Raíssa Lacerda é
vereadora pelo PSD em João Pessoa. Ela é filha do ex-vice governador da
Paraíba, José Lacerda. Na quarta-feira, ela protagonizou um ato, que pretendia
ser heroico, mas que terminou virando uma grande patacoada política. A
vereadora reuniu a imprensa e anunciou seu rompimento com o governador Ricardo
Coutinho. Raissa se disse decepcionada pela maneira como ele estaria tratando a
sociedade. Ela afirmou que o governador não recebe nem mesmo seus secretários.
Raissa se queixou de não conseguir falar com o governador a mais de um ano e
disse ter se desiludido com as promessas que não foram cumpridas. Em tom de
amargura ela falou: “Eu acreditei tanto
nesse governador. Ele prometia tratar tão bem o servidor”.
Além das
criticas e desabafos, a vereadora Raissa aproveitou a entrevista para
manifestar suas vontades políticas. Ela é do bloco dos que torcem para que a
aliança entre o PSB de Ricardo Coutinho e o PSDB de Cássio Cunha Lima chegue ao
fim. Até aí tudo bem, pois a vereadora, como qualquer pessoa, tem direito a
expressar suas opiniões. O problema foi o tom prá lá de piegas que ela adotou.
Primeiro, disse que “a Paraíba vai, em
breve, voltar a sorrir, com uma revelação maravilhosa”. Ela se referia a
possibilidade de Cássio Cunha Lima ser candidato a governador. Depois, com uma
pieguice de novela mexicana, ela arrematou: “o
povo vai pular de tanta alegria, vai voltar o afago, vai voltar o diálogo de
quem gosta de escutar”.
Parece que a vereadora não quer ficar exposta ao sol, caso o senador Cássio
Cunha Lima retorne ao Palácio da Redenção. Mas, o que ela deixou de dizer foram
os motivos reais que a levaram a tomar tal atitude. A primeira questão é que
ela nunca digeriu o fato de, sendo filha de quem é, não ter sido apoiada pelo
governador, quando de sua postulação a uma vaga na Câmara Municipal de João
Pessoa em 2012. O outro motivo foi
exposto por Luis Torres, Secretario de Comunicação do governo. Torres disse que
o que inspirou a vereadora foi “... uma
ou duas alterações, em cargos comissionados, de nomes que eram ligados a ela,
na cidade de São José de Piranhas”.
Mas, em política,
um fato nunca se dá de forma isolada. Eu explico. O ato tresloucado da
vereadora Raissa pode ter sido, também, um (mais um) balão de ensaio para se
testar a viabilidade do fim da aliança entre o governador Ricardo e o senador
Cássio. Antigamente, antes de se fazer subir uma aeronave com passageiros, se
lançava um pequeno balão para verificar a direção dos ventos. Na política, balão de ensaio pode ser um
boato, ou um fato, que se lança ao ar para que se possa sondar reações e
opiniões. Como todo balão, o de Raissa subiu, subiu, e explodiu. A ideia era
provocar uma reação em cadeia. Como alguns “cassistas”, do governo de Ricardo,
torcem pelo fim da aliança, queria-se provoca-la com uma ação incendiária
aparentemente inconsequente.
Pareceu-me que intensão
era de, através do ato da vereadora, acender o rastilho de pólvora que,
adiantaria os acontecimentos, e provocaria o fim da aliança, com o consequente
lançamento da candidatura de Cássio Cunha Lima ao governo. Mas, faltou mesmo
combinar com os russos. José Lacerda, tal qual o pai o noiva, não sabia o que
sua filha pretendia fazer. Mesmo não concordando com o rompimento, ele foi até
o governador para entregar o cargo de secretario de articulação política. O
governador Ricardo foi hábil. Ele não só convenceu Lacerda a ficar no governo,
como ainda o fez dar uma declaração repudiando o ato infeliz de sua filha.
Lacerda disse que ficou comovido com a atitude de Ricardo Coutinho. Mas, como
essa família é emotiva!
O presidente
estadual do PSD, partido de Raíssa, e vice-governador do Estado, Rômulo
Gouveia, deu uma declaração para explodir o balão de ensaio da vereadora.
Primeiro, ele disse que seu partido dá apoio incondicional a reeleição de
Ricardo Coutinho. Disse, também, que a opinião da vereadora Raíssa é pessoal,
isolada, e que não reflete a opinião de seu partido. Rômulo afirmou que fica ao
lado de Ricardo em qualquer cenário político, inclusive no que venha a
contemplar o rompimento da aliança. Como é remota a possibilidade de Rômulo se
afastar de Cássio, e como o governador e seu vice se mostram unidos, o balão de
ensaio da vereadora se evaporou na atmosfera. O fato é que ela deu uma cartada
muito alta para um cacife político tão baixo.
O vereador Renato Martins, também do PSD, repreendeu a atitude de Raissa.
Ele disse que a vereadora estava fora de si, quando fez tais declarações,
porque em perfeito juízo o que se quer é criar soluções. Com sua atitude
kamikaze, a vereadora Raíssa se isolou. Já os estrategistas da política
paraibana acompanharam o voo desse balão e souberam tirar as lições necessárias
para quando forem lançar a verdadeira aeronave rumo às eleições de outubro.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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