sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

AS ALTERNATIVAS RACIONAIS DE VENEZIANO

A Teoria da Escolha Racional estudo fenômenos sociais e políticos, considerando que o comportamento humano pode ser tratado, ou modelado, pelos pressupostos da racionalidade. E isso não é algo novo, vem desde o filósofo grego Aristóteles. Foi Aristóteles quem afirmou que “o homem é um animal político”. Ou seja, sendo dotado de razão, ele necessita de um instrumento, a política, para abalizar suas relações sociais. Mas, isso só se daria no campo da racionalidade. Assim, a Teoria da Escolha Racional demonstra que, em situações de múltiplas escolhas, os homens optam sempre por estratégias onde possam maximizar seus resultados e minimizar suas perdas. Assim é, no jogo da política partidária eleitoral.
  
Na terça-feira eu citei Ulysses Guimarães para lembrar que não se faz política pelas emoções e pelos sentimentos. Há uns dias atrás eu afirmei que os atores políticos paraibanos estavam à beira de um ataque de nervos. Eu havia percebido uma irracionalidade emocional crescente entre algumas lideranças políticas de nosso Estado. Mas, é preciso lembrar que nas articulações políticas, que visam o jogo eleitoral, os políticos se orientam pelos postulados da escolha racional. Nas negociações, para formar condomínios eleitorais, eles primeiro elencam suas melhores prioridades. Como trabalham para maximizar interesses, os políticos têm sempre a 1ª melhor opção, a 2ª melhor opção, a 3ª melhor opção, etc, etc, etc.

 Vejamos o caso do ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital, que lançou prematuramente sua pré-candidatura ao governo do Estado. Por não estar ocupando cargo eletivo, Veneziano dispõem de bastante tempo para se dedicar a sua campanha. Veneziano ascendeu rápido na carreira política. Ele foi eleito vereador pela primeira vez em 1996 e reeleito em 2000. Em 2002 se candidatou a deputado federal, mas não foi eleito. Em 2004 foi eleito prefeito de Campina Grande e em 2008 foi reeleito. Em 2012 ele teve seu maior revés eleitoral quando apostou todas as fichas na candidatura de Tatiana Medeiros, uma neófita na política eleitoral. Na época se dizia que sua postulação ao governo estadual estava enterrada.
  
Eu mesmo questionei como é ele poderia ser candidato ao governo do Estado, se não tinha conseguido eleger sua sucessora, na prefeitura de seu reduto eleitoral. Mas, Veneziano se recompôs do ponto de vista partidário. Se ele conseguiu manter seu capital eleitoral, e até ampliá-lo, junto ao eleitorado de Campina Grande, só vamos mesmo saber nas próximas eleições em que ele voltar a se submeter ao crivo da opinião pública campinense. Até que se prove o contrário, Veneziano é o candidato ao governo. Apesar de sabemos que as lideranças do PMDB atuam em várias frentes de articulação. Não se descarta a possibilidade de outra alternativa que passe ao largo do nome de Veneziano.
 

O ex-prefeito acaba de ter uma significativa vitória no âmbito judicial. O TSE decidiu não dar provimento a um recurso interposto contra Veneziano, onde se pedia sua cassação. A alegação era de uso do dinheiro público na campanha de 2008. Mas, Veneziano tem muito a remar para poder tornar sua candidatura uma realidade. Uma das principais dificuldades é a debandada de prefeitos do PMDB em direção à base aliada do governador Ricardo Coutinho. Como Veneziano não é bem conhecido pela Paraíba afora, precisa dos prefeitos, eleitos em 2012 pelo PMDB, para se apresentar ao eleitorado dos rincões paraibanos. O problema é que prefeitos pouco resistem ao centro gravitacional da máquina administrativa do governo.
  
Mas, a mãe de todas as dificuldades de Veneziano é que ele não é senhor de suas alternativas. Hoje, ele se posiciona no jogo de forma desconfortável, pois a viabilidade de sua postulação depende de decisões que seus adversários venham a tomar. Se é verdade que não existe mais, se é que existiu, alguma possibilidade do PMDB compor com o PSDB de Cássio Cunha Lima, não resta outra alternativa a Veneziano do que torcer para que Cássio e Ricardo mantenham a aliança de 2010. Foi por isso que ele disse que “Cássio e Ricardo são almas gêmeas”. Falando assim, ele tenta assumir o papel de líder da oposição. O pior cenário para Veneziano seria Cássio Cunha Lima romper a aliança com Ricardo e se lançar candidato ao governo do Estado.
  
O ex-prefeito teria que lutar contra dois adversários de peso, correndo um sério risco de nem ir para o 2º turno. O melhor cenário para Veneziano é Cassio não sair candidato e pouco se envolver na eleição estadual, a favor de Ricardo. Nesse cenário Veneziano ficaria frente a frente contra Ricardo Coutinho. Como se vê, as opções de Veneziano independem de suas forças. O jogo para Veneziano, hoje, é o de acomodar seus adversários, para que ele possa pensar em enfrenta-los muito em breve.
  
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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.


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