos se orientam pelos
postulados da escolha racional. Nas negociações, para formar condomínios
eleitorais, eles primeiro elencam suas melhores prioridades. Como trabalham
para maximizar interesses, os políticos têm sempre a 1ª melhor opção, a 2ª
melhor opção, a 3ª melhor opção, etc, etc, etc.
Vejamos o caso do ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital, que
lançou prematuramente sua pré-candidatura ao governo do Estado. Por não estar
ocupando cargo eletivo, Veneziano dispõem de bastante tempo para se dedicar a
sua campanha. Veneziano ascendeu rápido na carreira política. Ele foi eleito vereador
pela primeira vez em 1996 e reeleito em 2000. Em 2002 se candidatou a deputado
federal, mas não foi eleito. Em 2004 foi eleito prefeito de Campina Grande e em
2008 foi reeleito. Em 2012 ele teve seu maior revés eleitoral quando apostou
todas as fichas na candidatura de Tatiana Medeiros, uma neófita na política
eleitoral. Na época se dizia que sua postulação ao governo estadual estava
enterrada.
Eu mesmo questionei como é ele poderia ser candidato ao governo do Estado,
se não tinha conseguido eleger sua sucessora, na prefeitura de seu reduto
eleitoral. Mas, Veneziano se recompôs do ponto de vista partidário. Se ele
conseguiu manter seu capital eleitoral, e até ampliá-lo, junto ao eleitorado de
Campina Grande, só vamos mesmo saber nas próximas eleições em que ele voltar a
se submeter ao crivo da opinião pública campinense. Até que se prove o
contrário, Veneziano é o candidato ao governo. Apesar de sabemos que as
lideranças do PMDB atuam em várias frentes de articulação. Não se descarta a
possibilidade de outra alternativa que passe ao largo do nome de Veneziano.
O ex-prefeito
acaba de ter uma significativa vitória no âmbito judicial. O TSE decidiu não
dar provimento a um recurso interposto contra Veneziano, onde se pedia sua
cassação. A alegação era de uso do dinheiro público na campanha de 2008. Mas,
Veneziano tem muito a remar para poder tornar sua candidatura uma realidade.
Uma das principais dificuldades é a debandada de prefeitos do PMDB em direção à
base aliada do governador Ricardo Coutinho. Como Veneziano não é bem conhecido
pela Paraíba afora, precisa dos prefeitos, eleitos em 2012 pelo PMDB, para se
apresentar ao eleitorado dos rincões paraibanos. O problema é que prefeitos
pouco resistem ao centro gravitacional da máquina administrativa do governo.
Mas, a mãe de
todas as dificuldades de Veneziano é que ele não é senhor de suas alternativas.
Hoje, ele se posiciona no jogo de forma desconfortável, pois a viabilidade de
sua postulação depende de decisões que seus adversários venham a tomar. Se é
verdade que não existe mais, se é que existiu, alguma possibilidade do PMDB
compor com o PSDB de Cássio Cunha Lima, não resta outra alternativa a Veneziano
do que torcer para que Cássio e Ricardo mantenham a aliança de 2010. Foi por
isso que ele disse que “Cássio e Ricardo são almas gêmeas”. Falando assim, ele
tenta assumir o papel de líder da oposição. O pior cenário para Veneziano seria
Cássio Cunha Lima romper a aliança com Ricardo e se lançar candidato ao governo
do Estado.
O ex-prefeito
teria que lutar contra dois adversários de peso, correndo um sério risco de nem
ir para o 2º turno. O melhor cenário para Veneziano é Cassio não sair candidato
e pouco se envolver na eleição estadual, a favor de Ricardo. Nesse cenário
Veneziano ficaria frente a frente contra Ricardo Coutinho. Como se vê, as
opções de Veneziano independem de suas forças. O jogo para Veneziano, hoje, é o
de acomodar seus adversários, para que ele possa pensar em enfrenta-los muito
em breve.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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